O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 31
O desfecho




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Em sua casa, Alex se materializou com Órion ao seu lado, carregando Jessica desacordada nos braços, diante dos pais surpresos e preocupados.

— Alex! O que houve? – Diana deu um passo à frente, mas recuou ao notar o gigante ao lado do filho. – Órion! – murmurou, abismada.

— Ártemis! – o gigante exclamou, em um misto de confusão e alegria.

— Mãe, ela está morrendo! – Alex declarou, desesperado.

A face do gigante se transformou em uma máscara de espanto e terror. Seus olhos dançavam, confusos, entre Alex, Diana e Gabriel.

— Sim, eu sou a mãe de Alex. E agora, me chamo Diana. Eu explicarei tudo, depois para você. Por enquanto, coloque a aqui, no sofá – pediu para Órion, ainda atónito com a novidade.

— O que aconteceu, Alex? – Gabriel perguntou.

— Ela atacou o Velho com uma espada, o mandou de volta para o mundo inferior – Alex esclareceu.

— Mas, por que ela fez isso? – Gabriel perguntou, surpreso.

— Para me proteger. Foi o Velho que se associou a Eres, planejaram os ataques contra mim, culparam meu irmão Namtar, para que eu o enfrentasse e ficasse presso no mundo inferior. Eu era o preço para a liberdade dele.

— E você o enfrentou o seu irmão? – Gabriel questionou, ansioso.

— Não. Ele até me ajudou a fugir do palácio da mãe. Ele é um cara legal – Gabriel encarou o filho, incrédulo, pois nunca esperaria por aquela afirmação.

 — Acho que ela não vai morrer. O Velho estava muito fraco, por ainda estar preso ao mundo inferior. Mas, acho que precisaremos levá-la a um hospital para ser tratada e criar uma boa história.

Horas mais tarde, que voltar do hospital, onde deixaram Jessica, Diana encontrou Órion no mesmo lugar em que estava na sala de sua casa. Ele parecia muito triste e abatido, sentado cabisbaixo, os cotovelos apoiados nos joelhos, encarando o chão, e apesar do seu tamanho parecia indefeso. Ela sentou-se ao seu lado, ele virou o rosto para fitá-la.

— Olá, Órion. Faz muito tempo que não nos vemos – ela começou com a voz tranquila.

— Você está diferente – ele afirmou, reparando no rosto dela.

— Porque eu sou diferente. Aconteceram muitas coisas, depois que ocorreu aquele acidente de caçada e você se foi. Demorei muito tempo para me recuperar da sua perda, mudei muito. Depois, como você passei muito tempo fora desse mundo. Mas, renasci nessa época. Tive que aprender quem eu era. Hoje, sou companheira de Gabriel e mãe de Alex.

— Você vive com um Oriental! Quem é ele?

— Enlil, o senhor dos ventos.

— O ex-companheiro de Eres. Por isso, ela estava atrás do seu filho – Diana assentiu com a cabeça — Quanto tempo faz que eu partir?

— Eu não sei muito bem, acho que uns três mil anos – Diana respondeu, Órion a encarou surpreso

— Todo esse tempo? – Órion questionou, pasmo. Diana assentiu com a cabeça, mais uma vez.

— O mundo mudou muito nesse tempo, mais do que você possa imaginar, tantos fatos e mudanças aconteceram. Estamos todos diferente. Você precisará aprender muito.

— Eu não sei se conseguirei – Órion confessou, desanimado.

— Claro que conseguirá, podemos ajudá-lo.

— Não sei se quero ficar junto a você. Quem sabe, se descobrir que perdi o seu amor é o meu pagamento por ter voltado do mundo inferior.

— Eu entendo. Falarei com o meu pai. Você poderá ficar com ele, com certeza, ficará feliz por isso – Diana disse, achando que essa seria uma solução melhor.

— Você não sente ciúmes por minha mãe está conversando com um ex-amor? – Alex indaga ao seu pai, enquanto voltavam de carro, após pôr em prática o plano arquitetado por Diana. Gabriel olhou atravessado para o filho.

— Eu tenho idade suficiente, para não ser levado por esse tipo de sentimento, garoto — Gabriel respondeu e Alex deu de ombros. – Além disso, confio na sua mãe. Sabe, Alex, antes de conhecer sua mãe, achava que o meu tempo nesse mundo havia terminado, não me importava com mais nada, foi ela que me devolveu o sentido da vida.

— Eu sei – respondeu Alex, quase automaticamente, lembrando da tristeza do pai no passado.

— Sabe? – Gabriel interrogou, intrigado,

— Quer dizer, eu suponho. E quanto a Namtar? – Mudou rapidamente de assunto.

— O que tem ele?

— Você não gostaria de conhecer o meu irmão?

— Eu não sei, já faz muito tempo. Talvez, ele tenha sido meu pagamento para deixar o mundo inferior.

— O tempo não importa muito para nós. Acho que você deveria conhecê-lo, porque ele é bem legal, um tanto estressado, com aquele telefone tocando o tempo todo, mas quem não seria com uma mãe daquela. Mas, eu acho que é a hora de mudar as regras do jogo – Gabriel riu com observação do filho, pensando na possibilidade de conhecer seu outro filho. Naquele instante, lembrou-se de um jovem guerreiro que conheceu há muito tempo, antes da guerra. Refletiu por um segundo, lembrando-se daquele jovem imortal, que estava sempre acompanhado de uma mortal, e que se parecia muito com ele, uma vez até o chamou de pai, e achou que poderia ser seu filho desconhecido.

— Alex, desde quando você se tornou essa pessoa sábia e ponderada? – Gabriel quis saber, surpreendido com a mudança do filho.

— Aconteceram muitos fatos nesses últimos dias, que mudaram minha maneira de pensar – Alex admitiu.

— Você tem certeza que não precisa me contar mais alguma coisa, jovem guerreiro? – Gabriel indagou, com um sorriso maroto.

— Você sabe? – Alex retrucou, surpreso, pois era assim que o chamavam durante a sua viagem ao passado.

— Sim, eu desconfiei desde que sua mãe contou daquele sonho. No princípio, imaginei que fosse apenas uma recordação do que havia acontecido, quando nos conhecemos. Então, eu me lembrei que você me chamou de pai naquele dia, quando lutávamos e veio tudo à minha memória. – Gabriel revelou. — Mas, como você conseguiu voltar para o passado, Alex?

 — Pai, para falar a verdade, eu descobri que tenho um poder, digamos, um tanto diferente.

Jessica sentiu flutuar e pousar suavemente, assim teve consciência da sua existência e do seu corpo. Seria assim nascer? Abriu, com dificuldade, os olhos, pois suas palpebras pesavam, sentiu sua cabeça latejar, encarou o teto branco, escutou o bip-bip dos monitores, mas não conseguia se mexer.

— Você acordou! Que bom! – Ouviu ao longe a voz do vulto desfocado, que entrou no seu campo de visão. – Não se mexa! – Recomendou a mulher negra e forte, que aos poucos tomava forma a sua frente, usando um uniforme de enfermeira, a fitando com um sorriso de satisfação.

— Onde estou? – Lutou para a frase sair, quase como um murmúrio da sua boca ressecada, ao perceber o lugar desconhecido.

— Em um hospital. Você sofreu um acidente de automóvel, Jessica – ela esclareceu, com a voz tranquila. – Mas, está bem agora. Sua família está aí fora, ansiosa. Estão de plantão há uma semana, desde que você chegou aqui. Mas, antes vou chamar o médico para ver você.

Ela saiu, deixando Jessica confusa, tinha vagas lembranças de que havia acontecido com ela. Um homem alto e magro de cabelos castanhos com entradas marcantes e óculos, usando um jaleco se aproximou da cama.

— Jessica, sou o doutor Roger, estou cuidado de você.

— O que houve? – quis saber, com a voz débil.

— Você sofreu um acidente de carro, ficou em coma por mais de uma semana – explicou, depois checou os sinais vitais dela. – Mas, acho que posso deixar sua família vê-la agora. Eles estão ansiosos lá fora. — O médico sorriu benevolente e saiu. Jessica só desejava um pouco d’água, sua cabeça doía, seus pensamentos se misturavam, um turbilhão de cenas estranhas e indecifráveis.

Seu pai e sua avó, aflitos, se aproximaram da cama, com cuidado, ela virou o pescoço para olhá-los, com dificuldade. Eles sorriram aliviados ao vê-la acordada.

— Graças a Deus, você acordou? – sua avó disse com a voz embargada, contorcendo as mãos. Seu pai deu longo suspiro, limpando as lágrimas que escorriam pela a sua face.

— O que aconteceu? – Jessica indagou com um fio de voz.

—Você sofreu um acidente quando saiu do shopping. Parece que você foi comprar o presente de aniversário do seu pai, e quando voltava para casa, o pneu do carro da frente estourou, ele perdeu a direção e atingiu o seu. Você está no hospital desde então, em coma. Felizmente, o seguro do dono do outro carro está pagando por todo o seu tratamento – avó relatou. Jessica não se recordava de nada disso. Só uma coisa lhe veio em mente.

— Onde está Alex? – questionou, preocupada. Seu pai e sua avó se entreolharam, sem entender.

— Alex? Quem é Alex, Jessica? – seu pai indagou.

— O rapaz que estava comigo no carro. – Ela tinha uma vaga lembrança de lutas de espadas, gigantes e da Roma antiga.

— Não havia ninguém com você, Jessica. Você estava sozinha no carro – seu pai informou, Jessica ficou surpresa, sem acreditar, já que tudo parecia tão real. Mas logo, considerou que toda aquela história poderia ser fruto do seu subconsciente quando estava em coma.

Meses depois, a vida voltou ao normal, Jessica retornou sua rotina diária na universidade, convencida que toda aquela história não passava de um fruto da sua imaginação, um sonho maluco, devido ao traumatismo craneano que sofreu, e que tornava mais diluído na sua lembrança com passar do tempo. Inacreditavelmente, havia conseguido comprar um novo carro do tipo econômico com o dinheiro do seguro que recebeu.

Naquela tarde, quando voltava da faculdade, estava parada em um semáforo, quando uma imponente e cara motocicleta emparelhou com o seu carro. Ela não pode evitar de admirá-la, quando o piloto abriu o visor do capacete, a fitando com seus olhos incrivelmente escuros.

— Seu pneu de trás está furado – ele comunicou, porém, Jessica estranhou já que não sentia nenhuma diferença no carro.

— Obrigada – agradeceu, desconfiada, mas, no momento que acendeu a luz verde e ela partiu, sentindo o carro trepidar, parou no acostamento, para averiguar. A moto parou logo atrás do seu carro, seu condutor tirou o capacete e desceu, se aproximando dela, que percebeu como ele era alto, cabelos lisos e negros, usava um pequeno brinco de brilhante cintilava na sua orelha e os olhos mais escuros e profundos já vira, fazendo-a pensar em buracos negros do espaço sideral, que atraiam toda a luz ao seu redor. Estranhamente, confiou nele, sem nenhum receio.

— Posso ajudar você a trocá-lo? – ele indagou, já tirando a jaqueta de couro e lhe estendendo a mão, para ela lhe entregar a chave. Jessica assentiu com a cabeça.

— Obrigada, é muita gentileza sua. À propósito, o meu nome é Jessica – ela se apresentou, com um sorriso tímido.

— O meu é Alex. Muito prazer em conhecê-la, Jessica – ele disse com um lindo sorriso torto.


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