Admirador secreto? escrita por Isa


Capítulo 15
Más decisões.




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Quando acordou, a primeira coisa que Tyler viu foi uma nova notificação de mensagem em seu celular. De início, acreditou que pudesse ser Dylan querendo falar com ele ou, talvez, Lydia, querendo conversar sobre o porquê de estarem – mais uma vez – tão distantes. Se fosse o caso, poderia aproveitar a deixa e conversar com ela com sinceridade, como fizera como o quase namorado. Por mais que ainda não estivesse 100% pronto para dizer adeus ao relacionamento com a garota, estava cansado de mentir e de enganá-la.

Entretanto, ao abrir seu aplicativo de mensagens, não se tratava de nenhum dos dois, mas de um número desconhecido, dizendo-lhe o seguinte:

“Bom dia, Ty. Espero que goste da surpresinha que preparei para você e o Dyl essa manhã.

Após ler isso, ele não hesitou em se apressar para ir para a escola, ansioso e preocupado. Durante o caminho, tentou pensar em outras coisas e, como era de se esperar, fracassou. “O que diabos significa essa mensagem?”

Enquanto atravessava o portão principal, se fazia um milhão de perguntas. Dentre elas: “Quem me mandou isso?”, “De que maldita surpresa essa pessoa está falando?”. Precisava de respostas! Com isso em mente, acelerou o passo.

Ao entrar, finalmente, vários olhares foram direcionados a ele. Seus batimentos estavam desregulados, suas mãos suavam frio... “Está tudo bem.” Tentava se convencer, mas no fundo sabia: não estava.

No rosto de alguns – “curiosamente”, entre estes estavam os mesmos homofóbicos que haviam atacado Dylan e Elliot, um tempo atrás –, conseguia identificar desdém, já outros, riam descaradamente. Havia também os incrédulos, que o encaravam com o cenho franzido e murmuravam coisas como “ainda não consigo acreditar”. Nesse momento, ele soube que eles sabiam.

Engoliu em seco e sentiu-se fraquejar, mas continuou andando, até avistar Nathaniel que conversava com Maritza. Assim que o amigo lhe viu, correu em sua direção:

— Ty! – ele exclamou. – Como você ‘tá?

— Eles sabem, não é? – apenas precisou confirmar.

— Sim. De tudo. – Nate fez questão de frisar. – Desde as cartas até o seu... Hm, affair?

— Como aconteceu? – quis saber.

— Bem... – ouviu Maritza, que se aproximava, dizer, acanhada. Tinha sua parcela de culpa naquilo e não se orgulhava. Como pudera ser tão ingênua em achar que sua irmã mostraria apenas para Dylan? – Eu gravei uma conversa minha com o Elliot para a Cami. Ela já sabia das mentiras dele e me prometeu que mostraria somente para o Dyl. Fui tão tola! Me perdoe, Ty, por favor...

— “Mentiras”? – Tyler questionou, antes de sequer cogitar se a perdoaria ou não. Precisava saber do que se tratava, antes.

— Aqui. – Nate entregou-lhe o celular, com os fones conectados. – A Camilla mandou isso para todos. Vem comigo. Vamos ‘pro o ginásio, para que possa escutar tudo em paz.

Ty assentiu, seguindo-o. Assim que lá chegaram, os três se sentaram nas arquibancadas e Tyler colocou os fones no ouvido e apertou “play”.

Elliot, nós precisamos conversar. — a voz de Mari foi a primeira que ouviu. A garota parecia determinada.— Sobre o Dylan.

Não quero falar sobre ele. Não depois do nosso término... — o asiático soou triste. Isso quase fez com que Ty se sentisse mal, contudo, logo se lembrou das tais “mentiras” que até o momento desconhecia.

Não perguntei se você quer. Eu disse que precisamos. — Mari foi curta e grossa. Ele surpreendeu. Nunca tinha visto nada parecido vindo dela. – Você precisa contar.

Elliot riu, irônico.

— Sério, Mari? De novo com isso?

Sim, Elliot, de novo! — ela brigou. – Ele está se sentindo mal por ter terminado com você, sabia? Por que pensa que você é o maldito admirador secreto, seu imbecil!

— O quê? – Tyler murmurou para se mesmo, incapaz de acreditar naquilo. Uma onda de raiva se formou em seu peito, mas se limitou a continuar ouvindo:

Qual é, Mari. Ele já me deu um pé na bunda! E agora, está aí, sendo a amante do Reymond. Por que eu preciso me arriscar a perder a amizade dele também? — Elliot rebateu, áspero. – Ele vai me odiar se souber.

Eles estão quase namorando! É óbvio que, em algum momento, ele irá descobrir que o Ty era seu admirador secreto. Que foi ele quem escreveu todas as declarações, que foi ele quem fez tudo aquilo. E aí sim, sabendo por outra pessoa, é que ele irá te odiar. — ela argumentou.

Sabe de uma coisa, Mari? Você pode contar se quiser. Eu não direi uma única palavra. Não vai mudar nada na minha vida. Pode falar, se quiser... — foi a última coisa que ouviu, antes de tirar os fones com raiva e devolver o celular ao melhor amigo.

— Que desgraçado! – exclamou, em um estado de fúria que, se Nate não o segurasse pelo pulso, teria de fato ido até onde Elliot estivesse e arrebentado a cara dele. – Eu não acredito isso! E a Camilla! Como ela pôde fazer isso comigo?

— Ela está magoada. Vocês sabem como ela é impulsiva quando... – Mari começou, mas o namorado a cortou.

— Sério que vai defendê-la? – Nate perguntou, perplexo.

— Não. Claro que não! – ela negou. – Eu só... Quis explicar.

— O que ela fez não tem explicação. – disse Tyler, se soltando de Nate e se levantando. Ouviu-o sussurrar para a namorada um “onde ele vai?” – Falar com ela! – respondeu, mesmo que a pergunta não tivesse sido feita à ele.

Logo se arrependeu. Voltar ao corredor o fez se sentir péssimo. Sempre que passavam por ele, alguns riam, outros esbarravam nele de propósito, com o intuito de empurrá-lo. E também, ouviu uma garota – não se recordava se o nome dela era Natalie ou Natasha – que estava em sua turma de Química fingir uma tosse e em meio disso dizer “bicha”, com escárnio.

Sempre soube que para ele as coisas seriam piores do que para Dylan. Por andar com Elliot, de quem todos sempre suspeitaram, o quase namorado já tinha certa “fama” e, por isso, quase ninguém dava a mínima, apenas os mais conservadores. Contudo, ele era um dos mais populares daquela escola – não que isso valesse de algo – e, acima disso, namorava Lydia, a garota que todos queriam e todas invejavam. Eram o casal perfeito. “Trocá-la” por outro cara seria um suicídio social e ainda não estava preparado emocionalmente para lidar com o preconceito.

Não queria nem pensar com como Lydia se sentia naquele momento. Ela era quem sairia mais machucada de toda aquela situação... Ser traída daquela maneira, após quase dois anos juntos... Tyler se sentia um imbecil. Não deveria ter sido tão egoísta. Deveria ter contado a ela e terminado a relação, antes que fosse tarde demais, como era, graças a Camilla.

E falando no diabo...

Dentre todos os rostos aleatórios comentando sobre sua recentemente descoberta homossexualidade – era bi, na verdade, mas ao que tudo indicava, a ideia de que alguém é capaz de gostar de garotos e garotas soava complicada demais ao ouvido de seus colegas – a avistou, gargalhando em meio a uma rodinha de pessoas.

— Camilla! – a chamou, se aproximando do “grupinho”, notavelmente irritado e, admitia, magoado. Ela se dizia sua amiga, como pudera expô-lo daquela maneira e, acima disso, rir ainda por cima.

— Ah, oi Ty. – ela acenou, dando um sorriso maldoso. – Recebeu minha mensagem?

Ao ver toda aquela crueldade e frieza vinda de uma pessoa que, supostamente, o amava e era sua amiga, fez com que derramasse a primeira lágrima.

— Eu tenho nojo de você! – soltou, em um estado de ódio tão grande, que sequer aguentava mais olhar para ela. Por isso, após dizê-lo, tratou de sair dali imediatamente.

Seguiu até seu armário e, ao abri-lo, fingiu que pegaria algum livro e aproveitou que seu rosto estava tampado para poder chorar livremente. Foi quando achou um pequeno bilhete, que havia sido deixado, também por um desconhecido. Tinha certeza de que dessa vez não se tratava de Camilla, no entanto, graças ao que estava escrito e, com isso, seu choro se intensificou ainda mais:

“Olá, bichinha.

Esperamos de todo coração que tenha se dado conta do que seus atos imundos e pecadores irão te causar daqui ‘pra frente.

É bom que pare com essa abominação e volte a ser macho, caso contrário, pode ter certeza que nós faremos da sua vida um inferno.”

***

Allison rumava pelos corredores, desesperada, em busca de sua melhor amiga. Sabia o quão humilhada ela devia estar se sentindo naquele momento. Se pelas costas já falavam mal, apostava fortemente que seriam incapazes de deixar passar a oportunidade de depreciá-la pessoalmente.

Naquele momento, não a procurava como a Alli apaixonada, que queria a todo custo resolver a situação entre elas e, agora que sabia que seus sentimentos eram recíprocos, conquistá-la de vez. Não. Era a Alli amiga. Queria apoiá-la, estar lá por ela e não permitir que ela desabasse. Lydia, por mais que não demonstrasse, era uma pessoa muito sensível. Ela estava, com certeza, se sentindo muito mal. Mesmo que estivessem passando por uma situação parecida com a dos rapazes...

***

Dylan adentrou o vestiário masculino, sabendo que lá encontraria seu ex melhor amigo. Enxergava vermelho. Não acreditava que Elliot havia mentido para ele daquela maneira, usado de uma estratégia tão suja para conquistá-lo!

— Você é um babaca! – berrou para o rapaz, que se assustou e virou para encará-lo. – Como conseguiu vir aqui hoje? Sério. No seu lugar, eu estaria em casa, bem longe de mim!

— Dyl... – murmurou, choroso.

— Não me venha com “Dyl”! – foi até ele e o empurrou. – Que tipo de amigo é você?

— O que queria que eu fizesse? – o asiático o empurrou de volta. – Eu te amo, seu idiota! E você nunca me notou. Nunca quis nada comigo... Era minha única chance.

Dylan revirou os olhos.

— Sério, Elliot? Vai se fazer de vítima ainda por cima?

Não pensando racionalmente, ele ergueu a mão, determinada a estapeá-lo, no entanto, o outro segurou seu braço, apertando seu pulso de maneira nada delicada.

— Chega! – Elliot vociferou, raivoso. – Depois, quando estiver mais calmo, conversamos.

— Eu não quero conversar. – disse, frio. – Na verdade, eu não quero nunca mais olhar na sua cara!

— Então o que veio fazer aqui? – o asiático retrucou, soltando-o.

Dylan permaneceu o encarando, em silêncio, por mais alguns minutos. Até que se cansou daquilo e foi embora, proferindo por meio de resmungos todos os xingamentos imagináveis e inimagináveis.

***

Lydia estava parada, dentro da sala de aula onde sabia que Tyler teria seu primeiro horário. Assim que ele a viu, ao ser o primeiro a chegar na classe, veio em sua direção, com expressão preocupada.

— L-Lyds, e-eu...  

— Está tudo bem. – ela falou, calma, surpreendendo-o. – Eu entendo o que você está passando.

Ty franziu o cenho.

— C-Como assim?

— Antes de tudo... – se aproximou para abraçá-lo e ele retribuiu, fechando os olhos, sentindo-se encher de paz. Saber que ela não o odiava, era um grande alívio. – Agora, tem uma coisa que eu preciso te contar. – se afastou. – Eu estou apaixonada pela Alli. Nós... Temos passado por algo parecido. E eu também te traí, Ty. Confesso que saber sobre você e o Dyl foi até um alívio, porque me sinto menos culpada.

Ele riu.

— Vocês estão juntas?

— Não. – ela mudou sua feição, para uma triste. – Eu sou covarde demais ‘pra isso.

Tyler deu um sorriso fraco. Deus! Como a entendia. Passaram alguns minutos em silêncio, pensando sobre suas próprias situações, até que, quase como se lessem a mente um do outro, perguntaram em uníssono:

— Será que podemos nos apaixonar de novo?

Riram.

— Então... – ela falou, acanhada. – A festa de ano novo está chegando. Talvez nós possamos tentar de novo.

Ty murmurinhou um “seria tão mais fácil” e ela assentiu.

— Eu acho que... Podemos sim. – ele concordou, pegando em seu bolso o bilhete que haviam posto em seu armário e entregando a ela. – Olha isso... E-Eu... Não ‘tô preparado ‘pra lidar com esse tipo de coisa.

— Somos dois, então. – disse ela, horrorizada, ao ler o que havia escrito naquele pequeno pedaço de papel. “Dois covardes” acabou completando mentalmente. – Então... Ainda estamos juntos?

Ele suspirou.

— É, eu acho que sim...


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