Em uma manhã chuvosa, o despertador toca em um quarto tomado pela escuridão. Uma mão faz um "clique" para que o barulho cesse. Lentamente, uma garota de cabelos marrons e compridos se levanta e senta-se na cama. Ela alonga os braços e logo se levanta, dando visão a seu pijama azulado. A garota caminha em direção à janela e abre as cortinas do quarto, avistando uma chuva torrencial e os raios que caiam sob os prédios de sua cidade.

—Eu já fiz o café -gritou uma voz feminina da cozinha, atraindo a atenção da morena para fora do quarto.

—Bom dia.

—Bom dia -respondeu uma garota de cabelos longos e loiros.- Pela sua cara, vejo que trabalhou duro ontem à noite, Tenten.

—Nem me fale, Ino -disse a garota sentando-se na cadeira.- Você trabalha hoje?

—E quando é que eu não trabalho? -disse a loira sorrindo.

—Obrigada por fazer o café, estou tão cansada que não conseguiria nem ascender o fogão.

—Sem problema. Hoje será seu último caso?

—Sim e terei minhas tão esperadas férias -disse Tenten sorridente, olhando para o corredor, atraída por um latido.- Panda! -falou pegando um cachorrinho nos braços, que logo lambeu sua cara.

—Não deixa ele lamber seu rosto -disse Ino passando manteiga no pão.

—É o jeito dele de dizer que me ama.

—É o jeito dele de passar germes pra você.

—Não ouça a moça má, Panda, mamãe também te ama.

—Você precisa de um namorado urgentemente.

—Por quê? Só porque eu amo o Panda? Eu amarei essa fofura pra sempre com ou sem um namorado.

—Qual é? Você já tem dezoito anos e nunca namorou ninguém. Também, passa o dia trabalhando e o restante cuidando desse cachorro.

—Por que é que eu sou obrigada a ter um namorado? Só porque as pessoas acham isso normal?

—Tá bom, desculpa, esqueci que não se pode mexer com o seu bebê. Já se enturmou melhor no trabalho?

—Não.

—Vamos lá, você tem que tentar ser aceita.

—Eu não tenho nada. Se eles tiverem que gostar de mim, que seja pelo o que eu sou. Não vou fingir ser outra pessoa só para agradar os outros.

—Você que sabe... Nossa, já vai dar sete horas, vou chegar atrasada no trabalho -disse a loira se levantando e correndo para a porta.- Te vejo no jantar, beijo.

—Beijo, leva o guarda-chuva!

—Pode deixar.

—Mamãe vai trabalhar agora, te vejo mais tarde -disse dando um beijo no cachorro e pondo-o de volta no chão.

Tenten saiu do apartamento 13 e desceu três lances de escada até chegar ao térreo. De lá, saiu e caminhou, debaixo de uma capa de chuva, até a parada de ônibus.

Poucos minutos depois, a garota chega à seu destino. Entra no local cheio de pessoas e tira sua capa encharcada de água e pendura-a em um cabide na portaria.

—Detetive Mitsashi, que dia hein? -disse um homem aparecendo atrás da garota.

—O céu está desabando sobre as nossas cabeças, diretor Guy. As coisas aqui parecem estar um pouco fora de controle -disse ao perceber a confusão que se instalava na delegacia.

—Dia de chuva forte sempre trás problemas. Acidentes de carros, roubos, árvores caídas pela cidade... enfim, não será mais seu problema. Finalmente tirará suas merecidas férias.

—Mal posso esperar.

—Então, já fez alguém chorar hoje? -perguntou à garota enquanto ambos caminhavam pelo corredor da delegacia.

—Não, mas tenha calma, ainda são sete da manhã e eu acabei de chegar aqui.

—Você bem que podia tentar ser um pouco mais amável com a sua equipe.

—Essa não é uma qualidade que eu possuo. Então, eu queria perguntar ao senhor sobre o caso que tivemos na semana passada...

—Todo mundo para o chão ou eu mato essa mulher -gritou um homem armado na porta da delegacia, apontando um revólver para uma senhora.

—Mas o que... -disse Guy.

—Esse idiota vem armado para dentro de uma delegacia? -disse Tenten.

—Vamos manter a calma, senhor -falou Guy se aproximando do homem.- Deixe essa senhora ir.

—Para trás -gritou o homem histérico.

—Tudo bem. Por que não conversamos? Me diga o seu nome e o porquê de está fazendo isso. Talvez possamos resolver pacificamente essa situação.

—Não tente ser meu amigo. Saia daqui -ordenou para a senhora, que logo correu e depois o homem apontou a arma para a sua própria cabeça.

—Não precisa fazer isso -disse Guy se aproximando vagarosamente do homem.

—Não se aproxime de mim! Eu não sou nada, ninguém sofrerá com a minha perda.

—Aposto que a moça da limpeza vai quando ver a bagunça do seu sangue espalhado pela sala toda -disse Tenten calmamente.

—Tenten -advertiu Guy.

—Eu faço tudo errado mesmo -disse o homem se desmanchando em lágrimas.- Vou fazer um favor a todos e colocar duas balas na minha cabeça!

—Por quê? Pretende errar o primeiro tiro? -falou Tenten.

—O que você quer de mim... -gritou o homem, mas sem terminar, pois Guy pulou em cima dele e tirou a arma de seu poder.

—Um belo jeito de começar um dia, não? -falou Tenten seguindo no corredor enquanto Guy algemava o homem.

Tenten caminhou pelo corredor até chegar em sua sala, aonde tinham duas pessoas conversando.

—Eu acho ela meio esquisita, você não acha? -disse um rapaz de sobrancelhas grossas.

—Talvez... -falou uma moça de cabelos rosados quando percebeu que Tenten estava na sala.

—Não precisam parar só porque eu cheguei -disse Tenten colocando sua bolsa sobre a mesa.- Adoro fofoca, fico sabendo coisas sobre mim que nem eu mesma sabia.

—Não estávamos falando de você -disse o detetive de cabelo de cuia rapidamente.

—Pessoal, chegou um caso para vocês -disse Shizune, a secretária.

—Sobre o quê? -perguntou Tenten enquanto procurava por alguns papéis em sua mesa.

—Um caso peculiar. Um assassinato.

—Onde?

—Aqui na cidade mesmo. Na mansão dos Hyuga.

—E o que tem de tão peculiar no assassinato?

—Bom, depois de morto, a vítima teve um corte profundo na testa, de uma ponta à outra. O diretor quer que vocês resolvam isso imediatamente porque os Hyuga são uma família influente nessa cidade e a vítima era membro da casa principal.

—Casa principal? -indagou Tenten sem entender direito.

—Explico pra você no carro -disse o sobrancelhudo pegando seu casaco e caminhando junto aos outros para a saída.