Iminente destino escrita por AsgardianSoul


Capítulo 2
Capítulo 2 — Arranhando a superfície


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, tudo bem? Gostaria de agradecer pela atenção de vocês em acompanhar, comentar e favoritar. Isso me inspirou muito a continuar escrevendo.
No mais, aproveitem a leitura!



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I'm not calling you a liar
Just don't lie to me
I'm not calling you a thief
Just don't steal from me

https://youtu.be/u4iseF_FBn8

As palavras ainda martelavam na cabeça de Bob enquanto ele fritava algumas porções de bacon para o café da manhã. Com um pouco de esforço conseguiu fazer com que Lea se acalmasse e conseguisse dormir novamente, ao contrário dele. Não demonstrara sua preocupação para não prejudicar sua amiga, mas estava refletindo sobre a situação. As visões de Lea provaram mais de uma vez ser verdadeiras, só que ela nunca previu algo tão grande. Seria uma evolução de seus poderes? Se fosse, até onde eles iriam? Qual era o limite de Lea?

— Fogo! — exclamou Lea, o arrancando de seu devaneio. Virou-se para o fogão e viu o bacon em chamas na frigideira.

Antes de jogar a frigideira na pia, Lea acudiu com um copo d’água, fazendo a minúscula cozinha se encher de fumaça. Bob massageou as têmporas e recuperou-se do susto. Tudo o que menos queria era um incêndio. Dizia para si mesmo ter mais cuidado com as coisas, pois sempre foi muito distraído.

— Você é distraído, não é? — percebeu ela, sorrindo com o canto dos lábios.

— Sim, muito. — Abriu a geladeira. — Está com fome?

— Não. — Ela se sentou com o queixo sobre o cotovelo. Bob estranhou seu silêncio, apesar de ela não ser extrovertida.

As mãos de Lea começaram a ficar desinquietas. Acontecia sempre quando pensava demais em algo ou quando queria dividir uma opinião. Olhou para Bob, que tentava fazer o liquidificador funcionar na base da pancada, pensou em falar, mas as palavras ficaram presas na garganta. Já estava abusando da boa vontade dele ficando todos esses dias em sua casa sem dar-lhe um centavo. Começou a tatear os sulcos da mesa até que reparou em um envelope entreaberto debaixo do pote de moedas. Não dava para ler o assunto, só notou o selo das Indústrias Stark gravado no papel.

Bob sentou-se também, empurrando para ela um copo de suco igual ao que estava bebendo. Notou a curiosidade dela, então encobriu a carta com o pote de moedas. Ela ficou sem jeito e tomou dois goles da bebida.

— Preciso conseguir um lugar para morar. Você já fez muito por mim.

— Sabe que pode ficar o quanto quiser.

O celular de Bob emitiu um bip. Era outra pessoa pedindo a ele serviços que profissionais regulares não topariam fazer. Geralmente era para invadir sistemas de empresas e obter dados sigilosos. Bob era mestre nisso e não via problema algum, desde que pagasse suas dívidas. Levantou o olhar para ela, sinalizando que a conversa ainda não havia acabado.

Após a partida dele, Lea levantou-se e caminhou devagar até o único banheiro da casa. Molhou o rosto com a água gelada da torneira, em seguida segurou nas bordas da pia e olhou-se no espelho fixado na parede. As olheiras diminuíram e o rosto parecia mais cheio. Os olhos castanhos pareciam desfocados em meio à pele alva. Retirou o elástico do cabelo de pouco comprimento e o prendeu ainda mais acochado.

Voltou para o quarto e pôs-se a andar de um lado para o outro. Tinha que tomar uma providência, nos dois casos. Refletia consigo que aquelas visões significavam algo, que ela precisava agir com relação a isso. Sentia o tempo se voltando contra ela. Qualquer que fosse a decisão, precisaria agir sozinha, pois envolver Bob não estava em seus planos. Não se perdoaria se algo acontecesse a ele. Mas, então, qual seria o próximo passo? Tudo parecia guia-la para uma única opção: encontrar o Capitão América. Porém, como?

Pense, Lea, pense!, exigia de si mesma. Cruzou os braços e diminuiu o ritmo dos passos. Começou pelo básico; primeiro, como saberia onde ele está. Bem, eu posso prever o futuro... Logo, posso prever onde ele estará. Sentou-se na cama e respirou fundo. Nunca havia tentado gerar uma visão, elas sempre vinham involuntariamente. Concentrou-se na figura de Steve Rogers. A primeira tentativa foi falha, tudo que viu foram as imagens do sonho: o escudo quebrado e a conhecida angústia. Abriu os olhos, respirou ainda mais fundo e fechou-os novamente. Focou todos os seus esforços em voltar para um futuro mais próximo.

De repente os fragmentos da visão se despedaçaram e ela foi sugada para outro cenário. Não conseguia descrever qual a sensação de ser trazida a um passado que ainda não aconteceu. Estava em frente a um armazém abandonado, ao pôr do sol. As ruas da cidade jaziam úmidas. Poucas pessoas passavam pelo local, dentre elas vislumbrou um homem de físico avantajado caminhando sozinho. Usava roupas maltrapilhas e parecia não ter pressa enquanto espiava o armazém. Quando seu rosto se virou na direção dela, a paisagem se desfez diante de seus olhos.

Não tinha dúvida de que o tinha encontrado. Passado o êxtase da inserção, pensou melhor no que viu. Tinha visto um armazém abandonado numa rua de aparência deteriorada. Nas paredes mofadas notou algumas letras quase apagadas. Elas formavam um nome que nunca tinha visto. Apesar das informações imprecisas, decidiu partir. Enfiou as poucas coisas que a pertenciam em sua mochila desbotada e caminhou na ponta dos pés até o quarto de Bob. Espiou pelo buraco da fechadura e o viu absorvido em seu trabalho. Desejou ter tido tempo para agradecê-lo, mas não podia demorar. O futuro aguardava por ela.

* * *

As articulações do pescoço de Bob emitiram um estalo quando ele se espreguiçou na cadeira. Fez a nota mental pela milésima vez de comprar uma cadeira nova, pois aquela já havia sido consertada inúmeras vezes e rangia ao mínimo movimento. Fechou todas as janelas, deixando sua área de trabalho vazia. Nela podia ver a foto de seus pais. Mesmo que sua mãe estivesse viva, nada podia suprir a falta do pai, seu maior herói. Richard Huggins não só era uma inspiração para o filho, como também para sua mulher. A morte dele comprometeu seu estado psicológico a ponto de precisar de cuidados médicos frequentes. Como não teria esses cuidados em casa, foi removida para um sanatório.

Os olhos negros de Bob brilharam ao lembrar dos bons momentos que passou ao lado deles. Um sorriso ia se formando nos lábios quando uma notificação se fez visível na tela.

LIMITE DE DESLOCAMENTO ATINGIDO

O nova iorquino expirou o ar dos pulmões e teclou algumas vezes até outra mensagem aparecer.

STATUS: ALVO EM MOVIMENTO

Num clique ele transferiu o monitoramento para modo remoto e saiu em disparada. Se fosse rápido e cauteloso conseguiria segui-la sem ser notado.


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Notas finais do capítulo

Florence & The Machine ♥ Quem mais?
Mas hein, o que será que o Bob tem com as Indústrias Stark? Hummm...
Então, gostaram do capítulo? Deixem a opinião de vocês para eu saber o que estão achando do andamento história. Sugestões também são bem-vindas.
That's all, folks!