O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 5
Saiam do caminho, bárbaros! - Viagem no tempo.




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Alguma coisa deu errado, ele nunca demorava tanto tempo para chegar a algum lugar, entretanto, no momento em que Alex notou a pavimentação de pedras sobre seus pés no seu destino, sentia-se tão exausto, ainda tinha Jessica desacordada pendurada em seu braço, mas ela recobrava a consciência lentamente, e os dois desabaram juntos no chão.

— Onde estou? – ela perguntou, levantando a cabeça e olhando para Alex, ainda meio tonta pela bebida.

— Não tenho a mínima ideia – respondeu, sentado ao lado dela, olhando ao redor, estavam em uma estrada de pedra, havia vegetação baixa e espessa em volta, a tênue luz do dia se esvaia, demonstrando que ainda era o entardecer. Alex não reconheceu o lugar, não sabia como haviam parados ali, mas, nesse momento, ouviram barulhos como cascos batendo nas pedras.

— Cavalos?! – Jessica se espantou, levantando a cabeça para ver de onde vinha o barulho.

Ergo illo de via, barbarorum!— o condutor de uma carroça puxada por um cavalo gritou para eles, enquanto se aproximava trotando, Alex só teve tempo rolar para o lado, puxando Jessica para fora da estrada, para não serem atropelados, caindo na vegetação ao lado.

— O que foi que ele disse? — Ofegante, com a mão no peito para acalmar seu coração acelerado, Jessica perguntou a Alex, que já se levantando e limpando a poeira da sua roupa, o olhando a carroça carregada de palha se afastar.

— Saiam do caminho, bárbaros – Alex traduziu, intrigado, também, se erguendo.

— Que língua é essa?

— Latim – murmurou Alex, tentando compreender o que estava acontecendo.

— Você fala latim? Ninguém mais fala latim! É uma língua morta! – Jessica estava espantada.

— Sim, eu falo latim – Alex revelou, vagarosamente, pensativo.

— Onde se fala latim nos dias de hoje?

Ele a puxou em direção a uma placa onde estava escrito “ROMAE”, isso ela conseguiu entender.

— Nós estamos em Roma? Como chegamos aqui tão rápido? Meu Deus, você me drogou, devo ter dormindo por horas até chegar aqui! Você é um traficante de mulheres! Vai me vender no mercado negro! – Jessica berrava histérica, Alex não sabia como começar as explicações, então ela se virou e saiu correndo, mas parou logo adiante, quando viu um grupo de legionários que marchavam pela estrada, pareciam cansados e desanimados. Alex a alcançou e segurou seu braço.

— Jessica, a situação é muito mais complicada do que você possa imaginar – afirmou, olhando nos olhos dela, com seriedade.

— Como assim? Isso é algum parque temático? – ela procurava uma explicação plausível. — Ou ainda estou drogada e tudo aqui é um delírio?

— Não, Jessica. Essa é realmente Roma do tempo do império. Nós viajamos no tempo – Alex tentava falar com calma, aquilo que parecia absurdo até mesmo para ele.

— Isso é impossível! Bem, pelo menos por enquanto. Pode ser considerado nas bases científicas, apesar de não estar provado ainda, mas não podemos viajar no tempo, ainda não temos tecnologia para isso – acrescentou, sem acreditar, achava que era uma brincadeira.

— Mas, acho que eu posso.

— Como?

— Não sei, eu não sabia que podia até agora.

— Isso é impossível! – Jessica estava incrédula. – Nenhum humano tem esse poder.

— Esse é o pequeno detalhe, que você não sabe. Eu não sou humano, eu apenas pareço humano. Sou de uma espécie diferente de você, Jessica. Parecida, mas diferente.

— Você é louco! — Ela o encarou, assustada.

— Pode parecer loucura, mas é verdade. Meu povo surgiu na Terra junto com os humanos, talvez, até antes, ninguém sabe ao certo, mas temos alguns poderes e somos imortais.

— Isso é loucura! – exclamou Jessica, sacundindo a cabeça, abismada com toda aquela imaginação.

— Alex, você é maluco ou pertencesse algum tipo de seita maluca.

— Pode ser difícil, para vocês humanos modernos aceitarem essa ideia, entretanto, no passado, éramos considerados deuses ou anjos ou demônios pelos povos antigos – Alex relatou tudo em um só folego, Jessica escutava tudo de boca aberta.

— Você é completamente maluco! – concluiu no final da explicação.

— Então, como você explica tudo isso? A onda, a escuridão e como chegamos aqui?

— Deve ter uma explicação lógica? Tem que ter? – insistiu, não se dava por vencida.

— Possivelmente, deve ter, mas eu não sei. Diferente de vocês mortais, nunca questionamos nada, principalmente, a nossa natureza, não somos tão curiosos. Simplesmente, aceitamos quem somos.

— Ainda não acredito! – Jessica balançava a cabeça em negação.

— Sua ciência diz que se pode viajar no tempo, só não sabe como. O que era magia no passado e, agora, vocês sabem o porquê e virou ciência. Talvez, no futuro, vocês possam entender os nossos poderes – Alex ponderou, com lógica.

— Isso pode ser verdade! Mas, por que não sabemos de vocês, essa outra espécie? – questionou, intrigada.

— Porque não queremos aparecer. Diferente dos tempos passados, onde os antigos gostavam de bancar deuses, atualmente, somos mais cometidos, vivemos em segredo. E como pode perceber, muitos de nós não são muito amigáveis.

— Se estamos na antiga Roma, como voltaremos para o nosso tempo? – ela indagou, apreensiva.

— Ainda não sei como fazer isso, mas, agora, vamos sair daqui. Essa estrada deve levar para a cidade.

— Afinal, todos caminhos levam a Roma – Jessica citou o antigo e conhecido jargão, rindo de si mesma, depois ficou envergonhada pela brincadeira, mas Alex apenas sorriu para ela, tranquilizando-a.

— Olhe ali é o aqueduto que leva a água para cidade – Alex mostrou a construção em duplo arco, em volta já se via campos cultivados.

Depois de andarem por algum tempo, avistaram mais adiante a muralha, que cercava a cidade e um grande portão, guardada por soldados, onde havia uma multidão de gente, carroças e cavalos entrando e saindo.

— A cidade é cercada por uma muralha – Alex explicou.

— Você disse que sua espécie é imortal, então, você já esteve aqui antes, digo, nessa época? – Jessica perguntou, curiosa.

— Não, eu nasci há pouco tempo, nunca vivi nessa época. Nossa espécie é imortal, mas não tinha mais filhos, há séculos, até que eu nasci.

— Ah! Então vocês são uma espécie em perigo de extinção – Jessica estava interessada.

— Nosso número reduziu muito depois da guerra.

— Que guerra? – Jessica perguntou, mas Alex não respondeu, pois já chegavam a porta de entrada da cidade, quando foram parados pelos soldados, provavelmente, devido suas roupas esquisitas, calças jeans, camisetas e jaquetas e tênis. Um dos soldados que se pôs na frente deles, impedindo sua passagem, olhando os de alto a baixo.

Ubi viaderunt, barbari? (De onde veem, bárbaros?) — o soldado perguntou em latim

Thraciam (Trácia) — respondeu Alex, improvisando rapidamente, falando o nome de uma das regiões dominadas pelo Império Romano, no sudeste da Europa.

— Documenta (documentos)! — o soldado exigiu, Jessica se assustou, pensando que seriam feitos prisioneiros, todavia, em vezes de papéis, Alex entregou lhe algumas moedas de prata. O soldado olhou para as três moedas de prata em sua mão, o que significava muito dinheiro na época, e ele os deixou passar pelo portão, sem mais perguntas e entraram na cidade.

— Suborno funciona em qualquer época. – Alex disse, satisfeito.

— Isso não é uma coisa boa.

— Desculpe, mas, para mim, é mais fácil criar moedas, que já vi do que documentos, que desconheço.

— Você pode criar objetos?

— Sim, mas não costumo fazer isso muitas vezes, mas não quero usar muita magia, pois não desejo chamar atenção sobre nós.

— Vocês não sabem a sua origem? – Jessica questionou, ele sacudiu a cabeça em negação, ela prosseguiu. – Há muitas teorias que os deuses antigos vieram do espaço ou mesmo de outras dimensões – relatou, pensativa. – Poderia ser verdade?

— Eu não sei – Alex deu de ombros, indiferente.

Enquanto, andavam para o interior da cidade, que fervilhava a sua volta, notavam os prédios de três ou quatro andares de cores terrosas, onde a população mais pobre vivia amontoadas e que faziam sombras nas ruas apertadas e lamacentas, mercadores pregoavam suas mercadorias, pequenas lojas onde se vendiam comida e pães, bares onde os homens bebiam vinho e cerveja discutindo, mulheres conversam nas esquinas e jovens faziam pichação em becos, cachorros magricelos procurando por comida, o ar cheirava lama e esterco, que cobriam os seus caminhos. Alguns cidadãos olhavam para eles com certa estranheza, devido suas roupas diferentes, no entanto, Roma era a cidade mais cosmopolita da época, o centro do mundo ocidental, havia muita gente de várias partes do vasto império, circulando por ali. Jessica observava tudo com atenção, reparando todos os detalhes, que também era novidade para Alex.

— Gostaria de saber o que eles estão falando? – Jessica desejou, olhando ao redor, captando cada imagem a sua volta, pois aquela era uma experiência incrível, algo que nem nos seus sonhos mais loucos poderia imaginar acontecer.

— Posso tentar um pequeno encantamento, aí, você poderá entender o que estão falando e poderá falar com eles. Quer experimentar? – ele sugeriu

— Sim – Jessica confirmou, com um misto de medo e entusiasmo, assim Alex segurou sua cabeça e murmurou algumas palavras e, exatamente, como mágica, todas as palavras faladas ao seu redor ficaram claras para ela e seus olhos arregalaram e sorriu contente.

— Não acredito, Alex! Deu certo! Eu posso entender tudo o que eles falam! Como você pode fazer isso?

— Não sei. Apenas faço.

— Alex, como vamos voltar para o nosso tempo? – essa pergunta martelava na cabeça de Jessica.

— Não sei bem, mas antes preciso que resolver um probleminha antes de irmos embora daqui – esclareceu, uma ruga de preocupação apareceu entre seus olhos.

— Qual?

— Impedir o que minha mãe viu em um sonho dela aconteça de fato.


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