— Mais que agradável surpresa- Aro Pronunciou ainda de costas.

— O que você quer? – Caius perguntou e um breve silêncio se manisfestou- Hum?

— Preciso denunciar um crime- Irina Denali caminhou até o pequeno grupo, chamando a atenção de todos- Os cullens fizeram uma coisa terrível.

Um livro grande foi fechado e em questão de milésimos Aro já estava diante dela.

— Permita-me, minha querida? – Aro gentilmente pegou as mãos de Irina, que lhe mostrou tudo o que vira no penhasco- Minha nossa- foi o que ele falou quando as mãos soltaram-se.

As árvores e seus galhos de cor branca se tornavam borrões na minha visão. O ar gélido que entrava em contato com a minha pele já não causava arrepios devido ao constante e intenso movimento decorrente da corrida pela floresta e também pelas roupas que usava, elas não eram pesadas, mas aqueciam o suficiente.  

 Tio Emmett se encontrava a minha direita. Vezes ou outra, sorria provocador quando alcançava uma velocidade maior, adquirindo vantagem de lugar. A minha esquerda, tio Jasper escalava diversas árvores, fazendo cair em meu caminho que sem muita atenção podia se tornar perigoso, muitas bolotas de neve. Já não estávamos mais caçando, e sim disputando uma sobrenatural corrida. E eu estou ganhando!

— A televisão é minha- disse- Se eu ganhar!

— Combinado- Tio Emmett impulsionou o corpo para frente- Trapaças são proibidas.

 A velocidade anormal tinha lá suas vantagens, eu disputava agora algo muito importante: A TV. Tio Emmett, que antes corria a minha direita em linha reta, jogou o copo para o lado, atrapalhando meu caminho e me fazendo cair bruscamente, rolando até recuperar o equilíbrio e ficar em pé de novo. Tudo ocorreu tão rápido quanto um espirro. Minha calça rasgou na altura do joelho na batida violenta contra uma pedra de gelo. Meus joelhos começaram a sangrar. Sem dor alguma, continuei.

— Isso foi trapaça- rosnei.

— Não foi não! – Tio Emmett gargalhou- Isso foi um truque!

— Truques sujos- Tio Jasper pulou de uma das arvores e parou ao meu lado, ainda correndo- Os truques de Emmett sempre são sujos.

— Cala a boca, Jas- Tio Emmett bufou.

— A verdade dói- O louro gargalhou e tratou de voltar às arvores. Já havia ouvido que ele era melhor no alto que qualquer Cullen.

 Um aroma agradável invadiu bruscamente minha narina e eu, que antes seguia em linha reta também, desviei o curso para a esquerda. Tios Jasper e Emmett seguiram-me logo atrás. Com a sorte a nosso favor, encontramos um grupo razoável de animais cercados por dois pumas. Escondemos-nos atrás de três árvores caídas, amontoadas uma sobre as outras. As brechas na madeira nos fizeram ter uma visão perfeita de nossas futuras vítimas.

— Talvez a corrida sobre humana fique para depois- sussurrei- eu já estou com fome!

— O último passo para sua caçada- A voz de tio Jasper a minha direita não obteve tanta atenção- É esperar o momento certo... Como este!

 Sem demoras ao terminar de falar, ele se lançou ferozmente para frente exatamente quando os pumas distraíram-se. Sua vítima fora um pobre e grande animal mamífero. Tio Emmett conseguiu abordar mais um e com ajuda, eu não fiquei sem alimento.

 A caçada não demorou tanto quanto planejávamos, e ao final a televisão acabou ficando com tio Jasper. Subir os pequenos degraus da frente da casa e encontrei minha mãe na porta, provavelmente a minha espera. Ela caminhou até mim com um sorriso radiante e sussurrou em meio ouvido durante o abraço.

— Ele chegou, estava esperando você.

 Agradeci a ela e corri para a sala, onde Jacob estava em pé andando de um lado para o outro.

— Jake- o chamei e corri para abraça-lo.

— Nessie!!

— Quando chegou? – Perguntei.

— Não há muito tempo- ele me analisou e parou os olhos em meus joelhos- O que aconteceu?

— Truques sujos de tio Emmett- Sussurrei.

— Vem, vamos cuidar disso- ele puxou minha mão e fomos até o lado de fora com um Kit de primeiros socorros- Então você caça igual às sanguessugas? Quanto tempo eu estive fora?

— Muito tempo- eu respondi- Essas sanguessugas são meus parentes!

— Estava com saudades- disse.

— Acredita que ontem encontrei uma vampira? - Perguntei enquanto ele aplicava agua morna no corte- Tia Rose disse que é Irina. Eu não a conheço, mas tive a sensação de já ter visto-a alguma vez.

— Isso não é boa coisa.

— Por quê?

— Nessie, Irina não é tão amigável com os Cullens quanto o resto de seu clã. É uma longa história.

— Conte! Tenho tempo. 

— Irina era parceira de Laurent, que inicialmente era vampiro de outro clã, mas passou para os Denali quando seus antigos parceiros passaram a perseguir Bella.  Ele foi morto quando tentou matar Bella, logo depois que voltou a Forks, como um favor para Victoria, uma de suas parceiras. Desde então, Irina tem culpado os Cullens e a nós...lobisomens, pela morte dele.

[...]

— Se tudo estiver como os exames e os estudos realizados... Sim! Renesmee, você vai parar de crescer quando completar sete anos, a idade em que parará de envelhecer aceleradamente. -

— Então vou ter um crescimento normal? – Perguntei.

— Talvez!

— Sete anos, daqui a sete dias. Sete anos e aparência de dezessete- disse baixinho.

— Exatamente- Meu avô concordou enquanto ajudava-me a sair da cadeira funda do laboratório que ficava em nossa própria casa. Eu odiava esta cadeira, já havia visto-a mais vezes que qualquer outro vampiro não conhecido.

— Há chances de acontecer mais alguma coisa humana?

— Seu corpo está desacelerando quando se trata de modificações, ainda não sei se outros fenômenos anatômicos poderão acontecer com você. Por enquanto, continue se alimentando de sangue e comida humana.

— Comida humana é ruim. Não tem gosto de nada- sorri- Tudo bem!

— Vou conversar com Edward e Bella, algumas mudanças serão necessárias- Ele falou pressionando o pedal da lixeira de metal e depositou lá a seringa utilizada para retirar uma amostra de meu sangue- Pronto! Vamos?

 Concordei e saímos de lá. Ouvi as doces e suaves notas do piano e apressei o passo, encontrando meu pai pressionando os dedos contra as teclas do instrumento, sem qualquer intensão de tocar. Sentei-me ao seu lado e, junto a ele, toquei a música que o mesmo me ensinou quando criança. Nós a batizamos de Renesmee’s Lullaby.

 Com o tempo, mamãe e os outros nos cercaram. Tínhamos combinado de gravar com a velha filmadora os momentos em família, mas eles simplesmente passam tão rápido que nem eu mesma noto. É evidente que meus pais sofrem com a mudança rápida de tempo. E eu sofro por vê-los abatidos, principalmente minha mãe.

  Quando a canção parou, todos sentaram-se no sofá e então a conversa sobre Irina novamente veio ao ar.

— Tanya convenceu Irina a se desculpar com a gente- Vô Carlisle falou.

— É, parece que ela mudou de ideia- falou meu pai.

— Ver Jacob deve ter sido demais para ela- Minha avó falou. Agradeci Jacob por ter me contado a história.

— Queria ter falado com ela- minha mãe suspirou.

— Ela é da família, vai voltar!

   Tia Alice apareceu com um vaso nas mãos. Ela usava as rotineiras roupas: Calça preta justa, blusa e casaco elegantes. O cabelo picotado estava enrolado em um laço amarelo. O sorriso dela se esvaiu enquanto seus olhos mudaram de cor. O vaso caiu e Tio Jasper foi até ela.

— O que aconteceu?

— Os volturi, estão vindo atrás de nós!

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