Assim que desembarcamos uma sensação de pertencimento me tomou, eu amava meu país de origem, a Itália era belíssima, eu tinha milhares de lembranças ali, tanto com Edward, quanto com todos os outros. Eu lembrava de correr pelos muros de Volterra, de tentar pular os muros quando era menor e Vovô correr atrás de mim feito louco, sempre gritando que eu acaberia o deixando de cabelos brancos cedo demais, papai também adorava correr atrás de mim por ali. Eu lembrava vagamente que Aro as vezes também estava com a gente, ele sempre parecia feliz e adorava me pegar no colo e me ninar.

— Me sinto tão bem aqui – Olhei sobre o ombro, para Marcus que também parecia sentir o mesmo. - Sinto que pertenço a este lugar, sinto que estar aqui é o certo.

— Eu sei querida, também me sinto assim – ele apertou levemente meu ombro e me incentivou a sair do aeroporto.

Andamos calmamente pela cidade, não queria pegar o carro nesse momento, então apenas caminhamos pelas ruas da Itália, olhávamos as lojas, cafés, restaurantes, as ruas não haviam mudado muito, afinal a Itália era conhecida exatamente por ser antiga e preservar muitos pontos turísticos e históricos. Mas o que me chamou atenção, foi quando passamos em frente a um antiquário, havia um colar exposto, um colar de rubi que tinha a forma de um coração. Algo dentro da minha mente girou e eu me perdi por um segundo, antes de entender a quem aquilo pertencia.

— Vovô? - o chamei e notei sua atenção no mesmo colar que eu – É mesmo o colar da tia Sulpicia? Como pode parar aqui?

— Talvez Aro o tenho doado? - ele perguntou exitante, mais isso não fazia sentido, porque Aro andava com aquele colar no bolso, acho que era sua forma de estar perto dela.

— Eu vou comprá-lo – disse entrando na loja e sendo seguida por Vovô.

Não demorou para um vendedor vir nos atender, não levamos mais de alguns minutos para comprarmos e sairmos da loja, eu estava com o colar no bolso e eu sabia que finalmente havia chegado a hora, percebi Vovô ficar sério novamente, os olhos duros e a postura rígida e com gelo no coração me preparei para acabar com essa história.

POV Edward

Gelado, muito gelado era assim que eu me sentia. Eu olhava Rosalie, mas preferia não olhar e não ouvir o que ela pensava, afinal chegamos em casa e descobrimos que Bella havia tomado sua decisão afinal. Nem mesmo Renee e Charlie sabiam onde ambos estavam, quando encontramos a carta Rosalie nem conseguiu ler uma linha e eu não precisava ler para saber, afinal ela havia deixado o anel em cima da carta. Todos na sala pareciam dormentes menos Rose, Emm e Nessie, esses estavam atordoados e mais de uma vez tivemos que conter um deles de se jogar no mundo atrás de Bella e Marcus. Afinal esse era outro, ele nunca deixaria Bella ir sozinha, automaticamente Rose perdeu duas pessoas de uma vez e estava inconsolável e então como se tivessem despertado de um longo transe Jasper olhou para todos na sala com um brilho diferente nos olhos.

— Eu sei onde estão – ele disse ligeiramente mais alegre. - É claro porque não pensamos nisso antes, pensem, onde tudo começou? - Ouvi as engrenagens na cabeça de todos começarem a funcionar, mas foi Charlie quem falou.

— Itália, é claro, ela quer assumir sua posição, ela quer libertar todos. - seus olhos vagarem entre todos nós e pararam em Rose. - Você quem ela quer libertar, não sabe?

— Mamãe? - Rose parecia em choque agora – Agora tudo faz sentido. Mas o que não entendo é como ela conseguiu? E o que isso significa pra ela Charlie?

— Nem nós sabíamos que ela tinha conseguido salvar Didyme, mas agora tudo faz mais sentido. Nós não sabemos a extensão dos poderes de Bella, só sabemos que ela soube disfarçar muito bem todo e qualquer sentimento e ainda esconder visões de Alice, da própria Alice e sem contar as coisas que ela pode fazer e nós nem temos consciência. Mas agora, neste momento, posso entender o porque de ela nós deixar no escuro, só Marcus sabe o que realmente vai vir a acontecer a Bella a partir desse ponto e fez isso para proteger a todos, mas principalmente você Rose, Bella andava mais agarrada a Marcus que de costume, mesmo perdoando Edward ainda havia resistência nela para manter ele de fora e nós nem percebemos que na verdade ela mantinha todos nós de fora.

Quando Charlie parou de falar a sala caiu em silêncio novamente, cada um com seus pensamentos, Rosalie voltou a ficar inconsolável nos braços de Emmet, assim como se encontrava em um estado parecido, Nessie havia subido e podia ouvi-la andando no andar de cima, ela quebrou algo porque ouvimos quando um objeto parece ter sido jogado contra a parede e depois mais barulhos como aquele e então tudo cessou e nós só a ouvimos chorar, ela soluçava e nós escutávamos as palavras de consolo de Jacob para ela. Quando voltei minha atenção novamente pra sala, todos pareciam estar ainda mais triste e quebrados, até que na mente de alguém eu ouvi uma pergunta fervilhar, me viria focando em Jasper que me olhava com os olhos semicerrados.

— Você foi o último que esteve com ela Edward, como não percebeu que algo estava errado? - a voz dele era baixa e perigosa.

— Eu sabia que tinha algo errado Jasper, mas vocês sabem tão bem quanto qualquer um aqui nessa sala, que mesmo que eu quisesse, eu não ganharia uma luta de Isabella, ela ganha até mesmo de você, sem nem fazer esforço. E ela prometeu que voltaria, ela nunca magoaria Rosalie ou mesmo Emmet ou qualquer um nessa sala, se ela não tivesse um bom motivo. - Eu respirei fundo e percebi os olhares de todos, se dando conta de que eu tinha razão, muita razão. - Seja lá o que ela foi fazer, somente ela pode e apenas levou Marcus, porque sabia que se algo desse errado, ela poderia fazê-lo voltar a menor menção do nome de Rose ou Didyme. Ela planejou isso e deixou cada um de nós, com algo feliz com ela para lembrar, agora só temos que ter fé, que Isabella vai fazer o que prometeu e voltar por todos nós.

Terminei meu pequeno discurso com um pouco mais de força do que eu imaginei, porque eu mesmo sentia o quanto minhas palavras eram verdadeiras, agora tudo o que nós restava era ter fé. Porque eu sentia no meu coração, que Bella nunca faria nada para se matar, porque ela sabia o que isso significaria para Rosalie e Emmet, afinal perder Bella de novo os deixaria ainda mais triste que em qualquer outra vida e eu sabia que ela não me deixaria agora e esse anel era na verdade uma promessa que ela voltaria e que eu poderia pedir novamente e assim seria para sempre.

Nenhum de nós se mexeu muito aquela dia, todos estávamos mal e sentíamos tristes, mas também podia sentir que eles acreditavam nas minhas palavras, em algum momento Nessie dormiu e Jacob desceu para comer algo, Rose usou aquele momento para ir ver Nessie e desde então ela estava lá, junto com Jacob e Emmet, que não se mantinha longe dela. Nossos dias se passavam lentos, mas sabíamos que logo tudo estaria bem ou não, quando Marcus voltasse.

POV Bella

Ficamos na cidade por 3 dias antes de irmos para Volterra. Vovô ficava cada dia mais calado e triste, ele não me soltava e nem me deixava sozinha mais do que o necessário e isso era quando eu ia ao banheiro ou tomava banho, no mais ele ficava com os olhos grudados em mim, como se a qualquer momento eu fosse fugir ou sumir.

— Hey, pare com isso, não vou desaparecer como fumaça e não vou fugir. - Estavamos a poucos metros dos portões de entrada da cidade quando eu os vi, imediatamente um sorriso se abriu lento no meu rosto. - Parece que vieram nós dar as boas vindas. - olhei de lado pra Vovô que finalmente tinha um pequeno sorriso no rosto sério, afinal ele também sentiu falta da sua outra família.

— Parece que sim. - seu sorriso era pequeno e não alcançava os olhos, o que me fazia ficar mal por magoá-lo.

Parei ao lado dos portões da cidade, vendo aquele pequeno amontoado de vampiros andaram a passos humanos na nossa direção. Sai do carro junto com Vovô que agora tinha os olhos em Caius. Fui pega de surpresa quando Jane praticamente pulou em mim me abraçando. Eu também sentia falta daquela pequena, Jane era um dos tesouros de Aro e ele mal sabia que na verdade a lealdade dela era minha.

— Vocês demoraram, você me disse que viria a 5 dias atrás Bella – a voz dela parecia sinos e ela tinha a aparência de uma menina de uns 15/16 anos, assim como seu irmão Alec, eles eram gêmeos e ambos faziam parte dos tesouros escondidos de Aro. - Marcus ficou monopolizando você na cidade?

— Na verdade Jane, fui que não quis vir muito cedo – ela fez um pequeno bico e virou o rosto parecendo uma criança. - Certas coisas precisam acontecer no momento certo Jane e não adianta ficar chateada com isso. Cada coisa no seu tempo. - ela pareceu entender que havia algo mais, já que finalmente olhou pra Marcus que tinha a postura duro.

— Bella, sinto muito não ter podido lhe avisar sobre a Vic, eu sinto muito por ela – dessa vez foi Demetri quem falou e sua voz soou distante, quase saudoso e eu lembrei que já houve um sentimento real entre eles.

— O que importa, é que pude salva-la, sem a influência de Aro, Vic era apenas uma menina perdida. - dei um pequeno suspiro cansado e vi Alec se aproximar sem graça. - Quanto tempo Alec, parece que foi ontem que te tirei daquele buraco sujo.

— Oh Belle, eu senti sua falta, não sabia que demoraria tanto para lembrar e pra voltar pra gente – seu rosto se contorceu em uma expressão de tristeza e eu toquei aquele rosto familiar.

— Também senti sua falta querido. Mas infelizmente não temos tempo pra isso agora. - meu olhar se encontrou com o de Marcus e Caius e esse acenou com a cabeça pra mim em cumprimento. - Diga a Athenodora que todos estão livres, manda que ela cuide de mamãe e Vovó por mim. Vamos Vovô. - Acrescentei assim que percebi os olhos atonitos de todos e então Caius disparou para o castelo entendendo e os outros o acompanharam automaticamente, apenas Alec se manteve ao meu lado e eu lhe sorri.

Assim que me movi andando a uma velocidade muito maior que a dos humanos, pude sentir Marcus e Alec em meu encalço, eu podia ser mais rápida que eles se quisesse, mas nesse momento eu não queria, porque queria sentir minha família ao meu lado e foi o que Vovô fez, ele segurou minha mão enquanto corríamos, assim que chegamos ao beco, parei de correr, assim como Alec e Marcus mas esse não largou minha mão.

— Há uma passagem secreta aqui, ela leva diretamente a sala do trono, Alec quero que você entre aqui e vá direto para lá. Eu e Vovô lhe encontraremos em breve. - com um último olhar ele entrou pelo buraco e nós não o vimos mais. - Nós vamos por aqui - toquei uma pedra na parede que se moveu revelando outra passagem secreta.

— Não sabia da existência dessa passagem – Vovô me olhou intrigado e então seus olhos iluminaram e seu sorriso ficou radiante. - Você a escondeu muito bem não foi?

Eu apenas sorri e entrei na passagem, era estreita e bem escura, olhos humanos com certeza não veriam nada ali dentro, continuamos andando por uns 5 minutos até chegarmos a uma porta negra e bem pesada. Eu a empurrei com facilidade e entrei no corredor claro, sendo seguida por Marcus. Ele olhava ao redor, olhando as fotos e tudo que havia ali, estávamos em um corredor longo, o mesmo corredor da minha visão, só que diferente da visão, aqui eu podia sentir a magia que existia nessas paredes. Nem mesmo Vovó sabia que esteva tão próximo assim a Vovô, apenas eu sabia e era tão bem protegido porque minha alma a protegia, não importante quantos milênios ou décadas passassem minha magia permanecia e com ela Vovó esteve sempre em segurança, até esse momento.

Quando fizemos uma pequena curva, entrando em outro corredor igualmente branco, eu pude ver a porta branca, ela parecia brilhar pra mim e Vovô também pareceu perceber, porque seu sorriso ficou ainda mais largo. Mas antes que pudesse estender minha mão para a porta, eu rosnado no fim do corredor se fez presente, o vampiro em questão era um da guarda particular de Aro e eu tinha um nojo bem especifico desse infeliz. Felix deu outro rosnado vindo em nossa direção, mas então ao o acertou e veio caindo até estar ao meus pés. Exatamente onde eu queria aquele vampiro.

— Ora, ora. - sorri com delicadeza pra ele, enquanto Alec aparecia no lugar onde o vampiro esteve segundos antes e sorriu pra mim – Não perder tempo com você agora, querido, então simplesmente vá para o inferno.

Ouvi um sibilar e quando olhei aos pés apenas havia restado suas cinzas para contar a história.

— Agora Vovô, pode entrar. Estarei aqui quando sair, eu prometo. - dei um sorriso tranquilo pra ele e assim que ele constatou que eu falava a verdade, ele girou a maçaneta e entrou. Assim que ele o fez a porta se fechou atrás dele.

Eu suspirei profundamente, odiava mentir pro Vovô, mas o que eu ia fazer, ele não me permitiria e eu precisava, me virei pra Alec e o mesmo apenas acenou e se colocou na frente da porta, ele ficaria de vigia, enquanto eu dobrava um certo vampiro e quem sabe hoje, ao menos um de nós saia vivo e salvo desse embate.

Pela primeira vez, eu sentia realmente um fio de esperança de que algo finalmente desse certo.