—Olha só quem está por aqui sozinha. -Bryanna chegou com sua cara sinica fechando a porta do armário de Alison.
—O que você quer Bryanna? -Alison virou ficando de frente com a tarântula.

Mas pra falar a verdade uma tarântula nem é tão perigosa, aí vai um fato curioso sobre elas: Até uma abelha pode ser mais perigosa que uma tarântula. Acontece que a mordida de uma tarântula pode doer, e muito. Então vamos chamar Bryanna Benson de cobra, a Cobranna.

—Eu? -Tocou no peito. -Dói saber que você acha que quero alguma coisa. Alison eu não sou uma pessoa má. -Fez biquinho.
—Não, você não é má. É venenosa, como uma cobra, a única diferença é que você tem pernas e braços, ah e um cabelo tingido. -Sorriu irônica e ajeitou a bolsa no ombro.
—Olha aqui garota. -Foi pra cima de Alison, porém lembrou do que tinha ido fazer com a aquela idiota (pensamentos de Bryanna). -Eu não vim aqui brigar tá. Só vim te contar a verdade.
—Que verdade? -Mostrou-se interessada.
—Ai você não sabia? -Mostrou os dentes como se estivesse dizendo "ferrou".
—Fala logo Bryanna, tá me tirando do sério.
—Clara, Daniel, e Stuart foram comemorar sua "quase morte" no lago, depois que te deixaram no hospital.
—Ah e você esperava que eu acreditasse nisso? Perdeu seu tempo. -Bateu no ombro de Bryanna indo embora, PORÉM...
—Eu ainda não acabei Cooper. -Alison parou ficando de costas pra outra loira. -Você também acha que a Clara e o Stuart formam um lindo casal? Eles estavam tão lindos de mãos dadas ontem no Mc.

Alison foi virando de vagar pra olhar pra cara daquela cobra, a loira queria acreditar que as palavras que saiam da boca daquela vaca, eram mentiras, mas não conseguia, parte dela falava mais alto que era tudo verdade.

—Como é que é? -Piscou várias vezes consecutivas, como se não tivesse acreditando.
—Ain você não sabia? -Fez carinha de triste abraçando Alison. -Eu sinto muito, achei que como você e Clara eram melhores amigas, você sabia que eles são um casal agora.
—É mentira não é? Por que tá fazendo isso Bryanna? -A loira não vaca estava sem expressão.
—Por que eu mentiria Ali? Eu não tenho motivos. -Tirou o celular da bolsa. -Olha, se não quiser acreditar.

Todas as dúvidas que Alison tinha na cabeça se foram a partir do momento que viu a foto no celular de Bryanna: Clara segurando as mãos de Stuart na mesa do MC Donald's enquanto esperavam Daniel com o lanche.

—Obrigada Bryanna, mas agora tenho que ir... vou me atrasar pra aula de química. -Virou de costas e limpou uma lágrima.

Claro que Alison ainda sentia alguma coisa por Stuart. No ano anterior ela era louca por ele, uma verdadeira trouxa sabe.
Mas aquele sentimento apareceu de novo quando Stuart a salvou no lago.

[...]

—NÃO ACREDITO, MEU ALARME NÃO TOCOU. -Gritou Clara tirando o pijama e se enfiando na primeira roupa que viu pela frente: um vestido cinza.

Correu pro banheiro, enganchou um pente no cabelo enquanto escovava os dentes. Molhou o rosto, pegou a bolsa pendurada atrás de sua porta e correu escada abaixo.

—Clara Jane, já mandei você tomar cuidado com a escada. -Sandra apareceu saindo da cozinha.
—Desculpa mãe, to realmente atrasada. -Depositou um beijo na bochecha da mãe e correu pra porta.
—CLARA, tem um pente no... -A menina já havia sumido. -Ela vai reparar em alguma hora.

Sabia que o ônibus já tinha partido, assim como Bryanna, pois seu carro não estava lá. O único jeito seria ir de bicicleta.
Pedalou o mais rápido possível, derrubando um senhor que acabava de sair de uma loja segurando um copo de café, que nesse momento estava caído no chão chingando o mundo, quase atropelando um gatinho que gritou e pulou em cima de um táxi que passava no momento.
Chegando ao destino de tanta pressa, largou a bicicleta de qualquer jeito e correu adentrando a escola como se estivesse em uma corrida, esbarrando em uma cabeleira meio ruiva loira no meio do pátio.

—Aí, aí me desculpa Stuart, me desculpa mesmo. -Disse se levantando e puxando o ruivo loiro junto.

Atrás deles passava uma Alison olhando diretamente para Clara segurando a mão de Stuart.

—Você sempre faz isso? -Perguntou Stuart limpando a calça.
—Isso o que? -Clara ajeitou a bolsa.
—Ficar esbarrando em todo mundo. -Disse rindo.
—Eu sou uma desastrada mesmo. -Riu junto. -O alarme não tocou.
—Mas ainda falta dez minutos pra começar. -Disse olhando no relógio.
—Não pode tá falando sério. -Procurou o celular na bolsa, até notar que tinha esquecido na mesinha do lado da cama. -Que sorte eu tenho.
—O que foi? -Levantou uma sobrancelha.
—Esqueci o celular. -Tampou o rosto com a mão. -Eu sou muito lerda.
—E aí Stuart. -Daniel chegou cumprimentando o amigo. -E aí Hope.
—Fala Hunter. -Cumprimentou o moreno fazendo o mesmo gargalhar.
—Que foi idiota? -O olhou com ódio.
—Tem um pente... bem aí no seu cabelo. -Fez um gesto no próprio cabelo demostrando para a morena.
—Idiota. -Resmungou a menina.
—Ela te chamou de idiota pela segunda vez consecutiva. -Stuart olhou espantado brincando. -É cara, você é realmente um idiota. -Deu um tapinha na nuca do amigo.
—Não foi pra ele. Foi pra mim. -Guardou o pente.
—Nisso concordo com você morena. -Disse Daniel apoiando o cotovelo no ombro do ruivo loiro.
—Aaaaaaah. -Choramingou saindo dali.
—O que deu nela. -Apontou com o polegar pra menina que ia ficando pequena com a distância.
—Dia ruim. -Respondeu olhando a menina que mesmo de longe dava pra reparar que estava resmungando e choramingando pelo péssimo dia.

[...]

—Alison, Alison. -Correu atrás da loira que parecia estar evitando-a. -Ei, espera. -Tocou no ombro da amiga.
—Que foi? -Olhou seria pra Clara.
—Aconteceu alguma coisa? -Percebeu pelo tom da voz da amiga que ela não estava bem. -Já sei, ainda tá dodói né? Vem, vamos na enfermaria, posso perder uma aula. -Puxou a mão da loira.
—Clara, para! -Puxou a mão de volta.
—Tá claro que você não está bem, e nem eu. -Suspirou.
—Então sua consciência não aguenta o peso da traição. -Disse baixo, mas o suficiente pra morena escutar.
—Desculpe, o que disse? -Fingiu não ter escutado.
—É isso mesmo Clara, eu já soube o que aconteceu no Mc Donald's.
—E o que aconteceu no Mc Donald's? -Perguntou confusa.
—Não se faça de desentendida. -Disse grossa.
—Alison, eu realmente não sei do que você está falando. -Clara tentou convencer a amiga.
—Você é pior. Achava que a Bryanna era a cobra, mas você está provando ser pior. -Entrou na sala de Matemática.
—Wow, a coisa tá feia hein. -Daniel chegou por trás. -O que você fez?
—Eu? Eu não fiz nada. -Olhou pro moreno. -Ela disse coisas horríveis. -Olhou pros pes fazendo biquinho.
—Tenho certeza de que você não é nada disso que ela disse. -Sorriu tentando confortar a morena na sua frente.
—Vamos meninos, a aula já vai começar. -A professora chegou empurrando os dois pra dentro da sala.

A aula já estava pela metade, Alison sentava na segunda cadeira da frente, e Clara na última de trás com Daniel mexendo em seu cabelo.

—Olha só pra ela, ela nem olha pra mim. -Apontou olhando pra Alison anotando o que a professora dizia.
—Tenta se concentrar Clara. -Disse ainda brincando com o cabelo da menina.
—Falou o menino que tá super concentrado no meu cabelo. -Disse tirando o cabelo das mãos do garoto.
—O que você faz pra deixar ele tão macio? -Disse o Daniel impressionado.

Clara virou pra frente e arrancou uma folha do caderno escrevendo.

"єυ ทασ sєi σ qυє єυ ƒiʑ ƒσƒiทнα. мαs мє єทcσทτrα αs qυατrσ є мєiα ทα ρrαcα ∂σ cєทτrσ."

Amassou a folha e jogou na cabeça de Alison, que olhou pra trás com cara de raiva.

—Desculpe. -Clara mexeu a boca fazendo Alison revirar os olhos.

A aula passou voando, mesmo sendo dois tempos de matemática, o que normalmente é como se passasse mil anos enquanto o professor fala apenas uma palavra.
Agora era o intervalo, ou seja, hora de ser esmagado nos corredores.
Clara arrumava todo seu material super rápido com esperanças de alcançar Alison, e resolver tudo antes de irem a Union Square, a praça no centro da cidade.
Mas quando guardou tudo e saiu da sala, a loira já havia sumido de vista.
Olhou por todo o corredor com um olhar triste, e sentiu uma pontada na barriga ao lembra que não havia tomado café.
Se deslocou pro refeitório ficando na frente de um nerd trouxa (ela nunca manipulava ninguém, ainda mais em filas de lanches, mas era caso de vida ou morte) pegou o lanche e sentando-se em uma mesa qualquer olhando todos e sua volta a procura de uma loira de cara fechada lanchando sozinha.
—E aí Claritaaaa? -Chegou Stuart se jogando na cadeira a sua frente. -Viu a Alison? -Negou com a cabeça mastigando. -Bom, passei a noite pensando, e decide que convidaria ela hoje pra sair.

Clara parou de mastigar e levantou a cabeça olhando pra Stuart.

—Sério? -Perguntou animada, com a boca cheia.
—Mas que sério Clarita. -Disse rindo. -Mas...
—Mas o que Stuart?
—Falta a coragem. -Se encolheu na cadeira.
—Ah fala sério, cê salvou a vida dela ontem, claro que cê tem coragem de chamar ela pra sair. -Empurrou o ombro do ruivo.
—É.. tem razão, vou lá. -Levantou do banco e saiu do refeitório deixando novamente Clara sozinha procurando a amiga por ali.

Numa mesa distante da que a morena estava, havia uma loira sentada na mesa cercada de garotas sentadas nas cadeiras rindo.

—Não foi que funcionou. -Gargalhou. -Alison Cooper é mesmo uma imbecil.
—Muito imbecil. -Disse uma das meninas mascando chiclete e mexendo no cabelo.
—Não repita o que eu digo. -Disse Bryanna revirando os olhos.

Observaram Clara levantar e se retirar do refeitório batendo de frente com uma loira.

—Aahhgr Clara, olha por onde anda. -Disse Alison grossa.
—Me desculpa, você veio de uma vez, não ti vi. -Disse calma olhando pra amiga.
—Claro, você nunca vê não é mesmo.
—Acho melhor você falar na cara qual o seu problema comigo Alison. -Disse Clara aumentando a voz.

Nesse momento todo o refeitório já estava reparando na discussão que estava se formando na porta do refeitório.

—Para de fingir que não sabe Clara. É patético isso. -Soltou um risinho sínico. -Deixa de ser criança e admita seus erros.
—Que erros? -Gritou
—A traidora que você é. -Pegou o suco de uva de um menino que ia passando perto e jogou na cabeça de Clara.

Todo mundo olhava espantado, e claro outros riam da situação. E Clara lacrimejava observando Alison andar até a fila do lanche como se nada tivesse acontecido.

—Quer um pano? -Uma menina se aproximou sorrindo fraco oferecendo um pano na mão.
—Claro, obrigada. -Sorriu e pegou o pano da mão da menina.
—Vem vamos no banheiro.

Saíram daquele lugar fazendo todo mundo voltar a comer, e claro comentando sobre o ocorrido.

—Wooow, o que aconteceu com você. -Encontrou Daniel no pátio tampando a boca com a mão.
—Não é da sua conta. -Olhou pro Stuart. -E você, acho melhor ir falar com a sua namoradinha, acho que ela tem algum problema, e não quer me contar.

Voltou a caminhar até o banheiro com a ajuda da garota gentil do refeitório.

—Então, por que ela fez isso com você? -A menina ainda sem nome perguntou entrando no banheiro.
—Eu não sei, ela tá estranha desde hoje de manhã. -Encheu a mão de água e passou no rosto. -Sabe, ela é minha única amiga aqui, nessa cidade toda. E dói o que está acontecendo.
—Nossa, seu cabelo vai ficar bem duro hein. -Disse a menina passando a mão nos cabelos castanhos de Clara.
—Nem me fale. -Se encostou na pia. -O que eu fiz pra merecer isso? -Choramingou.
—Acho que nada. Você é uma boa menina Clara, vim reparando em você desde que entrou na escola. E vi o quanto ficou preocupada ontem com a sua amiga lá no lago.

Clara a olhou espantada na parte do "Vim reparando em você desde que entrou na escola."

—Calma! -Gargalhou. -Eu não estou afim de você, e eu não sou lésbica. A não ser que meu namorado seja uma mulher desfaçada de homem, aí eu vou duvidar da minha sexualidade.- Disse fazendo Clara ri alto.
—Você é legal menina gentil do refeitório.
—Desculpa nem me apresentei. Sou a Nina, faço aula de pintura com você. -Estendeu a mão.
—Bem que seu rosto me era familiar. -Apertou a mão da menina com nome agora.

De volta ao refeitório, Alison comia sozinha enquanto Stuart e Daniel a olhavam.

—Vai logo Stuart, ela já tá acabando.
—Vai você Daniel. -Disse dando as costas saindo do local, porém impedido pelo amigo puxando sua jaqueta.
—Não sou eu que estou afim dela, é você. Vai logo! -Empurrou o ruivo pra mesa onde estava sentada Alison comendo.
—Eeer... oi! -Disse Stuart se aproximando da mesa, porém totalmente ignorado. -Oi Alison. -Disse um pouco mais alto. -Posso me sentar aqui? -A loira o olhou e afirmou.

Então o silêncio se instalou ali na mesa. Nenhum dos dois sabiam o que falar.

—Tá bom. O que foi Stuart. -Deixou a comida de lado e olhou pro ruivo.
—Você consegue, você consegue, você consegue. -Repetiu pra si mesmo sussurrando.
—Vai falar??
—Bom... já faz um tempo que to querendo pedir isso. Na verdade, ontem eu tomei coragem, uma grande amiga me encorajou. -Deu uma pausa e respirou fundo. -Você quer sair comigo?

Alison arregalou os olhos, seu coração batia super forte, e suas mãos estavam suadas. Esperou quase dois anos para esse momento.
Seu coração gritava "Claro, Claro, Claro."
Portanto sua mente gritava "Não, Nao, Nao. Ele estava de mãos dadas com a Clara."

—Desculpa, mas não posso. Hoje estou ocupada. -Se levantou pegando a bolsa.
—Mas não ia ser hoje. Estava pensando em amanhã, ou sexta, ou quem sabe sábado, ou domingo, ou segunda, ou terça....
—Não dá, vou estar ocupada. -O interrompeu.
—Vai estar ocupada todos esses dias? -Estranhou.
—Sim! -Afirmou fria.
—Então que tal mês que vem? -Tentou mostrar alegria.
—Também estarei ocupada. Convida alguém que realmente goste de você. -Se retirou do refeitório deixando Stuart estático.

Sem nenhuma expressão, o ruivo loiro levantou de vagar da mesa e seguiu passando pelo amigo que conversava com um cara do time de futebol.

—Poise, a final vai ser... -Daniel conversava com David um menino do time de futebol, quando viu Stuart passar por ele saindo do refeitório. -Falou cara. -Bateu na mão do colega.
—Ei como foi lá? -Chegou sorridente alcançando Stuart.
—Me deixa em paz Daniel. -Apressou os passos.
—Ei cara o que aconteceu? -Perguntou preocupado.
—Ela não quer sair comigo. -Parou de andar e olhou pro nada.
—Ela disse isso? -Encolheu as sobrancelhas estranhando.
—Ela disse que vai estar ocupada todos os dias, até mês que vem.
—Ah cara, vai vê ela realmente esteja. -Tentou convencer.
—Não Daniel, ela disse pra mim convidar alguém que goste realmente de mim. Acontece que não foi por essa Alison que eu me apaixonei. -Seguiu entrando na sala da Sra. Dawson, professora de literatura.
—Wow, se apaixonou? -Abriu um sorriso enorme. -Você está apaixonado por ela cara?- Disse alto entrando na sala.
—Apaixonado por quem Daniel? -A professora perguntou assim que Daniel entrou na sala, fazendo toda a classe olhar pra ele.
—Eu que estou apaixonada por você professora. -Piscou pra professora depositando um beijo na bochecha da mesma, fazendo a classe toda rir.
—Vai sentar Sr. Hunter. -Riu. -Esse menino não tem jeito.

Olhando a classe toda, Daniel sentou-se no único lugar disponível, ao lado de Clara.

—Apaixonado pela professora, Hunter? -Provocou Clara.
—Bom... a morena por quem estou não sente o mesmo, então tenho que passar pra próxima não é mesmo. -Piscou pra menina que virou pra frente sem reação.
—Vamos ao trabalho turma. -Disse a professora.

[...]

Todas as outras aulas passaram-se bem mais devagar. Até que bateu o último tempo avisando ser hora da saída.

—Clara, quero falar com você. -Daniel apareceu do nada andando ao lado de Clara no corredor.
—Seu doido, não me mata de susto. -Disse colocando a mão sobre o peito. -Agora não dá. -Apressou os passos.
—Mas é rapidinho. -Tentou convencê-la.
—Foi mal! Amanhã a gente conversa, pode ser?-Disse a morena mais na frente.
—Pode, claro. -Suspirou.