Blue Neighbourhood escrita por Marih Yoshida


Capítulo 3
Talk me Down


Notas iniciais do capítulo

Oi :3
Último capítulo da fanfic e uma singela dedicação nas notas finais ♥



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TALK ME DOWN

I wanna sleep next to you
But that's all I wanna do right now
And I wanna come home to you
But home is just a room full of my safest sounds

No cemitério,
com um nó na garganta.
Hoje (?) – talvez tenha sido ontem.

Seu pai morreu. Sinto muito por isso, realmente sinto. Sei o quanto você o amava, apesar de tudo.

Ainda não entendi direito o que aconteceu. Você me abandonou de uma hora para a outra, mesmo um dia ter me prometido que nunca o faria.

Alguma coisa está errada. Você fingiu me amar? Fingiu não me amar? Talvez eu nunca entenda. Você está com ela. Você a ama? Ou está fingindo como fez comigo?

Tudo está girando na minha cabeça e sinto vontade de vomitar quando ela te abraça. Me desculpe se você está feliz, sou egoísta demais por me contentar com sua felicidade sem mim.

Eu preciso de você, e o seu lugar é do meu lado. O mundo está completamente errado.

Saio de perto, não aguento mais. Além do quê, o enterro já está encerrado. Ando por entre os túmulos, lendo nome após nome para tentar me distrair. Será que os mortos, algum deles, tem uma resposta para o que você está fazendo comigo? Acho que não.

De qualquer forma, me sento em uma escada que encontro e a vejo ir embora junto com o pai. Junto com todos os outros. Se fosse eu, estaria até agora com você. Até o fim. Mesmo que você não tenha ficado o mesmo tempo comigo.

✦ ✧ ✦ ✧

But I wanna sleep next to you
And I wanna come home to you
I wanna hold hands with you
I wanna be close to you

No cemitério,
chorando a morte de meu pai.
Quando mesmo foi isso? – parece hoje e anos atrás.

Pai, mesmo que você não me amasse do jeito que eu era, eu ainda te amava. Porque foi você quem me criou, por sua causa eu sou quem eu sou. Mesmo que você tenha me separado do amor da minha vida, eu ainda te amava.

Sai de perto do túmulo, as palavras escritas me davam náuseas.

Andei pelo cemitério, o cenário perfeito para meu estado emocional. Sem pai, sem você, sem ninguém.

Pensei em momentos bons com você. Nos últimos tempos isso tem me distraído de um jeito incrível. Quando você me beijava, quando corava, quando me pedia atenção. Sinto tanto a sua falta que dói. E preciso tanto de você agora.

Como meu anjo da guarda, você aparece na minha frente. Ou eu apareço na sua, não sei direito. Você me vê e nós dois ficamos um tempo sem reação. Corri até onde você estava como uma criança assustada e você estendeu os braços, me acolhendo como se nada tivesse acontecido.

Como se eu não tivesse quebrado seu coração.

Chorando, te expliquei tudo. Desde a noite em que nos despedimos pela última vez até hoje. Tudo, sem deixar nenhuma palavra. E você me apertou mais forte, porque entendia. E isso me deixava mais mal ainda.

Ela ouviu tudo. Desde o “eu te amo” que te falei, até o “eu não a amo”. Levantei-me, minha cabeça girando, para explicar para ela. Mas ela ignorou e saiu andando, e eu certo de que qualquer espécie de relacionamento que tivéssemos estava acabado.

Não era como se eu estivesse feliz por isso. Mais uma confusão na minha vida.

Eu nunca poderia voltar para você, porque nunca me perdoaria pelo que fiz. E também não poderia continuar a promessa que fiz a meu pai, de que me casaria com ela.

Minha vida estava uma bagunça, e eu estava sozinho. Olhei uma vez mais para você, que me olhava também e sussurrei um pequeno “adeus” antes de ir.

Me desculpe pai, por não ser o que você queria que eu fosse. Por amar alguém que você não aprova.

Me desculpe Alexia por ter te enganado. Nenhum motivo no mundo justifica isso.

E me desculpe Chris.

Me desculpe por ser fraco e não conseguir contrariar meu pai. Me desculpe por quebrar seu coração. Me desculpe por não cumprir minha promessa.

E, principalmente, me desculpe por te deixar para sempre.


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Notas finais do capítulo

Eu delicadamente dedico esta fanfic, que primeiramente foi para o dia dos namorados, às vítimas daquele louco que matou 50 americanos neste fim de semana.
Me partiu o coração as reportagens, me partiu o coração as mães das vitimas, os amigos e familiares. Mas, principalmente, me partiu o coração ver todos aqueles comentários de ódio sobre isso.
Eu espero, do fundo do meu coração, que em um futuro próximo, essas pessoas entendam que todos nós somos apenas humanos querendo amar e ser amado, seja você hétero, transgênero, gay, lésbica ou qualquer outra coisa.
E nada, nem religião, nem parentes, nem sociedade, absolutamente nada está correto se o objetivo é pregar o ódio.
Nesse fim de semana, o céu recebeu 50 estrelas coloridas. E eu espero que onde estejam, sejam mais amados do que aqui.



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