O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 1
Alex




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"Quando viu o brilho prateado da faca, desesperada, ela pegou a espada, que jazia esquecida em um canto, e a levantou, com um rápido e gracioso movimento em semicírculo, a zuniu no ar, colidindo contra o seu objetivo. Sentiu a enorme força do impacto contra o seu corpo como uma onda elétrica e uma explosão que a atirou longe, e ainda ouviu chamarem seu nome, antes do mundo se pagar ao seu redor. "

 

Jessica andava rápido, querendo chegar depressa ao seu carro parado, no meio estacionamento quase vazio do shopping, ouvindo seus passos ecoarem pelo o chão molhado, devido chuva fina caíra há algum tempo. A escuridão e a solidão daquele lugar a faziam se encolher ainda mais, abraçando-se, como se tentasse se proteger de algum perigo oculto. Ela estava muito atrasada, se esqueceu da hora, enquanto trabalhava na monitoria da universidade, por isso, procurou o único lugar aberto para comprar o presente do seu pai, porque, no dia seguinte seria o aniversário dele, e não queria deixar passar aquela data, sem nenhuma comemoração. Afinal, o pai e a avó eram sua única família, desde que sua mãe morreu, quando ainda era um bebê.

 Ficou mais tranquila ao avistar o seu velho carro, que seu pai se esforçou tanto para comprar de segunda mão e lhe dar de presente no seu aniversário de dezoito anos, assim facilitando sua vida, pois, várias vezes, saía bem tarde do campus da universidade, dependendo do escasso transporte público.

Mas, Jessica se retraiu ainda mais, assustada, ao ouvir outros passos apressados atrás de si. Logo em seguida, alguns homens passaram direto, sem prestar atenção nela, andavam rápido e olhando em volta como se procuram-se por algo. Ela, também, olhou em sua volta, preocupada, enquanto abria a porta do seu automóvel. Sentou-se no banco do motorista, colocou o cinto de segurança, ajeitou os espelhos, aproveitando para fitar sua imagem refletida, ela sabia que não era bonita, um tipo bem comum, seus cabelos eram lisos de um tom castanho sem graça, a pele muito pálida devido a falta de sol, já que, passava a maior parte do seu dia enfurnada nas salas de aula ou no laboratório de física, mas tinha expressivos e belos olhos castanhos. Porém sua aparência não importava, já que passava grande parte das noites estudando, para conseguir uma bolsa na monitoria de física da universidade, seu sonho era ser uma cientista e especialista nessa matéria. 

Antes de girar a chave da ignição, pegou sua mochila e o presente do pai, um conjunto de ferramentas novas, que acabou de comprar, e os jogou para o banco de trás, querendo sair rápido dali.

— Ai! – Escutou um grito de dor, mesmo receosa, virou-se para ver de onde vinha aquela voz, encontrou deitado no banco de trás do seu carro, um rapaz que devia ter a sua idade, vestindo jaqueta de couro preta e calça jeans, cabelos lisos e negros, quase camuflado no escuro, embora, um pequeno brinco de brilhante cintilasse na sua orelha.

— Quem é você? O que você está fazendo aí? – ela perguntou, com um fio de voz, assim que conseguiu falar, após se recuperar do susto.

— Estou me escondendo – o rapaz respondeu de maneira casual, e ela se lembrou dos homens que procuravam por algo no estacionamento, há poucos minutos.

— Você fez alguma coisa errada? – ela quis saber, preocupada, pois não queria ser conivente com nenhum crime.

— Não! – Foi enfático. – Eles só me confundiram com outra pessoa. Podemos sair daqui? – perguntou, ansioso.

Jessica acho que seria uma boa ideia ir embora, pois, olhando pelo espelho retrovisor, pode ver que os homens estavam voltando, assim ela ligou o carro e saiu, o mais rápido que conseguiu, e quando já estavam a uma boa distância do estacionamento, o garoto se levantou e pulou para o banco da frente do lado dela, com extrema agilidade e flexibilidade, que a surpreendeu.

— Meu nome é Alex. E obrigado por ter me ajudado – agradeceu, com um lindo sorriso travesso.

Jessica o encarou, rapidamente, ficando surpreendida, pois ele tinha os olhos mais escuros e profundos já vira, fazendo-a pensar nos buracos negros do espaço sideral, que atraiam toda a luz ao seu redor.

— Espero que você não esteja metido em nenhuma encrenca! Não preciso de problemas – Jessica respondeu, mal-humorada.

— Muito prazer em conhecê-la, senhorita "Espero que você não esteja metido em nenhuma encrenca" – brincou e ela teve que rir.

— Meu nome é Jessica. Então, Alex, como entrou no meu carro?

— Você o deixou destrancando.

— Não deixei! Tenho certeza disso! – retrucou com convicção, ele não contrapôs. – Onde você quer que eu deixe você? – quis saber, querendo se livrar dele, o mais rápido possível, já que, pressentia problemas.

— Mais adiante, tem uma boate muito legal chamada Club Olimpos, preciso encontrar alguém lá, aproveitar para dançar e me divertir um pouco. Ei! Você não quer vir comigo?

— Não! Não posso sair para dançar em uma noite de quarta-feira. Amanhã, eu tenho aula bem cedo e muito trabalho mais tarde – argumentou, chocada com a proposta.

— Está bem! Você é quem sabe, mas podia ser divertido – ele disse, dando de ombros. — O que você estuda? – quis saber, indiferente.

— Física – respondeu, esperando a mesma reação de sempre, a aquela cara de espanto ou de nojo que as pessoas, geralmente, faziam quando ela falava isso.

— Legal – ele falou, sem demonstrar interesse.

— Tem um carro atrás da gente! – Jessica comunicou, preocupada, pois já tinha notado que apesar daquele carro ser um muito mais potente, continuava acompanhando o seu, na mesma velocidade por um certo tempo.

No entanto, relaxou, quando o outro carro a ultrapassou, porém, em vez de seguir em frente, o carro deu um violenta guinada, parando atravessado no meio da rua, e ela foi obrigada a frear, bruscamente, para não bater, seus corpos foram arremessados para frente. Enquanto, Jessica segurava o volante com força, respirando fundo, tentando acalmar o seu coração em pulos. 

A porta do outro carro se abriu e três homens grandes, vestidos com ternos escuros e elegantes, saíram, indo em direção ao dela, um deles abriu a porta do carona.

— Por favor, Alex, venha conosco – o homem alto, moreno, de cabelo cacheados e escuros pediu ao rapaz, com uma voz serena e firme.

Jessica olhou para Alex, apavorada, que lhe deu um sorrisinho de cumplicidade, não parecia estar assustado ou nervoso.

— Fique tranquila, Jessica. Está tudo bem — tranquilizou-a e saiu do carro, sem resistência e sem falar mais nada, se dirigindo para o carro parado mais à frente, no meio da rua, e entrando nele, junto com dois homens.

"Ele está sendo sequestrado! "Jessica pensava, apavorada, totalmente sem ação. Enquanto isso, o homem que abriu a porta do carona, a fechou após Alex sair, circundou o carro dela, com tranquilidade, e parou na janela do lado do motorista.

"Ele vai me dar um tiro! ". Ela imaginou, mas o homem se inclinou.

— Desculpe-nos pelo transtorno, senhorita. Não precisa se preocupar, Alex ficará bem. E por favor, não comente este incidente com ninguém e, principalmente, não chame a polícia. Boa noite – avisou, educadamente, ela permaneceu muda, olhando fixamente para frente, para não encarar o homem, que caminhou, com calma, até o outro carro, entrou nele e partiram, depressa.

Jessica levou um bom tempo para girar a chave na ignição e ligar o carro, pois sua mão tremia muito.

— Meu Deus! O que será que vai acontecer com o pobre garoto? – indagou a si mesma, aflita com o destino do rapaz, enquanto dava partida com seu carro.


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Notas finais do capítulo

Está história é uma continuação da história anterior A Garota da Lua.



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