Levantei-me após o despertador tocar pela segunda vez. Ainda atordoada, percebi que esqueci as pantufas no andar debaixo... De novo! Praguejei baixinho para que ninguém, embora saiba que seria impossível, escutasse. O chão estava gelado e ao entrar em contato eu estremeci. Sem mais demoras caminhei de forma rápida até o banheiro.

 Fiz minhas higienes e após voltar ao quarto, sem disposição, peguei a primeira roupa que vi. Minha diária calça jeans preta, com uma blusa azul por baixo de um grande e confortável suéter. Fiz o que podia  em meu rosto para minimizar o desejo por, pelo mínimo, mais três horas de sono.

 Sem demoras desci as escadas. Meus tios estavam reunidos no chão e obviamente não podiam sentir a temperatura, eles jogavam algo que consistia em diversos papéis rasgados no chão, entre eles, e uma intensa observação. Deduzi que seria uma brincadeira recente e caminhei até meu pai, tio Jasper e minha avó Esme, os únicos que não estavam brincando.

— Por que não estão lá? – perguntei.

— Não deixaram Edward jogar, pois ele, obviamente, pode facilmente achar o ladrão/detetive- Não pude evitar uma risada pelo nariz enquanto vó Esme explicava- E Jasper... Bem, Jasper manipulou as emoções do Emmett. E eu estou bastante ocupada preparando seu lanche.

 Beijei-a na bochecha e fui até meu pai.

— Estava começando a achar que tria de subir até seu quarto para acorda-la.

Revirei os olhos.

— Bom dia para você também, pai!

— Bom dia para você também, Nessie!— Tio Jasper cutucou minha testa com a ponta dos dedos.

— Bom dia, tio Jasper- ri fraco- Pai, será que posso sair um pouco?

— Não vá muito longe!

— Apenas até o penhasco? – perguntei e torci para não obter uma resposta negativa.

— Tudo bem, apenas não demore!

 Acenei com a cabeça positivamente. Ao lado da porta haviam botas que alguém outrora me mandara guardar. Calcei uma delas e Estiquei-me para pegar o casaco marrom no cabideiro. E antes que meu nome pudesse soar para que eu me dirigisse até a cozinha, eu já estava bem longe da casa. Comidas humanas particularmente não me agradam muito, embora tenha que ingeri-las conforme a necessidade de meu corpo.

 Caminhei pela floresta que, durante o verão exibia as mais lindas folhas verdes, e que agora estava em um tom branco azulado. Os flocos de neve que caíam certas vezes irritaram meu nariz. Durante o trajeto, vários pensamentos afundaram minha consciência e eu quase passei do ponto prometido, combinado.

 O penhasco não é o mesmo que, um dia, minha mãe resolvera pular. A água escura agora estava congelada e não havia muita neblina, o que permitia uma ampla visão do lago abaixo. O sol já exibia seu brilho alaranjado de fim de dia entre a copa das árvores do horizonte, e só com isso percebo o quanto dormi.

 Fechei os olhos por um instante, sentindo o ar frio vir de encontro com minha pele. Ao abri-los, deparei-me com alguém olhando fixamente para mim no meio do vazio congelado onde no verão encontra-se a água. Era uma mulher loura, e com a pele pálida. Os olhos eram dourados como os de meu pai. Longos minutos se passaram e antes que eu pudesse chama-la, a loura se virou e correu em direção a floresta, onde o sol terminara de iluminar.

 Eu nunca havia visto vampiros tão próximos a casa de minha família e da reserva.

 Os primeiros sinais da noite fria e tempestuosa começaram a aparecer logo em seguida. Os flocos de neve se apressaram em cair em mais quantidade, obrigando-me a voltar para casa antes de congelar.

[...]

— Não esqueça de tirar e levar as botas para o quarto- minha mãe advertiu e eu acenei positivamente.

 Esperava encontrar todos afundados em diversos afazeres, mas estavam todos sentados no sofá assistindo o jornal.

— Mãe, é comum vampiros se aproximarem tanto da casa e da reserva? – Perguntei chamando a atenção de todos.

— Vampiros? – Vô Carlisle ajeitou a postura no sofá, prestando mais atenção ao que eu falei do que no jornal.

— Recém- criados? – Tio Emmet perguntou e logo sua sugestão foi eliminada.

— Se houvessem recém-criados por aqui as notícias de desaparecimento e assassinatos teriam explodido nos jornais.

— Sim. Quando estava no penhasco encontrei uma vampira. Era loura, tinha os olhos dourados e era pouco alta. O cabelo era pouco ondulado.

— Irina- Um chiado vindo de tia Rosalie chamou a atenção de tio Jasper- O que ela faz aqui?

— Não sei- Tia Alice respondeu e esfregou as mãos- Não é comum os Denali aparecessem assim, de repente. Teriam vindo até aqui!

— Já está ficando escuro. Esme, Carlisle, Edward e eu vamos caçar hoje- Minha mãe se levantou- Podemos tentar encontra-las. E você- ela se virou para mim com um sorriso confortador e logo deu um beijo no topo da minha cabeça- Não saia de casa!

 Acenei positivamente e observei enquanto eles saíam. Tio Emmett esperou e logo mudou o canal para algum documentário irrelevante. Olhei perplexa para ele. Hoje é meu dia de assistir televisão!

— Tio!

— Por que você não vai brincar de boneca? – Perguntou ele sorrindo provocador.

— Deixe-a em paz, Emmett- tia Rose bufou. Eu ri e logo me retirei para o quarto.

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