O Casal do Ano escrita por Catherine


Capítulo 1
Um brinde aos recém casados


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos, espero que gostem da proposta e que nos vejamos em seguida nos comentários ♥
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695683/chapter/1

O som do talher batendo levemente no vidro foi silenciando a sala, enquanto Keira aguardava pacientemente de pé diante sua mesa, a taça na altura de sua cintura.

Lembro que na nossa última conversa sobre brindes eu a havia proibido de fazê-lo no casamento, afinal falar em público nunca fora sua especialidade. Suas mãos soavam, seu rosto enrubescia, o nervosismo era causado pelo silêncio e os rostos sérios e atentos demais, e então começava a faladeira sem sentido e com piadinhas internas que pioravam ainda mais a situação.

Para a minha surpresa, naquele único dia – duvidava que fossem haver mais –, ela parecia segura de si enquanto falava, sendo o resultado motivo pelo qual eu tinha certeza de que além de eu ter a melhor madrinha de casamento do mundo, ela havia se esforçado treinando muito para nada dar errado e no final das contas conseguir me agradar.

Contudo no fundo, como recompensa por exercer o cargo de melhor amiga, eu sabia que Keira estava pior que os meninos quando chegavam após uma partida de futebol.

— Eu gostaria de propor um brinde aos noivos — nos olhou brevemente, voltando a atenção ao público em seguida. E eu sabia o quanto aquilo estava sendo difícil... —, lhes parabenizar e dizer que é um privilégio poder testemunhar um amor tão lindo como o de vocês. — Ela fez uma breve pausa, procurando em meu rosto algum sinal de desaprovação, então continuou: — O jeito como se olham, cuidam um do outro e zelam pela relação só me fortalece essa ideia. Por onde passam o lugar se contagia com o amor de vocês, desejo de coração que conquistem um ao outro todos os dias e que continuem nos contagiando com a felicidade que proporcionam um ao outro.

Keira aproveitou para sorrir para Joe, que estava sentado à sua frente na mesa, no meio de outros convidados, me deixando feliz no instante em que foi retribuído. Apesar de uma troca de olhares rápida, quase imperceptível, eu sabia o que estava acontecendo – e de acordo com o riso que Hayden havia soltado pelo nariz, ele também. Nossos melhores amigos, que haviam se conhecido nos preparativos do casamento como padrinhos, agora estavam tão apaixonados quanto nós. Não que Keira tenha me contado por livre espontânea vontade, mas além de eu xeretar a vida de ambos durante os preparativos e descobrir que visitavam-se toda a noite e escapavam nos ensaios, aquilo estava tão perceptível quanto a inveja que a prima do meu marido exalava a mesas dali.

— Eu não conseguiria imaginar um casal mais unido, cheio de amor e química para celebrar essa união. — Hayden acariciou minha mão por cima da mesa, olhando-me afetivo e me prendendo em sua face sorridente. — Espero que possam continuar caminhando juntos e que o futuro traga momentos inesquecíveis para vocês dois.

O salão explodiu em palmas e a boca dele foi em direção a minha, levando-me a um mundo alternativo onde eu não lembrava do fato de minha amiga ter feito um brinde sem pirar na frente de todos e ainda ter provocado palmas, uma alegria contagiante e o beijo mais perfeito que eu já havia provado.

3 ANOS DEPOIS

— Termine com esse homem antes do casamento, por favor — Keira continuava a insistir pelo telefone, mesmo que eu estivesse completamente enrolada segurando-o e tentando encontrar as chaves que estavam em algum lugar naquela maldita bolsa —, como presente de casamento. Qual é, você me deve!

— Apenas tente não engoli-lo vivo no casamento e seja gentil, já fez isso antes — eu destrancava a porta segurando o celular entre o ombro. Assim que entrei em casa pude ver a mesma bagunça de quando eu havia saído pela manhã. — Eu sou sua melhor amiga, quer mesmo fazer isso comigo?

Tim não era o melhor namorado do mundo, e eu sabia disso, mas como todas as outras pessoas ele teria um defeito. O único problema era que o dele era... Perceptível demais.

— Fazer o que? Te livrar de um cara chato, burro e mulherengo? É, acho que posso aguentar ver você fazendo burrada se envolvendo com os primeiros caras que aparecem na sua frente, apenas por que está prestes a completar 26 e acha que sua vida amorosa acabou.

— Do que você está falando? — sorri largando minha bolsa e indo em direção a cozinha. Um dia cansativo de trabalho e eu precisaria de mais do que um bolinho no almoço para sobreviver. — Eu passo pelo meu vizinho todo dia antes de ir pro trabalho e nosso único envolvimento trata-se de um “bom dia, como vai?”. Aliás, como vai? Normalmente é assim que iniciamos uma conversa educada — alfinetei, divertida, ao lembrar que ela havia trocado a saudação por perguntas e gritos histéricos, provocados pela animação de se casar —, mas não se preocupe, isso não significa que iremos começar uma relação.

Ela suspirou deixando sua irritação pela minha teimosia transparente.

— Seu vizinho é um velho de 70 anos que anda pelado pela casa e já foi preso por atender as crianças no Halloween sem cueca.

Escorei-me no balcão da cozinha, dando mais atenção e seriedade a nossa conversa.

— Keira, eu falo sério. O Tim é um cara bonito, legal e que não tem medo de viver a vida do seu jeito. Ele é corajoso, gosto disso.

— Consegue se ouvir ou sua audição está tão danificada quanto a sua sanidade mental? — bufei, já sem paciência. — Desde quando gosta de caras corajosos e de relacionamentos selvagens? Você consegue distinguir um relacionamento selvagem de um cheio de mentiras e traição? Por que se a sua definição para isso é ser traída, eu...

— Será que você está se ouvindo? — aumentei um pouco o tom de voz, dando ênfase no você. — Vai casar, parabéns, estão juntos há mais de três anos e o Joe é perdidamente apaixonado pela pessoa que você é, mas a única coisa que me resta são relacionamentos que acabaram de forma desastrosa, uma traição e um divórcio, então por favor... — fiz uma pausa, dando ênfase novamente —, não queira comandar o meu relacionamento e muito menos dizer o que é melhor para mim.

Keira permaneceu em silencio por alguns instantes, voltando a falar depois, com a voz murcha.

— Me desculpe por isso... — ouvi um suspiro prolongado e em seguida um resmungo. — Pode levar ele, se é tão importante pra você...

Dei um leve sorriso e agradeci. Sabia que Keira se preocupava comigo e mais nada, mas a minha situação atual era triste demais para deixa-la querer tomar partido das minhas decisões. Eu precisava decidir sozinha o que fazer da minha vida, afinal mesmo que meu aniversário estivesse chegando, eu estivesse ficando mais velha e Tim fosse um cara namoradeiro demais, moleque demais e um modelo gostoso que apenas não havia sido reconhecido ainda, eu sabia que ele não era o tipo de cara que se podia esperar atitudes e desejos sérios além de que cor de cueca da Calvin Klein comprar amanhã.

Ouvi o som de algo quebrando seguido por um grunhido vindo do quarto, e apressei-me a desligar com o intuito de pegar Tim no flagra e não ter que ouvir a desculpa de que “o vento havia quebrado”, mas quando cheguei na porta do quarto entreaberta vi que seria necessária mais do que uma desculpa fajuta elaborada nos últimos segundos para explicar o que estava acontecendo.

— Sam? — Sorri de forma cínica em resposta, cruzando os braços. — Eu posso explicar.

— Eu aposto que pode.

A garota, alheia a situação, enrolou um dos lençóis no seu corpo, catou suas roupas pelo quarto e disse que estava de saída. No entanto, minha concentração estava centrado em Tim. Eu permaneci ali analisando-o por um tempo e perguntando a mim mesma como o ser humano conseguia carregar em um só corpo tanta canalhice e falta de dignidade. No fundo eu sabia que ele estava se aproveitando de mim pelo meu apartamento e a comida que ele consumia, sem mover um músculo o dia todo, mas isso nunca havia sido analisado por que, em parte, eu estava com ele por interesse também.

— Saia do meu apartamento e nunca mais apareça na minha frente.

— Samantha, pelo amor de deus, não pode fazer isso comigo — ele implorava enquanto me seguia pelo apartamento, coberto pelo lençol que a garota havia deixado na sala. Abri a porta e indiquei-a com a cabeça. — Eu fui despejado do meu apartamento, não tenho lugar pra passar a noite.

Sorri com orgulho.

— Eu sei. E está sendo despejado de outro.

Tim segurou a porta, impedindo-me de fecha-la e implorou mais uma vez.

— Sam, por favor...

— A única coisa que posso fazer é lhe desejar boa sorte. E a propósito, isso é meu — novamente com o meu sorriso, puxei o lençol e fechei a porta.

Samantha Meadows, depois de vários relacionamentos desastrosos em sequência, estava sozinha novamente. Eu não poderia surpreender-me mais comigo mesma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu tive a ideia pra criar a história fazem algumas semanas e gostei do que eu tinha desenvolvido até ontem a tarde.
Estou postando aqui como teste, para ver se a ideia rende um bom feedback e se posso continuar a desenvolve-la, então se você gostou, não esqueça de comentar e favoritar. ♥