O Casal do Ano escrita por Catherine


Capítulo 2
Um reencontro inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oláá novamente pessoal! Boa leitura, espero que gostem e não esqueçam de comentar!



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Graças a Joe, sua inaptidão a dizer não e ao medo do sogro, eu estava viajando para Kentucky, à grande casa de campo dos pais da Keira, onde seriam hospedados os convidados vindos de muito longe e, a alguns quilômetros dali, realizado o casamento.  No meu pensamento, o único motivo para Joe ter aceitado seria a pressão de um sogro que finge odiá-lo para impor respeito, e a vontade de agrada-lo e ser mais querido. Keira admitia que achava engraçado, enquanto eu só conseguia lamentar-me por ter que fazer uma viagem tão cansativa. Desde que me mudei para a Flórida havia me privado de aviões e viagens muito extensas.  

Os Crawford tinham tanto dinheiro como parecia, com uma casa especial para as férias capaz de abrigar todos os convidados mais próximos e distantes, decorada especialmente para isso. Havia três carros na garagem e aproximadamente sete estacionados de qualquer forma na grama verde do quintal. Com o exagero de Keira e, novamente, a mosca morta do Joe, ela havia exagerado e convidado quantas pessoas caberiam na igreja que iriam casar. A sorte dela foi a igreja ser grande e o padre gentil.

Alguns tiravam as bagagens dos carros e carregavam até a casa, conversavam entre si ou eram recepcionados pelo casal, outros brincavam no quintal e atrapalhavam a minha passagem para que estacionasse. Há muito tempo eu já não tinha paciência com crianças, e Keira me chamava de ranzinza por isso, mas a verdade era que, toda vez que eu via uma, elas me faziam gritar com elas.

— Querem sair da frente da droga do carro?!

Os três correram risonhos para a lateral do carro e sumiram, como uns legítimos pestinhas que já pensavam em como atormentar a minha vida naquela semana. Eu estava arrependida por ter cedido aos pedidos teimosos do casal para que eu me hospedasse na casa do campo, e agora passava a pensar que tudo era uma piada de mau gosto com a ranzinza que odeia crianças.

Quando sai do carro senti a brisa fresca e o cheiro de terra que eu já havia esquecido. Girei minimamente o pescoço e vi Keira vinda a minha direção, alegre e linda como sempre. Logo atrás estava Joe, que mesmo depois de tanto tempo ainda a admirava por trás de seus olhares sorridentes, e uma invejinha branca ganhava espaço entre a excitação de estar no campo novamente.

— Você está linda! — ela abraçou-me antes mesmo que eu percebesse que estava perto o suficiente. Os grandes cabelos loiros e lisos tomaram conta da minha visão, e ela por ser mais alta que eu, me fez desistir de enxergar alguma coisa através de seu ombro. O odor de seu famoso shampoo de camomila se fez presente e eu não poderia sentir mais saudade.

Eu a abracei com força, sem deixar as lágrimas tomarem conta de mim.

— Quanta saudade loirinha.

Mas Keira era uma pessoa sensível, e assim que me soltou pude ver suas lágrimas e seu rosto enrubescido.

— Nunca mais se distancie assim de mim, está me ouvindo? — levei a sério seu pedido e assenti, mesmo que soubéssemos que daqui a uma semana eu estaria viajando para a Flórida novamente, e então só nos veríamos no Natal, quando eu os fosse visitar em sua nova casa no Tennessee.

Abracei-a de lado mais uma vez, segurando o quanto eu podia naquelas lágrimas a saudade e a felicidade de vê-la novamente tanto tempo depois.

Joe sorria em nossa direção com a satisfação de quem está presenciando um momento lindo, o que me faz lembrar a saudade que sentia dele também.

— Joseph — eu abri os braços e fui recepcionada com um abraço. Joe nada mais era que um coreano que odiava quando os confundiam com chinês ou japonês, extremamente apaixonado pela minha amiga e sempre com as intenções mais nobres, mesmo tendo a impressão de que seu sogro não gosta muito dele.

Com sua paciência concebida por um imortal, ele era a melhor pessoa para casar-se com a minha amiga.

Eu o soltei e coloquei-me entre os dois, enquanto se olhavam com aquele olhar apaixonado de sempre. Não poderia estar mais feliz pela união dos dois, mesmo tendo me ignorado por dois minutos enquanto se olhavam nos olhos.

Joe se encarregava da mala mais pesada enquanto Keira e eu levávamos duas bolsas. Nós íamos à frente conversando e parávamos para ajudar Joe quando ouvíamos um gemido e uma reclamação sobre o que eu havia colocado na mala.

— A casa tem seis quartos, então tratamos de colocar cada casal em um e reunir os solteiros em outro.

— Obrigada pela exclusividade — revirei os olhos parando na frente de uma porta que deveria ser a do meu quarto.

— Não se preocupe, são mulheres agradáveis. E o restante dos garotos ficarão juntos no andar de baixo.

Joe soltou um suspiro alto e escorou-se sobre a mala, respirando com dificuldade. Como eu bem sabia, para Keira aquilo era um tanto fofo, e poderia garantir que havia sido o motivo de ter feito tanto carinho nele quando desceram as escadas. A cada dia que passava ficava ainda mais admirada com a forma como se tratavam, como se se apaixonassem novamente um pelo outro todo dia.

Ver tanta felicidade e amor emanando dos dois me fazia lembrar todos – e apenas – fracassos amorosos dos quais eu havia passado, e minha busca insaciável por alguém agora parecia um tanto idiota. Foi por isso que, naquele momento, decidi parar de buscar o par perfeito.

Ouvi o som de algo parecido como um sapateado e em seguida algo se espatifou no chão. Ou melhor, alguém. E como se não fosse suficiente, em cima de uma das bolsas deixadas por Keira, que por coincidência ou não era onde estava meu perfume.

O homem com os cabelos loiros parecia ter sido pego de surpresa e ainda permanecia com as duas mãos espalmadas no chão e em cima da bolsa. Ele resmungou alguma coisa antes de eu puxa-lo pelo braço esquerdo e tentar levanta-lo.

— Qual o problema com as suas pernas? Você está em cima da minha bolsa, saia agora! — Enquanto ele se levantava aproveitei para puxa-la antes que o loiro desse uma de tonto e caísse em cima novamente, e apressei-me para ver se estava tudo bem com o perfume. — Para a sua sorte o conteúdo na bolsa não quebrou, ou você teria um grande problema em mãos para resolver.

Aquele idiota havia conseguido me deixar de mau humor, e quando eu ergui-me do chão e virei para olha-lo, o mau humor se tornou um sentimento muito pior e mais profundo.

— Quando tropecei na sua bolsa jogada no chão, antes de te ver, lembrei imediatamente da sua pessoa, pois é bagunçada e irresponsável com as suas coisas, até pensei que poderia ser de fato você. — Ele passou as mãos na calça e deu seu maldito sorriso branco, provavelmente contente por, no seu primeiro dia, ter conseguido me irritar. — Aí ouvi alguém reclamando igual a uma velha ranzinza e tive a certeza de quem era. E olhe pra mim, eu acertei! — Suas sobrancelhas franziram-se e seus olhos tornaram-se vagos de forma teatral. — Eu deveria ter apostado com alguém...

— Hayden. — Meus dentes trincaram devido ao ódio que sentia por ele. — Jurei que da última vez que eu o visse estaria no céu observando você entrar pelas portas do inferno.  

— Tem certeza? Eu jurava que no momento em que as portas se abrissem você estaria lá me esperando.

— Eu não desceria a tal nível para tornar seus dias irritantes e infelizes ainda mais irritantes e infelizes.

— Não fique triste Samantha, se quiser que eu lhe ensine o truque de tornar o seu ex-marido frustrado sexualmente e deprimido com sua carreira profissional, eu o faço, embora você tenha sido a única em que eu não precisei usar e veio naturalmente...

Eu havia esquecido como Haythan era egocêntrico e sarcástico na minha presença, e em como seu ego inflava quando ele passava a afirmar que eu sentia sua falta e que tinha uma vida sexual frustrada.

— Não será necessário, eu me asseguro de que meu ex-marido tem essas e todas as outras infelicidades possíveis impregnadas em sua vida miserável.

— Fiquei sabendo que fez doutorado em chatice, qual a faculdade? Você espanta os homens como uma especialista, e eu tenho umas garotas que estão apaixonadas por mim. Sabe como é, ser bonito e bom de cama mexe com a cabeça de uma mulher — ele comprimiu os olhos de forma irritante e colocou as mãos nos bolsos.

— O que você está fazendo aqui, afinal?

— Caso sua memória lhe falte, eu sou o melhor amigo do noivo e, para a sua desgraça, padrinho — ele deu um sorriso convencido e deu as costas.

— Como assim “você” é padrinho? Eu sou a madrinha da Keira e me recuso a passar uma semana tão perto de você!

— Au revoir.

Francês idiota.


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