Connected | BTS Fanfic escrita por Choi Jinhee


Capítulo 5
O Que Acontece Quando Se Encoraja Um Idiota a Beber


Notas iniciais do capítulo

Anyong ~~
Espero que este capítulo torne o dia de hoje mais tolerável para vocês que estão tendo que voltar à rotina de aulas.
É nois.



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Yoongi P.O.V

— Estou entediado — declarei, fazendo com que minha voz fosse escutada apesar do barulho.

Aquela música eletrônica estava me dando dor de cabeça. Tomei um longo gole de uísque para desfazer minha insatisfação — ignorando que o álcool apenas intensificaria o mau humor.

Seria mais fácil me divertir se os dois garotos ao meu lado estivessem em seu estado normal de festas, mas pareciam tão entediados quanto eu. Taehyung mexia no celular com os pés descansando sobre a mesa e Hoseok olhava para um ponto fixo na parede, ostentando uma cara lesada perdida em pensamentos — eu me perguntava se alguma coisa realmente passava pela sua estranha mente genial. Os dois estavam largados na poltrona como se aquele fosse o momento mais insignificante de suas vidas.

— Nem sei por que ainda estou aqui. Esta é a pior festa de toda a minha vida — fiz um muxoxo irritado. — Que saco. Querem fazer o favor de me ouvir?

Estalei os dedos na frente dos olhos de Hoseok e ele pulou na cadeira, pego de surpresa.

— Você, meu caro hyung ─ Taehyung começou, sem tirar a atenção do celular —, está aqui porque não tem mais nenhuma moral pra recusar um convite do YG.

Seu tom indiferente borbulhou dentro de mim, junto com o significado de suas palavras.

— Além do mais — continuou —, você teria que marcar presença na festa do seu dongsaeng de qualquer jeito. Não importa se não está se divertindo, precisa aproveitar qualquer chance que tiver de aparecer na mídia com uma boa imagem.

Respirei fundo.         

Ninguém precisava me lembrar de um assunto que nunca saíra da cabeça, me perseguindo vinte e quatro horas por dia. Por mais que fosse verdade, não era algo que eu  gostava de ouvir de alguém; ainda mais de um amigo.

No andar de baixo, olhei para o rosto de Rap Monster estampado nos pôsteres presos nas paredes — meu dongsaeng que  fazia sucesso cuspindo um amontoado de palavras soltas e agressivas num microfone. E ainda tinha quem chamasse aquilo de música.

Percebi a contragosto que, como se não bastasse todos os repórteres que estavam ali cobrindo a festa, o próprio YG comparecera. O CEO quase nunca aparecia e hoje lá estava ele, conversando orgulhoso com outros produtores. Vibrava como um fã de carteirinha, como um pai orgulhoso.

Eu odiava Rap Monster. E não era um ódio cego apenas porque ele ameaçava o meu monopólio musical. Também levava em consideração a maneira como a mídia o defendia; se eu fizesse algo de errado, seria facilmente atacado por palavras como irresponsável e inconsequente, mas para o querido Rap Monster, “Ah, foi só um deslize. Quem na vida não comete erros, não é mesmo?”.

Estava acostumado com o mundo injusto, mas normalmente eu que fazia parte da parcela favorecida.

Minha moral estava cada vez mais rebaixada.

Sabia que orgulho não me levaria a lugar nenhum, mas naquele momento nada me faria admitir em voz alta a verdade que todos me forçavam a enxergar.

— Que vá pro inferno a mídia, o Rap Monster e qualquer outro idiota que se meta no meu caminho — cruzei os braços no peito. — Já falei isso pra vocês: só preciso fazer um comeback que todo mundo vai voltar a comer na minha mão.

Hoseok revirou os olhos.

— Não aguento mais você falando em comeback, hyung — ele deu um gole na sua garrafa de suco. — Todo mundo reconhece o grande artista que você é, e não vai ser um rookie qualquer que tomará seu trono. Apenas se concentre em compor músicas que tudo dará certo. Sempre dá.

Como se eu não estivesse tentando.

— Aish – Hoseok encostou-se na poltrona. — Com esse clima parece que estamos em um velório.

Taehyung suspirou, ainda com os olhos em seu celular.

— Eu estaria me divertindo se o Jin-hyung estivesse aqui pra beber comigo. Ou se o Yoongi-hyung não estivesse com cara de quem quer matar alguém. Ele está assustando as garotas.

— Me recuso a ter qualquer caso com alguma garota que seja fã daquele rookie medíocre — revirei os olhos. – E elas estão aqui por ele.

— A música que alguém escuta não define quem a pessoa é — deu de ombros. — Continuam sendo mulheres.

— Ninguém precisa de palavras profundas numa festa, Taehyungie — resmunguei.

— Eu também estou aqui — Hoseok se aprumou na cadeira —, ou vai dizer que não sou divertido?

— Você esqueceu que não bebe? – Taehyung levantou os olhos da tela do celular  por  uma fração de segundo.

— É claro que bebo — estendeu sua garrafa. — Quem disse que não?

Apontei para o uísque em cima da mesa.

— Estamos falando de álcool, Hoseok. Isso aí que você tá bebendo é suco.

— Não é suco, é energético — apontou para a tabela de valores nutricionais. — E tem álcool.

— Nem preciso ler pra saber que tem 0,1% de teor alcóolico nisso aí.

— Errou  — Taehyung forçou os olhos para enxergar —; 0,4%.

— Não é muito, mas eu bebo umas cinco dessas sem nem notar.

— Até bombom de licor tem mais álcool do que isso — bufei.

— Diga o que quiser, mas é a bebida certa para alguém como eu. Tem muita água — Hoseok enumerou com os dedos —, me deixa hidratado e não faz mal pro fígado.

— E ainda se considera o alcoólatra — bufei. — Não acredito que ando com você.

— Espero que não saia contando vantagem sobre isso para os outros – Taehyung apontou para o suco. — É vergonhoso.

— Quer saber, discutir com vocês é perda de tempo — ele descartou sua garrafa na mesa. — Se os dois quiserem ficar aí sentados, fiquem à vontade, mas pensem assim: pode ser que o dia de hoje tenha potencial para ser o melhor das nossas vidas.

Pensamos sobre aquilo.

— Rap Monster pode ter um ataque cardíaco e morrer — concordei.

— Ou strippers podem aparecer e dar um show particular para mim.

— Francamente, Tae — Hoseok levantou-se e ajeitou seu blazer. — Você só pensa em mulher pelada.

— Yoongi-hyung desejou pela morte de um cara e você vem falar de mim?

— Strippers até que seriam uma boa ideia, se você pensar no assunto — refleti.

— Não é?!

— Eu que não vou ficar aqui desperdiçando tempo com vocês. Vou procurar alguém disposto a se divertir; com peitos e bunda, de preferência.

Taehyung soltou uma risada irônica.

— Vai lá, garanhão. Pode passar o rodo — apontou para a multidão em volta do palco. — Só vi gente nível fácil aqui; nada que te obrigue a fazer muito esforço.

Hoseok arqueou a sobrancelha.

— Por que o deboche? Acha que eu não consigo alguém difícil?

— Muito pelo contrário. Tenho certeza de que conseguiria, todo mundo te conhece. Seria até chato de tão fácil — ele apoiou a cabeça na mão. — Agora sossega o facho e senta aí, hyung. Escuta a voz da razão antes que passe vergonha.

Ele riu, seco.

— E a voz da razão seria a sua? Está tentando me fazer rir? Você se diz o pegador, mas não conseguiu ninguém até agora.

     — Eu não procurei por ninguém até agora.

Ri, quase me engasgando com a bebida.

— Vocês estão mesmo discutindo quem é o Casanova? — interrompi. — Desista, Hoseok. É Taehyung de quem estamos falando.

Ele me olhou, cúmplice, fazendo Hoseok bufar inconformado.

— Estou lisonjeado com seu reconhecimento, hyung.

— Depois das trigêmeas? Nada mais me surpreende.

Relembrei a história.

Hoseok desafiara Taehyung a ficar com uma das trigêmeas, filhas de um investidor do seu pai.  Com três gravatas e celulares diferentes, ele conseguira conquistar não apenas uma, mas todas as três na mesma festa. Claro que elas descobriram depois, mas somente quando já era tarde demais e ele já havia ganhado a aposta. E, segundo Taehyung, elas descontaram toda a raiva nele depois da festa, no seu apartamento — independentemente do que "raiva" possa significar...

— Vocês estão brincando? — Hoseok levantou a voz. — É, aquilo foi bem corajoso, mas vocês vivem me pedindo ajuda com as garotas.

— Claro, você conhece metade da população coreana — Tae deu de ombros. — É sempre bom saber o nome antes de dar em cima.

— Está vendo? É a minha vantagem; tenho memória fotográfica.

— Isso não explica como você conhece tanta gente.

— É simples — Hoseok justificou —, se eu associo um nome a um rosto, nunca mais esqueço.

Taehyung sorriu.

— E é por isso que você é tão útil.

— Não que eu precise de um nome para conquistar alguém — ele fez um V com os dedos no queixo. — Ninguém nunca esquece essa carinha.

— Se é tão inesquecível assim quanto diz — Tae apoiou a cabeça nas mãos, cruzando um pé sobre o joelho —, não deve fazer muito tempo desde a última vez em que a Vossa Senhoria levou alguém para casa, não é mesmo?

— Como se você não conhecesse a Sra. Jung — Hoseok bufou. — Ninguém entra ou sai da minha casa sem a permissão dela.

Taehyung assobiou baixinho e eu não pude deixar de rir daquela resposta.

As pessoas tinham a ideia de que o F4 era imbatível, poderosíssimo sob seu pedestal de poder e dinheiro. Por um lado, não era mentira. Por outro, tínhamos sim uma grande fraqueza: a Sra. Jung, mãe de Hoseok. Ela era tão fria que não me surpreenderia se comesse crianças órfãs no café da manhã.

— Você entendeu o que eu quis dizer — Tae levantou a sobrancelha. — Mas agora estou curioso. Para onde você vai para a sua mãe não te descobrir? Até onde eu sei, tem sempre uns quatro seguranças disfarçados te seguindo a comando dela.

— Pro Secret Hotel, é claro — ele deu de ombros. — Já foi lá? É um dos hotéis do seu pai.

— Ah, sim. Já ouvi meu pai falar sobre ele — riu. — Foi projetado para políticos e empresários pularem a cerca. Por isso aquele labirinto antes de chegar ao estacionamento.

— Labirinto? — perguntei.

— É que o caminho é rodeado por muros dos dois lados — deu de ombros.

— A estadia lá é uma das mais caras — Tae falou. — Por favor, continue com o bom trabalho e traga mais dinheiro para o meu bolso, hyung.

— Não gosto de hotéis — falei. — Quando levo alguém, tem sempre um estúpido que me reconhece e tira foto.

— É só pagar — Hoseok deu de ombros  — ou processar.

— Experimenta fazer isso sendo um idol — sugeri.

— E as meninas? Elas nunca espalham que ficaram com você, até onde eu sei.

— É só tomar cuidado para não tirarem foto e não ter como provar depois. Ninguém acredita.

— Tive que pagar uma pra ficar calada, uma vez — Hoseok contou. — Descobri que minha mãe conhecia a dela.

— Falando assim até parece que paga para dormirem com você — Taehyung comentou.

— Como se eu precisasse de dinheiro para ficar com alguém.

— Nunca se sabe — Tae riu. — Até porque ninguém na Coreia te conhece, não é mesmo?

— A culpa não é minha se eu nasci em um berço de ouro — ele deu de ombros.

— Não, Hoseok. Eu nasci num berço de ouro — Taehyung corrigiu. — Você nasceu numa ilha de marfim construída na medida certa para caber esse seu traseiro de bilionário.

— Vá com calma, Taehyungie — debochei. — Você sabe que ele já é esquentadinho, e agora depois de todo esse álcool que tomou nesse suco? Vai explodir.

Hoseok se levantou da poltrona, batendo palmas.

— É isso. Estou me retirando. Não sou nem obrigado a ficar aqui sendo provocado.

— Vai pagar pra gente te tratar bem? — estendi a mão para ele, como que esperando um pagamento.

— Sou mais caro que as suas garotas — Taehyung piscou o olho, sorrindo.

— Yah! Parem de me provocar! — apontou o indicador em nossa direção. — Fiquem sabendo que esse rostinho perfeito atrai muito mais garotas do que dinheiro.

— Depois de tantas plásticas, quem não atrairia?

Sem dúvidas, Taehyung conseguiu fazer seu hyung chegar ao limite. Ele tinha sorte por ser parte do F4, porque ninguém no universo ofenderia a belíssima face de Jung Hoseok e sairia impune.

Eu não fiz porra de plástica nenhuma! — fez uma pausa, controlando o tom de voz. — E você sabe disso. Pare de me provocar só porque está entediado.

Taehyung bocejou.

— Tudo bem, vou me controlar — suspirou. — Só faço isso porque eu tenho inveja do seu rosto perfeito.

— Compreensível — concordei. — Vou me cegar com tamanha beleza.

Hoseok fechou as mãos em punhos, puto de raiva.

— Vocês se juntaram para zombar de mim! Mas, tudo bem. Não me importo. No final do dia, quem tem esse rostinho sou eu e bisturi nenhum no mundo reproduz essa beleza natural.

— Vá em frente então, se está tão seguro de si — o provoquei ainda mais. — Escolha alguém que não saiba quem você é e tenta a sorte; a YG está cheia de estrangeiros, deve ter alguém por aqui que não te conheça. Vamos ver se o seu rostinho perfeito vai te servir pra alguma coisa.

— Você age como se eu precisasse provar isso para alguém.

— Eu não — me aconcheguei na poltrona, um sorriso maroto no rosto. — Você mesmo disse que não é obrigado a nada.

Hoseok respirou fundo.

— Não acredito que sou amigo de vocês.

— E com quem mais você iria andar, Hoseokie? — Taehyung perguntou. — Com os seus amigos imaginários? Acho que pelo menos eles não ligam pro seu dinheiro.

— Aposto que dizem que o seu suco é bebida alcóolica.

Antes que nós pudéssemos rir, percebemos o tamanho da merda que tínhamos feito.

Hoseok fez sinal para um garçom que passava perto da nossa mesa, pegando todos os cinco drinques que ele carregava na bandeja.

— Hoseok, não, espera — Taehyung repreendeu.

— Deixa ele, Tae — falei. — Já é bem grandinho para fazer o que quer.

— Me traga a bebida mais forte desse lugar — a voz de Hoseok chamou nossa atenção.

— As bebidas mais fortes não estão disponíveis no open bar, senhor — o garçom parecia surpreso, embora mantivesse a fachada profissional.

— Eu pago por fora.

— Não aceitamos dinheiro em espécie. Deseja colocar na conta de quem?

Hoseok apontou para mim, imediatamente.

— Pode colocar no nome do Min Yoongi.

Eu arqueei a sobrancelha.

— Hyung, não faça isso. Eu já o vi ficar insano com só uma taça de vinho — Tae falou, notavelmente preocupado. — E, com a Sra. Jung na Coreia, é melhor não arriscar nenhuma besteira.

— A culpa é de vocês — Hoseok deu de ombros. — Me provocaram, agora arquem com as consequências.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, o garçom se retirou.

— A sua mãe está na Coreia? — perguntei, sentindo um mal estar nascer no estômago.

— Não importa. Eu já tenho idade o suficiente para beber sem levar sermão.

— Mas e se você fizer alguma mancada em nível nacional? — Taehyung apontou. — Tudo bem se quiser beber, mas pelo menos vamos para um lugar com menos jornalistas.

Hoseok descartou a ideia com um balançar de mãos e, um por um, foi virando o líquido de todos os copos que estavam na mesa. Em pouco tempo, o garçom voltou, colocando uma garrafa de aparência sofisticada na nossa mesa.

— Um Bacardi agrada o senhor?

— Qual é a porcentagem de álcool? — Hoseok perguntou.

— 75% — respondeu, passando uma notinha para mim. — São 140 mil wons.

Virei-me para Taehyung, irritado.

— Você tinha que provocar ele, não é?! Agora vou ter que escutar outro sermão do YG por causa dessa compra.

— O YG é um santo perto do que vamos enfrentar; a Sra. Jung vai matar a gente. — Tae arregalou os olhos, observando o garçom servir um copo da bebida — Enlouqueceu, hyung? Você mal aguenta 15 gotas de dipirona, e agora vai beber isso?!

— Tem certeza de que ela está na Coreia? — tentei confirmar.

O garçom se retirou — o amaldiçoei por ter deixado a garrafa em cima da mesa. Hoseok analisou o conteúdo do copo. Taehyung me cutucou.

— Hyung, o impeça de fazer isso.

— E o que eu posso fazer? Tirar o copo dele? Vai piorar tudo.

Hoseok bebeu tudo de uma vez.

— Meu Deus... — Tae fechou os olhos. — Vai começar.

Hoseok bateu com a cabeça na mesa.

— Minha garganta dói — choramingou.

— Não se preocupe, não vai ser só a sua garganta que vai doer — falei —, mais tarde o seu estômago, seu fígado e sua cabeça vão estar ainda piores, então sugiro que pare por aqui.

Ignorando nossa existência, Hoseok pegou um copo que estava perto dele e o guiou até sua boca — era o meu uísque. Olhei para Taehyung, que tinha fechado os olhos e apoiado a cabeça nas mãos.

— Hyung, eu acho que você já bebeu o suficiente — Taehyung insistiu. — Eu e o Suga-hyung estamos de queixo caído.

— Ah, bobagem — vociferou. — Eu bebo mais três copos disso e ainda continuo em pé!

Taehyung me olhou desesperado.

— Estão duvidando? Chamem aquela garçonete gostosa e peçam outra garrafa!

— Mas foi um garçom que atendeu a gente, hyung.

De repente, Hoseok começou a subir na mesa — e quase caiu tentando ficar em pé. Quando finalmente conseguiu um pouco de equilíbrio e força nas pernas, ele apontou para nós, boquiabertos, e falou:

— Eu sou Jung Hoseok! Herdeiro do império Shinhwa e o maior pegador que esse lugar já viu!

— Hoseok, para de gritar, ninguém aqui é surdo — Taehyung implorou.

Algumas pessoas começaram a encarar nossa mesa, se assustando ao ver um herdeiro bilionário gritando feito o Tarzan e segurando um copo vazio. Só faltava ele bater no próprio peito.

— Taehyung, tira o Hoseok daqui — cobri meu rosto com a mão. — Eu não dou cinco minutos para que esse showzinho dele vire a matéria principal de algum site. Você sabe que, como nós estamos com ele, a culpa vai cair toda para o nosso lado e eu vou jogar ela toda em você.

Taehyung começou a puxar Hoseok — pelo braço ou pela roupa, já não fazia diferença. Porém, o seu hyung dificultava todas as suas tentativas, debatendo-se ridiculamente enquanto cantava Nega jeil jal laga.

— Anda, Hoseok, chega de palhaçada — se irritou. — Eu não quero que você caia daí, quebre o pescoço e morra.

— Você ouviu isso, Yoongi-hyung? Foi quase uma declaração de amor! Sempre soube que Tae tinha uma quedinha por mim... Ei, mas não precisa me tocar assim, Taehyung, tá louco? — afastou a mão do amigo com um tapa — Não tá vendo que eu tô curtindo a vibe?

— Sua mãe acabou de ligar  – blefei.

— Minha mãe?! — repetiu, aterrorizado. — O que ela disse?

— Ela disse que você estará encrencado se não descer daí.— Taehyung conseguiu derrubar Hoseok de cima da mesa com um puxão, quase tropeçando.

— Ela vai me matar — Hoseok falou, a voz embargada.

— Mas ela disse que vai te perdoar se você se comportar e fazer tudo que eu mandar.

Hoseok o encarou, pensativo.

— Por que eu sinto que estou sendo enganado?

— Juro que nunca vi ninguém ficar bêbado tão rápido — eu disse para Taehyung. — Ele vai ficar bem?

— Oh, ele tá preocupadinho comigo, Tae — Hoseok fez menção de apertar minhas bochechas, mas eu desviei. — Que fofo.

— Vou levar ele para comer e beber alguma coisa — Tae falou. — Não se preocupe, o metabolismo dele é muito acelerado. Da mesma maneira que veio rápido, passa rápido.

Enquanto os dois se afastavam, tentando não atrair ainda mais atenção, fiquei sozinho na mesa, encarando o que tinha restado dos copos e a garrafa de Bacardi que Taehyung escondera de Hoseok.

Eu já conseguia ouvir o sermão do YG, comparando-me com aquele seu novo rookie.

***

Não muito tempo depois que os dois saíram, o relógio digital do telão de LED do palco anunciou meia-noite e o — argh — rookie metido pegou o microfone e começou a falar sobre uma nova música e disse que a divulgaria naquele instante.

Eu virei o rosto para o lado contrário ao do palco, incomodado com aquela visão. Queria cobrir meus ouvidos para não escutar o barulho que viria em seguida, mas minha antipatia pra com o rookie ficaria muito óbvia para os outros convidados.

Revirei os olhos.

A música começou. Mas o som, logo de cara, não era tão ruim assim. Tinha uma pegada romântica, grudenta e nojenta — aquele tipo de música que garotinhas adorariam. Fiquei surpreso quando percebi que ele não estava fazendo rap, graças aos deuses, e sim cantando. Tive que admitir, muito a contragosto, que ele era até que aceitável nisso — pelo menos assim não ficaria desempregado quando eu voltasse ao meu topo.

Mas o que chamou a minha atenção mesmo, foi ouvir a voz de uma menina, logo depois do primeiro refrão.

         Era uma voz fraca, de início, como se a garota estivesse com medo de cantar; mas rapidamente sua a voz se estabilizou, em um tom doce e agradável, mas ainda sim forte e determinado. Quando me dei conta, eu já tinha voltado meus olhos para o palco, para ver quem era a dona da voz.

O que eu poderia fazer? Não era todo dia que eu encontrava alguém que pudesse me surpreender.

Eu precisava de algo bom, algo que finalmente me relaxasse. As coisas que estavam acontecendo comigo nos últimos dois meses, com certeza, não faziam parte das melhores surpresas que a vida havia me reservado.

Mas essa também não foi.

Assim que virei, notei que a garota que estava cantando era aquela trainee.

A nova dor de cabeça que eu, estupidamente, aceitei ter.

No meio de tantas perguntas que explodiam em meu subconsciente, a que mais se destacava era: como diabos uma trainee, que estava às beiras de uma demissão, havia conseguido permissão para cantar ao lado — era difícil, mas eu tinha que admitir — da maior estrela ascendente que a YG já teve desde mim?

O que diabos estava acontecendo com a minha empresa?

Inevitavelmente um sorriso se formou em meus lábios; havia algo errado e eu iria descobrir o que era.

E usaria cada informaçãozinha ao meu favor.


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Notas finais do capítulo

Se nada nos impedir, em dez dias sai o próximo capítulo ♥ Obrigada por lerem.