Meu querido diário escrita por JéChaud


Capítulo 15
Sob a máscara


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como estão?!
Aqui vai mais um capítulo cheinho de amor direto do forno para vocês ♥ ♥ ♥
Obrigada gente, vocês são sensacionais de verdade, muito obrigada pelos comentários, favoritos, pelo carinho ♥ ♥ ♥
Chegouuuuuuuuuu a 96 ♥ ♥ ♥ *------*



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— Você merece filha, e tudo isso que estou fazendo é por você e pelo seu irmão, com o dinheiro posso até mesmo ajudar na faculdade, em um curso, te ajudar a tirar a carta.

— Eu sei mami, não se preocupa, te esperarei cheia de saudade – Respondi entrando no corredor de cima.

Fui para o meu quarto e me joguei na cama, um nó apertou na minha garganta e a vontade de chorar invadiu como fogo, claro que eu amava meu pai, e morar em São Paulo não seria de todo ruim, mas deixar minha vida aqui de repente para trás seria doloroso. Sei que eu não teria escolha, por um ano ainda era menor de idade e por um ano minha mãe estaria fora e eu sob os cuidados do meu pai, então o que restava era começar a arrumar tudo que queria levar, afinal Dezembro já estava chegando ao fim.

Peguei o celular e liguei para a Magali, disquei com o coração na mão, sabia que seria difícil dar a noticia, assim que ouvi a voz dela atender animada, respirei fundo, aquela seria apenas a primeira de muitas conversas tristes que eu teria no decorrer do mês.

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Nem imaginava como seria minha vida em São Paulo, mudar de colégio no ultimo ano estava talvez na lista das piores coisas para se fazer na adolescência. Mas não tinha outra escolha, desejei profundamente naquele momento ser maior de idade, mas pensando bem, não sabia se adiantava muito, minha mãe não deixaria eu morar sozinha de todo jeito.

Se tinha uma coisa que me irritava, era me sentir inútil diante de uma situação, me incomodava muito quando não conseguia agir para mudar algo que eu não queria. Mais uma vez senti minhas mãos atadas e minha mente confusa.

Conversar com a Magali só me fez perceber o quanto eu não estava preparada pra deixar Ribeirão para trás, já tinha começado a sentir saudade de tudo que abriria mão, e nem sequer imaginava como ficaria sem o campeonato de voley e minhas amigas, já sentia falta de tudo isso antes mesmo de ter me mudado.

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O resto do mês passou lentamente, pelo menos nas férias pude aproveitar ao máximo cada minutinho dos que me restava lá na minha cidade, passei tanto tempo na casa dos meus avós, que minha mãe começou a estranhar meu sumiço. Aproveitava as tardes com eles, e a noite a mamãe, afinal um ano de saudade não se matava em alguns minutos.

Conversei com o Cebola durante o restinho do mês inteiro, expliquei que não poderia vê-lo devido a uns problemas pessoais, e ele como sempre, entendeu perfeitamente, ofereceu inclusive ajuda, que a muito custo tive que negar pois ainda não tinha criado coragem para lhe contar absolutamente nada sobre o que eu escondia. Novidade! Eu nunca tinha coragem pra encarar os problemas de frente, a primeira possibilidade de fugir da dor das conseqüências dos meus atos, eu agarrava.

Tudo isso girava em torno do quesito, eu não gostar de despedidas, e ao fato de sequer agüentar uma que seria a da minha mãe, quanto mais duas, que seria do Cebola indo embora também só que da minha vida. Ok! Eu definitivamente não estava preparada para isso.

O Natal e o Ano Novo foram regados de emoção, e pelo menos com minha família tudo ia bem na medida do possível, o papai estava claramente abalado, esse lance de ficar um ano sem a mamãe deve ter despertado alguma saudade reprimida, por causa disso o Titi passou o Ano novo com ele, mas o Natal sempre passávamos com a família da mamãe, ainda mais depois de saber que ela viajaria, procuramos ajudar em tudo que pudemos, inclusive passei o dia do inteiro enfeitando a casa da vovó de vermelho e dourado, para as festas saírem da forma que elas queriam.

Em contra partida as coisas vinham ficando um pouco mais preocupantes com o Cebola, que vira e mexe perguntava sobre minhas redes sociais, ou sobre minha idade, família, faculdade, ele não estava errado, claro que não, eu também queria saber tudo isso dele, mas como eu faria isso sem entregar de bandeja minha mascara?! Não tinha ao menos conseguido trocar minha foto de perfil do whats para não correr o risco do meu irmão reconhecer por acaso no celular dele.

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Listei na cabeça o que faltava para colocar na minha décima caixa, observei o quarto inteiro agora com grande parte desmontada em silencio, lembrei com um pulo do abajour rosa que eu tanto amava, tinha ganhado da vovó, o embrulhei com cuidado, terminei de passar a fita e me levantei checando tudo que já tinha embalado ticando mentalmente os itens. Minha mudança seria no dia seguinte, e eu já estava em pânico, com medo de esquecer algo que julgaria super importante num futuro próximo.

Passei grande parte do dia anterior com a Magali, saímos, comemos, conversamos, e prometemos mais uma vez que estudaríamos juntas no próximo ano, prestaríamos a mesma faculdade, e moraríamos em algum lugar por ai pelo mundo, pelo menos disso eu sempre tive certeza e nunca mudei de idéia. Marquei também de ver o pessoal do vôlei, nos despedimos, chorei por pelo menos uma hora inteira, e fiz eles prometerem que ganhariam o campeonato desse ano, o que para minha dor, eles afirmaram ser mais complicado sem mim.  

O que foi bem difícil e requereu diversas idas e vindas da minha mãe, foi a transferência de colégio, não conseguimos levar a bolsa comigo para a unidade de São Paulo, sendo assim tivemos que procurar outro, algum mais em conta, fizemos umas ligações, conversamos com uns amigos do papai e encontramos um no mesmo bairro de casa, chamava algo do tipo colégio Limoeiro, inclusive era o mesmo que a De estudava, pelo menos isso tornava essa mudança muito mais animada.

Ela me contou que lá era ótimo, e a mensalidade era boa, a mamãe gostou, e uma semana depois eu já estava matriculada. As aulas começavam em Fevereiro, e eu teria exatamente um mês para me adaptar a cidade nova, afinal em São Paulo as coisas eram um pouco mais agitadas e passar um final de semana por mês não era nem de longe a mesma coisa que um ano.

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Quando o papai e o Titi chegaram, aproximadamente 10h00 da manhã, carregamos todas as coisas, ajudamos a mamãe a organizar outras,  e  então a hora que eu mais temia chegou. Despedir-me da minha mãe talvez tenha sido uma das maiores dores que já tinha sentido em 17 anos de vida. Ok, só por um ano, mas ela era minha mãe, a pessoa que eu mais era apegada no mundo. E pelo jeito, não foi difícil só para mim, o Titi que sempre sabia o que dizer, dessa vez se engasgou com as lágrimas, e até o papai emudeceu emocionado. Resumindo bem, só consegui sair de lá quando eles me puxaram para dentro do carro, mesmo assim a olhei até a casa sumir de vista, gravando aquele sorriso choroso dela na memória para lembrar sempre que estivesse com saudade.

Abri velozmente meu diário e comecei a documentar tudo que estava sentindo, com o carro em movimento e as lágrimas descontroladas querendo descer furiosas as letras não saíram bem como eu queria. Costumava aproveitar os momentos de emoção fossem de dor ou de alegria, para me inspirar em novos poemas ou roteiros de histórias, e foi exatamente isso que fiz logo após atualizar tudo que tinha acontecido no dia, alias, nessa correria toda, nem tinha lembrado de visitar o site que o Cebola havia me falado, anotei em vermelho nos lembretes de coisas que faria assim que chegasse em São Paulo, e voltei a escrever sem parar.

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Demorei cerca de cinco horas para readaptar meu quarto na minha nova casa, com a ajuda do papai troquei algumas coisas que já estavam lá, por outras novas, mudei toda a decoração, coloquei meu tapete felpudo prata para a alegria do Monicão, que tratou de se jogar lá mesmo, guardei as roupas no armário, e quando se aproximava das 22h00 me joguei na cama cansada. Meu corpo pedia descanso pelo dia puxado, tanto psicologicamente quanto fisicamente.

Tinha decidido que veria o Cebola no dia seguinte, custasse o que fosse, fazia um mês e meio que estávamos saindo e eu estava morrendo de saudades, sem contar que precisava me distrair e tive uma idéia legal do que faríamos, mandei uma mensagem e ele topou na hora, foi com um sorriso no rosto e o celular na mão que peguei no sono exausta.

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POV Cebola

Despertei dos estudos quando ouvi meu celular tocar, abri um sorriso quando a foto dela estampou a tela, sorri mais ainda quando vi a proposta para nos vermos no dia seguinte, estava morrendo de saudade.

Andava achando-a estranha, as vezes parecia que fugia de algumas respostas. Certa vez a perguntei sobre sua família, e ela se embolou inteira e por fim mudou de assunto, não me aprofundei, pois não sabia o motivo real dela não querer entrar na conversa, mas o mesmo aconteceu quando a perguntei sobre suas redes sociais, porque queria adiciona - lá.

Na verdade isso não me importava tanto, finalmente eu tinha encontrado alguém que me fazia bem, gostava dela de verdade e quando estávamos juntos esquecia dos problemas, o sorriso dela conseguia me desmontar inteiro.

A pureza das palavras, a simplicidade do olhar, a inteligência na qual ela conversava e entendia das coisas, simplesmente me encantavam, e esse era um dos segredos que tornava tudo ainda mais especial.

Só desejava que ela sentisse o mesmo, e que em breve pudéssemos ingressar em algo mais sério!


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥ ♥ ♥
Se puderem deixem seus comentários, são super bem vindos, e lidos com muito carinho
Algo mais... Sério???!!! Alguém manda um SOS para a Monica, porque ela tem que saber que precisa criar coragem e resolver logooo essa situação??!! o/

Beijãooo e até o próximo capítulo ♥



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