Minha história se inicia em uma tarde como outra qualquer, um pouco chuvosa, no meu bairro que anda meio parado ultimamente, tenho 17 anos, moro em uma cidade no interior chamada Ribeirão desde os meus 7 anos, meus pais se separaram e desde então eu e minha mãe nos mudamos para cá, confesso que aqui é um tanto parado se for comparar a onde morávamos, apesar de eu não lembrar muito bem como era em São Paulo. Sim, São Paulo meu irmão e meu pai ficaram por lá, como o Titi já estava na 5ª série quando fomos embora, meus pais decidiram então não mudar ele de escola.

Por falar nisso, vou falar um pouco do meu irmão, ele se chama Titi, atualmente tem 23 anos, está no 3º ano da faculdade de Educação Fisica, as vezes aparece por aqui pra visitar a mamãe, diz que vem por minha causa também, mas não sei se acredito muito porque como todo irmão mais velho ele não larga do meu pé, a gente quase sempre discute, por isso mesmo quando eu vou para lá ver meu pai hiberno no meu quarto, ele sempre leva aqueles amigos chatos dele para casa então procuro sair o menos possível.

Aqui em Riberão é legal, como vim bem nova não tive muita dificuldade para me adaptar, ainda estava na segunda série, agora estou indo para o terceiro ano, no começo do ano que vem essa nova etapa começa, confesso que estou bem ansiosa para saber o que me espera. Estudo desde a 2ª serie no mesmo colégio, um particular que meu pai me matriculou, as coisas são um pouco rígidas por lá, mas no geral eu até gosto.

Ando em um grupo até que popular da escola, como nunca mudei de colégio meus amigos vem desde o ensino fundamental, ah e por falar em amigos, tem o Toni, ah o Toni... É um gato, a gente sai às vezes, mas acho que ele se sente demais, e isso me incomoda um pouco. Sem contar que meu irmão nem sonha, ele diz que sou muito nova para me preocupar com namoro, sério? Tenho 17 anos já, parece que ele não vai entender nunca. Por isso procuro guardar segredo.

Minha mãe é bem amiga minha, conversamos bastante, bastante naquelas né, porque ela quase não tem tempo, é assessora de imprensa, vive correndo de um lado para o outro. Claro isso não é problema pra mim, nossa relação continua super boa, uma vez que eu faço Ensino Medio integral, então quando volto para casa a maioria das vezes ela já está por lá.

Já meu pai é diretor de TI, trabalha na mesma empresa desde que me entendo por gente, esse também foi outro motivo por ele não querer sair de São Paulo. Também nos damos super bem e quando vou para lá saímos para jantar e rimos muito juntos, isso quando meu irmão não me enche.

A relação dele e da minha mãe é até que boa, posso jurar que as vezes esqueço que se separaram, e penso que ainda são casados porém morando um em cada cidade. Não entendo até hoje o por que não voltam, sempre que temos reunião da família, parecem um casal de amigos, o Titi costuma me dizer que sou muito nova para entender sobre isso. Sempre essa mesma desculpa, será que ele não entende qual a minha idade?!

Ah, meu nome é Monica, tenho exatos 1.60m de altura, e meu peso é até que muito bem distribuído. Meus cabelos batem um pouco abaixo do ombro e são castanhos escuros, combinando com a cor dos meus olhos.

Meu dia a dia aqui, de segunda a sexta se resume na escola e nas atividades extras da mesma, entro as 8h00 e saio as 17h00, faço parte do time de Voley do colégio, e tenho bolsa lá exatamente por isso. Sou inteligente, mas nada muito acima do que o pessoal da minha sala, digamos que o suficiente para passar de ano. Aos finais de semana, visito a vovó, que mora aqui na cidade também, motivo pelo qual eu e minha mãe viemos para cá, saio com as amigas, e uma vez por mês, ou pelo menos tentamos manter assim, meu pai vem me buscar, ou manda o Titi vir para eu ir visitá-lo.

Por onde vou levo meu fone de ouvidos e meu diário comigo, sim eu tenho um, mas confesso que faz tempo que não escrevo, não sei, por enquanto minha vida anda mais tranqüila sem muitas emoções.

Lá em São Paulo tenho uma super amiga, a Denise, procuramos nos manter informadas uma da vida da outra sempre, quando vou para lá as vezes saímos para fazer alguma coisa.

Ah tem a namorada do meu irmão também, ela é até legalzinha confesso, as vezes me pergunto o que esta fazendo com ele, mas procuro não me meter. Sempre me defende quando o Titi começa a me encher o saco, o nome dela é Aninha, tem 22 anos, diz ele que a conheceu na faculdade e que ela mora no bairro também, namoram há 2 anos, eu particularmente se fosse ela não confiava tanto nele assim.

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As noites de domingo são sempre tranquilas, mamãe tem costume de fazer sopa e ficamos assistindo TV juntas até bater o sono, normalmente eu que durmo primeiro, uma vez que ela fica envolta em suas entrevistas, anotações e tudo o mais.

Tinha que me preparar psicologicamente essa semana pois, na semana que vem era dia de ir para o meu pai, não que eu não goste, longe disso, sinto saudade dele, mas só de pensar em agüentar o Titi e os seus amigos irritantes meu estomago dava um nó.

Minha primeira aula hoje era de português, entrei na sala e fiquei reparando em como todos estavam com cara de cansados, eu não estava diferente, típico de uma segunda feira de manhã. O professor entrou tranquilamente e pousou um tanto considerável de livros em nossa frente, para mim não seria problema, sempre amei ler, agora parece que algumas pessoas não ficaram nada felizes ao verem a pilha.

Alguns minutos de explicações depois, ficou claro, só tínhamos que ler Dom Casmurro e dissertar sobre ele, fácil, literatura sempre foi fácil pra mim, não mando muito bem em física confesso, mas recompenso com as outras notas.

Assim que o sinal do primeiro intervalo tocou, peguei minha mochila coloquei meu fone e me aconcheguei na mesa da biblioteca para cochilar, não sentia muita fome de manhã e tinha que ter energia para o treino de voley de hoje mais tarde.

Não tinha nem piscado o olho quando senti o vento de alguém sentando ao meu lado, me assustei e me endireitei vendo claramente o rosto lindo do Toni que sorria com aqueles dentes maravilhosos.

— Oi – Falei tentando não corar.

— Oi Mo, e ai, está afim de sair mais tarde? – Ele me perguntou arrumando os cabelos para trás.

— Ah... Até gostaria, mas tenho treino de voley hoje Tony, vamos deixar para outro dia – Eu conclui com um nó no estomago.

— Ok então, quando tiver um tempo livre na sua agenda me liga – Tony me deu uma piscadela e saiu da sala marchando firme para a porta.

Pois é, fazia um tempo que não saiamos, e eu até que queria ir, mas não posso perder os treinos, temos campeonatos na escola e minha bolsa dependia disso.

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Eu acordei, mas na verdade a vontade era de dormir pelo menos mais uma cinco horas, o dever me chamava para mais um dia de correria, trabalhar e estudar esta ficando cada vez mais puxado. Não vejo a hora de encontrar um estágio na minha área.

— Cebola, levanta filho – Ouvi minha mãe me chamando lá da cozinha.

 -To indo mãe – Respondi sonolento.

Levantei me arrastando, um friozinho leve percorria a minha casa, estava para entrar o verão mas a temperatura aqui de São Paulo caia a cada dia bruscamente, abaixo até demais para a estação atual. Peguei meu celular para checar minhas mensagens ainda bocejando, tinha uma do Cas e uma do Titi, ambos me lembrando que hoje eu tinha que levar nosso documentário para a faculdade. Ainda bem que me conhecem, porque não sou muito bom de memória, assim que soltei meu celular já enfiei o pen drive na mochila, ia imprimir lá perto da empresa mesmo. 

Conheço os Cas desde criança, o Titi faz uns anos, sempre moramos até que perto um do outro, mas o Titi não estudou junto com a gente e também não freqüentava tanto o bairro, só quando entramos na mesma faculdade que firmamos amizade, hoje somos super amigos, e modéstia parte fazemos muito sucesso por lá, Aninha que não me escute falando isso.

Aninha é a namorada chata dele, reclama de tudo, não tenho muita paciencia,  mas prometemos não falar dela mais, então mantenho meus pensamentos guardados.

Corri para meu banho e em seguida me arrumei para a batalha, estava em partes empolgado afinal a festa de final de semestre era no final de semana que vem e elas eram sempre incríveis no campus da faculdade.