Entre feitiços, muito cocô, e um Borela. escrita por Lucas Stumpf


Capítulo 5
Stelfart




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A noite caiu rapidamente. Um lençol negro salpicado de estrelas cobria a escola, e os sussurros do vento repercutiam nas paredes adormecidas do castelo. Somente quando extingui-se o último vestígio do som de conversas, passos e risadas, Lucas e Pedro deixaram as masmorras e seguiram para o patamar do Grande Salão, onde haviam ficado de encontrar Gabriel e Ysadora. 

Lucas havia se apegado demais à curiosidade que envolvia o remetente da mensagem, e enquanto ele e Pedro subiam as escadas, ele teorizava várias coisas em sua mente. Seria um aluno ou um professor? Ou talvez um fantasma ou um Elfo Doméstico da cozinha... De qual casa era ou teria sido? E, a mais persistente de todas: seria uma armadilha? Embora as indagações chicoteassem seu cérebro, teria de se manter na agoniante ansiedade por um tempo. Pedro, Lucas notou, andava como se pisasse em gelo, e tentava controlar sua respiração naturalmente ruidosa. Provavelmente para não atrair a atenção de Filch, ou pior: de Pirraça. 

O hálito dos garotos cintilava à lunar luz  que invadia o corredor vazio pela janela de vidro. O passo dos dois ecoava e morria logo à frente, e o frio penetrava o fino tecido de suas roupas, arrancando-lhes tremedeiras e arrepios. As armaduras que ladeavam os corredores pareciam guardas fantasmagóricos, e Lucas sentia a inócua necessidade de fitar seu reflexo no aço de cada uma sempre que passavam. Lucas tentava imaginar o que se passava na cabeça de Pedro naquele momento. Será que estava desejando não ter saído da cama? Será que havia uma centelha de vontade dentro dele impulsionando-o a querer voltar, mas o medo de ser pego sozinho o obstava?

Assim que chegaram à porta do Grande Salão, os garotos se colocaram à frente da escadaria, e ficaram observando a escuridão, esperando verem um Hobbit e uma Gigante de Gelo descendo pelos degraus. Lucas e Pedro não ousavam conversar, uma vez que temiam serem apanhados, mas seus olhares se encontravam através dos feixes negro e cinza que cortavam o ar, e Lucas tinha absoluta certeza de que, assim como ele, Pedro estava suspeitando que os amigos não apareceriam. Somente naquele momento, Lucas passou a considerar o que iriam fazer caso Gabriel e Ysadora não viessem: iriam seguir sozinhos ou subir até a torre da Corvinal e chamá-los? Essa segunda opção tornara-se inviável assim que a lembrança do cheiro do Gabi voltou à suas narinas (o que apenas reforçava sua vontade de seguir em frente e se informar mais sobre essa tal cura). 

Passos suaves puderam ser ouvidos vindos do patamar superior. Assim que Lucas virou o pescoço, viu, por cima do ombro, Ysadora e Gabriel se desvencilhando das sombras, e estampando nos rostos suas costumeiras expressões: Gabriel com o rosto engessado e indiferente, e Ysadora com os grandes olhos tremeluzindo e as bochechas redondas se assemelhando à nuvens.  

—Demoraram. - comentou Pedro, impaciente.

—Culpa do Gabriel. - contou Ysadora.

—Estou morrendo de frio e sono - argumentou Gabriel. - Vim mais rápido do que normalmente faria.

Os quatro contornaram a escadaria e seguiram por outro corredor. As janelas que o ladeavam desenhavam retângulos prateados no chão e nas paredes, como plataformas pálidas sobre um abismo negro. Ysadora estava com a varinha em mãos, e Lucas percebia pela agitação dela, que a garota estava tremendo bastante... Se era de frio ou nervosismo, Lucas não soube dizer. 

—Lucas, o que nós vamos fazer se for armação de alguém que não vai com a sua cara? - Pedro quis saber, enquanto subiam uma estreita escada.

Lucas havia ponderado sobre isso pouco antes de deixarem a Sala Comunal da Sonserina. O que deveriam fazer dependeria muito da situação, é claro.

—Se for apenas um aluno do primeiro ano, nós enfrentamos. -respondeu ele, abrindo a porta de madeira para uma sala escura. -Se considerarmos que ele conheça todos nós e seja inteligente, talvez tenha previsto que viríamos nós quatro, e tenha chamado ajuda também. Se for um aluno muito avançado, usaremos isso: - Ele tirou uma bola negra das vestes, que só pôde ser vista por causa do reflexo da luz nos vidros.

—E o que é?

—Uma bomba de pó escurecedor. - disse Lucas, orgulhoso. - Se jogarmos isso no chão, toda a sala ficará coberta por uma névoa impenetrável, acho que será o bastante para fugirmos.

—Onde você conseguiu isso? - Pedro pareceu consideravelmente preocupado. 

Lucas tornou a guardar a esfera no casaco e respondeu:

—Eu comprei, ué. Mas não se preocupe, foi bem antes das aulas começarem e não tinha achado o momento certo para usá-la... Até agora. 

Após alguns minutos caminhando, os quatro chegaram à uma pequena e silenciosa sala. Troféus enfeitavam as vitrines, banhados pelo holofote da lua e intocados por qualquer tipo de sujeira. Havia vários tipos de condecorações, como Quadribol, " O aluno com as melhores notas da escola", e sem caridade nenhuma o mais imponente de todos: "Serviços Prestados à Escola".

Enquanto os outros três grudavam os rostos no vidro para lerem os nomes grafados nos prêmios, Lucas corria a visão pelos cantos, perguntando-se se alguém apareceria ali a qualquer momento. Ele olhou no relógio de prata, e os ponteiros marcavam "Doze horas e sete minutos". A raiva começou a subir-lhe. Pensou naquele momento que talvez não fosse uma armadilha, mas sim, apenas alguém que queria fazê-lo perder tempo ou ser apanhado. Quando estava prestes a se virar e recomendar que fossem embora, ele ouviu o ranger de uma porta, seguido de uma voz.

—Sabia que você traria esses três. - A voz estava evidentemente alterada com magia, e a silhueta que os garotos viam recortada contra a luz de fundo era baixa e esguia. - Mas não importa.

Lucas tirou a varinha do bolso, e, com a mão esquerda, segurava a bomba de fumaça.

—Quem é você? Por que não se identifica? - o garoto quis saber.

Houve um momento de silêncio.

—Porque não importa. -gemeu a sombra. - A única coisa que importa, é dar um fim, de uma vez por todas, à cagança de Gabriel Stumpf.

Lucas arqueou a sobrancelha. Deu alguns passos à frente, com a varinha em mãos, mas a silhueta recuou os mesmos tantos passos. 

—Normalmente não conversaríamos com alguém sem saber quem é, mas... - E se lembrou novamente das várias noites sem dormir por causa do cheiro de Gabi; as horas lavando as roupas (mesmo com magia) porque ficaram impregnadas com o odor dele; e as vezes que ficou sem comer porque Gabi estava logo ao seu lado. - ... Como parecemos ter um problema em comum... Tudo bem, então. Qual é sua solução para isso?

A sombra puxou o que Lucas deduziu ser uma varinha, e os outros três deviam ter chegado à mesma conclusão, uma vez que se colocaram em guarda, com as varinhas em frente ao rosto. A sombra fez um aceno delicado com a varinha - provavelmente muito mais delicado do que precisava ser, apenas para mostrar que não pretendia fazer mal -, e um pequeno cilindro de vidro se materializou no ar, flutuando e luzindo no centro da sala, entre os dois bruxos. Lucas notou que havia um líquido azul claro revolvendo-se ali dentro. 

—E o que é isso?

A sombra guardou a varinha, e permitiu aproximar-se.

—O nome dela é Stelfart. - respondeu a figura, e mesmo com a voz alterada, Lucas percebeu que nela havia uma certa excitação. - Um gole já é o bastante para fazer seu primo cagar no vaso sanitário.

Os quatro se entreolharam, sérios, compartilhando a mesma dúvida e desconfiança. Lucas se mantinha defensivo, mesmo aceitado manter a conversa, e continuava impermeável às tentativas de informalidade da sombra. 

—E onde a conseguiu? - dessa vez foi Pedro quem perguntou, como se lera a mente de Lucas. 

A sombra, no primeiro momento, pareceu que não pretendia responder, mas depois que um beliscão de vento fustigou a janela, veio a resposta: 

—Eu a fabriquei. Tive de extrair alguns ingredientes, é claro. Talvez o mais difícil tenha sido "sangue de meia-caipora". - Assim que Lucas enrugou o cenho, não entendendo o que a sombra quisera dizer, esta última acrescentou depressa: -São criaturas mágicas do Brasil... Se não tivesse enviado aquela falsa carta à Inês, chamando-a para lecionar em Hogwarts, talvez não tivesse conseguido produzir a poção.

—Então foi você! - exclamou Lucas. - E a Inês é meia-caipora? - Ele franziu o cenho e trocou novamente olhares com os amigos.

—Sim. Talvez a mais conhecida e menos inteligente delas... Mas isso não importa. Apenas coloque algumas gotas disso na bebida de seu primo... - a poção flutuou em direção á Lucas, que pegou-a com cuidado. - ...e ele não cagará mais nas calças, eu prometo.  

O garoto fitava o líquido dentro do frasco, e se perguntava se existia mesmo algo assim tão maravilhoso. Estava quase disposto a dar um total voto de confiança, apenas por causa da alegria que invadiu-o. 

—Mas por que você mesmo não coloca? - Ysadora se manifestou pela primeira vez.

—Não tenho tanto contato com o Stumpf. - a silhueta respondeu tão imediatamente, que Lucas pensou que esperava por essa pergunta.

—E por que está nos ajudando, mesmo? - Pedro estava mais alerta que Lucas.

—Ora, por que o cheiro dele consegue ser pior que o beijo de trezentos dementadores.- A sombra respondeu, com naturalidade. 

E, sem dar margem para mais perguntas, saiu deslizando da sala e trancou a porta.

Os garotos  não tentaram ir atrás, mas voltaram para os dormitórios, tão silenciosamente quanto vieram, e isso queria dizer "sem debates sobre quem era aquela pessoa". Lucas não pôde deixar de ficar curioso, é claro, mas sinceramente, não pretendia ficar pensando sobre isso ou investigar. Em casos normais, o faria indubitavelmente, mas tinha de admitir que o simples fato de segurar algo que teoricamente ajudaria Gabi a parar de se cagar, atenuava sua curiosidade.

Ele deixou o frasco ao lado de sua cama, e tentou resgatar os últimos fios de sono que lhe restavam, no intuito de conseguir dormir mais um pouco; mas, é claro que a mescla de ansiedade em fazer Gabi cagar decentemente, com a preocupação de alguém apanhar a poção, mostraram-se poderosos empecilhos. 

Com os olhos fechados, ele mergulhava em mais dúvidas sobre tudo aquilo. Deveria mesmo confiar em alguém que, não só acabara de "conhecer", como sequer se identificara? Será que essa poção era realmente inofensiva? Apesar da inexplicável empatia que sentira pela sombra, não havia nada que respondesse suas dúvidas. Talvez a melhor opção fosse ir à biblioteca e procurar alguma coisa sobre essa tal Stelfart, e possivelmente pedir para alguém não tão importante e tampouco significante experimentá-la antes do Gabi. 

O dia amanheceu cálido e silencioso. Lucas somente levantou quando Pedro o chacoalhou violentamente na cama, pois o sono o envolvera com demasiada intensidade assim que se agarrou á ele. O garoto pegou o frasco da Stelfart e o escondeu no bolso das vestes pouco antes de descerem. O Salão Principal estava aquecido e ensolarado. As nuvens cinzentas aparentemente haviam desistido de assolar o castelo.

Ao entrar, Lucas não conseguiu ver Gabi em lugar algum; provavelmente escondendo-se, sem mencionar que não aparecera na aula anterior de DCAT. Lucas notu que Flitwick estava de volta à mesa dos professores, mostrando os enfaixes de seus braços e contando alguma coisa que o garoto não conseguiu ouvir. Ele e Pedro se sentaram à mesa da Sonserina, onde alguns colegas os olhavam de esguelha e cochichavam coisas nos ouvidos uns dos outros.

—O que aconteceu? - Lucas perguntou á Pedro.

—Você falou enquanto dormia. - respondeu o amigo, servindo algumas panquecas em seu prato.

—É?... - Lucas olhava distraidamente para os colegas. - E o que eu disse?

Pedro chacoalhou um jornal à frente de seu rosto, ajeitou os óculos e respondeu naturalmente, como se estivesse lendo algo:

—"Não.. Não, eu não quero te comer com o dedo... Não...". Ficou repetindo isso a noite inteira. 

Lucas levantou as sobrancelhas, e Pedro completou: 

—Tive que sair do quarto. Dormi com a madame No-r-r-ra. Ele é legal. - Ele bebericou o suco. - Pelo menos não se caga.

Gabriel e Ysadora irromperam no salão, e sentaram-se junto de Lucas e Pedro. O "bom dia" de Gabriel foi um gemido seco coroado com olhares armados de olheiras, enquanto Ysadora foi ignorada por todos quando tentou deixar as palavras saírem de sua boca. Lucas apertava o volume do frasco contra o tecido do manto da Sonserina, pensando no que fazer em seguida.

—Acho que vou até a biblioteca. - disse ele, descendo do banco.

—Ei! - chamou Gabriel, enrugando a testa. - Vai fazer o que lá?

—Vou pesquisar uma coisa. Não se preocupem, não vou demorar muito.

—A próxima aula é "Transfiguração". - informou Ysadora, com nuances de alerta na voz.

—Eu sei. Chegarei a tempo. 

Lucas se lembrava do caminho até a biblioteca, mas o maior problema seria evitar que algum professor o abordasse, uma vez que não tinham uma boa imagem dele. Enquanto deixava seus pés agirem por conta própria, fitava o nada, absorto em pensamentos, como "Em quem eu poderia testar isso? Na Ysadora? Não... Ela sabe da existência da poção, então não daria certo. Bem, qualquer um deve servir. Não importa o que aconteça com ele desde que eu obtenha resultados... Já sei".

A biblioteca parecia um santuário antigo de tão calma e limpa. Um agradável silêncio cobria a atmosfera, pontuado suavemente pelo som do folear de páginas, e tosses abafadas. As altas prateleiras junto às paredes estavam tão apinhadas de livros que parecia impossível tirar qualquer um de lá. Alguns alunos liam em voz baixa, sentados em mesas no centro, e quatro funcionários caminhavam por um corredor negro e sombreado ao fundo, guarnecendo um portão de ferro onde uma plaquinha de ferro dizia "Seção Restrita - Apenas professores e funcionários".

O garoto apanhou o exemplar de "Poções muy potentes" em uma das estantes e sentou-se em uma mesinha envernizada num canto ao lado de uma janela pequena, onde a moldura de cortinas azuis estacava a luz do sol, liberando um calor agradável no ar, ao mesmo tempo que produzia claridade o suficiente para que Lucas conseguisse ler sem muito esforço. Lucas passava as páginas grossas apressadamente, fixando o olhar em todos os nomes iniciados com "S" do livro. 

Não encontrara nada. Olhou em seu relógio, e viu que faltavam vinte minutos para o sinal tocar, então apressou-se para pegar o livro "Um guia de elixires ao redor do século", e não perdeu tempo em estudá-lo. Tentava não parecer muito apressado ou desesperado, para não atrair a atenção dos funcionários da biblioteca. Finalmente, mais especificamente na página setecentos e setenta, Lucas encontrara três parágrafos que descreviam a "Stelfart".

Desenvolvida em 900 A.C pelo pesquisador Silas Druen, a poção Stelfart, a princípio, possui propriedades capazes de controlar o anel do ânus do consumidor, impedindo que o mesmo defeque nas calças. Apenas uma dose, garante absoluto  enrijecimento do ânus e domínio sobre o intestino, não sendo mais necessário enfiar três dedos nas calças para verificar a complexidade do ato.

CUIDADO: Se ingerida em excesso, Stelfart pode adquirir efeito contrário, provocando salvas de diarreias explosivas sem previsão de término. Caso isso ocorra, é essencial a consulta com um bruxo altamente versado em antídotos ou feitiços curativos. Beba sobre consulta mágica especializada.

Ingredientes:

—Cinco fios de cabelo de uma careca

—Lascas de dentes de um desdentado

—Doze gramas de Seiva de Lincus

—Sangue de meia-Caipora.

—Misture até atingir o tom esverdeado, depois acrescente vômito de um zumbi, e ferva em 50 graus por quatro horas até ficar azul-claro.

Após absorver tudo, Lucas devolveu os livros sorrateiramente às prateleiras, e saiu á passos tão leves que sequer ouviu-os. Ele descia os degraus como se deslizasse sobre eles, e checou seu relógio novamente. Faltavam doze minutos. De volta ao Salão Principal, parou ao portal como uma imagem de pedra, e fitando cada rosto com atenção, até encontrar aquele. 

João Borela estava sentado à mesa da Grifinória, conversando sobre coisas tão insignificantes que não valem a pena descrever aqui. Lucas sentou-se afobadamente ao seu lado, empurrando-o um pouco, e arrancando olhares esbugalhados dos outros grifinórios, que obviamente não estavam acostumados a terem um sonserino junto deles.

—Eai, Borela. - disse Lucas, informalmente. - Eu soube que você está interessado na Ysadora, né? 

João corou e pareceu engolir a própria saliva.

—Hum... É, é sim. - E ele olhou por cima do ombro de Lucas, em direção à mesa da Sonserina.

Lucas tirou o frasco das vestes, e o vidro soltou faíscas pálidas ao entrar em contato com a luz do sol. 

—Eu, o Gabriel e o Pedro queremos que era desencalhe também - mentiu ele. - Então eu fiz essa poção... - e começou a despejar um pouco no suco de Borela. - Se você beber e for falar com ela, ela vai sentir uma forte atração por você, então é só... - Só naquele momento ele percebeu que estava falando tudo depressa demais. Balançou a cabeça e guardou o frasco no casaco. -Entendeu?

Borela fitava o suco alterado com os olhos cintilando, como se estivesse diante de um tesouro de valor inexaurível.

—Acho melhor não, João. - aconselhou um grifinório de cabelos negros. - Eu não aceitaria nada que vem de um sonserino, além diso... Você é tão feio que mesmo com uma poção, a menina não vai querer você.

—Cala a boca! - Borela estava ainda mais vermelho.

—É, cara. - disse Lucas. - Só porque você é abissalmente imbecil fracassado e horrível, a ponto de nenhuma garota sequer sonhar em peidar pensando em você, não quer dizer que ele não possa tentar a Ysa. - ele deferiu um olhar encorajador á Borela. - Vai em frente.

João Borela levantou a taça, e a levou aos lábios. Com um olhar confiante e boca mole como se segurasse uma risada embriagada, ele disparou em direção à Ysadora, e Lucas foi ao seu encalço, mordendo o lábio inferior. 

—Ysa... - começou Borela, passando a mão nos cabelos encaracolados e ficando ainda mais vermelho. Seus olhos não estavam mais confiantes, mas sim, cintilavam, como uma criança que vê um presente - Você quer...

Mas Borela nunca terminara a frase. No instante seguinte, estava se contorcendo no chão, enquanto apertava os fundilhos e sons de pum repercutiam tão alto quanto seus gritos.

—AHHHHH MINHA NOSSA SENHORA DAS LOLIS!!!! - Berrava ele desesperadamente. Vários alunos se aproximaram rapidamente, fazendo de tudo para conseguirem ver alguma coisa.

Borela abaixou as calças, e de suas nádegas peludas irrompiam jatos marrons aguados que se chocavam contra as mesas e os bancos, e arrastavam o garoto pelo chão lustrado, como um propulsor. 

—AHHHH EU VOU VIRAR DO AVESSO!!! - Ele clamava por ajuda, agarrando as pernas dos alunos que tentavam fugir desesperados do salão. 

Professor Flitwick correra para perto da cena. Com a varinha em mãos tentava abrir caminho por entre a floresta de alunos, e quando conseguiu se desvencilhar completamente fora atingido no peito por um dos jatos de Borela, que o fez piruetar no ar.

—PEPINOS DE KALAMAZOO! - Gritou o professor enquanto voava contra a janela e se espatifava no vidro temperado. 

Borela conseguiu se levantar, e com as calças nos tornozelos e cascatas marrons fluindo por entre as pernas batatudas, deixou o Grande Salão. Seus gritos podiam ser ouvidos do outro lado, ao mesmo tempo que um fedor impregnava o ar e alguns alunos vomitavam ao fitar o próprio reflexo na água marrom e "granulada" de Borela.


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