O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 19
Promessas e acordos




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Com muita cautela, Alex entrou nos aposentos do seu pai e o observou por algum tempo. Ele estava sentando, parado, olhando para o nada, o que o levou a pensar que Jessica estivesse com a razão, Enlil estava deprimido, sem motivo para lutar. Talvez, para Enlil, o seu período na terra havia terminado, após uma longa existência, seria só uma questão de tempo.

O som de uma respiração mais profunda, um longo suspiro de Alex, fez Enlil se voltar para o jovem, que se inclinou, levemente, em sinal de respeito.

— O que faz aqui, jovem guerreiro? – Enlil questionou, com indiferença.

— Alertá-lo, senhor – Alex respondeu, dando um passo para frente, na espera da indagação de Enlil, que não veio, assim prosseguiu. – Estão planejando levá-lo de volta para o mundo inferior. Sei que fugiu de lá nos princípios dos tempos, por isso, seu retorno será usado como moeda de barganha, para o apoio de Eres ao Ocidente.

— Já imaginava isso – Enlil declarou, sem alterar a voz.

— E você não vai fazer nada? – Alex questionou, assustado com aquela apatia.

— Não há nada a fazer.

— Como não há nada fazer? Você precisa lutar! – Alex rebater, exaltado. Enlil o encarou surpreso. – Reaja, senhor!

— Ficava imaginando de onde eu conhecia você, Aleph. Agora eu sei — revelou, Alex arregalou os olhos.

— Sabe?! – Alex interrogou aflito, Enlil assentiu com a cabeça.

— Eu o reconheci no meu espelho. Você era como eu, no princípio dos tempos, impetuoso, corajoso, cheio de terminação, às vezes, sinto saudades desse jovem Enlil. Talvez, por isso você me incomodasse tanto, era por inveja.

O filho escutava a impressionante confissão do pai, queria falar que ele sobreviveria e que o seu futuro estava garantido, entretanto, não podia.

— O senhor tem que fugir. – Limitou-se a dizer.

— Para onde? Para quê? – Enlil rebateu, Alex tentou encontrar algum brilho de esperança nos olhos dele, porém não havia nada lá. Percebendo que a sua alternativa era contar toda a verdade, Alex abriu a boca, mas algo inesperado aconteceu, outra pessoa chegou ali.

— Senhora! – Alex mal podia esconder seu entusiasmo, ao ver Diana entrar no recinto. Ela fitou com desconfiança o rapaz ali presente, porém não disse nada.

— Aleph veio conversar um pouco comigo — Enlil esclareceu, sem dar detalhes, mesmo assim, Diana não parecia convencida.

— Vou voltar para os meus aposentos – Alex comunicou, com uma pequena reverência, sem esperar resposta, saiu.

— Ele é um rapaz muito estranho – observou Diana, ao se verem sozinhos. – Há algo nele que não compreendo – confessou.

— Eu entendo. Também, sinto a mesma coisa – Enlil corroborou. – Mas, por que veio aqui, senhora?

— Precisamos conversar sobre o futuro dos nossos povos – Diana afirmou, encarando Enlil, que sustentou o olhar.

 — O futuro?

— Sim. Não podemos desaparecer, só porque alguns idiotas têm sede de poder – ela falou, exaltada. – Mas, acho que não terá solução. A guerra virá, em breve.

— Não gostaria que nada de mal acontecesse com a senhora – Enlil revelou, Diana o encarou surpresa.

— Também, não gostaria que nenhum mal se abatesse sobre o senhor — revelou. — Por isso, você precisa fugir daqui e tentar convencer o seu povo, que essa iminente guerra não será a solução.

— Mas, e quanto ao seu povo? Seu pai não abrirá mão do poder e das terras que conquistou.

— Ele já está perdendo. Contudo, não quero ver a nosso povo destruído pela ganância.

— Eu prometo à senhora que farei o possível para impedir que isso aconteça.

— Por favor, chame-me de Diana.

— Se você me chamar de Enlil.

Enquanto isso, em outro palácio, o outro senhor recebia notícias a respeito do seu filho mais velho.

Enki se aproximou, com cautela, do seu pai, o ostentoso Senhor do Oriente, vestido em trajes de seda, com sua barba e seus longos cabelos negros, e olhos tão escuros quanto os do filho, mais frio e determinado.

— Senhor — Enki se inclinou, quase até o chão diante do pai. — Recebi más notícias vinda das terras do Ocidente — anunciou, com falsa apreensão, e fez uma pequena pausa esperando consentimento para prosseguir, seu pai ergueu as sobrancelhas e assentiu com a cabeça. – Meu irmão Enlil foi feito prisioneiro no palácio de Júpiter – acrescentou, com falso pesar, no entanto, escondeu o sorriso vitorioso, ao observar as fagulhas de rancor nos olhos do pai, finalmente, conseguiu o seu objetivo, começar a guerra.

— Temos que libertar o meu filho! – O Senhor do Oriente convocou. – Preparem-se partiremos para o Ocidente. A guerra está declarada! – anunciou, aos brados.

Alex andava pelos corredores, satisfeito, parecia que alguma coisa estava dando certo, queria contar para Jessica, sobre a visita de Diana a Enlil.

— O que faz andando por aqui, rapaz?  — Das sombras veio a voz e Nix surgiu do meio delas, assustando Alex.

— Só andando – respondeu, se recompondo do susto.

— Por que veio do quarto do príncipe Enlil? – Nix indagou, o circundando vagarosamente, arrastando seu diáfano traje negro, enquanto o espreitava, quase como quisesse ler sua mente, o que ele sabia que não podia fazer.

— Só uma visita de cortesia – declarou, com dissimulada indiferença. – Posso ir agora?

— Sim, pode – concordou, Alex pressentia que ela o estava vigiando, dando meia volta e se dirigiu aos seus aposentos.

— E aí? – Jessica quis saber, assim que ele entrou.

— Diana está lá com Enlil, mas não querer dizer que vão se apaixonar – Alex considerou, com dúvidas.

— Porém, foi assim que aconteceu, temos que deixar a história seguir seu curso. O que ocorre agora? – Jessica perguntou, curiosa.

— No Oriente, já devem saber que Enlil foi feito prisioneiro e Enki prepara a armadilha para o seu pai. Meu avô Anan é um tanto impetuoso, virá para aqui, de imediato, com seu séquito, e quando eles estiverem chegando, haverá uma armadilha a espera deles, comandada pelo meu outro avô e pelos filhos. Todos serão mandados para o limbo e o Senhor do Oriente será transformado em uma estátua, por quase dois mil anos.

— Mas, O Enki ganharia com isso? – Jessica não conseguia entender aquela deslealdade.

— O poder – respondeu, como se fosse óbvio. – Eles fizeram um acordo, mas o meu avô materno não vai cumprir. Muito menos, esperavam que meu pai fugisse daqui e lutasse.


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