This Is The Hunt escrita por Glimmer Rambin


Capítulo 8
Bonus: O Início de Clace


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Esse capítulo ficou gigantesco. Muito grande mesmo. Provavelmente será o maior da fanfic. Mas eu precisava postar ele.

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Flashback :

9 anos atrás

Clary estava morando em um minúsculo apartamento em cima de um restaurante chinês vagabundo  no Brooklyn. Ela  Estava passando por uma situação muito difícil desde que os pais a colocaram pra fora. Ela tentou alugar um quarto no Campus, mas sua renda de meio salário mínimo, que conseguiu com muita dificuldade por meio de um projeto de iniciação científica, a impossibilitava desse privilégio de morar na faculdade. Ou ela morava no campus, ou ela comia. Não tinha meio termo . Então, ela arrumou esse "apartamento", que mais parecia um kitnet  com goteiras, foi o que o dinheiro dela a possibilitou.

Ela estava vivendo apenas de pão com manteiga e café há mais de três meses. De vez em quando, quando ela acabava de pagar suas contas no final do mês, sobrava uns trocos e ela se permitia comer em um restaurante popular.

O dono do restaurante que ficava embaixo de seu apartamento, que também era o dono do imóvel, sempre que estava de bom humor, levava um pouco de comida para Clary. Mas não era sempre que isso acontecia. Uma vez ele chegou a perguntar pra Clary se ela era prostituta, e ela bateu com a porta na cara dele. E resolveu que daquele dia em diante ela só iria falar com ele no dia de pagar o aluguel.

Mas, essa situação, a partir de agora, seria temporária. Sim, temporária. Pois recentemente, ela havia gastado seu último dinheiro do mês em um bilhete da loteria, fato este que a impossibilitou de comprar pão naquele dia. Mas algo havia dito pra ela jogar. E assim ela o fez e conseguiu nada mais e nada menos do que a bolada de dois bilhões sozinha. Ela quase não acreditou quando viu o valor do prêmio.

Infelizmente, enquanto ela foi ao local de retirada do prêmio resolver a transferência do dinheiro pra sua conta particular, seu apartamento foi assaltado. Eles levaram quase tudo o que ela tinha comprado com muita dificuldade naquele último ano.

E o quase tudo dela se resumia em um fogão, uma cama e uma cômoda com suas roupas e sapatos.Ela desconfiava que o dono do restaurante tinha um dedo nessa história.Ela sentiu tanta raiva quando chegou em casa, que prometeu que nunca mais deixaria nada seu desprotegido. Nem mesmo ela.

No dia seguinte, bem cedo, ela aproveitou que só teria aula às dez da manhã e foi  em uma academia nova que abriu no centro e resolveu se matricular nas aulas de boxe, como uma forma de proteção à si mesma. Queria começar naquele dia mesmo, se pudesse, naquele instante.

— Você não pode treinar com essa roupa- disse a moça da recepção a analisando de cima abaixo. Ela era loira e linda e  estava com uma roupa de treino. E tinha um corpo bem definido.

Clary estava com os jeans, camisetas e o all star surrado que sua mãe havia lhe dado três anos atrás e  que havia usado no dia anterior, na hora de ir para o banco. Ela chegou a tomar banho, mas colocou as mesmas roupas suadas e fedidas do dia anterior, por falta de opção mesmo. Ou era isso, ou ela ia pelada.

— Oh, é...eu sei...eu não tenho roupa de treino.Na verdade, eu não tenho mais nenhuma outra roupa. Ontem meu apê foi assaltado  e eu perdi tudo o que eu tinha- Clary explicou e a loira olhou pra ela assustada- Eles levaram tudo. Até minhas calcinhas.

— Oh...coitada. Nossa cidade anda tão violenta né? Pra sua sorte, nós temos uma lojinha que já deve estar aberta. Lá vende produtos esportivos, se quiser, te levo lá agora- disse ela

— Eu vou aceitar- respondeu Clary

— Me acompanhe- Respondeu a moça da recepção e assim ela fez.

Ela levou a loja e ajudou Clary a escolher o melhor modelo pra ela. Assim como uma bonita garrafinha e um tênis combinando.

— Você está linda- disse a moça- Aliás, eu sou a Lydia. Lydia Branwell - ela disse esticando sua mão pra Clary

— Clarissa Morgenstern,  mas pode me chamar só de Clary

Depois que Clary terminou  de pagar, Lydia a levou de volta para a academia e as duas descobriram que estão na mesma turma na faculdade e nunca tinham se visto. Não era dificil de avinhar o porquê disso. Clary e ela vinham de mundos diferentes. O que era uma pena porque as duas se deram bem logo de cara. E voltou para a recepção.

Alguns minutos depois, o instrutor de Clary chegou e assim que ela o viu foi como se ela tivesse sido retirada do universo e colocada em uma outra dimensão. Como se o Flash tivesse corrido tanto, mas tanto que conseguiu quebrar as barreiras do tempo e do espaço, e tudo na sua vida ficou bagunçado e desentendido .Eles trocaram algumas palavras e ela explicou a situação dela pra ele. Ficou constrangida quando chegou na parte das calcinhas. E ele a treinou bem.

Quando o treino daquele primeiro dia acabou, ela saiu da academia extasiada e torcendo para ver Jace outra vez. Clary dirigiu à uma  loja de roupas e comprou tudo o que precisaria de mais urgente: Três calças jeans, algumas camisetas, calcinhas e sutiã e aproveitou a deixa pra comprar uma cômoda e uma cama. E um notbook, se permitiu também um exagero de um celular que ela queria há um tempo .Ela não iria necessitar de mais que aquilo lá mesmo.

Depois de alguns meses de aula de boxe, ela finalmente viu resultado em seu corpo, ele estava mais definido. Estava mais forte. Ela havia criado curvas e seu sutiã subiu duas numerações. E...ah é..ela havia se mudado para o Campus e estava dividindo o quarto com Lydia, que acabou se tornando uma excelente amiga.

E de uns tempos pra cá, ela e Jace estavam se encarando muito. Os dois até começaram uma amizade bem estranha e de vez em quando  ela permitia ele pagar um suco pra ela depois do treino. Mas nunca passou disso. Eles, talvez  estivessem até se paquerando sem saberem. Ela sentia que tinha horas que ele olhava pra ela como se quisesse devorá-la toda e de alguma forma, o olhar dela para com ele, o encorajava.

— Então...acho que terminamos por hoje não é?- ela diz suspirando. Encarou sua imagem no espelho, estava completamente suada e toda despenteada.

— Terminamos- ele diz- Na próxima semana eu vou te colocar pra treinar com outras meninas, acho que você já está preparada pra um combate

— Uau...isso é...muito legal. Bom, então eu...acho que eu já vou indo...eu...ainda tenho que encontrar umas amigas na biblioteca pra terminarmos um trabalho...- ela não sabia porque diabos ela estava dando espaços na hora de falar, isso nunca acontecia com outras pessoas, só com Jace.-...semana que vem, nós continuamos então? Com o combate feminino?- ela pergunta sem ter muita certeza.

Ela sempre achava que Jace deveria estar perdendo todo seu tempo ensinando boxe pra ela,ou até perdendo tempo na hora de pagar sucos,  mas por outro lado, ela estava pagando pelas aulas dele.E os sucos, bem, se ele sempre a convidava, era porque a companhia dela de alguma forma, animava ele.

— Clary?- ele a chama

— Si...sim?

— Eu estava pensando...você vai fazer alguma coisa amanhã?- ele pergunta

— Amanhã é sábado- ela diz e ele dá um sorriso

— Sim. Você...o que geralmente faz?

— Bom, eu mudei agora sabe? Eu saí daquele apartamento que foi roubado, eu comentei com você que ele foi roubado né? Ah...é claro que eu comentei...esquece... e estou morando no campus...e dividindo um quarto com a Lydia...você conhece a Lydia, a moça da recepção? Pois é...eu e ela fazemos  medicina e estamos no mesmo periodo...- Clary começou a dizer as coisas todas de forma atrapalhada, o que não era do feitio dela- Ah..mas ela tem um namorado, o John Moteverde, sabe...um esquisitão que sempre anda de preto e que é CSI...

— Clary...

— Laboratório. De manhã eu estou no laboratório de anatomia fazendo pesquisas com céluas tronco e... Pizza...geralmente de noite,  eu e ela vamos até a cafeteria do campus e compramos pizza e voltamos pro quarto e vemos alguma série. Essa semana maratonamos Dr. House.- Não é todo fim de semana, porque ela tem namorado, o John...eu contei dele pra você né? O esquisitão que é CSI e sempre anda de preto...- ela soltou tudo de uma vez e queria se dar um soco intimamente por isso. Por que diabos ela estava nervosa? Era Jace poxa, seu instrutor de boxe.

Jace estava achando um tanto divertido ela ficar confusa pra falar com ele, geralmente ele causava esse efeito nas mulheres, mas nela...foi bem mais legal e mais sedutor também. Ele sem querer acabou descobrindo coisas sobre Lydia que ele não queria ter descoberto, apesar de ser bonita, ela não fazia o tipo dele. Ele gostava de ruivas.

— Você quer sair comigo amanhã?- ele perguntou antes que ela continuasse falar mais um monte de coisas que não tinham nada haver com o que ele perguntou. Clary deu uma tremida. E abriu a boca, um pouco chocada.

— A...amanhã?- ela pergunta- Mas...amanhã é dia dos namorados. Você...não tem uma namorada?

— Não Clary, eu não tenho. Você tem?

— Hey, eu não curto colar velcro não. Nada contra quem curte, mas...- ela ficou vermelha e Jace começou a rir.

— Namorado, Clary. Você tem um namorado?

— Ah...um cara?

— É, um cara...- ele responde ainda rindo

— Não...eu não...definitivamente não tenho um.

— Então você aceita? Sair comigo?

— Tudo bem. É...pode ser... Eu  tô morando no Campus agora...

— Eu te pego às oito- ele diz antes que ela começasse a soltar mais um monte de palavras sem nexo.

— Às oito?. Tá marcado então.

Clary foi embora se sentindo a mais retardada de todas as mulheres. E o pior de tudo, é que ela nunca agia dessa forma com ninguém. E se Jace achasse que ela era uma piada ou uma garota pra não se levar a sério. Seja o que for que ele pensou dela naquele momento, ele deve ter gostado, caso o contrário, não a chamaria pra sair. Ou será que ia?

Ela chegou na biblioteca do campus e encontrou suas amigas. Lydia e uma novata, Isabelle Lightwood, que acabou ficando sem grupo porque tinha brigado com as meninas da sala inteira e pediu pra fazer o trabalho com elas.  Clary não sabia dizer o porquê da briga. Mas não era difícil de imaginar, só de olhar pra ela. Ela sabia que deveria ter homem nessa história.

— Desculpem, eu atrasei.

— Cinco minutos não é atraso- disse Isabelle- Nem começamos ainda

— Tá, então agora por favor explique como foi que conseguiu brigar com todas as garotas do nosso ano.- disse Lydia olhando pra Isabelle. Provavelmente dando continuidade a um assunto anterior.

— Lydia- Clary a repreendeu- Não se deve perguntar isso.

— Ué, se ela está no nosso grupo a gente tem que saber porque o resto da turma está rejeitando ela. Vai que daí a gente briga com ela também. Então, Isabelle...

— Pode me chamar de Izzy e...Eu dormi com o namorado delas- disse Isabelle rindo. Exatamente como Clary imaginava.

— De todas as meninas dos nosso período?- pergunta Clary assustada

Isabelle deu um pequeno sorriso e fez uma cara de safada. Lydia e Clary se entreolharam.

— Fica longe do John Monteverde- disse Lydia e Isabelle olhou pra ela

—Quem? Oh sim...o esquisitão que sempre anda de preto e que é CSI? Ele é seu namorado? Não se preocupe, ele não faz o meu tipo e  eu jamais faria isso com uma amiga minha.

— Foi exatamente o que Camille Belcourt me disse no colégio antes de eu a pegar na cama com o meu ex namorado- disse Lydia

— Que vadia- disse Isabelle- E ela se dizia sua amiga?

— Tá...vamos então ir logo com esse trabalho que eu arranjei um encontro pra amanha e eu quero ajuda pra comprar uma roupa nova.E quanto mais cedo terminar, mais cedo podemos ir ao shopping- Comentou Clary

Lydia olhou assustada e o rosto de Isabelle se iluminou de felicidade.

— Opa, compras...tô dentro- ela comentou e Lydia e Clary a encararam- se quiserem minha ajuda é claro- ela comenta um pouco sem graça.

— É, claro, toda ajuda é bem vinda. Eu nem sei o que comprar. Faz tanto tempo que eu não saio com ninguém.- Clary comenta e  Isabelle dá um sorriso de orelha a orelha.

Ela se lembrou o seu último encontro. Kirk a havia levado para comer sanduíches no McDonalds, ela tinha 17 e tinha acabado de entrar na faculdade, mas ele  ficou o tempo inteiro falando em como ele havia ganhado  massa muscular. E nem se quer perguntou como ela estava o se queria falar de alguma outra coisa, além do que academia, carro e Velozes e Furiosos. Clary chegou à conclusão naquele dia que o cérebro de Kirk havia derretido e transformado em gominho de abdômen.

— Um encontro com quem?- pergunta Lydia

— Com um cara lá da academia- ela diz

— Quer saber, eu acho que podemos remarcar esse trabalho- disse Isabelle

— O que? Não...

— Eu concordo. Você precisa de ajuda. Além do mais, ele é só pra sexta feira que vem- disse Lydia

— Oba...lojas, aí vamos nós- disse Isabelle.

— Isabelle, contenha-se- disse Clary

— Isabelle? Cruzes, só minha mãe chama assim e só quando ela tá brava. Já disse pra me chamar só de Izzy

Lydia, Izzy e Clary mataram a todas as aulas naquele dia para ficarem por conta de ajudarem Clary com as compras.

— O que geralmente você usa em encontros?- pergunta Lydia quando elas entraram em uma loja no shopping

— Não sei dizer, não tenho um encontro há muito tempo- comenta Clary se lembrando de Kirk. Parecia que foi em outra vida.

— O que usou no seu ultimo encontro?- pergunta Lydia

— Jeans, uma camiseta de banda e all star - ela responde- E um batom rosa.

— Oh não, você é virgem?- pergunta Izzy

— Não- comenta Clary rapidamente.

E era verdade, ela havia perdido a virgindade com Kirk aos dezesseis anos, e fizeram mais umas  vezes depois daquela, e ela se arrependia amargamente de ter se entregado a ele. Mas o arrependimento veio mais pelo fato de seu pai ter o colocado pra correr.

— Que droga, Clary, onde foi que usou isso?

— No McDonalds- ela comenta

— Peraí...está dizendo que você namorava um cara que te levava pra comer sanduíches?- perguntou Izzy

— Olha, eu era uma garota humilde até pouco tempo atrás. - Além do mais, as pessoas fazem isso.

— Não fazem não- disse Izzy- Ao menos não um cara que preste.

— Eu e Lydia sempre comemos no McDonalds- protesta Clary

— Clary, somos amigas. Amigas fazem isso. Um cara que tá afim de você te leva ao melhor restaurante francês da cidade- explica Lydia

— Ah...é?- pergunta Clary confusa.

Ela se surpreendeu com isso, ela nunca imaginou que os homens pudessem gostar de comida sofisticada. Mas até então, ela só tinha convivido com seu pai, seu irmão e o Kirk, que viviam basicamente à base de pizza e sanduíches. Os únicos restaurantes  que Clary conhecia era o chinês em que morou em cima por um tempo, um self service que geralmente seu pai os levava pra comer aos domingos quando queria agradar Jocelyn e o popular que ela comia quando sobrava algum dinheiro.

— Izzy vamos ter trabalho com ela- disse Lydia

— Estou vendo. Clary porque você não experimenta esses vestidos e vem até nós para avaliarmos- Izzy jogou um monte de vestidos pra ela.

Ela experimentou um monte de roupas, algumas até que ela achava um exagero. Mas ela percebeu também que seu ciclo de amizades estava mudando, ela não era mais a garota do subúrbio que pegava dois metrôs pra chegar na aula na hora certa e que comia pão com manteiga todos os dias para não passar fome.

Ela deu uma espiada rápida pela cortina em Lydia e Isabelle e suspirou. Elas claramente não vinham do mesmo mundo que Clary. Elas vinham do mundo das garotas,um mundo cor de rosa e nesse mundo, havia  várias regras de conduta, comportamento e etiqueta social. Mas esse era o novo mundo dela e  provavelmente o de Jace. Ela não iria querer que ele visse que ela era uma sem classe. Teria que se adequar a esse novo mundo.

As meninas obrigaram ela a levar quase toda a loja e depois elas foram para uma de maquiagens  e mais uma vez, elas obrigaram Clary a comprar um monte de coisas. Na verdadem tudo o que Lydia sabia que ela não tinha. Depois, elas foram pra um restaurante almoçar, onde elas ainda ensinaram para ela sobre os tipos de taça e de talheres e Clary prestou bastante atenção em tudo o que elas disseram.

 

Jace chegou em casa na hora do almoço e não encontrou Izzy, mas Alec estava na cozinha tirando uma lasanha do micro ondas. Ele sorriu quando viu Jace.

— E então? Como vão as donas de casa gorda?

— Alec, já te falei, elas não são gordas

Alec pegou uma garrafa de coca da geladeira e colocou na mesa

— Então...como elas são?- pergunta ele animado

— Na verdade, a minha mais nova aluna é uma garota que deve ter mais ou menos a mesma idade de Izzy. A pobrezinha teve o apartamento assaltado. Disse que levaram tudo o que tinha até as calcinhas. Eu me pergunto: o que um grupo de marmanjos assaltantes iria querer com calcinhas?

— Sei lá...tem cada maluco com umas manias esquisitas nesse mundo. O que você vai fazer amanha?

— Eu tenho um encontro

Alec sentiu seu coração palpitar e sentiu um pouco de raiva. Seu corpo deu uma leve gelada.

— Um encontro com quem?

— Com essa garota da academia.

Alec o olha assustado. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde Jace arrumaria alguém sério e que talvez até se casasse, mas ele não desejava que isso acontecesse. Ele ainda tinha esperanças.

— Mas isso não é estranho? Tipo...você é professor dela.

—Instrutor de luta, Alec. E essa garota mexeu comigo de uma forma que eu não sei explicar. Ela é especial. Você já viu uma pessoa em que toda vez que você a encontra, você imagina coisas bem ousadas com ela?- pergunta Jace

— Pode acreditar, eu sei como é.- disse Alec

— Eu me sinto assim com ela

 

Isabelle passou o dia inteiro no dormitório das meninas, dando dicas de moda e maquiagem para Clary e de como se sentar à mesa. O que comer primeiro e como fazer o pedido.

— Vocês deixam eu vir morar com vocês? Tem uma cama extra aqui – pergunta Izzy

— Seus pais não iriam achar ruim?- pergunta Lydia desviando os olhos de uma revista fitness. Ela  estava empoleirada em sua cama e já pronta.Pois iria sair com o namorado. Estava  apenas esperando a mensagem do namorado.

— Eles moram em Seattle. E além do mais, eu moro  com meu primo e meu irmão...tem ideia de como é ir tomar banho e achar cuecas penduradas na porta ou o vaso sujo de porra o tempo inteiro?

— Você não tem seu próprio banheiro?- Pergunta Lydia perguntando com um nojo em sua voz- Eca!

— Isso não é o pior. Pior é quando eu vou tirar o lixo do banheiro e eu vejo aquele monte de camisinhas usadas descatadas. Alguém deveria ensinar aos homens que camisinha usada a gente embala no papel higiênico e aí sim joga no lixo- Diz Izzy- Igual fazemos com os absorventes.

— Sei exatamente o que é isso. Meu irmão tem as mesmas manias...ou tinha pelo menos...tanto faz- diz Clary saindo do banheiro.

— Você nunca fala da sua família- Lydia observa, tinha um tempo que ela e Clary já se conheciam e aquela era a primeira vez que ela se manifestava a respeito.

— Se querem saber, eles me expulsaram de casa. Eu queria estudar e meu pai não queria deixar, porque ele achava que lugar de mulher é em casa e que é vergonhoso quando uma mulher ganha mais dinheiro que o homem. Ele não queria que eu mudasse de vida.

— Que bobeira- disse Izzy- Em pleno século XXI ainda tem homens que pensam assim?

— Nossa...que triste, Clary. Como foi que se virou sozinha?

— Eu dei meu jeito- ela respondeu.

— Então, vocês deixam eu vir morar com vocês?- pergunta Izzy

— Tudo bem- disseram Lydia e Clary juntas.

— Oba, amanha de manhã mesmo eu venho. Aproveito e já ajudo a Clary a se trocar e a se maquiar- ela disse. O celular de Lydia tocou e se levantou, pegou a bolsa e saiu do quarto se despedindo das meninas.- Não faça nada que eu não faria- completa Izzy. – Então...o que faremos agora?

— Pizza?- pergunta Clary

 

No dia seguinte, Lydia se levantou cedinho e foi embora exatamente na mesma hora em que Isabelle chegou com sua mala. Elas se despediram e Izzy ficou  o restante do dia por conta de ajudar a Clary a se preparar para seu encontro. A ruiva levou um baita susto quando viu o que Izzy a obrigou a usar.

— Eu não vou usar isso, caso você não esteja vendo, está nevando lá fora.

— Bom, você vai esquentar quando ficar com ele- ela disse e Clary ficou com as bochechas vermelhas.

— Olha eu não sei se...

— Ah qual é...vocês vão sair, uma esticada vocês tem que dar- disse Izzy

— Eu não vou transar com um cara no primeiro encontro. Perdeu o juízo?

— Você não precisa transar com ele, mas pode deixar ele morrendo de tesão por você. Esse é objetivo dessa roupa poderosa.

— Estou parecendo uma prostituta

— Não, você está bonita. Realça a cor do seu cabelo e destaca seus olhos. Você vai deixar ele querendo comer a sobremesa em cima de você

Clary abriu a boca pra ela e a encarou completamente assustada e envergonhada do que foi dito a ela. E Izzy caiu na cama praticamente se arrebentando de tanto rir.

— Você tinha que ter visto a sua cara, foi muito engraçada- disse Izzy ainda não se aguentando de tanto rir

 

Exatamente às oito e meia da noite no dia seguinte, ela recebeu uma mensagem de Jace dizendo que ele havia chegado. Clary estava quase tremendo. E apesar de ser inverno, não era de frio.

— Olha, eu não sei onde você morava antes, mas tenho certeza que o campus é bem mais seguro- ele disse e nesse momento um garoto riu pra Clary- Ou, talvez não.

— Eu não tenho tanta certeza. A Lydia roubou uma caneta minha uma vez.- ela comenta- E hoje uma garota se mudou para o nosso quarto e me deixou muito constrangida.

Ele abre a porta pra ela

— Caneta é o objeto mais roubado do mundo. E, amigo que não te faz se sentir constrangido, não é um amigo de verdade.- ele comenta.

— Pode ter certeza.

— Você está linda- ele disse

— Obrigada. Você também- Ela corou ao dizer isso

Jace deu um sorriso. Ele adorava a forma como ela corava quando estava perto dele. Ele sabia que causava esse efeito nas mulheres, mas em Clary, era muito melhor, porque ele gostava dela. E queria dela mais que uma noite.

— Onde estamos indo?

— A um restaurante perto da marina em Long Island- ele responde

— Tudo bem

— Eu espero que goste e frutos do mar- ele comenta

— Frutos do mar...é claro- ela disse

Clary nunca havia comido frutos do mar antes, mas não iria passar vergonha na frente de Jace. Eles foram silenciosos o caminho inteiro e quando chagaram no restaurante, ela achou estranho ele entregar a chave do carro dele pra um cara qualquer. Mas também ficou com vergonha de perguntar qual é a necessidade daquilo tudo. Clary se sentiu pequena perante o lugar. Era luxuoso e ela achava que não merecia estar em um lugar daquele. Mas então ela se lembrou "mundo novo, Clary"

— Eu escolhi uma mesa no andar de cima, no canto onde é mais quentinho. Imaginei que pudesse vir de vestido, então... Vamos?- ele perguntou

Ele passou a mão pelas costas dela. Ela se arrepiou toda com isso. E então eles chegaram até a mesa onde jantariam.  Clary, por sorte, se lembrou de tudo o que Lydia e Izzy a ensinaram sobre os talheres e as taças. Ela também se lembrou da parte que Izzy disse sobre a sobremesa e seu corpo esquentou.

— O que vai querer?

— Eu não sei, nunca estive aqui antes. De qual você mais gosta?- ela pergunta tentando jogar verde, do jeito que as meninas e ensinaram. Mas a verdade é que ela não tinha a mínima ideia do que eram aquelas coisas escrito em francês. Nome cientifico dos animais, ela sabia, mas de culinária, nada.

— Estamos com um prato especial do dia dos namorados, lagosta recheada é praticamente o que está saindo hoje. E pelo preço, vocês ainda ganham uma garrafa de Champagne e um tipo de sobremesa pra cada. - disse o Garçom

— Olha, então nós vamos querer- disse Jace- Aproveita e trás uma porção de morangos.

— Tudo bem, eu já venho com o seu pedido e o de sua namorada- disse o Garçom se retirando

Clary se sentiu como se tivesse tomado um tapa na cara. Namorada? O que? Jace também fico um pouco sem jeito com o que foi dito, apesar de não demonstrar.

— Era de se imaginar que pensariam isso. Afinal, hoje é o dia dos namorados- ele comenta

— Então...Jace...me fala de você- ela disse

— Não há muito o que dizer. Filho único. Pais mortos. Fui criado pelos tios e os primos- ele diz

— Seus pais morreram? Que triste... como aconteceu?

— Minha mãe teve uma depressão e se matou antes de eu nascer, ela cortou os pulsos e sangrou até a morte. Mas meu pai chegou a tempo  e ele chamou o resgate e os médicos fizeram uma cesárea de emergência. E me levaram pro hospital. Tinha oito meses que eu estava na barriga dela. Eu fiquei algumas semanas na incubadora.

— Que horror, porque ela fez isso?

— Não sei dizer, meu pai morreu antes de eu ter idade o suficiente pra ele me contar. Ele morreu com três tiros no peito durante uma operação da polícia em um hotel que ele estava fechando um negócio.

— Jace...eu nem sei o que dizer- ela disse

— Foi há muito tempo.- Ele disse o jantar deles chegou junto com a champagne.

O Garçon serviu nas taças e deixou a garrafa e se retirou. Jace colocou um morango em sua taça e Clary fez o mesmo. Ela nunca havia tomado uma champagne como essa. O máximo que se tinha em sua casa, eram aqueles espumantes de maçã ou pessêgo de supermercados que geralmente fazem você passar mal no dia seguinte. Nada como essa que tinha um nome que estava escrito em outra língua, que ela reconheceu como francês. Jace entregou a taça para ela e ela a pegou.

— Mas e você?   Sua vez de me contar sua historia.- ele disse sorrindo

Ela deu bebericada no champagne e  uma profunda suspirada. Ela tinha vergonha de seus pais. Não deles propriamente dito, mas do que haviam feito com ela.

— Eu ainda tenho meu pai e minha mãe. E um irmão. Vai fazer quase dois anos que eu não os vejo. Eles me expulsaram de casa, sabe? Meu pai não queria que eu estudasse, queria que eu ficasse em casa e ajudasse minha mãe com as encomendas, enquanto ele viajava. Então eu ganhei uma bolsa e comecei a estudar em segredo e um dia eu fui me reunir com o pessoal pra fazer um trabalho na biblioteca, e meu irmão dedurou pro meu pai onde eu estava e ele foi me buscar e aprontou o maior escândalo lá. Disse que eu estava envergonhando ele e que eu deveria estar em casa, onde era lugar de mulher e naquela noite, ele me fez escolher: ou a família, ou a faculdade. Preferi a faculdade.

— Que horror, Clary. Como você tem se virado?

—No começo foi difícil. O único lugar que eu arrumei foi aquele apartamento que eu te contei. Com goteiras e frio. Em cima de um restaurante chinês. Eu tentei ir direto pro Campus, mas o aluguel estava fora do meu orçamento. O único dinheiro que eu tinha era o salário da bolsa de iniciação científica.Tive que ir pra onde deu.

— Eu não sabia que você passava por tanta dificuldade- ele disse com um tom de piedada em sua voz. Jace jurou que iria dar uns tapas na cara do pai dela se algum dia o conhecesse.

— Não passo mais. Eu...consegui estabilizar agora

— Que bom.

Eles foram conversando e a cada minutos eles se sentiam mais atraídos um pelo outro, sem nem comentar. Ou seja, eles estavam discretamente se paquerando. E então, chegou a hora de irem embora.

— Adorei sair com você, Clary- disse Jace assim que ele abriu a porta para ela entrar no Campus- Me daria a honra de outro encontro?- Eles sairam do carro

—  Claro, Eu também gostei.- ela responde e nessa hora o sino da igreja do campus toca- É meia noite.

— Sim, é mesmo. O que? É agora que vai fugir de mim, Cinderella?- ele pergunta divertidamente. Clary sorriu.

— Bom, eu vou entrar, já está tarde e eu não posso acordar tarde amanhã, tenho que chegar cedo no laboratório.

— Você vai pra lá aos domingos também?- pergunta ele.

Eles não tinham notado o quão próximo estavam. Tão próximos que poderiam se beijar naquele instante.

— Eu te vejo na segunda, na academia então?- ela pergunta

— Com certeza- ele disse e ela então se virou, mas ele a puxou e ela ficou de frente pra ele e então eles se beijaram e se perderam no contato um com o outro. Apenas sentindo suas bocas, seus gostos e suas terminações nervosas estavam há mil. Clary se permitiu passar as mãos pelos cabelos loiros dele e os enrolou entre seus dedos, enquanto ele segurava ela firmemente.

— Eu estava louco pra fazer isso desde que te vi pela primeira vez.

— Eu também queria que fizesse.- ela disse para ele e corou um pouco- Eu disse isso alto?

— Não se preocupe com isso. Eu não vou contar pra ninguém mesmo.- ele disse e recomeçaram o beijo.

Agora, um pouco mais voráz do que antes, pois não era mais um território desconhecido. Um minuto, dois minutos, uma hora, duas horas...ela nunca saberia dizer quanto tempo foi que ela ficou com ele naquele dia. Mas ela queria que nunca mais acabasse. Nenhum dos dois queria. Clary estava completamente apaixonada por ele. E não queria nunca mais sair de perto dele. Não importa o que acontecesse, eles pertenciam um ao outro. Agora e para sempre.


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Notas finais do capítulo

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