Meu querido diário escrita por JéChaud


Capítulo 72
Olhos nos olhos


Notas iniciais do capítulo

Oláá meus amores, como estão?????
Aqui vai mais um capítulo feito com muito mais muito amor e carinho ♥
Espero que coração que gostem ♥
Obrigada por serem tão sensacionais *-* ♥ ♥ ♥
Amo vocês ♥



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POV Cebola

— Se eu fosse você, e olha que eu já quis impedir isso, correria atrás do seu sonho, que nesse momento está hospedado aqui oh... – Vi ele pegando um papel e anotando algo parecido com um endereço – E vai ficar até quarta que vem, no mesmo lugar. Aproveita e leva o Cascão, ele também tem muito o que fazer por lá. E não precisa me agradecer, soube que minha irmã não está feliz, percebi isso no semblante dela, acho que isso é motivo suficiente para você ter chances de sobra, se é que posso concertar o murro que te dei lá no passado...  – Ele checou as horas – Você está atrasado.

Olhei rapidamente meu relógio de pulso, beiravam as 20h00, li o endereço rabiscado no papel, Leblon – Rio de Janeiro, e olhei para o Cascão que parecia entender minha vontade, sem dizermos uma palavra minha cabeça revirou mais rápido do que pude imaginar, repassei em segundos tudo que ouvi o Titi pronunciar em seu discurso, e num gesto mudo nós dois concordamos sobre o que faríamos a seguir.

—-

POV Monica

Não saberia dizer bem ao certo a hora que desliguei a chamada de vídeo com meu irmão, mas devia beirar as 23h00 quando me levantei da grande varanda sorrindo com os últimos acontecimentos. Me sentia um pouco mais aliviada, tudo ia consideravelmente bem, meus pais haviam reatado de vez, o Titi estava curado e noivo da mulher que amava e eu... Bom, eu iria me casar em breve.

Coloquei o notebook novamente sobre a mesa do quarto e me espreguicei checando o tempo frio do lado de fora dos vitrais que ladeavam toda a área externa.

Fazia uma noite típica de inverno, o sereno preenchia toda a paisagem e a única coisa que eu conseguia enxergar alem do mar, eram as luzes da rua cintilando pelo azul escuro que se estendia.

Era a terceira noite que estávamos no Rio de Janeiro e eu não tinha absolutamente nada do que reclamar da hospedagem. A Aprel havia separado duas suítes de um hotel cinco estrelas no Leblon para nós, a Magali se encontrava no quarto ao lado do meu e ambas as vistas davam simplesmente para a parte mais bonita do mar aberto, que de noite se juntava as estrelas formando uma só imagem ao horizonte. Era romântico e ao mesmo tempo solitário, um ótimo cenário para serenatas e juras de amor aos acompanhados imaginei em silencio.

O relógio marcou 00h00 quando resolvi ir para a cama dormir depois de revisar algumas anotações sobre a palestra do dia seguinte. Mudei freneticamente de canal, alternando entre desenho e moda, não estava prestando muita atenção no que passava na TV, minha cabeça vagava perdida pelo evento de mais cedo, pela fila cheia, as vendas em ascensão, o carinho das leitoras, tudo totalmente incrível, as vezes parecia um sonho.

Sentia-me estranha quando mesmo em meio a absolutamente tudo isso, ainda havia espaço para uma aflição anormal se alojar em meu peito. Algo dentre tudo que vinha acontecendo não estava legal, mas eu simplesmente preferia fingir não saber do que se tratava.Era mais fácil, para mim, e para todos.

Sem conseguir pregar o olho abri meu e-mail no celular e repassei página por página do anexo que a Aprel havia me enviado alguns dias atrás, li e reli os dizeres onde pendia uma resposta minha de autorização.

Metade de mim queria dar ok e deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem mais me preocupar, afinal minha cabeça já estava explodindo de tanto raciocinar a respeito e eu precisava dela descansada para a continuação dos meus livros e afazeres. Mas a outra metade sabia que não, eu não devia autorizar a exposição da nossa vida naquele ponto, pelo menos não naquele momento, eu não queria aquela pressão em cima de mim, muito menos ficar conhecida somente como a esposa do herdeiro da Aprel, sem personalidade, uma sombra, queria continuar sendo a Monica, a Mel escritora dos livros, sem obrigação de fazer o que não queria.

Sem contar que conversar com o Mauricio sobre essa divulgação estava quase impossível, nosso quadro se resumia entre brigas e distancia, quando não discutíamos, restava eu falando sozinha porque ele não estava presente.

Assim era nosso relacionamento naquele momento. Tentei por diversas vezes e continuava tentando dia após dia adotar a tal tática de entender que ele devia estar atolado de atividades devido a quantidade de responsabilidades no trabalho, ou ansioso demais pelo casamento, com medo das mudanças, coisas do tipo que o assustariam e o manteriam com o estresse além do normal. O que eu sabia era que com ou sem exposição, eu desejava do fundo do coração que tudo se acalmasse, torcia afoitamente para que algo mudasse aquele quadro e que aquela angustia dentro do meu peito cessasse o quanto antes.

Imersa nesses pensamentos peguei no sono gradativamente, aos poucos o peso do celular em minha mão foi ficando maior e meus olhos se fecharam dando permissão para os sonhos se formarem misturando temas, desde o meu livro, festa de inauguração, até a coluna social, ou o meu antigo diário, não lembrava ao certo os detalhes, mas sabia que havia sido agitado, porque foi nesse compasso que despertei, sentando na cama com a mão no coração, ouvindo em seguida um barulho na porta.

Pela minha visão periférica sem precisar virar o rosto, percebi que ainda era de madrugada, olhei no relógio da TV ligada a minha frente, ele marcava exatamente 2h30 da manhã.

Ainda um tanto assustada, joguei um roupão por cima do meu pijama, amarrei o cabelo em um coque e me arrastei para a porta acreditando ser a Magali com um pesadelo ou coisas do tipo, afina além dos porteiros jamais deixarem alguém subir sem avisarem antes, ela havia feito a mesma coisa na noite anterior, quando alegou insônia após assistir um filme de suspense.

— Maga o que foi? Teve pesadelos novamente? – Reclamei um tanto lenta e sonolenta, abrindo a porta com os olhos quase fechados.

— ...Oi Mel! – Ele pronunciou sem titubear, causando um embrulho imediato dentro do meu estomago. De todas as vozes que eu imaginaria ouvir, aquela seria com certeza a última da lista, meu coração tomou um compasso mais acelerado e rapidamente o encarei confusa deixando todo o sono para trás.

— Que? – Foi a única coisa que consegui pronunciar quando minha voz retornou ao corpo.

Com um susto o vi se aproximar rapidamente e instantes depois me envolver em um abraço que eu não recusei, mais me deixou ainda mais encafifada.

— Que bom te ver! Eu sei, é confuso, mas prometo que te explico se me deixar entrar – Cebola falou imediatamente sustentando meu olhar.

— Eu... Não sei se é uma boa idéia, quer dizer, o que você faz aqui? Está louco? Eu estou sozinha, e é tarde... – Gaguejei confusa, meu coração disparado dificultava um pouco minha capacidade de raciocinar.

— Não vou explicar tudo isso no corredor, sem contar que está bem frio aqui fora. – Ele cruzou os braços aguardando um convite.

— Tá, entra, vamos! – Analisei novamente a cena e por fim dei espaço para ele passar fechando a porta em seguida.

— Obrigado! – Agradeceu sorrindo.

— O que está acontecendo Ce? Como soube que eu estava aqui?Você já estava no Rio? – Questionei em pé, encostando-me na escrivaninha.

— ...Eu precisava te ver Monica, aonde quer que você estivesse, muita coisa aconteceu entre a gente, anos atrás, eu sei que faz tempo, mas foi muito forte, pelo menos para mim – Ele começou a falar sem parar despedaçando meu coração a cada letrinha pronunciada.

— Eu estou noiva Ce, por favor não torne as coisas mais difíceis – O cortei antes que ele pudesse continuar, eu sabia que o rumo daquela conversa acabaria com meu emocional.

— Eu sei, eu sei, e eu respeito isso, mas não posso deixar de falar o que estou sentindo, de tentar pelo menos pela última vez, quero ver você feliz e se você me disser que é ao lado dele eu vou entender e ir embora – Ele se defendeu, e diante do meu silencio tornou a falar.- Foi forte o que vivemos, de alguma forma aquilo nunca morreu em mim, e eu sinto no seu olhar que em você também não – Ele continuou a explicar, mirando meus olhos com intensidade – Quando você voltou, desde o momento em que te encontrei novamente...

— Foi dolorido – Eu terminei a frase antes mesmo dele concluir.

— Isso... Foi como se tudo o que eu sentia, que tranquei no passado, tudo que sofri, o tempo que levei para superar, viesse a tona com mais força, e eu só queria te abraçar novamente, e passar as tardes exatamente iguais aquela noite que você bateu em minha porta. – Ele concluiu se aproximando um pouco mais e acariciando uma de minhas bochechas.- Eu te amo, e eu sei que é loucura eu vir aqui, que você está noiva, está perto do seu casamento, da sua data de prova de vestido, sei de tudo isso, mas se eu não tentasse novamente jamais me perdoaria por ter deixado a mulher que eu amo, dizer sim para outra pessoa.

Abaixei a cabeça, esfregando os olhos e respirando fundo. Queria chorar ou gritar, na verdade queria muito mais do que podia fazer naquele momento, então apenas o fitei em silencio imaginando com precisão se aquilo não seria um daqueles sonhos bem reais, nos quais acordamos machucados pelas lembranças mal curadas.

— Eu não posso... – Sussurrei como um choro, me mantendo o mais firme que conseguia.

Os minutos se passaram lentamente, e eu pude me perder por entre o brilho dos seus olhos, eles me levavam diretamente para a época da escola, fazendo com que me sentisse adolescente novamente, louca de amores pelo professor, o tal do amor proibido, nos quais eu só via em novelas e livros e que coincidentemente havia acontecido comigo.

Ele continuou me mirando carinhosamente e como se entendesse meu apelo, soltou meu rosto se rendendo. Vi nos olhos dele a mesma tristeza cravada de quase 6 anos atrás, quando nos despedimos pela última vez na minha festa de comemoração, automaticamente minha respiração começou a acelerar e minhas mãos a ficarem geladas, senti que meu coração sairia do peito num pulo.

— Só me diz olhando nos meus olhos, que não sente mais nada por mim – Ele pediu me encarando novamente, penetrando seus olhos castanhos nos meus, minhas pernas bambearam.

— Eu.... – Tentei pronunciar, mas as palavras não saíram da minha boca.

Aos poucos e lentamente fomos nos aproximando mais, num ato falho me permiti fechar os olhos para sentir o cheiro do seu perfume que por tantas noites chorei sentindo falta, e quando me dei conta sua respiração já se fundia a minha. Não foi preciso mais raciocinar, nem sequer explicar, ele segurou com uma das suas mãos minha nuca, e com a outra me aproximou pela cintura, eu enlacei meus braços pelos seus ombros e senti mais uma vez aquele beijo, no qual nunca havia esquecido.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥ ♥ ♥
Se puderem deixem seus comentários, são super bem vindos, e lidos com muito carinho ♥
:X :X :X
Beijãooo e até o próximo capítulo ♥



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