A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 43
Duas irmãs


Notas iniciais do capítulo

Olá outra vez.
Ultimamente, estou começando a ficar sem paciência para essa história e, se fosse outros tempos, já teria abandonado há muito tempo. Mas eu realmente quero terminá-la. Já está bem perto do fim...
Continuando, nós estávamos naquela realidade lá com o Alphonse tentando cometer suicídio ao se juntar aos Jaegers. Ele tinha a intenção de convencer Kurome a fazer as pazes com Akame, mas acaba provocando um novo duelo entre as irmãs.



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— VOCÊ FICOU DOIDA, KUROME?!! – Wave esqueceu completamente da hierarquia – Você ainda não está bem!

— Esperem um pouco – Alphonse se colocou na frente de Kurome – Vocês não vão fazer o que eu estou pensando, não é? – e se virou para Akame do outro lado da sala – Você não vai fazer isso tudo de novo, não é, Akame? Depois de tudo o que aconteceu?

Akame abaixou a cabeça e seus olhos ficaram ocultos pelo cabelo.

— Você não vai... – Alphonse não conseguiu terminar a frase porque precisou se desviar, por puro instinto, da espada de Kurome. Ele deveria agradecer a Wave que segurou o braço da colega e a impediu de alcançá-lo.

— Com licença. Vai começar uma carnificina aqui – Kurome disse, com raiva, para Alphonse enquanto tentava se desvencilhar de Wave – Ou você quer que eu comece por você?

— Chega, Kurome – Wave a empurrou para trás e ela lhe lançou um olhar duro – Não é hora para enlouquecer. Você não está em condições...

— Eu estou em perfeitas condições! – Kurome gritou no rosto dele – Eu consegui uma nova droga de fortalecimento. Ouviu isso, onee-san? – e falou por cima do ombro de Wave – Não precisa pegar leve comigo dessa vez.

— Saiam da frente – Akame falou, firme – Isso é para ser resolvido entre mim e ela.

— Não, Akame – Alphonse se recompôs – Você não precisa resolver tudo sozinha – e se virou para Kurome – Não precisa ser assim. Vocês não são irmãs? Por que todo esse ódio?

— Quem é você para falar de nós como se nos conhecesse?! – Kurome conseguiu se soltar de Wave e procurava uma brecha entre os braços abertos dele. Wave parecia um goleiro tentando proteger seu gol – Quem disse que eu odeio minha irmã? Muito pelo contrário. É justamente por amá-la que eu quero que ela volte para o Império – e acrescentou, olhando Akame profundamente – E poderemos ficar juntas como antes.

— Você sabe que eu não posso – Akame suspirou, abaixando a cabeça.

— Isso não me surpreende – Kurome disse, suave, quase carinhosamente – Eu sempre admirei esse seu lado sério, onee-san. Sempre tão segura de sua obrigação em mudar o mundo para o bem dos outros – ela sorriu, triste – Capaz de abandonar tudo, até mesmo sua própria irmã...

— Ela não abandonou você – Alphonse se intrometeu – Ela ficou arrasada por perder você. Ela apenas fez a coisa que achava certa e você, como irmã mais nova, deveria apoiá-la.

— Cale a boca, seu macaco amarelo – Kurome respondeu, rispidamente – Ninguém lhe chamou na conversa.

— Ela pensa em você todos os dias – Alphonse insistiu – Ela a ama de verdade. E o Império está apenas usando você. Quando você não for mais útil, eles vão descartá-la...

— EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA!! – dando um berro, Kurome avançou contra ele, sem se importar com Wave no meio do caminho.

Mas os dois rapazes foram atingidos por algo muito maior e voaram pelo salão, terminando por colidirem com algumas pilastras e deixando um grande buraco na parede do outro lado.

— Droga, Tatsumi! – Wave balançava a cabeça para espantar uma tontura. Tatsumi havia pulado sobre os dois e, usando o impulso da sua armadura, os arrastara para longe de Kurome – Que diabos você pensa estar fazendo?

— Eu não quero machucar vocês – ele disse com uma voz metálica por causa do capacete.

— Não quer nos machucar?! Depois de quase nos matar?! – Alphonse resmungou – E tira o pé da minha orelha!!

— Não interfiram no assunto delas – ele insistiu – Akame pediu para resolver isso sozinha.

— Eu vim aqui justamente para impedir isso, Tatsumi – Alphonse fazia esforço para se levantar.

— Você não percebe que exatamente quando você tentou impedir – Tatsumi lutava para continuar imobilizando os dois – você acabou acelerando tudo isso?

Alphonse parou de se debater ao ouvir isso. Mas nem pôde pensar muito porque ele ouviu o barulho das espadas de Akame e Kurome se chocando.

Wave começou a emitir uma forte luz azulada e, quando sua armadura apareceu, Tatsumi foi jogado para cima, libertando Wave e Alphonse.

— Eu pensei que elas quisessem resolver isso sozinhas – Alphonse comentou apontando para as duas irmãs que pulavam de um lado para o outro rapidamente – Quem são aqueles outros ali atacando a Akame?

— É o poder da Teigu de Kurome, a Yatsufusa – Wave correu ao lado de Alphonse – Ela reanima os mortos e os usa como marionetes – e falou para si mesmo – Ela está se desgastando demais...

Enquanto Alphonse pensava qual espécie de Alquimia era capaz de transformar cadáveres em fantoches, Wave foi novamente atingido por Tatsumi e caiu para o lado, levando alguns pedaços da parede junto. Alphonse abaixou-se e saiu de fininho enquanto os dois começaram uma luta tumultuada. Ele chegou perto das duas irmãs o suficiente para ver Akame lutando com três das marionetes de Kurome ao mesmo tempo, mas ela não conseguiu evitar uma pancada de um quarto oponente, que parecia muito com um gorila superdesenvolvido. A garota só teve tempo de cruzar os braços na frente do rosto para proteger a cabeça antes de sair quicando pela sala e aterrissar atrás de uma coluna destruída.

— AKAME!! – Alphonse correu até ela e transmutou uma proteção ao redor deles – Você está bem? E... oh! – o braço esquerdo de Akame fazia um ângulo estranho e ela cerrava os dentes – O seu braço... Deixa eu ver, Akame... Não faz isso!

Akame sacudiu o braço danificado como se estivesse tentando espantar algo grudado nele.

— Sua doida! Seu braço pode estar quebrado... – ele ouviu um barulho medonho de um osso estalando e segurou Akame para que ela parasse de fazer aquilo – Você não pensa antes de agir?

— Digo o mesmo de você – Akame contorcia o rosto em uma careta de dor.

— Espera um pouco – Alphonse olhou novamente para o braço de Akame e se espantou porque ele estava exatamente como antes. Não parecia quebrado e nem ao menos machucado. Estava como se nada tivesse acontecido – Como pode...? – e a encarou, curioso.

— Onde você estava com a cabeça quando resolveu vir para cá? – Akame falava baixo, mas seu tom era acusador.

— Bom, eu pensei que – ele pigarreou – se você fizesse as pazes com sua irmã, mesmo tudo aqui sendo de mentirinha, ao menos essa vez – Alphonse suspirou profundamente – Talvez, você pudesse sentir a felicidade que eu senti quando vi minha mãe de novo...

— Você endoidou?! – Akame abandonou a voz calma – Se você morrer aqui, não vai ser de mentirinha!!

— Você disse que não sabia – Alphonse se justificou, um pouco assustado. Não estava acostumado com Akame falando daquela forma com ele – E eu tenho uma pedra filosofal, não?

— Bote uma coisa na sua cabeça – Akame bateu um dedo com violência na testa de Alphonse repetidas vezes – Ela é apenas uma memória!!

— Nem você acredita nisso – ele afastou a mão dela, fazendo bico – Se fosse verdade, você não ficaria daquela forma quando viu Leone pela primeira vez.

Akame o encarou por alguns segundos, sem responder.

— Então, por que você está lutando com ela de novo? – ele insistiu – Por que é mais fácil apenas obedecer às ordens dos outros do que fazer suas próprias escolhas? Ou é medo de encarar o principal motivo de seu remorso?

Akame fez uma cara surpresa que, imediatamente, foi substituída por uma expressão séria.

— Se você tocar nesse assunto outra vez – o tom de voz de Akame era baixo, mas não menos intimidador – eu juro que você vai conhecer um lado meu que você não vai gostar.

— O que foi,onee-san? – a voz de Kurome ecoou no salão e interrompeu a conversa dos dois. Parecia que ela e Akame estavam brincando de pega-pega ou algo parecido – Já cansou?

Antes que Alphonse pudesse impedir, Akame pulou por cima da proteção e cortou um dos bonecos de Kurome ao meio em pleno ar.

— Espere – Alphonse tentou inutilmente alcançá-la – Vocês estão sendo irracionais... – nova pancada e Alphonse caiu, dando cambalhotas para trás – Tatsumi! – e resmungou para si mesmo – Ô, cara chato.

Alphonse tocou o chão e várias mãos brotaram dele, esticando-se ao máximo para conseguirem pegar Tatsumi que se desviava dando piruetas e saltos exagerados.

— Não tente me impedir de deter essas duas – Alphonse falava para ele – Não acredito que você esteja apoiando essa doideira.

— Não estou aqui para impedir você – Tatsumi escapou por pouco de ser esmagado por uma das mãos – Estou aqui para proteger você. Akame me pediu para fazer isso quando encontrássemos com Kurome.

— Obrigado – Alphonse transmutou mais uma mão, que acertou Tatsumi e o jogou para o outro lado do salão – Mas eu dispenso a proteção.

Ele se levantou a tempo de ver Akame pular por cima de um dos fantoches e cortá-lo com a espada assim que aterrissou do outro lado. Mesmo espirrando um jato de sangue, o fantoche usou os braços para proteger o corpo e contra-atacou chutando Akame. A garota voou alguns centímetros para o alto, apesar de ter amortecido o chute com os antebraços.

— Akame! – Alphonse se esticou todo, tentando alcançá-la.

Mas outra pessoa chegou primeiro, segurou Akame em pleno ar e a jogou de volta na direção do oponente. Aproveitando o impulso dado por Leone, Akame passou velozmente por duas marionetes e as dividiu ao meio.

— Só seis, Kurome? – Leone perguntou, debochadamente, contando os cadáveres destroçados das marionetes no chão – Achei que você poderia fazer melhor que isso.

— Estou economizando – Kurome balançava as pernas, sentada no alto de uma escada semidestruída e comendo biscoitos – Mas estava mesmo pensando em renovar minha coleção. Eu sei que você não vai morrer enfrentando minhas bonecas, onee-san – e, após guardar os biscoitos, deu um grande salto para pousar graciosamente no chão – Só eu posso te matar.

— Hum, já vi que é assunto de família – Leone encolheu os ombros e recuou um pouco, dando espaço para Akame avançar. E as duas irmãs rapidamente voltaram a trocar golpes de espadas.

— Nada disso – Alphonse gritou – Parem com isso agora mesmo!

— Ora, ora, se não é o senhor almofadinha – Leone estalou os dedos e o pescoço enquanto andava tranquilamente na direção de Alphonse – Quer brincar com a nee-san?

Alphonse deu um passo para trás, vacilante. Não tinha memórias muito boas das “brincadeiras” de Leone.

— Vocês não escaparão tão fácil assim, Night Raid – com a Grand Chariot, Wave se posicionou ao lado de Alphonse.

— Ah, vocês resolveram formar uma dupla dinâmica, foi? – Leone riu, debochadamente.

— É melhor pararmos antes que alguém se machuque – Tatsumi apareceu logo atrás de Leone, com a Incursio, tentando apaziguar os ânimos.

— Tarde demais – Leone arrancou uma pilastra quebrada do chão e jogou contra os dois rapazes que se desviaram por muito pouco. Até mesmo o Tatsumi precisou se abaixar porque os destroços voaram para todos os lados – Vamos deixar as explicações para depois porque estamos sem tempo.

— Assassinos desprezíveis – Wave pulou na frente de Leone e tentou acertá-la com socos – Acham que podem resolver tudo com violência?

Leone desviava dos socos de Wave mas, no último soco, ela segurou o punho do marinheiro.

— Você quer conversar? – ela perguntou, ainda segurando o punho dele – Ok. Vamos conversar. Você sabia que o seu novo melhor amigo é da Night Raid?

Wave se soltou de Leone e deu alguns passos para trás, visivelmente confuso com a revelação.

— O senhor engomadinho aí – Leone indicou Alphonse com o queixo – Temos ordens de levá-lo de volta para a nossa base.

— Isso... – Wave fechou a cara – Isso é mentira!!

— Oh, não. Dessa vez, estou falando a verdade – Leone sorriu, cinicamente, para Alphonse – Conta para ele os dias maravilhosos que tivemos na base da Night Raid – e levantou um dedo como se tivesse acabado de se lembrar de algo – Nós até chamávamos ele de “Pet da Akame”. Quer saber por quê?

— Dias maravilhosos?!! – Alphonse apontou para Leone – Só você mesmo para achar uma coisa dessas!!

— Você é da Night Raid? – Wave se virou, com raiva na voz, para Alphonse – Então, quer dizer, que você era mesmo um espião?!

— Não... – Alphonse não conseguiu terminar a frase porque Wave saltara contra ele e Alphonse precisou transmutar uma proteção para aliviar o impacto.

— Eu confiei em você. Eu até dividi meu bolinho de peixe com você. E é receita da minha mãe! – Wave berrava a cada golpe – e você não passava de um traidor. Não escapará. GRAND FALL!!

— Bom, eles vão ficar ocupados por um tempo – Leone cruzou os braços, observando os dois brigando – Não precisamos nos preocupar por enquanto.

— Hum, e se o Wave acabar matando o Aru-san? – Tatsumi falou, atrás de Leone.

— Ih, é mesmo – Leone coçou a cabeça – Akame nos mataria.

— Como assim “nós”? – Tatsumi se sobressaltou feito gato assustado – A ideia foi sua!!

— Você não me impediu – Leone deu de ombros e Tatsumi bufou, contrariado.

Os dois trataram de ir logo tentar separar a briga de Alphonse e Wave. Tatsumi atraiu a atenção de Wave para que Leone pegasse o Alphonse.

— Você também é outro traidor, Tatsumi – Wave se preparava para golpear Tatsumi que se posicionou entre ele e Alphonse – Não vou deixar nenhum de vocês escapar.

Depois de muitas voltas, Leone conseguiu imobilizar Alphonse e sentou nas costas dele, puxando um dos braços do alquimista para trás.

— Eu sei que você precisa juntar as duas mãos para fazer aquelas doideiras – Leone ria, se divertindo das tentativas de fuga dele – Sabia que Akame me pediu para cuidar de você?

— Ela não faria isso comigo! – ele bradou, quase desesperado, deitado de bruços no chão.

— Ora, eu sou bem responsável quando quero, sabia? – Leone falou com uma falsa voz de ofendida – E o irresponsável aqui é você. Que ideia suicida foi essa de vir atrás da Kurome?

— Eu quis ajudar a Akame – Alphonse resmungou, mais para si mesmo do que para Leone – Evitar tudo isso. Mas, no final, acabei sendo inútil. Como sempre...

Leone o observou por alguns segundos, completamente séria.

— Ah, que clima mais deprimente – ela bufou, chateada – Vamos esquecer isso e dar uma animadinha. Já sei. Podemos fazer um jogo em que eu faço uma pergunta e, se eu achar que você não respondeu certo, quebro um dos seus dedos. Que tal?

— Espera – Alphonse se agitou – O que você...?

— Primeira pergunta – ela o ignorou – Você é mesmo um espião do Império?

— Será que todo mundo ficou louco?! – Alphonse se irritou – De onde você tirou... AAAII!!

— Eu só estalei seu dedo, bobo – Leone riu da reação exagerada de Alphonse – Eu estava brincando quando disse que iria quebrar seus dedos.

— MAS DOEU DA MESMA FORMA!!          

Enquanto isso, Akame e Kurome ainda continuavam em um duelo de espadas, aparentemente equilibrado. Mas era apenas aparência. As duas trocavam golpes em uma velocidade assustadora, porém Akame percebeu que os movimentos de sua irmã caçula estavam ficando sutilmente mais lentos. A ativação da Yatsufusa deve ter custado uma boa quantidade de energia de Kurome e Akame sabia bem disso. Era como da última vez...

Kurome estava no limite de suas forças. Respirava com dificuldade pela boca e se sentia pressionada diante da força e agilidade da irmã. Ela precisou recuar um pouco para tomar fôlego, porém, por mais que puxasse o ar, mais difícil ficava a tarefa de respirar.

— A droga que você tomou era muito forte, não era? – Akame não conseguiu disfarçar a preocupação na voz – Devo admitir que, por um momento, você me superou – e continuou em um tom afetuoso – Mas, agora que o efeito está passando, os efeitos colaterais começam...

Kurome tossiu com mais força e se apoiou sobre os joelhos, tentando inutilmente controlar o acesso de tosse.

— A luta acabou – Akame continuou, tranquilamente – Abaixe sua espada, Kurome.

— Não – Kurome murmurou, baixo.

— Kurome, obedeça sua onee-san – Akame usou um tom mais firme.

— Eu não posso e nem devo admitir derrota agora – Kurome usou a Yatsufusa como apoio para suspender o corpo.

— Kurome, por favor...

— Se as coisas funcionam assim – ela puxou uma caixinha do bolso e a sacudiu. Uma bolinha caiu sobre sua mão – só tenho que continuar tomando mais...

— NÃO FAÇA ISSO – Akame gritou, em desespero.

No entanto, Kurome não conseguiu levar a pílula até a boca porque um tremor de terra fez com que ela derrubasse o medicamento no chão. O tremor aumentou em intensidade e o piso começou a rachar. Akame e Kurome olharam para cima com os olhos arregalados quando metade do teto foi arrancada pela imponente armadura da Shikoutazer. Ninguém havia percebido quando Mork saiu da sala.

— Então – Leone comentou, impressionada – Essa é a Teigu do Imperador. Ela existe mesmo.

— O que existe? – Alphonse perguntou, ainda embaixo dela.

— Fica calminho aí, amigão – Leone esfregou seu punho fechado no topo da cabeça de Alphonse – Não precisa ficar com medo. A onee-san vai cuidar direitinho de você.

— Era esse o meu medo – Alphonse suspirou.

Wave e Tatsumi haviam parado de lutar e também olhavam embasbacados para a armadura gigantesca. Imediatamente, Tatsumi deu um impulso e voou na direção da Shikoutazer. Wave tratou de segui-lo, apesar de não poder voar. A Teigu do Imperador começou a disparar lasers descontroladamente e os gritos da população lá fora chegaram até a sala semidestruída do Palácio onde as duas irmãs se enfrentavam.

Quase ao mesmo tempo, Akame e Kurome desviaram os olhos da armadura titânica e se encararam. Não pareciam nem perceber toda a agitação ao redor.

— Isso acaba aqui – Kurome disse, após longos segundos em silêncio.

Akame abriu a boca para falar algo, mas precisou colocar a espada na frente do rosto para impedir um ataque repentino de Kurome. As duas ficaram pressionando as espadas uma contra a outra por um tempo até Akame conseguir afastar Kurome com um empurrão. Mas, a irmã caçula não deu descanso e recomeçou uma sequência de golpes mais frenéticos e desesperados enquanto Akame se defendia ao máximo.

Uma rajada de ar gelado suspendeu os flocos de neve que caiam dentro do salão, dificultando a visibilidade. Apesar disso, as duas irmãs duelavam ferozmente em meio àquela nuvem esbranquiçada até que, em um gesto rápido, as duas encravaram suas espadas uma na outra ao mesmo tempo.

— AKAME!! – gritaram Leone e Alphonse juntos. Alphonse fez menção de se levantar, mas Leone o manteve imobilizado no mesmo lugar.

As duas ficaram alguns segundos sem se mexer enquanto uma grande poça de sangue se formou aos pés delas. Akame removeu sua espada da barriga de Kurome e deu dois passos para trás, aprensiva. Kurome cambaleou um pouco antes de erguer a Yatsufusa em posição de ataque, porém não conseguiu manter a postura por muito tempo e logo caiu de joelhos, cuspindo uma espessa massa de sangue. Sem nem hesitar, Akame se ajoelhou ao lado dela e suspendeu o corpo da irmã. Uma mancha escarlate sujava as roupas de Kurome. Akame também estava ferida, mas parecia não sentir nada.

— Essa... essa sensação... – Kurome olhava para um ponto morto no alto – Essa dor... Eu... estou satisfeita – completou, com um pequeno sorriso.

Kurome respirava rápido e seu hálito subia em forma de vapor. Akame a puxou para mais perto dela e sacudiu cuidadosamente alguns flocos de neve do cabelo da irmã.

— Você... me superou – ela encarou Akame por alguns segundos e engoliu em seco antes de continuar – Senti sua falta.

— Eu também senti – Akame sussurrou de volta.

— Por que – Kurome desviou o olhar da irmã – onee-chan?

— O quê?

— Por que... você me deixou? – ela suspirou, fechando os olhos lentamente.

— Eu não...

Antes de Akame completar sua frase, uma ventania súbita e violenta a obrigou a fechar os olhos e, quando ela tornou a abri-los, teve tempo apenas de assistir sua irmã caçula se desmanchar diante de seus olhos como um castelo de areia. Akame levantou rapidamente, porém um vento já havia levado os restos do que seria Kurome. Ela olhou, assustada, para os lados e não viu nada. Akame estava em um campo totalmente vazio.

— Parece que você descobriu a saída – ela arregalou os olhos ao ouvir uma conhecida voz vinda detrás dela.

— Resolveu aparecer só agora, Murasame? – perguntou, ainda de costas para ele.


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Notas finais do capítulo

Só mais uma coisa, eu achei esse capítulo um pouco grande e o próximo é maior ainda. Achei que isso pode deixar a leitura um pouco cansativa. Se for o caso, estava pensando em cortar um BOM pedaço do próximo (e quando eu falo um BOM pedaço, é um bom pedaço MESMO). Uma pena porque essa parte contém informações adicionais sobre Akame e algumas pistas para os próximos capítulos. Mas, depois eu penso se devo cortar ou não.
Até mais.



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