Olívia estava perdida, não se lembrava de nada, não sabia onde estava, apenas sentia o frio gelado batendo em seu corpo no meio do escuro aterrorizante.

Por mais estranho que seja sabia que seu nome era Olívia Martin mas não se lembrava de nada a mais que isso. Era como se sua mente fosse um livro cheio de páginas em branco, apenas com um título no qual era seu nome. Ela tentava se levantar mas não sabia por onde seguir ou o que fazer, quando ouviu um barulho de carro e faróis, a primeira coisa que fez foi se levantar e correr até lá. Talvez a pior coisa que poderia ter feito.

Fizeram coisas horríveis com ela por uma noite inteira, ela se sentiu violada e quebrada tanto fisicamente quanto mentalmente. Ela desejava perder a memória novamente depois daquela noite bizarra e nojenta.

— Até que você da pro gasto garota, mas agora não precisamos mais de você.

Foi a última coisa que ouvi antes de colocarem um saco na minha cabeça e eu acordar dentro de um carro amarrada ao lado de uma garota. Ela estava tremendo e seu olhar só tinha medo e espanto, como os meus deveriam estar também. Eu não estava sentindo minhas pernas e minhas mãos estavam amarradas para trás com uma corda fina. Sai de meus pensamentos quando o carro parou. O motorista e o cara que estava do seu lado que eu não tinha reparado desceram e começaram a atirar. Pensei comigo mesma que seria minha chance de fugir, mas minhas chances eram mínimas, acho que estaria morta antes de tentar abrir a porta do carro. Depois do barulho dos tiros cessarem ouvi algumas vozes mas minha visão estava turva de mais para conseguir ver algo claramente, acho que tinham me dado algum tipo de droga ou algo do tipo.

Tentei pensar em algo, eu não podia viver assim, com esses caras e essa vida, eu não me lembrava de nada e precisava de ajuda. Mas antes de qualquer coisa as duas portas no banco em que estávamos se abriram e senti mãos pesadas me tirando do carro. Eu não estava em condições de andar e muito menos de correr, apenas deixei que esse cara, quem quer que fosse me guiasse para algum lugar. Nos seguraram por alguns segundos apenas e nos atiraram no chão como se fôssemos um saco de farinha ou de batata, que seja. Consegui ouvir o carro atrás acelerar para longe e mãos agora suaves me levantaram e novamente me deixei guiar para qualquer lugar que me fosse necessário ir.

Acordei em um quarto aconchegante, estava me sentindo bem melhor e minha visão já estava normal novamente. Senti minha barriga roncar e me levantei da cama ainda um pouco cambaleante. Olhei pela janela e estava amanhecendo ainda mas já conseguia ouvir algumas vozes. Eu estava receosa sobre o que iria encontrar quando abrisse a porta do quarto mas apenas continuei. Desci as escadas e encontrei uma mulher de cabelos curtos e de um tom acinzentado e um cara com expressão dura e cabelos pretos pouco maiores que o da mulher. Ele estava sentado numa cadeira com os pés na mesa como se fosse a coisa mais normal do mundo e a mulher estava com um pano de prato no ombro e estava mexendo no fogão. Tive impressão que talvez seriam um casal. Decidi me aproximar e pedir algo para comer já que estava muito faminta. Dei mais alguns passos e os dois olharam para mim simultaneamente.

— Olá! Você está melhor? Me diga qual seu nome.

A mulher olhou para mim com um sorriso tão gentil que não tive como não responder na hora.

— Estou, obrigada. Meu nome é Olívia Martin mas eu não me lembro de mais nada, senhora. Qual seu nome?

Os dois se entreolharam estranhamente e o cara disse em seguida.

— Já vi que terão muito para conversar. Estou me retirando.

O cara saiu sem mais nem menos e bateu a porta saindo da casa.

— O Daryl é estranho, vá se acostumando.

Depois de algumas horas sendo esclarecida sobre onde eu estava vivendo, eu já tinha me convencido que era verdade e o mundo tinha enlouquecido. Também contei a Carol o que tinha acontecido na noite anterior e que eu poderia confiar nela. Ela ficou realmente abalada por mim, mas disse que iria passar, que estava tudo bem. Eu já tinha conhecido Maggie, Rick e algumas outras pessoas que não tinha guardado o nome. Tinha simpatizado com todos eles, pareciam boas pessoas.

 Ela para me divertir um pouco começou a contar alguns casos engraçados de sua vida e eu me sentia bem melhor e já tinha dado umas boas risadas. Foi quando eu vi um garoto descendo pelas escadas. Ele era alto mas me parecia novo. Corei quando nossos olhares se encontraram. Ele disse olá para Carol e se virou para mim. Era como se, se eu olhasse para ele, ele poderia ler todos meus pensamentos de uma só vez. Ele me perguntou num tom gentil se estava tudo bem, eu assenti e dei um sorriso contente por alguém ter se importado comigo.

— Estou bem sim Carl, obrigada por perguntar.