Carpe Diem (Antiga) escrita por Mymi


Capítulo 42
Saudades? Não


Notas iniciais do capítulo

Depois de 1597 anos eu escrevo capítulo novo... É, tô meio atrasada, mas a vida não tá fácil.
Espero que gostem desse capítulo e eu prometo que vou tentar postar com mais frequência, eu já preparei o plot dos próximos capítulos e de uma coisa eu sei... Tem muitas coisas vindo por aí.



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Por León

Ela acordou no susto sentando de imediato na cama. Sua respiração estava acelerada e as lágrimas não paravam de descer, com o que quer que ela tenha sonhado a deixou apavorada. Ela abraçou os joelhos e encarou um ponto cego no quarto.

León: Ei, foi só um sonho – sentei na frente dela a fazendo olhar para mim – Está tudo bem? – ela negou, acariciei o seu rosto afastando as lágrimas – Se depender de mim vai ficar tudo bem.

A puxei para um abraço e ela afundou o rosto no meu peito e o seu choro aumentou. Ficamos ali abraçados por um bom tempo, até que eu deitei na cama e ela deitou apoiando a cabeça no meu peito. Depois de algum tempo seus soluços foram parando e as lágrimas cessando. Acariciei o cabelo dela enquanto a mesmo cochava os olhos vermelhos.

León: Você está melhor? – ela não me respondeu – Foi só um sonho ruim Vilu...

Violetta: Não foi um sonho.

León: Você estava cansada e tem muita coisa acontecendo e isso atrapalhou o seu sono... Isso é minha camisa? – falei prestando atenção no que ela estava vestindo. Uma das minhas camisetas... Tudo bem, não pensa besteira León...

Violetta: Eu podia sentir tudo o que ele sentiam – ela falou como se estivesse um pouco longe, sua voz estava baixa e rouca.

León: Ele quem? – ela olhou para mim antes de falar e logo desviou para outro ponto cego.

Violetta: Lúpus.

León: Oh... Droga...

Por Violetta

Não era nada nítido, mas eu vi... Eu vi a destruição de Lúpus, senti o seu ressentimento quando o seu bando o traiu, e o pior de tudo foi sentir a sua morte, sentir o seu corpo virar cinzas e por um momento me perguntar se aquele será o meu final. Os flashes das imagens repassavam na minha mente sem parar, me sufocando cada vez mais.

León: Violetta... O que você viu?

Eu me afastei dele e sentei na cama, as imagens voltavam a todo momento. O cheiro de pele queimando tomava conta do ambiente a minha volta, a dor, o pulmão ardendo por causa da fumaça...

León: Vilu! Ei, olha para mim – ele se colocou na minha frente e segurou meu rosto em volta das suas mãos – Vai ficar tudo bem, okay?

Violetta: Eu tô com medo – e pela primeira vez eu vi ele abandonar a pose de durão, os seus olhos conectados ao meu refletiam tudo o que eu estava sentindo... Tudo o que todos ali naquele apartamento estavam sentindo, Medo.

León: Eu não vou deixar nada acontecer com você, esses lobos terão que passar por cima de mim para chegar até você. Eu sou o seu guardião, e se for preciso eu irei morrer para que você fique em segurança.

Ele me puxou para perto me abraçando, afundei o meu rosto na curva do pescoço dele e deixei que o cheiro emadeirado substituísse o cheiro de pele queimando.

León: Eu sou o seu guardião – ele sussurrou...

Por Camila

Quando eu acordei o Broduey ainda estava em um sono pesado, então tomei um banho, troquei de roupa e cuidei dos ferimentos que ainda não tinham cicatrizados. A manhã estava bonita, o céu nublado passava a impressão de que já estava escurecendo quando na verdade não passava das 8 da manhã. Nunca pensei que acordaria tão cedo, mas parece que as pessoas surpreende, e uma delas com certeza é o senhor León. Confesso que a minha mente bugou um pouco quando eu sai do quarto e o encontrei parado na última porta do corredor olhando a Vilu dormir.

Camila: Okay, vou fingir que isso não está acontecendo – falei parando do lado dele e também olhando a Vilu – Mas o que foi que aconteceu?

León: Ela está tendo algumas lembranças de Lúpus.

Camila: Isso não é bom.

León: Não, nós temos que começar a agir – ele finalmente desviou o olhar dela para mim e então entendi tudo.

Camila: Nós não vamos deixar que nada a aconteça – ele concordou com a cabeça e voltou a olha-la – Bom, já que eu acordei cedo eu vou fazer o café, pra que lado é a cozinha?... Deixa pra lá, já senti o cheiro do Macarrão ao Molho Branco do Dih, espero que vocês tenham guardado um pouco para mim.

León: Você sabe como aqueles dois são, comem até desmaiar – ele deu um meio sorriso.

Segui em direção oposta do corredor seguindo aquele cheiro incrível, mas antes parei para olhar pro León.

Camila: León – ele olhou para mim – Oprimir os seus sentimentos não é bom, machuca tanto você como ela...

Por Diego

Tudo bem, ser acordado com uma Camila gritando no pé do seu ouvido não estava nos meus planos.

Camila: ACHO BOM TEREM GUARDADO MACARRÃO PARA MIM!!!

A Fran deu um pulo do sofá-cama assim como eu e ela logo estava estapeando a Cami.

Francesca: Ninguém acorda nenhum ser humano assim!! – ela falou enquanto a Cami corria.

Camila: Também te amo!

....

A manhã passou rápido, logo o Broduey acordou e o León resolveu aparecer, de acordo com ele a Vilu não tinha dormido muito bem e agora ela estava tendo acesso as memórias de Lúpus. León depois de tomar café foi para o escritório e eu fui OBRIGADO a fazer macarrão ao molho branco pela Camila. Aquela ruiva as vezes me assusta.

Broduey: Você sente falta de lá?

Diego: Do bando? – ele estava parado olhando a Fran e a Cami conversarem na sacada – Não.

Broduey: Foi o que eu imaginei.

Diego: Acho que a questão é que mesmo sendo perseguido pelo bando e tudo mais, isso é o mais perto de uma vida normal que nós teremos – ele apenas continuou olhando para a sacada e eu joguei o restante da cebola na panela – E você? Sente falta? Tipo, você perdeu o seu posto para o Sam e tecnicamente se voltarmos para o bando as suas consequências serão mais severas.

Broduey: Sam é um traidor, e as consequências é o que menos importa. Eu não sinto falta daquele lugar, um mundo onde eu e a garota que eu amo não podemos ficar juntos. Então eu prefiro ficar por aqui mesmo, quase sendo morto todos os dias, mas pelo menos estou com ela e tenho bons amigos.

Diego: Lembro de quando eu e a Fran éramos pequenos e falávamos sobre fugir e conhecer várias cidades, só que antes iriamos passar no Polo Norte e perguntar se o Papai Noel precisava de ajuda de dois lobos para entregar os presentes – foi inevitável não rir.

Broduey: Pelo menos vocês conheceram o mito sobre o Papai Noel, eu vim descobrir quem ele é no ano passado quando fomos ao Shopping.

Diego: Na verdade teve um dia que eu fugi, e era natal e tudo mais e eu escutei algumas crianças conversando sobre a chegada do Papai Noel e sobre o presente feito pelos elfos no Polo Norte. Quando voltei para a vila eu contei para a Fran.

Broduey: Vocês dois eram uma dupla de pestinhas, não era?

Diego: Você nem imagina.

 

Flashback On* (Narrado em Terceira pessoa)

Francesca: Eu disse que não era uma boa ideia!

No meio do campo coberto pela neve branca duas crianças com aproximadamente seis anos corriam como se suas vidas dependessem daquilo. Uma bola, um chute, uma janela quebrada... Isso poderia até parecer normal para algumas pessoas, mas na vila regrada em que eles moravam, aquilo era algo sério.

Francesca: A mamãe vai me matar – a menina falou com sua voz chorosa.

Diego: Não se preocupa Fran, nós já aprontamos coisas piores, eles não vão nem se importar.

Os dois desaceleraram quando perceberam que estavam correndo do vento, mas não demoraria muito para as pessoas ligarem aquela janela quebrada à dupla dinâmica.

Francesca: Eles vão nos matar – a menina começou a andar de um lado para o outro marcando a neve branca, seu cabelo preto liso caia sobre os olhos a todo momento levando a menina ficar passando a mão no rosto.

Diego: Não foi nada de mais, lembra quando a gente colocou cola no chá do Sam? – o garoto começou a rir – Foi épico – a sua cara de travesso sempre exibia um sorriso, e quando o garoto ficava sério, acredite, era por quer as coisas tinham se complicado.

Francesca: Era a janela da casa de um dos puros, Diego! – o sorriso do garoto logo se desfez.

Diego: Corre, Francesca! Vamos pro Polo Norte, talvez lá o Papai Noel nos proteja!

Os dois estavam prontos para correr quando deram de cara com dois grandalhões que já olhavam com pesar para as crianças.

Heitor: Quando é que vocês dois vão parar Francesca e Diego? – ele falou com calma. Heitor, um dos seguranças do puros, já era acostumado a lidar com as travessuras dos dois amigos.

Diego: Foi sem querer Sr. Heitor, eu juro!

Heitor: Eu sinto muito crianças.

Os dois praticamente foram arrastados até a área das casas dos puros. Eles foram colocados sentados em um banco e avisados para não saírem e esperarem Heitor voltar.

O campo que durante uma boa parte do ano é verde, agora estava coberto pela neve. Mas nem o tempo frio interfere no chá da tarde dos puros, em uma mesa um pouco afastada de Diego e Francesca, se encontrava a Monarca, sua filha mais velha e uma garotinha ruiva que servia o chá.

Diego: Quem é ela? Eu não me lembro dela, por acaso fomos nós que colocamos corante no xampu dela?

Francesca: Ela é a neta da Monarca, está só visitando a vila, parece que ela é do sul.

A garotinha ruiva sorriu para as duas crianças sentadas mais a distante que acenaram, por um breve momento de descuido o chá que a ruivinha servia a monarca derramou sobre a mesa e a mão da avó. A criança deixou o bule sobre a mesa e abaixou a cabeça em forma de desculpas.

Monarca: Olhe para mim Camila – a garota levanto a cabeça e logo em seguida o seu rosto foi atingido pela mão carregada de anéis da avó deixando um corte em sua pequena bochecha – Você é uma pura e deve ter disciplina e saber que deslizes não são toleráveis nessa família.

Os olhos da garotinha se encheram de lágrimas e ela apenas assentiu com a cabeça antes de ser guiada por uma das empregadas para dentro da casa.

Francesca: Eu não gosto da Monarca.

As duas crianças que observavam de longe ficaram indignadas, mas sabiam que não podiam intervir, afinal a situação deles já não estava muito bem.

Eles viram Heitor se aproximar da Monarca e logo em seguida voltar até eles.

Heitor: A Monarca quer falar com vocês.

Francesca: Eu não vou!

Heitor: Francesca...

Diego pegou na mão da amiga para a acalma-la.

Diego: Vamos, não temos que ter medo dessa velha com cara de sapa.

Francesca deu um sorriso e os dois foram guiados por Heitor até a Monarca que nos primeiros 2 minutos não falou nada, apenas observou as duas crianças.

Monarca: Vocês já aprontaram demais, está na hora de penalidade séria. Heitor, leve os dois para o Wip. Trinta para cada.

Heitor: Mas senhoras, são só crianças.

Monarca: Você escutou o que eu disse, agora os leve-o, quero terminar o meu chá em paz.

As duas crianças estavam assustadas, foram arrastadas a força até o chamado Wip. Quanto mais se aproximavam das salas mais o barulho do chicote tomava conta. Era assim que os lobos infratores pagavam por tudo o que faziam de errado, com chicotadas, como escravos que desobedecem. Os dois foram levados para salas separadas e não tem coisa pior e mais angustiante do que ouvir gritos de crianças pedindo socorro.

 

Diego foi o primeiro a conseguir sair da sua sala, suas costas ardiam na pele viva, sua camiseta antes azul agora estava manchada com o vermelho do seu sangue e dos outros que passaram mais cedo naquela mesma sala com sentenças muito piores. A porta da sala de Francesca estava aberta, mas a garota encolhida no chão não tinha forças para sair daquele lugar fedorento, Diego se apressou a chegar perto da amiga. O metabolismo de lobo o ajudou a não ficar em um estado tão precário, afinal uma criança normal que recebesse 30 chicotadas morreria.

Diego: Fran – sua voz estava rouca devido aos gritos – Vamos sair daqui Fran.

Francesca levantou se apoiando com as mãos no chão, suas costas e seus braços chegavam a estar piores que os de Diego. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ao ver o estado do seu amigo as lágrimas desceram sem se importar.

Diego: Nós vamos ficar bem Fran – ele abraçou a amiga – Eu prometo.

 

Mesmo com a dor eles continuaram abraçados por um bom tempo até que o choro dos dois cessasse e eles tivessem coragem de enfrentar a neve. Os que os dois melhores amigos não sabiam era que daqui há alguns anos eles conseguiriam fugir de tudo aquilo, e que continuariam melhores amigos, mas também seriam amantes e o porto seguro um do outro.

Flashback Of*

 

Por Diego

Broduey: Diego… Diego!! – ele falou finalmente chamando minha atenção.

Diego: Oi!

Broduey: Você estava no mundo da lua cara.

Diego: Só estava lembrando de algumas coisas – ele riu sarcástico – Por que toda memória boa daquele lugar acaba da pior forma possível?...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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