Estava sentada na cozinha pensando nos últimos e futuros acontecimentos. Kate iria casar e agora sou uma das madrinhas, na hora eu não fazia ideia do que isso significava, mas percebi quando Mia começou a falar sobre a decoração, comida, vestidos e musica. Eram muitas coisas e pouquíssimo tempo.

—Não sei se dou conta de tudo, Gus... – Meu pequeno gato subiu na mesa da cozinha e começou a se esfregar na minha cabeça, achava muito estranho quando ele fazia isso. _Mas agora não tem como fugir. - Assim que terminei de falar meu telefone começou a tocar.

—ANA! – Disse Mia animada do outro lado da linha. Agora ela me ligava todos os dias, assim como Kate.

—Oi Mia. – Falei baixo, ainda não tinha acordado completamente.

—Queria saber se você vai precisar de uma carona, já que você não conhece minha casa. – Mia perguntou animada e lembrei da nossa conversa de ontem.

FLASH BACK ON

Mia e eu estávamos sentadas em um restaurante perto da escola, estava no meu horário de almoço e ela me chamou para comer e conversar sobre as coisas do casamento, nunca imaginei que um casamento desse tanto trabalho, ainda bem que tínhamos a Mia, por que eu não sei se seria capaz de fazer isso tudo.

—Kate ainda não decidiu que tipo de flores ela quer, mas acho que tulipas ficariam perfeitas com o resto da decoração.

—Falando em Kate, onde ela está agora? – Perguntei.

—Foi buscar os pais no aeroporto. O que me leva ao próximo assunto. Meus pais estão planejando uma jantar para fazer o pedido oficialmente e, obviamente, você está convidada. Será amanhã na minha casa.

—Um jantar? – Perguntei, já ficando nervosa. Esse tipo de eventos costuma ter muitas pessoas.

—Sim, mas não se preocupe, não serão muitas pessoas, apenas minha família e a da Kate. Já que eles não querem um casamento muito grande... – Podia sentir a indignação na voz de Mia. _ o jantar também não será muito grande.

—Ok... devo admitir que não fico muito confortável nesse tipo de eventos, mas se for apenas família... – Falei sabendo que eu não tinha como fugir.

—Ótimo! Você vai adorar, minha família morre de vontade de te conhecer.

FLASH BACK OFF

—Ana? – Me distrai um segundo com as lembranças.

—Oi.

—Carona, você vai querer? Porque a empresa do em irmão é no centro da cidade e ele vem direto do trabalho, então pode te dar uma carona sem problemas. – Disse animada. Eu em um carro com um completo desconhecido por, provavelmente uma hora? De jeito nenhum.

—Não é necessário, Mia, posso ir no meu carro, você já me passou o endereço e a localização.

—Tudo bem, mas se mudar de ideia é só me avisar.

—Pode deixar. Até mais tarde, Mia.

—Até, Ana.

Desliguei o telefone e terminei de tomar café da manhã. Fui até o meu quarto procurar alguma coisa para vestir no jantar. Revirei meu armário e não achei nada, pelo menos nada adequado para um jantar de noivado. Desisti de procurar alguma coisa no meu armário e decidi sair para comprar um vestido. Durante estes dois anos eu não gastei quase nada do meu dinheiro, gastava apenas com aluguel e comida, conseguindo assim, juntar uma boa quantidade de dinheiro no banco, por isso não havia problema em gastar com um vestido.

Peguei meu carro e fui atrás de um vestido. Andei por quase todas as lojas de Seattle e já estava desistindo, mas decidi entrar em uma ultima loja, ela parecia ser cara, mas eu estava disposta a gastar o dinheiro necessário. Queria me esforçar por Mia e por Kate. A loja era pequena, mas muito bem arrumada, até o cheiro era maravilhoso. Tinha duas atendentes, as duas estavam no balcão conversando, apenas olharam pra mim e continuaram a conversar, como se eu não existisse, não me importei com isso, continuei a olhar as araras em busca de algo para usar. Enquanto olhava ouvi a porta se abrindo atrás de mim, me virei por reflexo e me deparei com um homem de pé ao lado da porta.

Era um homem alto, cabelos castanhos e olhos azuis, mas quase cinzas.  Devo admitir que era muito atraente e a presença dele era muito imponente, me deixando um pouco desconcertada, nunca tive essa sensação. Sai do transe quando ele olhou pra mim, quando seus olhos se conectaram aos meus senti minhas pernas tremerem um pouco – o que estava acontecendo comigo? -, ele deu um pequeno sorriso, quase imperceptível e eu me virei rapidamente.

Assim como eu, as atendentes perceberam sua presença e correram para ajudar. Diferente de como quando eu entrei, eles foram super gentis e atenciosas.

—Bom dia, senhor. O que está buscando? Gostaria de ajuda? – Disse uma delas, uma loira que usava maquiagem demais pro meu gosto. A outra ficou logo atrás sorrindo.

—Vim buscar um vestido? – Disse serio.

—Claro, pode vir. – As duas andaram na frente e o homem as seguiu. Eu soltei uma pequena risadinha, chocada pela mudança drástica de comportamento das atendentes. Não foi o bastante para chamar a atenção das atendentes, mas ele percebeu. Olhou para mim de novo, mas desta vez ele parecia curioso. Me virei e foquei na minha busca.

—O senhor tem a fatura? – Perguntou a outra atendente, também loira, com peitos enormes. Ele apenas tirou um papel do bolso e o entregou. Enquanto uma delas foi procurar o vestido a outra continuou a falar.

—O senhor gostaria de mais alguma coisa? Posso lhe mostrar outros modelos. – Falava com um tom de voz enjoativo. Tentei ignorar a conversa deles e continuei procurando um vestido. Achei que chamou minha atenção, era azul com uma renda linda, simples, mas muito bonito. O peguei da arara e reparei que era pequeno demais pra mim.

—Oi, desculpa... – Chamei a atenção da atendente, ela virou a cabeça e me olhou com raiva por ter interrompido sua conversa.

—Sim? – Perguntou fria.

—Gostaria de saber se tem outros tamanhos deste vestido. – Perguntei tão serio quanto ela.

—Esse vestido é muito caro de um estilista famoso, acho que... – Disse fazendo meu sangue ferver.

—Não perguntei o preço, perguntei se tinha um tamanho maior. – A cortei com raiva. _Agora você poderia parar de se oferecer para os clientes e fazer seu trabalho. A menos que não esteja interessada na sua comissão. – Não sei o que deu em mim para falar assim.

O homem que antes estava serio olhando para a atendente agora estava olhando pra mim com um sorriso no rosto, me deixando sem graça. Mas a atendente estava pior do que eu, seu rosto estava vermelho e os olhos transmitiam pura raiva.

—Vou olhar no estoque. – Disse baixo e saindo rapidamente.

—Peço desculpas. – Estava com tanta raiva que não reparei a aproximação do homem. Em poucos segundos ele estava na minha frente.

—O que? – Perguntei confusa.

—Acredito eu que seja minha culpa, por ter distraído as atendentes. – Disse convencido.

—Não se preocupe, não foi, elas mal olharam pra mim quando eu entrei. – Respondi.

—É difícil de acreditar que você passe despercebida. – Se eu já estava constrangida. Antes que eu pudesse responder – graças a Deus – uma das atendentes chamou sua atenção.

—Aqui está o vestido, senhor. Desculpa a demora. – Ele se virou e foi pegar o vestido. Ele parecia querer voltar a falar comigo, mas antes disso a outra atendente apareceu e eu aproveitei o momento.

—Desculpa, estou com pressa, preciso experimentar o vestido. – Peguei o vestido e corri para o provador.

Chegando ao provador consegui voltar a respirar normalmente, toda aquela tensão no ambiente tinha me deixado nervosa, não lembro de ter me sentido assim antes. Quem era aquele homem? Respirei fundo mais uma vez e experimentei o vestido, ele ficou perfeito, parecia ter sido feito pra mim. Tirei o vestido e coloquei minha roupa de volta, sai do provador desconfiada, olhando para todos os lados na esperança de que ele não estivesse mais lá. Minhas preces foram ouvidas e ele não se encontrava mais na loja.

—Vou levar o vestido. – Disse entregando o vestido e meu cartão de credito à atendente loira e peituda que estava no balcão. Ela pegou o vestido e meu cartão, ela não parecia feliz com a situação, mas eu não me importava.

Terminei de pagar, peguei minas coisas e saí da loja dando um grande sorriso às vendedoras, recebendo apenas caretas. Andei até meu carro e decidi almoçar em algum restaurante por perto, já que estava perto da hora do almoço e eu não tinha nada de comida em casa.  Almocei em um restaurante pequeno, mas muito confortável, decidi voltar para casa e terminar de corrigir algumas provas finais, tinha que entregar tudo na próxima semana, já que as aulas estavam terminando.

...

—MERDA! – Gritei ao olhar o relógio. Tinha me distraído corregendo as provas e agora estava atrasada.

Correi pro chuveiro e tomei o banho mais rápido da minha vida, saí e corri para arrumar meu cabelo e fazer minha maquiagem. Já estava pronta, tudo em seu lugar, cabelo, maquiagem, vestido e sapatos. Estava orgulhosa com o resultado, fazia muito tempo que não me arrumava dessa forma, não tinha motivo para isso. Peguei as chaves do carro e saí correndo.

Já estava no carro, com o endereço na mão e o GPS do meu celular ligado. Comecei a dirigir seguindo as direções do GPS, mas em algum momento meu celular morreu, estava tão distraída corrigindo provas que esqueci de carregar meu celular. Resultado: Estava no meio do nada, sem GPS e apenas com o endereço na mão. “Devia ter aceitado a carona do irmão de Mia” – Pensei. Mas agora era tarde, estava perdida.

Parei para perguntar o caminho umas 20 vezes, mas eu consegui chegar. A casa era enorme, eu sabia que a família de Mia tinha dinheiro, mas nunca imaginei que fosse tanto assim. O terreno era rodeado por uma cerca enorme e na entrada havia um portão de metal, apertei o interfone e minha entrada foi liberada. Um caminho de pedras levava até a entrada principal da casa, uma mansão de dois andares feita de pedra, era impressionante.

Corri até a porta e ela logo foi aberta.

—Ana! – Gritou Mia correndo na minha direção. _Meu Deus, estava quase ligando para a policia. Por que seu celular está desligado?

—Fiquei sem bateria. - Falei mostrando meu celular. _Então fiquei sem meu GPS e acabei me perdendo. – Terminei fazendo uma careta.

—Tudo bem, o importante é que você está bem e está aqui.

—Sinto muito, cheguei super atrasada.

—Fica tranquila, ainda não jantamos e o pedido oficial não foi feito. Você não perdeu nada. Bom você perdeu meu irmão Christian, ele teve quer sair mais cedo por causa do trabalho, mas ele não é importante. – Disse me fazendo rir. _Vem, tenho que te apresentar pra todo mundo.

Mia segurou minha mão e me levou até a sala, onde todo mundo conversava sentados no sofá.

—Ela finalmente chegou. – Disse Mia, um pouco alto demais. Todos na sala se viraram na minha direção, me deixando muito constrangida.

—ANA! Estávamos preocupadas. – Kate se levantou do sofá e veio me abraçar.

—Desculpa pelo atraso, acabei me perdendo. – Falei sorrindo constrangida. Assim que Kate me soltou, percebi que tinha um homem atrás dela.

—Ana, este é o Elliot. Elliot, esta é a Ana, uma de minhas melhores amigas. – Nos apresentou.

—Finalmente conheço a famosa Ana, estava ficando difícil de acreditar que Kate tivesse apenas a maluca da minha irmã como amiga. – Tive que rir desse comentário.

—Um prazer conhecer o homem que conquistou o coração de Kate. Você é um homem de sorte.

—Eu sei. – Disse enlaçando a cintura de Kate. Os dois pareciam muito felizes, era bom ver ela assim.

—Vem cá, vou te apresentar ao resto. – Mia e Kate me arrastaram pela sala me apresentado a todos.

Os pais de Mia, Grace e Carrick Grey foram maravilhosos comigo. A senhora Grace que morria de vontade de me conhecer a anos, mas nunca tivemos a oportunidade. Os pais de Kate eu já conhecia, eles foram visitar a filha algumas vezes na escola e acabei encontrando com eles uma vez, sempre foram mui amáveis comigo, mas pude perceber um pouco de pena em seus olhares, acredito que seja pelo acontecido há dois anos, mas não quis pensar, nisso. Por ultimo conheci o irmão de Kate, ela sempre me falou de seu irmão gêmeo e até me mostrou algumas fotos, mas pessoalmente eles eram muito mais parecidos.

Ficamos conversando mais um pouco e o momento que todos esperávamos aconteceu. Elliot ficou de joelhos em frente de Kate e fez o pedido oficialmente. Logo em seguida fomos para a sala de jantar. O jantar foi maravilhosos, Mia só sabia falar do casamento e Sr. e Sra. Grey me encheram de perguntas, pareciam muitos curiosos sobre a minha vida e, claro, a comida estava maravilhosa. Sentia falta de momentos assim, sair com minhas amigas, conversar com pessoas fora do trabalha e de casa, podia sentir que minha vida voltava aos eixos aos poucos.