Chaos escrita por Brii


Capítulo 1
I - Morte




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A garota de curtos cabelos negros e olhos heterocrômicos vagava pelo campus do internato cabisbaixa com sua mochila nas costas. Oito horas da manhã em Nova Iorque, estava mais uma vez atrasada para aula de história. A cada passo que dava, sussurrava um xingamento. Um para sua mãe; um para seu padrasto; um para sua professora de história; um para Sully, a garota mais influente da escola que adorava espalhar boatos sobre Noah para os alunos; um para cada monstro que ela jurava ver; e um para Jacken, o  garoto de quem gostava, seu único amigo.

 

Andava sem olhar por onde ia, alguns alunos riam dela em um canto. Xingou-os também.

Como era acostumada a mudar regularmente de escola devido à problemas com outros alunos e professores, fora suas notas horríveis, já estava sentindo necessidade de mudar novamente, apesar de também não querer ir para longe do único amigo.

Ela olhou para o prédio que deveria entrar, suspirou e parou na frente da porta. Estava pensando se deveria matar aula mais uma vez, até porque não iria entender nada da aula com o maldito déficit de atenção e a hiperatividade. Seu pé batia no chão inquieto.

— Vai entrar ou matar aula mais uma vez? - Ela pode ouvir uma voz familiar vinda de trás da mesma. Noah virou-se sorrindo, o que raro, ao ouvir a voz do amigo. Ele estava com uma touca e o típico óculos verde na ponta do nariz. Sua pele era morena e seus olhos negros, o cabelo, um pouco mais longo que o dela, era, também, negro. Usava uma blusa surrada e uma calça jeans que aparentava ter sido pouco usada. - Planeta Terra para Noah!!! Em que quadrante se encontra?

— Desculpa. - Ela tirou o sorriso do rosto. Seus olhos, um verde e um castanho, ficaram mais nebulosos. Apesar de gostar de Jacken, algo nele assustava-na. - Eu acho que vou matar essa.

Ele sorriu. Um sorriso malicioso e um tanto quanto sarcástico, quase que imperceptível, mas Noah notou algo a mais naquele movimento com a boca.

— Ótimo, quero te mostrar uma coisa, venha. - Ele fez um sinal para ela o seguir. A garota acabou indo, relutante.

Jacken se embrenhava entre as árvores do campus. Estavam indo para longe da pessoas. Noah não estava gostando disso, mas continuou. Ela ouvia uma voz masculina rouca em sua mente. Por algum motivo reconhecia a voz.

— Você sabe que não acabará bem. - A voz dizia em sua mente.

Em um certo momento, o garoto parou. Eles estavam em algum tipo de campo com algumas árvores. Mais a frente havia um dos prédios antigos do internato, que agora não era mais utilizado e estava abandonado.

— Estamos quase lá. - Ele disse olhando para a construção. - Vamos.

— Não acho uma boa ideia Jacken... - Sua voz vacilou. O medo foi demonstrado, o que fez um novo sorriso surgir no rosto do rapaz, dessa vez perceptível. - Digo... Eu não quero ir lá.

A visão de Noah tremeluziu. Ela jurou ver olhos vermelhos e espinhos nas costas do rapaz, o que a fez esfregar os olhos para ter certeza do que via.

— Então a névoa já está se dissipando. - Agora Noah podia ver dentes afiados no sorriso dele. Ela deu um passo para trás, acuada. - Não preciso mais esconder o que eu sou para uma mera adolescente. - As mãos dela soavam enquanto o rapaz se curvava e seu tamanho amentado. Pelos cresciam em todo seu corpo, suas roupas se rasgaram e um rabo, que mais parecia uma cobra, surgiu. - Vamos nos divertir garota. - Os olhos dela estavam esbugalhados. Sua boca tremia sem conseguir soltar uma única sílaba. O seu amigo, Jacken, jazia em sua frente não como o garoto de 16 anos que era até pouco tempo atrás, e sim como uma quimera sedenta por seu sangue. Noah não queria acreditar, não poderia acreditar.

— J-Jacken... - Ela tremia. Nunca havia ficada tão abalada. Era a primeira vez que aquilo acontecia com alguém próximo. Nem mesmo ela própria entendia o porque de estar tão abalada. A garota sentou em posição fetal no chão segurando a cabeça. - Não, por favor... Não! - A grama, que estava em volta de seus pés, começou a morrer.  Ela fechou seus olhos. - Isso não é real!

Quando a quimera pulou para atacá-la, visto que agora estava indefesa, mas um barulho de metal interrompeu o ataque. Noah olhou para cima, vendo um garoto pouco mais novo que ela de cabelos negros segurando uma espada quase preta. Ele havia matado a quimera, que não esperava o ataque.

— Jason, Piper, eu achei ela. - O garoto gritou, logo se virando para ela. - Tudo bem? - Ela pode ver marcas de olheiras profundas, o que era, na opinião dela, a característica mais marcante do rosto do jovem. Ele virou sua atenção aos pés da garota, que ela havia acabado de notar estar cheio de grama morta ao redor. 

Um garoto loiro usando óculos seguido por uma garota com traços indígenas apareceram. Ele segurava um espada reluzente, enquanto ela segurava algo que parecia uma adaga mas, ao ver o mais novo guardando a arma, eles guardaram também. Noah, que ainda estava sentada na grama morta, olhava a cena, perplexa. 

— Ah, você deve ser de quem Lupa havia falado. - O loiro, que deveria ser Jason, disse em um tom de alivio. - Temi que poderíamos chegar tarde demais. - Ele sorriu e ofereceu a mão para ela se levantar e, no momento que ele segurou sua mão, sua expressão mudou. - Fria. Que mão gelada.

— Desculpa... Sempre foi assim, pelo que eu saiba. - Noah disse ao se levantar. Ela olhou para os três adolescentes ali. A garota, que deveria ser Piper pelo que ela ouviu, tinha uma beleza ameaçadora, enquanto o garoto loiro, Jason, parecia bem amigável e extrovertido. O mais novo, que a tinha salvo, parecia mais introvertido e solitário. - Desculpa mas... Quem são vocês?

— Nós somos semideuses, assim como você. - O mais jovem começou a falar. - Eu sou Nico Di Ângelo e esses são Jason Grace e Piper McLean. Nós viemos para te levar para o acampamento Júpiter e acampamento Meio-Sangue. - Ele disse como se já fosse um discurso falado mil vezes.

— Espera um pouco... Semideuses? Acampamento? E você falou sobre a Lupa... Aquela Lupa? Que criou Rômulo e Remo? - Noah estava cada vez mais confusa com tanta informação.

— Bem, pelo que deu para entender, Lupa já teve contato com você, o que mostra que você é filha de alguma divindade romana. - Piper, que não tinha dito nada até agora, começou a falar. - Você não tem uma mãe ou um pai biológicos? Tem hiperatividade? Déficit de atenção?

 

— É, eu não tenho um pai... - Ela disse meio cabisbaixa. - E sim quanto as outras perguntas.

— Isso já responde tudo. - Jason interrompeu a conversa. - Venha, vamos levá-la para um dos acampamentos.


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