A Herdeira escrita por TessaCrowled


Capítulo 8
8




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As coisas em Hogwarts acabaram se estabelecendo em uma rotina.

Eu, Alvo, Rose, Scorpius, Juliette e Maryse andávamos quase sempre juntos. Estudávamos na biblioteca e passávamos o fim de semana de bobeira no jardim de Hogwarts. As vezes, Hagrid nos convidava para tomar chá em sua casa e íamos, mesmo que eu não gostasse de chá. Rose protestava.

—Claire, eu não quero ir a lugar algum com o Malfoy. A gente já anda com ele para todo lugar...

—O que você tem contra ele Rose? Scorpius nunca fez nada de ruim.

—Ele é Malfoy, Claire. E a família dele foi fiel a Voldemort nas duas vezes que ele ascendeu. Esse daí deve ser igual aos pais.

—Ele não é o pai dele Rose. Não o julgue.

Mas não importava o que eu dizia, Rose sempre lançava olhares frios na direção de Scorpius quando eu falava com ele.

Escrevia aos meus pais todo fim de semana e lhes contava sobre tudo. Eles alegavam saudades e Danielle também me escreveu uma vez. Fiz questão de lhe mandar uma carta longa e fofa. Eu também tinha saudades dela e do lacross.

Tiago tinha me entregado, finalmente, minha encomenda. Ele não estava brincando quando disse que os alunos gostavam mesmo de pregar peças. Os veteranos tinham como alvo, nós do primeiro ano e eu já tinha visto meninas manchadas de tinta, cabelos arrepiados para cima, como o Frankenstein. Um menino ganhou orelhas de burro durante um mês. Uma menina teve os dentes manchados de azul até o fim do semestre.

—Coitada dela. - Lamentou Maryse. - Madame Pomfrey disse que a tinta vai demorar para sair.

Eu andava com minhas coisas perto de mim, caso precisasse. Mas até agora, ninguém mexeu comigo.

Em uma tarde no final de Setembro, eu estava sentada no jardim da escola, fazendo minha lição de Poções. A tarde estava calma e tranquila, apesar da brisa gelada.

Foi quando senti uma pontada de dor de cabeça. Tentei ignorar a dor e me concentrar na minha tarefa, mas a dor só aumentava. Em minutos eu não conseguia focar no livro e mal abria os olhos. Massageie minhas têmporas e suspirei.

Era como se pequenas e longas agulhas entrassem na minha cabeça com força. Quase nunca eu sentia dor de cabeça, nem me lembro da última vez que senti. Mas agora parece que veio tudo de uma vez.

Fechei os olhos e me encostei contra o tronco da árvore, perto de onde eu estava sentada. O silêncio do jardim fazia meus ouvidos zunirem e a dor aumentar. Me concentrei em qualquer outra coisa que não fosse dor, para ver se eu me distraía e aconteceu outra coisa mais estranha ainda.

Tive uma breve visão de um jardim, explodindo em cores, lotado de borboletas prateadas. Uma risada de mulher ecoava pelo lugar, doce e melódica. Mas foi apenas um segundo, o suficiente para que eu me perguntasse que lugar era aquele.

Gemi de dor e pressionei os dedos contra a testa.

Me levantei, para ir até a Madame Pomfrey, lhe pedir um remédio para dor, mas cambalei levemente. Fechei os olhos com força e senti alguém pegar no meu braço.

—Claire? - Disse Victorie. - Esse é seu nome não é?

—Sim. - Guinchei.

—Você está bem?

—Não... Madade Pomfrey... Por favor...

Eu disse. Qualquer movimento do meu corpo fazia a dor aumentar terrivelmente. Victorie me conduzia pelos corredores e eu mal me arriscava a abrir os olhos.

—O que houve senhorita Weasley? O que aconteceu? - Disse Madame Pomfrey.

—Eu não sei... Claire está passando mal.

—Deite ela aqui Victorie.

Victorie me ajudou a deitar em uma das camas e Madame Pomfrey passou as mãos pela minha cabeça.

—Cabeça. Dor. Muita.

Eu disse, me forçando a abrir os olhos. Madame Pomfrey falou alguma coisa que não ouvi e depois ela murmurou no meu ouvido:

—Beba isso. Vai passar rápido.

E depois ela empurrou alguma coisa quente debaixo do meu nariz. Abri a boca e bebi algo amargo e com gosto azedo. Mas conseguiu engolir tudo sem vomitar.

—Agora descanse.

Alguns minutos depois, minha cabeça melhorou. A dor foi diminuindo aos poucos, até que se reduziu a um leve latejar e eu consegui abrir os olhos.

—Madame Pomfrey obrigada pela poção, eu realmente agradeço.

Eu disse, me sentando na cama, muito melhor. Victorie não estava mais lá, mas eu agradeceria depois.

—De nada querida. - Madame Pomfrey voltou-se para mim, segurando um copo de água. Mas então, seu sorriso sumiu ao olhar para mim e o copo de água deslizou de seus dedos, se espatifando no chão com um barulho quase musical.

—Madame? Está tudo bem?

—Se-seus o-olhos... E-Eles..

Ela apontou para o meu rosto. Olhei meu reflexo em um vaso ali perto. Meu rosto estava normal, mas os meus olhos estavam vermelhos. Vermelhos quase dourados, como a chama de uma vela. Soltei um grito, apavorada.

—Isso é um efeito colateral da poção, não é Madame?

Eu disse, torcendo para que ela dissesse sim. Mas Madame Pomfrey negou com a cabeça. Ela estava branca feito giz, os olhos arregalados, como se tivesse visto uma coisa terrível.

Sem saber o que fazer, corri porta a fora, andando a esmo, sem me importar com as pessoas em que eu esbarrava. Eu tinha de fugir dali. Tinha de ir a... algum lugar. Qualquer lugar que não fosse os corredores da escola, ao menos. Avistei os jardins e corri para lá, eles estavam parcialmente vazios.

Mas, antes que eu pisasse na grama, alguém agarrou meu braço e me fez virar. Era a professora Locke, de Defesa Contra as Artes das Trevas. Era a diretora da casa de Grifinória, tinha olhos cinzas e cabelos castanhos escuros.

—Senhorita, por onde pensa que vai correndo desse jeito?

—D-De-Desculpe senhorita Locke.

Baixei o rosto na hora. Não queria que ela visse meus olhos.

—Está tudo bem, senhorita Laurent, não é isso?

—Sim, sim. Está tudo bem. Estou só atrasada.

—Senhorita Laurent olhe para mim, o que houve? - Ela estava preocupada. Ergui a cabeça, contra a vontade e ela soltou meu braço na mesma hora.

—Seus olhos... Nunca vi nada assim desde...

—Desde o quê, professora? - Pressionei.

—Nada, nada. Vá para seu quarto, descanse um pouco. Com licença senhorita Laurent.

E então ela saiu, me deixando sozinha e confusa.


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