O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 16
Que comecem os jogos!




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— O que fizeram com você, Jessica? – Alex a olhava admirado para ela, orgulhosa da sua nova aparência, com os cabelos, caindo em cachos sobre o ombro, enfeitados com fios de ouro, estava bonito, a maquiagem um pouco exagerada, grandes brincos e pulseiras e uma bela túnica de linho, presa com um cinto enfeitado de pérolas — Você parece a Barbie romana! – Ele caiu na gargalhada, ela o fitou, decepcionada. – Mas, está bonita – corrigiu-se entre risos, porém, arrependido da brincadeira.

Jessica sentiu seu rosto ficar vermelho de raiva, quis bater nele, mas se conteve com a entrada de um criado, que se inclinou.

— Suas presenças foram solicitadas na sala de jogos – anunciou e, assim, a única alternativa deles foi segui-lo por entre os corredores, que formavam um labirinto.

— Que jogos são esses? – Jessica perguntou, curiosa, achando que seria algum tipo de jogos de tabuleiro ou coisa parecida.

— Eles ficam muito entediados por aqui, então, fazem estes jogos para se distrairem. Meu tio e meu avô já me contaram essa história, de como era divertido, sempre imaginava como seria e, agora, poderei participar — falou, entusiasmado.

— Mas, você não disse que tipo de jogos...

Ela parou de falar e o seu queixo caiu ao entrarem na tal sala de jogos, que na verdade era um pequeno anfiteatro com uma arquibancada oval, cercando uma arena com chão de mármore, onde a figura de dois guerreiros lutando estavam representados em mosaico colorido, tochas de azeite de oliva presas nas paredes iluminavam o lugar, além de uma abóbada vazada, que permitia a entrada da última luz do sol.

No fundo da sala, o Senhor do Ocidente está sentado em um trono dourado, com uma taça na mão, ao seu lado um escravo com uma ânfora de vinho de ouro, não permitiria que ele tivesse sede. A maioria dos habitantes da casa e muitos convidados já estavam sentados, ou melhor, deitados em divãs coloridos, que faziam as vezes de bancos, escravos circulavam ao redor, mantendo as taças cheias de vinhos. Alex viu seu pai, o príncipe Enlil, um pouco mais adiante, sentado reto, com um ar imponente, usando sua malha de metal dourado e seu elmo estava posto ao seu lado. Seus olhares se cruzaram, Enlil inclinou a cabeça para o cumprimentando e Alex repetiu o gesto, se sentaram nos lugares reservados, que eram mais afastados dos principais, uma taça foi colocada na mão de cada um e preenchida com vinho, Jessica tomou um gole, era doce e suave, exatamente, como ela gostava.

— Que comecem os jogos! – um arauto anunciou.

— Você tem a palavra, a Senhora do amor – indicou o Senhor do Ocidente.

— A jovem Jessica me deu uma ideia de como poderemos escolher os pares que lutarão hoje – Vênus anunciou empolgada.

 — Luta? Eu pensei que eles só jogariam tipo gamão ou xadrez – Jessica cochichou para Alex.

— Shiii! – ele pediu silêncio, rindo dela.

Vênus continuou a falar, levantando um saco de linho vermelho.

— Aqui tem vários pares de pedras preciosas de diversas cores. Cada um dos competidores pegará uma pedra e aqueles que tiverem a mesma cor lutarão entre si. Repetiremos assim até o último par de oponentes.

Ela foi ovacionada, como sinal que sua ideia foi bem aceita.

— Como cortesia, os primeiros a escolherem serão nossos convidados – o senhor supremo anunciou. – Hoje, eu não participarei, só serei um mero espectador. Leve o saco para o príncipe Enlil, ele será o primeiro a retirar sua pedra.

O Príncipe Enlil não vacilou, colocando a mão dentro do recipiente de tecido, retirou de lá um lindo rubi de um vermelho intenso. O segundo foi Alex que retirou uma linda água-marinha azul. Um a um os oponentes foram se conhecendo. Dionísio se recusou, não gostava daquela espécie de jogo, mas Diana aceito sua pedra foi uma esmeralda, assim como do seu irmão. Eles sorriram um para o outro, desafiadoramente. Quando todos os pares foram conhecidos.

— Príncipe Enlil pode começar — o Senhor do Ocidente solicitou.

Enlil se levantou e foi para o meio do salão, sua espada de fogo apareceu na sua mão, imponente, ele lutaria com uma entidade menor, um tanto amedrontado diante do seu oponente.

— Isso não é perigoso? – Jessica sussurrou para Alex, remexendo na cadeira, aflita.

— Não, ninguém se machuca nesses jogos. Pelo menos, não seriamente – Jessica arregalou os olhos para Alex, que piscou para ela. – Agora, observe como meu p... Enlil luta. É impressionante!

E foi mesmo, pois em um movimento rápido, Enlil girou a espada, fazendo surgir um círculo de fogo na sua frente. O oponente já assustado com o tamanho e o brilho da espada de Enlil, vacilou e ele atacou o desarmando no segundo golpe.

O salão ficou em silêncio, enquanto Enlil inclinou a cabeça para cumprimentar seu oponente atordoado e voltou para seu lugar.

— Eu não falei! – Alex falou baixinho e todo orgulhoso para Jessica, ainda impressionada. – Acho que agora é a minha vez.

— Tome cuidado, Alex! – Jessica recomendou.

Caio era o oponente de Alex, o chefe de segurança do palácio era alto e forte, Alex era alto, porém, não tão forte, mas muito rápido. O que todos ali presente não sabiam, que foram professores dele, sendo assim Alex conhecia todos suas habilidades e suas falhas. Para ele vencer Caio não foi difícil, a espada azul brilhante e leve de Alex contra a pesada espada dele. Alex dançou em volta do seu oponente, sabia que ele era lento, e em um momento de distração, a espada de Caio voou longe caindo aos pés do seu chefe.

— Muito bom, jovem guerreiro! Estou de veras impressionado! – O senhor do Ocidente elogiou Alex, que agradeceu com um rápido aceno de cabeça, depois fazendo o mesmo para seu oponente derrotado.

— Minha mãe e meu tio. Essa luta será bem equilibrada, pois qualquer um dois pode ganhar – Alex deu a dica para Jessica, falando baixinho no seu ouvido.

E, realmente, foi a luta mais demorada, nenhum dos dois queria perder, ao mesmo tempo que pareciam estar se divertindo com aquilo. Eram belos, hábeis e velozes, parecia que iria durar toda a eternidade, cada golpe era respondido com outro de igual proporção. Até por um pequeno descuido, Apolo tropeçou e Diana o desarmou. Eles não foram tão educados, Diana deu sorriso sarcástico para o irmão, fazendo uma saudação com a cabeça, enquanto ele ficava vermelho de raiva, os dois se separaram.

— Vamos continuar com a segunda rodada! – gritou o Senhor, assim o saco, contendo um menor número de pares de pedras agora, foi outra vez apresentado para os vencedores, que fizeram o seu sorteio.

— Você vai lutar com seu pai! – Jessica sussurrou pra Alex, sem conseguir conter sua surpresa ao ver a cor idêntica das pedras deles.

— Era uma possibilidade – ele respondeu, olhando em direção de Enlil e sorriu.

— Você pode vencê-lo?

— Acho que sim. Sempre há essa possibilidade.

— Então, perca!

— O quê? – Desta vez a voz de Alex saiu alta demais, chamando a atenção daqueles à sua volta, assim ele abaixou o tom. – Você quer que eu perca?

— Sim.

— Por quê?

— Pois, há umas possibilidades de seu pais lutarem entre si – Jessica explicou em voz baixa.

— Você acha que isso ajudaria em alguma coisa?

— Pode ser, imaginando toda aquela adrenalina correndo no sangue dos dois, a proximidade dos corpos suados, seria algo bem semelhante ao sexo – Jessica explicou de forma científica.

— Por favor, Jessica! Eles são meus pais! Não quero pensar neles dessa forma.

— Alex, como acha que você nasceu?

— Eu sei, Jessica. Mas, eu nunca penso sobre isso.

— Então, simplesmente, perca – Jessica exigiu.

Alex não havia gostado nem um pouco dessa história de entregar o jogo, mas achava que Jessica poderia estar certa sobre isso. Precisavam criar alguma aproximação entre os seus pais, pois, em algum momento, sua mãe precisaria ajudar o seu pai a fugir dali, para que não houvesse mudanças na história.

Estar em frente de seu pai para uma luta, não era algo inédito para Alex. Já havia treinado várias vezes juntos, mas foi nesse momento que as semelhanças entre os dois ficaram mais evidente, a altura, o porte físico até a cor dos cabelos era parecido. Na mão de Enlil, a espada flamejante apareceu e na de Alex sua espada azul.

— Nunca vi uma espada igual a essa! — Caio comentou com Apolo, enquanto os oponentes começaram uma estranha dança, se estudando, esperando o primeiro movimento do outro. Alex sabia se o pai girasse a espada seria um golpe cruzado pela esquerda, mas se atacasse direto o golpe viria pela direita.

Enlil girou a espada, Alex esperou o golpe pela esquerda e o bloqueou. Depois, houve uma sucessão de golpes curto. Enlil era muito forte e hábil, mas Alex parou todos eles. Agora, era vez de Alex, ele pulou por cima de Enlil e caiu nas suas costas. Apolo, espantado, reconheceu sua técnica, Enlil virou rápido, porém, não tão rápido quando o ataque de Alex.

— Vamos, pai, você pode fazer melhor! – Frase saiu espontânea da boca de Alex, quando os dois estavam muito próximo. Enlil o interrogou com os olhos, Alex, perplexo com sua indiscrição, abaixo a guarda e viu sua espada voar longe.

Sem tirar os olhos de Alex, Enlil se curvou para cumprimentar seu oponente, Alex visivelmente nervoso, fez o mesmo, descuidado, e se sentou ao lado de Jessica.

— Alex, pensei que você ia vencer! – Jessica cobrou, aborrecida, murmurando para ele.

— Jessica, acho que fiz uma bobagem!

— Qual? – A conversa continuava em voz baixa.

— Acho que chamei Enlil de pai.

— Eu não ouvi.

— Espero que ninguém tenha ouvido.

— Mas, com certeza, Enlil ouviu – afirmou Jessica.


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