These broken hearts escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 8
A little party never hurt nobody


Notas iniciais do capítulo

Oii amoress, o capítulo tá bem grandinho mas leiam por favor! Tentei dar uma adiantada na história pra ir logo pra parte pós iw. Leiam as notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/694955/chapter/8

Tony estava certamente de volta, irritando-me como se não houvesse amanhã. Com Rhodes nas frequentes seções de fisioterapia e uma Pepper desaparecida, restavam eu, Visão e a Feiticeira para que ele esgotasse sua cota diária de importunações. Eu tinha para mim que devia ser sua favorita, pois era a que mais sofria com suas amolações.

— Você quer parar de falar dessa merda de festa? — eu vociferei.

— Ruivinha, se está chateada porque a tornozeleira vai arruinar seu look, fique tranquila, já dei um jeito nisso. — bufei, derrotada. É claro que eu não usava uma tornozeleira, mas Tony enfureceu-se quando soube que eu deixei a prisão domiciliar para visitá-lo no hospital. Era um risco alto demais.

— Acho que ela tem razão, não temos nada para celebrar e... — Visão começou.

— Temos sim. Pepper está no avião para cá nesse instante. — o sorriso dardejante de Tony não poderia ter outro motivo.

Eu mesma encontrei-me feliz pelo acontecimento. Tony merecia um pouco de glória depois de tudo que passou.

Depois de um dia longo discutindo e treinando, deitei-me no luxuoso quarto que me foi designado. Era minha quarta noite, e parecia uma eternidade. Sentia falta de Steve, e até de Sam. Bucky ainda me assustava um pouco. Nunca chegamos a conversar sobre nosso passado, e entramos em um acordo tácito de mantê-lo em segredo.

Não demorei muito a adormecer, e acordei no meio da noite com um vulto me observando. O grito ficou preso na garganta quando uma mão envolveu minha boca. Uma mão metálica. O Soldado Invernal. Um milhão de pensamentos me vieram à mente, e o desespero inicial deu lugar à confusão.

— Shh... — ele gesticulou, e eu assenti, amedrontada e atônita.

— O que está fazendo aqui? Quer ser morto? — sussurrei, exasperada. Se Tony descobrisse que o Soldado pisara em sua casa, cabeças iriam rolar.

— Preciso de um favor.

— E não podia ter mandado mensagem?!

Ele me entregou um papel amassado, dobrado ao meio, escrito: Para Sr. Stark. Olhei do papel para ele e dele para o papel, sem entender o que ele estava me pedindo.

— Preciso que entregue ao Stark.

— Perdeu o juízo?! Ele...

— Por favor, Natasha. Por favor. — ele estava apelando para o nosso passado, para os sentimentos que eu há muito já havia encoberto. Mas mesmo não o vendo como namorado, ainda era um amigo. Alguém que me fez sentir humana quando eu acreditava ser só uma arma.

Assenti lentamente, e num piscar de olhos, Bucky desapareceu pela janela.

...

— Eu vou caçá-lo, não me interessa o que o Capitão pensa! Eu vou dilacerá-lo, vou... — a raiva de Tony me assustava. Estávamos a sós, em seu escritório, e ele já havia quebrado metade da mobília.

— O que está escrito? — consegui perguntar finalmente.

— Um pedido de desculpas. — Tony caiu na gargalhada, completamente insano. — Uma merda de um pedido de desculpas, Romanoff!

Franzi o cenho, desnorteada.

— E isso é ruim?

— Me diga você. Se as pessoas que assassinaram seus pais, os adotivos ou biológicos você escolhe, te deixasse um bilhete dizendo: foi mal. Você perdoaria? — ele não se dera conta que apertava meu braço com uma força descomunal.

— Tony, por favor. Olha pra mim. — puxei seu rosto com as mãos, forçando-o a me encarar. — Bucky não era ele mesmo quando matou seus pais. Ele estava sendo controlado, abusado, escravizado! Tente entender...

— Cala a boca! Isso não te diz respeito sua... — as lágrimas ameaçavam cair de ambos.

— Se vai culpá-lo pelo que ele fez, deve me entregar para a polícia agora. Ou direto para a cova, se preferir. — minha voz estava trêmula, as lágrimas rolando soltas por minha face.

— É diferente, Nat...

— Não é diferente! — gritei. — Se vai culpá-lo pelo assassinato dos seus pais, me culpe pelo assassinato de centenas de pais. De filhos, tios, avós... Me culpe por incendiar um hospital. Queimar vivas pessoas enfermas. Me culpe por terrorismo! Há tanto sangue nas mãos de Bucky quanto há nas minhas Stark...

Eu não costumava ficar emotiva daquela forma, nem quando se tratava do conturbado passado. Conseguira construir uma barreira ríspida atrás da qual eu escondia meus medos, inseguranças, arrependimentos e dores. Mas havia uma brecha nessa barreira, e naquele momento tudo fluía por ela.

— Você não tem culpa. — Tony finalmente disse, me aninhando em um abraço apertado. — Está tudo bem.

— Ele também não. — limpei as lágrimas com as costas das mãos e me afastei, deixando que o Homem de Ferro ficasse imerso em seus próprios pensamentos.

...

— ... E aí ele disse que estávamos todos convidados a voltar para casa e esse tipo de coisa. Não sei o que pensar. — a voz de Steve através do telefone demonstrava toda sua hesitação.

Por mais incrível que possa parecer, Tony acabou me escutando sobre Bucky. É claro, isso teve uma mãozinha de Pepper. Desde que ela chegara, as coisas tinham sido mais simples. Eu compreendia que a situação em que o homem se encontrava era no mínimo complicada, mas culpar Bucky por algo que ele não controlava era tortura.

— Ele contou que convidou vocês para a festa. — confessei.

— Não entendo. Não somos os melhores amigos, mas eu o conheço o suficiente para ficar no mínimo confuso com a repentina mudança de opinião.

— Talvez ele ainda o odeie. Mas ele está tentando, Steve. E é mais que eu posso dizer de você.

Um silêncio seguiu-se na ligação, entrecortado apenas pelas nossas respirações.

— Acha que eu mando um bilhete também?

— Não. Venha aqui esta noite, desfrute de uma festa ao lado de seus amigos. Confiança se recupera aos poucos.

— E quanto a Bucky?

— Não acho que seja uma boa ideia ele vir.

— Tony disse que ele podia.

— É, mas ser agradável nem sempre é ser sincero.

— Sam vai. Se eu for, Bucky ficará sozinho.

— Ah, coitadinho! Uma noite sem seus colegas de quarto. Por favor!

— Eu vou pensar, está bem? — ele suspirou.

— Não se esqueça de pensar na sua amiga, aquela que salvou sua vida e está com você o tempo todo. Ela sente sua falta. — desliguei o telefone.

Dali algum tempo, Wanda foi se arrumar no meu quarto. A Feiticeira e eu nos tornávamos boas amigas durante nossa estadia na mansão. Às vezes gostávamos de conversar em russo, ou mesmo fofocar de coisas bobas. Ela me lembrava uma versão inocente e mais jovem de mim mesma.

— Acha que está muito curto? — ela rodopiava em frente ao espelho com um short jeans estiloso e uma blusa curta preta.

— Acho que belas pernas têm que ser mostradas. — ela riu. — E é Visão que você quer que repare?

Ela corou.

— O quê? N-não! — mas estava estampado em suas bochechas rosadas e olhos cintilantes. — Você é bonita demais pra ser verdade. — ela suspirou quando terminei de me aprontar.

Estava usando um bori preto cavado dos lados, que deixava um formato bonito nos meus seios, e um short vermelho justo. Meus cabelos ruivos estavam lisos e acima dos ombros.

Era para ser uma festa simples, mais uma reunião social, mas é claro que isso tinha um significado diferente para Tony Stark. Quando descemos, a música ensurdecedora tremia as paredes. Havia no mínimo mil pessoas ali reunidas, dançando, conversando, bebendo... Tony brincava com uma de suas armaduras e Pepper e Happy o vigiavam de perto.

Avistei Sam e corri para abraçá-lo. Ele já parecia tonto.

— Steve não veio? — perguntei, desanimada. Tive que gritar por cima da música.

Sam meneou a cabeça para apontar para a figura loira a alguns metros de mim. Usava uma calça jeans e uma camisa branca, charmoso e elegante. Mas paralisei quando vi o homem ao seu lado.

— Bucky. — cumprimentei quase inaudivelmente.

O Soldado parecia desconfortável, com as mãos nos bolsos e um semblante preocupado. Steve me abraçou calorosamente, e sentiu minha aflição.

— Tony já o viu. Está tudo bem. — ele sussurrou perto do meu ouvido.

— Tá legal. Aproveitem, cavaleiros.

Pov Steve

Natasha se misturava glamurosamente naquela multidão. É claro, se destacava, com sua beleza incomparável e o jeito único, mas não era como eu. Não travava frente a multidões dançantes e bêbadas. Inclusive, eu começava a desconfiar que ela mesma estava um pouco fora de si.

— Dance comigo, Capitão! — ela agarrou-me pelas mãos e puxou até a pista.

Era um ritmo acelerado, talvez uma música eletrônica que eu não tivera a oportunidade de ouvir ainda. Seus olhos dardejantes estavam claramente afetados pelo álcool, mas seu corpo se movia com perfeição. Ela sorria, e as luzes pareciam favorecê-la de todos os ângulos. Nem percebi que devia estar igual um poste até ela enlaçar os braços ao redor do meu pescoço e gritar:

— Mexa-se, Steve! Vamos lá! — sua pele roçando na minha me causava arrepios. Ela estava quente.

De repente, virou-se de costas para mim, mas continuou dançando colada. Era quase impossível controlar meu corpo, e ao mesmo tempo que me via em um tremendo desconforto, não queria que ela parasse. Os shorts eram bem apertados e pareciam não ser nada quando ela friccionava os quadris nos meus. Quando ela se virou novamente, foi para colar nossos corpos e deitar a cabeça no meu ombro.

— Você precisa de mais bebida. — ela sussurrou com a boca colada no meu ouvido.

Serviu mais um copo de whisky para mim e outro para ela. Brindamos, e eu não pude evitar o sorriso bobo que cruzou meu rosto. Ela estava radiante. Era de fato a mulher mais bonita que eu já vira. Então, alguém chamou-a para supervisionar Wanda, que pelo visto já havia extrapolado a cota de bebida e estava causando cena. Ela despediu-se com um beijo e correu para ajudar a amiga.

Fui até onde Bucky estava recostado, observando a festa como uma árvore. Um copo de bebida pendia em sua mão, mas nenhum ânimo saía dali.

— Você costumava ser a alegria das festas. — comentei. — Todas as garotas se jogavam aos seus pés e você... Você tinha um jeitinho com elas.

— Parece que os papeis se inverteram. — parecia haver divertimento e ao mesmo tempo... Amargura em sua voz.

— Acho que não. Continuo o mesmo desajeitado.

— Natasha não pensa assim. — senti minhas bochechas esquentarem e sabia que havia enrubescido. — Ela é gostosa.

— Ela é mais que isso. — disse sem pensar.

Não soube decifrar o que se passava na cabeça dele, então ouvi um grito vindo de uma multidão. Assustei-me, mas logo percebi que as pessoas formavam uma roda ao redor de Natasha para que ela demonstrasse alguns golpes em homens jovens bêbados que riam de orelha a orelha ao cair pelas mãos dela. Ela derrotava um por um, com graça, e as pessoas aplaudiam. De repente, o desafiador... Não, não podia ser. Bucky estava do meu lado, e de repente, não estava mais.

A expressão de Natasha não estava nada satisfeita, e os dois se envolveram em uma luta de golpes técnicos que parecia sem fim, até que ela aplicou uma chave de pernas nele, mas ele conseguiu contornar a situação e derrubá-la, caindo por cima dela e a imobilizando. A cena me foi suspeita, mas eu não compreendia porque. O olhar de Natasha parecia furioso, e o de Bucky, provocador. O álcool devia já estar fazendo efeito, porque as coisas pareciam mover-se devagar.

— Tá legal! Vamos brincar! — Tony gritou quando restavam menos pessoas na casa.

Ao redor de uma mesinha de chão, sentávamos eu, Natasha, Bucky, Tony, Hill, Pepper, Wanda, Visão e Sam. Havia também outros jovens rostos que eu desconhecia. Tony girou uma garrafa no centro da mesa, e de súbito, pessoas eram desafiadas a se beijar ou revelar segredos. Eu estava confuso, o jogo parecia quase fora da realidade e eu queria apenas dormir...

— Capitão! — o grito me despertou. Era Sam. — Beija a Hill ou a Wanda?

— An... O quê?

— Tem que beijar alguma, Steve. Agora.

Depois de muita pressão, acabei dando um beijo em Hill, mas nada demorado. Foi estranho. Era como se minha boca estivesse dormente.

— Verdade ou desafio, Soldado? — a pergunta vinha de Tony, e eu amaldiçoei silenciosamente aquela garrafa. Parecia que todos seguravam suas respirações.

— Verdade. — Bucky respondeu, sombrio.

— Como foi dormir com a Viúva por anos e depois tentar matá-la sem nem lembrar seu nome? — a pergunta arrancou um suspiro coletivo.

Meu raciocínio estava retardado, mas juntei as peças aos poucos. Os olhos de Natasha brilhavam em lágrimas e raiva. Ela fuzilava Tony com o olhar.

Não pode ser.

— Me lembro de tudo agora. E foi... Arrebatador, o que tivemos. Ela me fez sentir humano quando eu era apenas uma máquina. — suas palavras foram como um soco no meu estômago. Literalmente, meu estômago revirava.

Não me dei conta que me levantei até ouvir os passos e gritos de Natasha atrás de mim.

— Me escuta, por favor...

— Você devia ter me contado. — balbuciei, olhando-a nos olhos. Ela estava arrasada, e eu não devia estar muito melhor.

— Eu queria ter contado, mas nunca tive a chance e...

— Não minta pra mim! — vociferei.

— Não estou mentindo! — sua voz estava esganiçada. — Eu juro, Steve, não tem mais nada entre a gente, éramos parceiros de crime e...

— Quer saber? Eu não quero ouvir uma palavra mais. — interrompi. — Achei que comigo você seria diferente. Fui seu amigo desde o início, mas você não consegue, não é? Não consegue deixar de ser essa mentirosa, manipuladora egoísta que você é. — cospi as palavras venenosas, e me afastei quando vi as lágrimas escorrerem por seu rosto. Ela estava petrificada, e eu não consegui assistir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem o que acharam! Acham que o Stark realmente perdoou o Bucky? E acham que o Soldado ainda tem uma quedinha pela Viúva? Quis fazer esse capítulo mais "leve" com a festa porque pós iw é muito sombrio né kkkk. Espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "These broken hearts" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.