Kelly Delacour

— Kelly – Sky grita, entrando na cozinha e logo me abraçando, nem me dando tempo de me situar.

Pulamos animadas em seguida e todos pareciam confusos, enquanto falávamos coisas aleatórias, só colocando as novidades em dias. Bem, depois que tudo se resolveu entre nós e eu voltei para a universidade, temos sido bem mais próximas e agora que a conheço melhor, posso dizer que foi ruim da minha parte tudo que fiz no passado.

— Bom dia – Jack entra na cozinha e deixa um beijo na bochecha da Sky, afagando meu cabelo e indo buscar seu café.

— Bom dia – Sky ri negando, sabemos que esse garoto tem um vício em cafeína.

Sentamos todos na mesa e eu me junto ao Louis. Estávamos todos animados conversando, quando uma voz se sobressaiu as outras, e assim que olhei para a soleira da porta, meu coração gelou e meu humor passou de feliz, à, devo ter jogado pedra na cruz. Por isso eu apenas me levantei e deixei a cozinha, subindo para o quarto que eu estava dividindo com o Lou.

— Kelly – alguém bate na porta alguns instantes depois e logo vejo quatro cabeleiras surgir no vão da porta.

— O que houve? – Stacy empurra as quatro e entra exaltada.

— O que a Kayla faz aqui? – pergunto confusa.

— Ela veio com o Hayes, é a namorada dele – Mad fala confusa, parecendo não entender o que eu estou dizendo, bem, não as culpo.

— Droga – resmungo.

— O que está havendo aqui? – Angel entra e fecha a porta atrás de si, depois de olhar o corredor.

— A Kayla não devia estar aqui – começo e elas franzem o cenho – ela é prima da Bella.

O espanto foi visível ali, é claro que ficariam espantadas, afinal, ninguém sabia daquilo, além de mim.

— Ela é o plano B – Skyler fala de repente, parecendo assimilar tudo que estava na minha cabeça – Bella não desistiu de me prejudicar.

A olhamos e ela assente.

— Nova temporada de caça as vadias – Angel se pronuncia, cruzando os braços – não deixaremos nem a vadia da Bella e nem esse projeto de quinta da Kayla brincar conosco.

— Sky está passiva, você sabe disso né? – Lydia pergunta sugestiva.

— De passiva já basta você na cama, vamos fazer algo – Angel dá de ombros – vamos começar os jogos, e que vença a melhor fraternidade.

— Vistam suas roupas de caminhada, eu tive uma ideia – Catherine fala, sorrindo maliciosa e eu franzo o cenho – vamos dar um passeio.

Ela bate palmas e dispersam todas, e logo nos dividimos, bem, eu espero que ninguém acabe afogada no lago.

[...]

Assim que colocamos os pés na cozinha, todos pareciam envolvidos em suas conversas paralelas.

— O que acham de uma caminhada? – falo com as meninas ao meu lado, que vão assentindo uma a uma e se dispersando por ali, para mexer em algo sem ser tão suspeita.

— Se eu distender um musculo não volto para o campo – Cameron fala negando a ideia, e recebe um tapa na nunca do Jack.

— Larga de ser frouxo – Jack diz irritado.

— Vamos jogar futebol na quadra – Hayes dá outra tapa na cabeça do Cameron, que resmunga e esfrega o local dolorido.

— Então vamos nós – Bruna fala animada – vou me vestir e já volto.

Algumas a acompanharam e outras ficaram por ali, precisávamos convencer a Kayla de ir juntos, não gente, isso aqui não é “eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, e ninguém vai morrer, assim eu espero.

— Não quer ir conosco Kayla? – Angel pergunta, meio cínica demais para o meu gosto.

Ela olha para o Hayes e ele assente com a cabeça, a encorajando, coitado, se soubesse do que ela está prestes a sofrer, nunca teria concordado.

— Tudo bem, chego em dois minutos – ela sorri e some no corredor.

— Que comece os jogos vorazes e que a sorte esteja ao seu favor – Sky diz rindo, assim que nos direcionamos aos quartos.

Clover Messi

Chegamos ao topo do penhasco e jogamos as mochilas no chão. Agachei, apoiando os joelhos no chão e respirei fundo, nossa, tem tanto tempo que não faço alguma coisa assim que acho que estou começando a ficar sedentária demais.

— Quantos metros acha que isso aqui tem? – Kayla pergunta, ela estava na beirada, olhando para baixo, aparentemente sem medo.

— Não sei – Angel se põe ao lado dela e eu olho disfarçadamente para a Lydia que estava ao meu lado, Skyler assistia a cena calada, apenas bebendo agua e sem nenhuma dificuldade de respirar, Mad também assistia calada.

— Você é a Angel, não é? – ouço a Kayla pergunta interessada.

— Sim – a loira sorri falsa, do jeito que só ela sabe fazer, cínica.

— Acha que esse lago é fundo?

Sim, abaixo do penhasco tinha um enorme lago, apesar da visão assustadora, era daqui que costumávamos pular quando éramos adolescentes e a tia Alice nos trazia para cá.

— Não sei, porque não descobre? – ouço a Angel dizer e no segundo seguinte só vi o vulto da Kayla e um grito mais do que estridente, deixando a todas nós de boca aberta.

O plano era dá um susto na garota, não quase matá-la de ataque cardíaco, ou com muito azar, com a cabeça em uma pedra.

— Vamos buscar a vadia – Angel acena, pega sua mochila e sai andando como se não tivesse acabado de jogar alguém de sei lá quantos metros, essa garota é louca.

Pegamos um pequeno atalho, até chegar na beira do lago, onde a Kayla já resmungava histérica, enquanto tentava inutilmente se secar.

— Ficou louca? – ela grita, fazendo a Angel abrir outro sorriso, desconfio que a Angel seja uma psicopata nas horas vagas.

— Aí desculpa, eu achei que piranha sabia nadar – Angel joga a mochila no chão e se aproxima da Kayla – é melhor olhar por onde anda Kayla, porque eu prometo que dá próxima vez que eu decidir te jogar de um penhasco, não vai haver um lago em baixo para amortecer sua queda.

Kayla engole em seco, eu sei que ela entendeu, não temos dúvidas. Por isso ela apenas assentiu e pegou a mochila na mão da Catherine, que sorria debochada.

Voltamos pelo mesmo lugar que viemos e logo descemos a trilha, com a Kayla ficando para trás, eventualmente, já que a Cat tinha colocado pedras na mochila dela. Assim que chegamos na frente da casa, Kayla passou por nós parecendo um furacão, não sei se de medo ou de raiva.

— Não acredito que você jogou ela do penhasco – rio incrédula – poderia ter matado ela.

— O lago estava cheio por causa da chuva de ontem e a Kayla é leve, não afundaria tanto assim – Angel estala a língua, ousada – acho que mereço um prêmio.

Rimos e entramos em casa, vendo a Kayla descer do andar dos quartos, parecendo um dragão cuspindo fogo. Bem, talvez ela realmente fosse um.

— Ok, quem foi a engraçadinha? – ela pergunta irritada.

— Do que está falando? – Lydia pergunta confusa, como se realmente não tivesse dado a ideia para a Cat.

— Alguém colocou pedra na minha mochila – ela grita, se sacodindo por inteira, demonstrando sua pequena irritação com todo seu corpo.

 — Não sei do que está falando – Bruna dá de ombros, com aqueles olhos inocentes.

— Minha prima bem que me avisou, vocês não passam de um bando de delinquentes.

— Sua prima? – Angel chega perto dela ameaçadora, fazendo a garota levantar a guarda – quem é sua prima Kayla?

Não houve uma resposta, Kayla parecia muda naquele momento.

— Eu juro por tudo que é mais sagrado nessa vida, se você aprontar uma coisinha se quer, com a minha irmã ou as minhas amigas, eu juro que você vai ter desejado nunca ter nascido.

E novamente ali estava a Kayla com medo, com aqueles olhos esbugalhados e a respiração entrecortada, então tirando forças do fundo de sua alma, ela deixou a sala correndo, meio cambaleante.

— Se eu não te conhecesse, teria medo de você – digo e todas rimos, mas na real, levando muito a sério o que acabou de acontecer ali.

— O que acha de atrapalharmos o jogo dos meninos? – Kiara grita animada e todas concordamos, saindo correndo, direto para a quadra.

Cameron Albuquerque

Sinto alguém pular em minhas costas e logo seguro as pernas em volta da minha cintura, sustentando o corpo da garota, não precisava nem olhar para trás, para saber quem era.

— Que foi? – pergunto ao ouvi-la rir.

— Esse é o dia mais divertido que já tive – confessa e viro o rosto só um pouco para olha-la.

— O que vocês aprontaram nessa caminhada?

— Eu nada, a Angel no entanto – sinto ela dar de ombros.

Seu rosto deita no meu ombro e eu volto a olhar para frente.

— Achamos que iam jogar futebol – ela deixa um carinho no meu peito, onde seus braços estavam largados.

— E fomos, mas acabamos parando mais cedo, Hayes passou mal – conto.

Realmente só havia eu, o Louis, o Christian e o Jack por ali.

— O que ele teve? – ela pergunta preocupada.

— Ele começou a vomitar de repente e disse que não estava se sentindo bem, eu o deixei em casa, mas ele não me queria por lá.

Ela apenas assente e fica em silêncio, me deixando acariciar suas pernas, enquanto ela continuava naquele carinho preguiçoso que só a Lydia era capaz de fazer.

— O que acha de um filme mais tarde? – pergunto sugestivo e ela assente – vamos falar com os outros.

[...]

— O que vamos assistir? – Jack pergunta, enquanto mexia no controle, olhando as opções da Netflix.

— O que acha de gente grande? – Sky sugere e apenas concordamos.

O filme começou e nós ficamos espalhados por ali, entre o sofá e o tapete felpudo. Haviam passado quinze minutos de filme, quando um grito soou do andar de cima e todos levantamos assustados, subindo correndo para entender o que estava acontecendo, e não demoramos de entender. Pois o Hayes estava com apenas a cabeça para fora da cama, enquanto vomitava tudo, ou seja, nada, já que ele nem comeu e nem bebeu agua.

— Hayes – caminho até ele e o ajudo a se consertar, depois de não ter mais nada para vomitar.

— Estou bem – ele fala meio ofegante, mas seu rosto pálido dizia que obviamente não havia nada de certo por ali.

— Quem foi que gritou? – Louis pergunta confusa.

— A Kayla, ela queria transar e eu acabei vomitando nela – Hayes conta e ouço um coro de “eca” e um “bem feito” soar atrás de mim.

— Quer ir à emergência? – pergunto preocupado e o vejo negar.

— Quando começou a se sentir mal? – Lydia pergunta e eu franzo o cenho confuso.

— Depois da sobremesa – Hayes a olha curioso, igualmente a mim.

— Hayes – Madison nega com a cabeça, parecendo frustrada – Kayla não te avisou?

— Avisou o que? – eu quem pergunto.

— Tinha nozes na sobremesa baby – Skyler se aproxima dele e alisa seu cabelo – a Kelly quem fez, mas a Mad avisou a ela que não era para colocar para você, por causa da alergia – Sky tinha um olhar preocupado – eu deixei uma travessa de pavê para você.

O silencio se instalou ali, todos parecíamos apenas digerir a informação.

— Vamos – Madison se aproxima dele e eu a ajudo a levanta-lo – eu tenho enzimas, e antialérgico.

Assim que de pé, ele se apoiou nela e os dois saíram do quarto em direção a algum outro lugar da casa, enquanto o resto de nós voltava para sala e até aquele momento, Kayla não havia voltado a aparecer.