Connected | BTS Fanfic escrita por Choi Jinhee


Capítulo 10
"Proposta"


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi pessoas~~ Como estão?
O capítulo de hoje é pequenininho, mas foi feito com todo o cuidado e carinho do mundo. Espero que gostem *-*
Boa leitura!



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Pov. Yoongi.

 

 — Então... Você conseguiu. 

Folheei as cinco folhas, nas quais estavam as composições. A caligrafia pequena e arredondada se apresentava de maneira impecável no início, mas com o passar das páginas ficava cada vez mais puxada, urgente e frenética. Nos últimos versos da quinta música, as palavras se reduziam a rabiscos e a garranchos ilegíveis, como se tivessem sido feitos às pressas e finalizados nos cinco minutos antes do início da aula. Coisa que eu não duvidava que realmente tivesse acontecido. 

Só soube o que estava escrito naqueles últimos versos por causa do áudio que ela trouxe.

Um áudio. Além de escrever as cinco músicas, a trainee ainda conseguiu grava-las; em menos de um dia. Por mais que soubesse que a YG era capaz de ensinar qualquer um a trabalhar sob pressão, não pude deixar de me surpreender com a rapidez com que ela compora. Eu já tinha cinco em minhas mãos — praticamente um mini álbum — em menos de três dias. Pouco importa se eram boas ou não; preocupar-me-ia em adaptá-las ao meu gosto depois. 

Se consegui cinco com essa facilidade, o que me impediria de conseguir mais? 

— Não vou mentir, estou impressionado com o seu desempenho. — Franzi o cenho, em um sinal de surpresa. Ela simplesmente revirou os olhos e bocejou logo em seguida — Conseguiu dormir ontem à noite? 

— E faz diferença pra você? 

Mal humorada, como sempre. Preferi considerar aquilo como um não

— Pare de ser grossa. Não vê que estou tentando estabelecer uma boa  relação entre nós? Um sunbae não pode ficar preocupado com a sua dongsaeng? 

Pisquei e lancei um sorriso galante. Meu charme já havia conquistado muita gente, mas algo em meu subconsciente dizia que essa tática dificilmente funcionaria com Nami.

— Estabelecer uma boa relação? Além de cínico, ainda é um péssimo mentiroso. — Ela bufou — Você me recebeu com quatro pedras na mão, me chantageou só pra alimentar essa rivalidade ridícula que tem com Namjoon, me fez passar a droga do meu fim de semana inteiro sem dormir, escrevendo essas músicas, e agora diz que quer estabelecer uma boa relação e que se preocupa comigo?  

— Tenho um jeito bastante peculiar de demonstrar preocupação. 

Ela sorriu sarcasticamente e balançou a cabeça em negação. 

— Você só pode achar que eu sou idiota... 

— Às vezes eu gostaria que você fosse. Facilitaria muito as coisas pra mim. — me joguei na cadeira e comecei a analisar as letras mais atentamente. Era evidente que duvidava da origem delas. Estabeleci um prazo muito curto pra qualquer ser humano conseguir escrever algo decente;  então não ficaria surpreso se ela tivesse simplesmente copiado uns versos da internet e colocado nesses papéis. — Escuta, por que você não abusa da minha boa vontade e vai dar um volta? Tomar um ar, falar como seu namoradinho... 

— O nome dele é Namjoon e, pela centésima vez, nós não namoramos. 

—  Que seja. Vaza daqui e me deixa ler isto com calma. 

— Eu não vou sair. — falou, cruzando os braços no peito.

A atitude lembrou-me de quando a vi pela primeira vez: ansiosa, atrasada, teimosa e, mesmo que estivesse com a corda no pescoço, confiante. Ela fazia exatamente a mesma postura agora, e eu tive em mente que não seria tão fácil tirá-la da sala.

— Tem algumas coisas que eu quero saber — continuou. 

Suspirei, impaciente. Por que ela não poderia ser como os outros trainees, que baixavam a cabeça e faziam tudo o que ordenavam sem questionar?

— Desembucha. 

Ela mediu suas palavras antes de continuar: 

— Primeiro: você vai deixar RapMonster-oppa em paz? Foi o nosso trato, não foi? As minhas músicas pelo seu silêncio. 

— Se todas as cinco estiverem um lixo ou não forem da sua autoria, a resposta é não. Eu vou falar do mesmo jeito.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes, pensativa, mas logo prosseguiu: 

— Certo. Outra coisa: Qual o propósito disso tudo? 

Arqueei a sobrancelha. 

— O que quer dizer com isso? 

— Porque me pediu para compor as cinco músicas? 

— Foi um desafio — dei de ombros. — E, de certa forma, também uma avaliação. Estava curioso para saber se você conseguiria trabalhar sobre pressão e se é tão boa quanto dizem ser. 

— Você só queria saber se eu era boa? — ela hesitou antes de continuar, controlando o tom de voz. — Depois de ter alegado que só continuo na empresa por proteção de outra pessoa? Sinceramente, que tipo de orientador é você? 

— Um dos melhores que você provavelmente vai ter. Não duvide disto. 

— É claro — bufou. — Meu orientador é uma celebridade em decadência; não me admira que a minha situação esteja tão ruim. 

— Como ousa-

— Só estou falando o que eu escuto — levantou as mãos para o alto, defensivamente. — Você sabe disso muito mais do que eu. Ah, e a propósito — Nami estendeu a mão, como se estivesse pedindo algo. — Minhas músicas. Eu as quero de volta.

Apertei sua mão, sorrindo.

— Qual parte de "avaliação" não ficou clara pra você? As músicas ficarão comigo, para eu analisar o seu desempenho.

— E como as minhas músicas vão avaliar o tipo atriz que eu sou? – ela levantou a sobrancelha, chegando ao ponto. 

Um estalo veio à mente, enquanto eu praguejava silenciosamente por ter ignorado um detalhe tão importante: ela não estava mais treinando para ser cantora. Era completamente incoerente continuar mandando que ela compusesse músicas. 

Como pude ser tão descuidado? Fiquei tão fissurado em concretizar meus planos, que mal percebi o quão frágil eles são. Eu precisava de uma desculpa melhor. Pedir simplesmente por pedir era suspeito demais.

Eu não podia perder tempo, então  resolvi apostar em algo diferente. Para conseguir algo que quero, decidi oferecer, em troca, algo que ela queira muito.  E já tinha em mente o que poderia ser.

Eu só precisava ter cuidado com as palavras e torcer para nada dar errado. 

— Talvez você não esteja sendo avaliada somente como atriz – pensei enquanto falava, improvisando.

As suas expressões mudaram repentinamente; antes questionadora, agora estava confusa. Apreciei os resultados dessa rápida mudança; talvez minha nova estratégia desse certo.

— O que quer dizer com isso? 

— Eu quero dizer que... Veja bem, fofocas se espalham bem rapidamente na empresa. Não demorou muito para que eu soubesse que uma garota talentosa de um girlgroup promissor não iria mais debutar, mas também não seria demitida. E você sabe — todo mundo sabe — que a YG dificilmente abre mão uma mina de ouro sem explorá-la primeiro — Péssima analogia, Min Yoongi. — Então a empresa deixou você ficar, desde que encontrasse alguma coisa pra fazer. E resolveu atuar. Mas o seu objetivo principal continua sendo a música, estou certo?

— Como você sabe disso?

— Eu sei de tudo o que acontece nessa empresa.

— E você descobriu coisas sobre mim na intenção de...?

Notei o singelo relance de curiosidade que atravessou o seu olhar, enquanto esperava que eu prosseguisse. Era a hora perfeita para começar a mentir.

— Bem, as pessoas pensam que eu estou em decadência por não fazer comeback há praticamente um ano e meio. Mas, ao contrário do que você e o resto do mundo pensam, foi uma opção minha. Parei porque quis. Porque já ganhei, em quatro anos de carreira, todo o reconhecimento e o dinheiro que poderia desejar e porque já tenho toda a fama que queria ter — talvez, essa fosse a maior mentira que a minha boca já proferiu —. Mas a minha paixão pela música não acabou, assim como a sua. Eu queria largar a carreira de cantor e atuar como produtor musical, mas o todo poderoso YG não permitiu. Talvez porque sendo um idol, eu fature mais dinheiro para a empresa do que sendo apenas um simples produtor.

Nami lançou um olhar incrédulo quando eu disse que queria largar a carreira de cantor. Não a culpo, também não acreditaria.

— Não estou entendendo aonde você quer chegar e como isso tem a ver comigo.

— É simples. Quero propor uma parceria. Nós dois temos interesses em comum que têm um mesmo obstáculo: a empresa. Você quer cantar e ser reconhecida pelo seu talento, mas não tem experiência para saber lidar com a fama e com a mídia; eu conheço muito bem quais são os truques que fazem a imprensa sul-coreana comer na palma da mão de quem os usar, mas quero abandonar a fama por ora e viver apenas das minhas produções. A minha proposta é: posso fazer não somente com que você debute, mas também que o faça nos melhores lugares dos charts, se aceitar que eu seja o seu produtor e que promova as minhas composições. Além das suas, é claro.

Ela ficou alguns instantes em silêncio, sem esboçar nenhuma reação, provavelmente sem saber o que pensar. Eu realmente esperava que tivesse soado confiante e que aquela história toda tivesse sido no mínimo convincente.

— Isso não faz o menor sentido. Desde quando a fama não te agrada? Faça-me o favor, você é o Suga; adora ser o centro das atenções e sempre tem um holofote apontado para a sua cabeça. Por que, de repente, decidiu que não quer mais ser um idol? E por que raios, numa empresa lotada de trainees, você decidiu fazer essa “parceria” justo comigo?

— Porque não vou simplesmente escolher qualquer trainee para debutar. Você é mais experiente. Não é qualquer um que fica tanto tempo na empresa quanto você ficou. Além disso, eu já a vi cantando, sei do que é capaz. Não costumo elogiar as pessoas com frequência, mas devo admitir que a sua voz é razoável — ela bufou do meu elogio, então pensei que talvez devesse ter escolhido um adjetivo diferente —. Eu não escolheria alguém sem ter a certeza de que teria bons resultados. Você é uma excelente aposta, Nami. A YG está sendo burra por não perceber isso.

Sinceramente, a minha lábia nunca deixava de me impressionar. Por que não usei aquela estratégia desde a primeira vez? Ela estava sem reação, dividida entre acreditar ou não no que eu dizia. Mas os elogios excessivos talvez não fossem o suficiente para convencê-la. Duvido que ela tenha esquecido o quanto fui rude antes disso.

— Hm... Obrigada. Mas continua sem fazer o menor sentido.

Resisti ao instinto de revirar os olhos e responder grosseiramente. Se quisesse que ela acreditasse nesse teatrinho que estou fazendo, eu deveria, no mínimo, ser mais paciente.

— Você não parecia ter nenhuma intenção de me ajudar no dia em que nos conhecemos e nem na festa de Namjoon. Se esse era o seu objetivo desde o início, por que não me disse logo? E por que estava agindo de uma maneira tão podre?

— Estava tendo um dia ruim. Não tive a intenção de descontar em você – franzi o cenho, arrependido por não ter cogitado ser legal antes para isso tudo ser mais fácil agora —, acho que devo desculpas.

Nami não pareceu se convencer com a minha resposta, mas também não estava totalmente descrente. Ela sabia que ninguém mudaria da água para o vinho tão rapidamente e tinha razão para estar desconfiada. Eu precisava manter o papel de bom moço por algum tempo, até que ela comece a confiar em mim. Até aí, e somente aí, voltaria a pedir mais músicas. 

— Você sempre parece estar tendo dia ruim. 

— O meu mês tem sido ruim.

Assim como a minha vida, a minha carreira e a minha criatividade. É por isso que estou aqui desperdiçando o meu tempo e a minha paciência para tentar convencer uma trainee a trabalhar pra mim. 

Um silêncio desagradável se instalou no recinto, mas felizmente ela não demorou a quebrá-lo — eu ficaria surpreso se não o fizesse. 

— Então, eu não preciso mais ser atriz? Eu posso me dedicar inteiramente à minha carreira de cantora? 

Bingo! Ela está começando a acreditar. 

— Ainda não. — Era arriscado demais fazê-la parar de seguir o seu schedule. Se descobrirem que ela estaria faltando por minha causa, nós dois nos daríamos mal. — A YG não vai saber da nossa parceria, por enquanto. Até porque nunca permitiriam que isso acontecesse. É por isso que, além de se dedicar ao seu debut, você precisa seguir a sua rotina de atriz, para não levantar suspeitas.

— Está dizendo que vamos fazer tudo isso sem o consentimento da YG? Você perdeu a cabeça? Como vamos conseguir bancar um debut sozinhos? E se alguém descobrir, nós vamos ser demitidos na mesma hora! Talvez até nos processem!

— Esqueceu que eu sou milionário? Para de ser dramática, ninguém vai descobrir. É só você seguir a sua vida normalmente e fingir que essa conversa nunca aconteceu. Deixa o seu debut comigo, eu vou cuidar de tudo. 

Ela continuou em silêncio, aparentemente confusa, sem saber se deveria ou não acreditar. 

— Isso é muito confuso, muito estranho e muito arriscado. Não sei se vale a pena-

— Olha, eu só quero ajudar. Estou te oferecendo uma chance de ouro, que vai fazer você seguir a carreira dos seus sonhos. Vou te dar apoio e tudo mais. Só preciso que acredite em mim e concorde que eu seja seu produtor — Estendi a mão e arrisquei um sorriso. — Pode me dar esse voto de confiança? 

Ela sequer moveu ou arriscou abrir a boca. 

— Ah, qual é? Da última vez você me deixou no vácuo. Encare isso como um pedido de desculpas e um recomeço, ok? — Falei, a mão ainda estendida, torcendo ao máximo para que ela acreditasse na minha atuação. Depois dessa, eu era quem merecia estrear como ator. — E então? Parceiros? 

Ela ficou tentada a apertar a minha mão, mas não o fez. 

— Pode me dar um tempo para pensar? 

Paciência, Min Yoongi. Paciência. 

Suspirei, analisando suas feições. Talvez ela ficasse tentada a desistir caso pensasse demais. Mas não adiantaria nada pressioná-la agora; não era assim que se ganhava a confiança de alguém.

— Tudo bem. Faça o seguinte. — rasguei um pedaço qualquer de papel na mesa e escrevi o meu número. Era idiotice dar o meu telefone para uma alguém que mal conheço, mas entreguei mesmo assim. — Avise quando tiver uma resposta. 

— Avisarei. 

Meu sorriso se ampliou ainda mais. Finalmente as coisas estavam começando a entrar nos eixos. Ela não havia aceitado, mas eu estava quase certo de que iria, de que não desperdiçaria uma chance dessas. Embora a parte difícil já tivesse passado, eu teria que repensar a mentira com a maior cautela possível. Nami não se daria por convencida tão facilmente. Talvez seja mais seguro reservar um estúdio longe dos olhos da YG e subornar o seu manager para que ele não venha a atrapalhar meus planos. Mas isso eu resolveria depois. O importante, agora, era que eu estava vencendo a primeira parte desse desafio e não demoraria muito para que pudesse por em mãos as outras músicas que viriam.


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Notas finais do capítulo

E então, serumaninhos, gostaram?
Elogios, surtos, gritinhos e críticas são muito bem vindos! Não tenham vergonha de comentar, as autoras não mordem.
Beijos no core e até próximo capítulo!