— Ai Meus Deus! Nina... Ai Meu Deus! -  Eram as únicas palavras de Babi desde que Nina lhe contará sobre o príncipe. Ela chegou cedo ao colégio e desde então a amiga não parava de dar gritinhos histéricos e olhares maldosos para ela.

— Mas me diga... Ele tem um peitoral definido? Ele é bonito? Nina, você teve a oportunidade de ver um Deus grego só de toalha, quero mais detalhes! – Protestou  a amiga que começara a falar um pouco alto demais.

— Shh! Fale mais baixo, Babi. Eu não vi nada, sério, e fora que ele é extremamente arrogante e convencido, não sei o que você acha de tão interessante nele. Mas... Confesso que ele é bonito.

— Ahá! Eu sabia. Para Nina Salin dizer que alguém é bonito, aí tem! -  As duas riram, Nina fez gesto de “Pare com isso”.

— Hum... Quer dizer que eu sou bonito? -  Nina congelou. Aquela voz e o tom de superioridade lhe era familiar. Quando olhou para o rosto da amiga viu um sorriso derretido e o olhar fixo na pessoa que acabará de falar. Então Babi sussurrou:

— Ele é o príncipe? Acho que é melhor que um Deus grego...

Após alguns segundos de silêncio, o rapaz tornou a falar:

— Pensei que as pessoas respondiam quando lhe faziam uma pergunta...

Nina reconheceu aquela frase, dissera algo parecido a ele e ficou mais envergonhada ainda. Então fingindo que não aconteceu nada voltou-se para Babi que ainda mantinha o sorriso torto e disse:

— Babi, esqueci de pegar uma coisa, te vejo na sala! -  E correu dali. Definitivamente a última pessoa que ela queria que tivesse ouvido “ele é bonito”, era ele. Não sabia com que cara iria encará-lo a partir de agora, o único consolo era que ela não se destacava, não se achava bonita e com certeza as meninas populares iriam fazer um escudo de proteção onde ninguém conseguiria se aproximar. Soltou um suspiro e pegou a grade de aulas, fez um sorriso surgir ao ver que o primeiro tempo era Educação Física. Foi ao banheiro, pôs sua calça de ginástica, a blusa cinza com o brasão do colégio, apanhou o casado e saiu para a quadra. Chegando lá, estava lotado, houve uma junção de turmas do 1º e 2º ano, foi o que informou Juju, uma menina magricela que sempre burlava as aulas para ficar lendo seus livros e que conhecia desde o primário, não eram amigas no máximo colegas. Foi então que o alvoroço ficou maior quando o professor anunciou um novo aluno.

— Então gente, eu sei que estamos meio apertados mas vamos ser solidários, ok? Esse aqui é Erick o aluno novo, por favor sejam legais e ... Acalmem-se meninas! – O professor estava ficando aborrecido, quase não tinha mais voz de tanto gritar. Um segundo rapaz disse no meio dos alunos:

— Relaxa Erick, elas não mordem, no máximo tiram um pedaço! -  E todos riram, até o príncipe que ao fazer isso deixava as meninas ainda mais apaixonadas. Nina olhava fixamente para ele, os poucos raios solares que surgiam no meio das nuvens cinzas, refletiam seu rosto quase angelical, os cabelos acobreados ganhando vida, o sorriso quente e caloroso, os olhos âmbar ganhando brilhando ao contado do sol, até que ela piscou e pigarreou baixinho:

— Mas o que há comigo? Não, não! Porque eu estou admirando ele? Nina, foco! Se bem que estou com muita vontade de desenhá-lo...

Após o professor conseguir domar as alunas, ele pediu para que dividíssemos em grupos e que o tema da aula seria vôlei. Nina animou-se, era muito boa nisso. Amanda, uma das meninas populares estava no meu time, normalmente ela nem ligava muito para as aulas mas graças ao novo aluno, podia-se perceber que ela realmente queria chamar a atenção e conseguiu, menos à de quem queria. Erick estava entretido conversando com os rapazes, nem percebeu a presença de Nina ali o que a deixou mais tranquila.

Ela jogará tão bem, marcando o ponto da vitória do time que pela primeira vez seus colegas de turma a notavam, alguns cochichavam e outros só a olhavam, deixando-a vermelha quase como um pimentão. Sentia-se feliz, era uma sensação boa de alegria e nervosismo. Foi então que Amanda Pantreon apareceu em sua frente, os cabelos loiros cacheados um pouco desgrenhados, a maquiagem borrada de suor e um olhar de raiva.

— Então você se chama Nina, certo? Belo ponto ali no final. – Dizia sem nem ao menos ter interesse em saber quem era a menina, avaliou-a com os olhos. Os cabelos castanhos bagunçados, a blusa era folgada e um pouco grande, o rosto com o lápis de olho borrado. Fez uma cara de “Ai Meus Deus, que garota é essa?” e tornou a olhar agora nos olhos de Nina com uma leve intenção de ódio.

— Sim, sou Nina. Obrigada...

— Olha aqui garota, vamos cortar as formalidades. Não pense que não percebi. Eu sei por que você jogou tão “bem”, e tenho uma notícia para te dar. Não se iluda, ele jamais olharia para uma... Garotinha como você. Então é melhor nem tentar. Ah, seu lápis está muito borrado. -  E saiu esbarrando na menina. Nina ficou ali com cara de sem saber o que fazer, um misto de raiva e mágoa passou em seu rosto. Pensou “Até parece que ela me conhece, nem participa das aulas e quer me julgar! E ela nem sabe como aquele menino é rude! Fico imaginando qual seria a reação dela se eu contasse que já o vi de toalha“ e deu um risinho.

O professor surgiu e gritou:

— Gente, antes de irem embora preciso de voluntários para me ajudar a organizar o armário de bolas. Alguém? Alguma alma bondosa que queira ajudar seu pobre professor? -  Todos os alunos riram da atuação fajuta dele, então uma menina gritou:

— NINA! Ela disse que queria ajudar! -  Era uma menina baixinha, pele branca, olhos azuis e cabelos lisos negros, estava do lado de Amanda. Nina sentiu seu sangue ferver, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa o professor chamou-a.

— Nina? Onde está?

— Aqui professor...

— Opa! Obrigada! Vou mandar um aluno avisar ao seu professor que vai se atrasar um pouco para aula, ok? Pode arrumar essas bolas que ficaram espalhadas e tome. Essas são as chaves extras do depósito dos equipamentos. Eu preciso resolver umas coisas agora e volto para te ajudar. – Deu dois tapinhas em seu ombro e saiu. Nina estava com tanta raiva de Amanda que lançou a primeira bola o mais longe possível, depois suspirou havia jogado longe e teria que ir buscar.

Passados alguns minutos ela já havia juntado tudo estava guardando no depósito quando um sombra surgiu atrás dela fazendo saltar de susto.

— Hey, calma, eu não sou tão feio assim. Pelo menos é o que dizem por aí. – E deu um sorriso descontraído. Era Erick.

— Mas você quase me matou do coração! O que faz aqui? A aula já deve ter começado, não? – Decidiu que não comentaria sua frase mais cedo, porém o rapaz não perdia oportunidade de fazer piadinhas.

— Ah, estava chata. E afinal de contas, você tem umas amigas e tanto hein? Te jogaram nessa enrascada. – Disse apontando para o lugar, andou um pouco e sentou-se num puff empoeirados que fez Nina tossir. Mas antes que ela pudesse expulsá-lo um barulho alto e um cadeado sendo fechados assustou-a. Quando olho percebeu que alguém havia fechado a porta e trincado o cadeado. Uns risinho abafada ecoou e podia-se ouvir um:

— Agora ela aprende a não se meter no caminho de quem não deve.

Nina correu para porta, tentou abri-la mais foi em vão.

— Ah não, isso não pode estar acontecendo! ALGUÉM? SOCORRO! ESTAMOS PRESOS AQUI!

— Fiiiu ( assobiou), isso é um problema e tanto. Suas amigas realmente gostam de você.

— Isso não é brincadeira, estamos presos aqui! O celular, isso o... Ah não, esqueci ele na mochila. Você está com o seu aí?

— Não, eu não tenho um celular... -  E baixou os olhos.

— Como assim? Pera aí, você é um príncipe, certo? Como não poderia ter?

— Bom, Al tem e é através do celular dele que mantenho contato com meus pais, isso é uma medida de segurança que ele criou e... Então, já que estamos aqui a sós... -  Disse mudando de assunto e se aproximando de Nina que agora estava colada na porta e alguns passos estava Erick. Ela pensou “De todas as pessoas para ficar presa, tinha que ser justo com ele? Babi, socorroooooo!”.