O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 20
O começo do fim.




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No meio da madrugada, Alex despertou, subitamente, por alguma espécie de extinto, como se soubesse que algo diferente estava para acontecer, por isso, precisava se certificar. Assim, se esgueirou, sorrateiramente, para perceber que havia muito movimento para aquela hora da manhã, pessoas andavam apressadas de um lado para outro, com ar tenso. Escondido atrás de paredes e pilastras, seguiu um dos homens vestido para a guerra, com meia armadura e capacete, até o salão principal. Lá encontrou seu avô, Caio e seu tio Apolo também paramentados para a luta. Desconfiou que se preparavam para o confronto com o povo do Oriente, que cairiam em uma armadilha e seriam derrotados.

— Olha o que eu achei aqui: Um rato! – Nix falou, em tom de zombaria, atrás de Alex, que deu um pulo, sua espada apareceu na sua mão, assim como a de Nix. – Você quer brincar, jovem guerreiro? – indagou, desafiadora. – Acho que a senhora do mundo inferior ganhará um bônus.

Alex sabia que ela era rápida, mas não era boa no manejo da espada e cansava-se muito depressa, teria que usar essas deficiências dela para ganhar, além de não fazer muito barulho para não chamar a atenção.

Nix fez um veloz ataque frontal, na tentativa precipitada de terminar logo com aquilo, mas Alex se esquivou com destreza, ela atacou, novamente, outra vez, ele se esquivou. Assim ficaram algum tempo, ela atacando e ele se protegendo, dançando em sua volta, como um bailarino. Alex notou que ela começava a se cansar, cada vez mais impaciente.

— Tão jovem e tão covarde! – ela queria provocá-lo. – Por isso, derrotaremos seu povo facilmente, porque são covardes, uns frouxos! – Tentava lançá-lo em um ataque de fúria o deixando indefeso, mas Alex não caiu no jogo, não aceitando as provocações.

Com o passar do tempo, os movimentos dela, eram mais lentos, pois tinha ficado cansada. Seu braço estava pesado e em um rápido movimento, Alex fez a sua pequena espada negra voar e desaparecer no ar, a encostando contra a parede com a sua lâmina no pescoço.

— Você terá que me matar, para se salvar, jovem guerreiro! – ela o ameaçou.

— Não terei não – Alex contradize, para surpresa dela, encostando sua mão livre a testa da mulher, murmurou, algumas palavras e ela deslizou desacordada pela parede até o chão.

Algum tempo depois, reapareceu nos seus aposentos com Nix desfalecida nos braços para surpresa de Jessica, que despertou com sua chegada.

— O que aconteceu com ela? – Jessica pulou do catre, onde dormia, já alerta.

— Ela me pegou bisbilhotando – esclareceu.

— Está morta? – Jessica quis saber, apavorada.

— Claro que não, só está desmaiada. Um truque que aprendi com Hipnos.

 —Você é cheio de truque.

— Eles ajudam muito.

— E o que faremos com ela?

— Se tudo der certo, ela não vai se lembrar de nada, mas, por enquanto, tem que ficar aqui e você vai ficar de olho nela.

— Você enlouqueceu! Eu não posso vigiá-la! O que farei se ela acordar? – Jessica indagou, alarmada. – Mas, espera aí? Aonde você vai?

— Vou ao local aonde ocorrerá a luta entre os meus avôs – informou, de modo casual.

— Para quê?

— Só observar.

— Por favor, Alex não faça nenhuma bobagem.

— Fiquei tranquila, não farei – declarou, com segurança.

Diana, também, percebeu o movimento inesperado para aquela hora da noite, sabia que a roda do destino estava girando, não tinha como pará-la agora. Como sua intuição a preveniu, o mundo como conheciam estava preste a mudar bem depressa. Os guerreiros se preparavam para a luta, em outros tempos, estaria junto a eles se aprontando, entusiasmada, com toda aquela excitação que precede uma batalha, mas não hoje, pois pressentia que era o primeiro passo para o fim.

— Você ainda não está pronta? – seu irmão Apolo questionou ao surgir no seu quarto, já todo paramentado para a guerra.

— Eu não vou – esclareceu.

— Por quê? Vai perder toda a diversão – ele quis saber, um tanto decepcionado, sem compreender a atitude da irmã. – Você era sempre a primeira estar pronta para uma batalha, animada por destruir alguns homens.

— Isso aconteceu em outros tempos, não agora. Minha intuição disse que está errado, que seria o momento de nos unirmos, não nos destruirmos, só assim salvaríamos nosso povo – explicou para Apolo, incrédulo.

— Sobreviveremos se tivermos terras e ouro – Apolo rebateu. – O que os orientais têm bastante.

— Mas, o que vocês não perceberam que o nosso poder não depende só de ouro ou terras, mas da crença que os mortais têm em nós e que estamos perdendo para outras forças mais sutis.

— Eu não estou reconhecendo você, irmã. Está falando como o estrangeiro! – Apolo declarou, irado.

— Talvez, ele esteja certo.

— Certo ou não, ele não estará aqui para ver o desfecho. Vou partir, deseje-me sorte.

— Desejarei boa sorte para todos nós – Diana declarou, Apolo a encarou com rancor e descrença, ela sustentou o olhar. Então, ele virou–se e saiu com passos firmes.

Quando tudo ficou em silencio, mais uma vez, e Diana deixou seus aposentos, tinha um destino certo.

— Quero que entenda que não costumo dar ouvidos aos homens, como estou dando a você, príncipe Enlil. Mas, uma coisa é defender o que acredito, outra é fechar os olhos para o que estou pressentindo, seria estupidez da minha parte se fizesse algo assim — Ela o confrontou, petulante, queixo erguido, nariz empinado, olhar duro, não querendo demonstrar nenhum sinal de fraqueza. Ele lhe devolveu um olhar tranquilo, quase apático.

— Não acredito na sua fraqueza, senhora. E tenho fé na sua intuição. Nunca conheci uma mulher como você, Diana. Infelizmente, admito que já fui um desses homens que odeia, todavia, isso ocorreu muito antes do início da sua existência — ele revelou para o espanto dela. – Há muito não acredito na opressão, como forma de manter o poder.

— Não? – Interrogou, surpresa.

— Não – Ele sacudiu a cabeça.

— Você é diferente.

— Vivi bastante, mas isso não significa sabedoria, contudo, aprendi muito. Já não tenho o fogo das paixões queimando dentro de mim. Amores e ódios já não me importam mais. Às vezes, invejo pessoas como você, que tem tanta determinação por uma causa — Enlil revelou, com o olhar frio e perdido. – Por isso não me importo em ser enviado, novamente, para o mundo inferior.

— Deve ser terrível sentir esse vazio, ter o coração frio – ela observou, impressionada.

— Eu não sabia, a falta que isso me fazia até conhecer o rapaz, Aleph, ele me tirou de sério. Aí, senti meu sangue pulsar como há muito tempo não ocorria — Enlil confessou. – Além de conhecer você que é uma mulher forte, determinada e sábia.

— Ninguém nunca me chamou de sábia – Diana riu, com escárnio.

— Mas, você é, pois, apesar de viver e defender intensamente o que acredita, tem a capacidade de pensar e ponderar no que é certo ou errado, pois, muitas vezes, o limite entre eles pode ser muito tênue.

Diana encarava aquele ser estranho, inesperadamente surpreendente. Ela não revelou, mas há muito tempo, ninguém a impressionava assim. Desde que seu antigo amor se foi para sempre, seu coração adormeceu, não queria mais o fogo das paixões.


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