Sem você escrita por shawanamatos


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

Mais pra vocês! ;**



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—Me desculpe - Não me mexi, mas ele parou - Não queria assusta-lo. Eu perdi alguém, muito importante. Quase dois anos e não me recuperei. Tenho medo de perder qualquer coisa de novo.

—A vida é assim. Perdemos e ganhamos muitas coisas. Não vou força-la a nada. Só saiba que você tem alguém para expor-se. Ser forte sempre não funciona. Mas me avise se for chorar tanto, terei camisas reserva na próxima. - Acabei rindo, levantei ficando de costas para ele limpando o rosto e o olhei - Precisa de alguém para cuidar de você. Não sou eu, mas irei ocupar o cargo às vezes.

Só assenti com a cabeça com um pequeno sorriso. Esse pequeno momento não estava em meus planos. Porem analisando os últimos três meses que dividíamos a pequena casa notei que ele sempre tentava se aproximar e eu me afastava. Ele ouviu meus pesadelos, devo te-lo assustado muito. Sabia qual era o sonho. Conhecia-o muito bem.  Nossos horários nunca nos deixam estar juntos em casa a quase dois meses. Era por isso que ele me pedia para trazer coisas para ele.

—Foi intencional esses pedidos na madrugada. - meu rosto devia demonstrar muita surpresa porque ele voltou a rir muito.

—A preocupação é reciproca. O que tem de demais?

Minha preocupação com ele era apenas medicinal, certo? Em que ponto eu comecei a agir assim? Então um estalo me ocorre. Uma tarde de domingo, tentava estudar e ele ensaiava na sala derrubando tudo. Atrapalhado como ela era. Como ela... Quis cuidar dele porque acabei associando os dois em um momento relapso. Isso era bom? Eu iria embora em alguns meses. Passei a mão na testa jogando para trás a touca e meu cabelo, respirei fundo. Ele pegou uma mecha do meu cabelo.

—Fica bonito solto, use-o mais assim e conquistara metade do país.

—Impossível como ela também. - recebi um olhar indagador, não explicaria - Esqueça. Preciso ir. Cobrarei sua promessa. Entre em contato se precisar.

Sai da empresa deixando Chung com um pequeno sorriso. O dia já estava clareando e o frio amenizando com a presença do sol. O que acabou de acontecer me incomodava um pouco. Ele disse não querer envolvimento. Eu não quero nenhuma intimidade. Expor-me. . Respirei fundo fechando os olhos brevemente sem interromper minha caminhada. Estava cedo, iria a academia do campus para limpar a mente.

Apesar de ter feito uma caminhada considerável, minha mente não parava. Assim que cheguei ao compus fui direto ao armário deixar minhas coisas, levando apenas celular e fones. Fui direto para a esteira e liguei os fones. Exercícios vão ativar seu metabolismo e calar o seu subconsciente.

Em pouco tempo estava correndo e suando. Sentia minha blusa colar em minha pele algumas vezes, não entendia mais a musica que tocava, ouvia apenas minha respiração urgente e pesada. Mantive o ritmo até perceber que meus músculos reclamavam pela falta de oxigênio. Diminui o ritmo lentamente, abaixei os fones e apoiei os braços no equipamento. Sentia o sangue ferver e transitar rapidamente. Minha mente estava silenciosa. Comecei a andar em direção aos chuveiros e meu corpo mostrou sinais de fraqueza me forçando a sentar no banco mais próximo. Sem café da manhã, DROGA. Esqueci completamente. Mentalmente pensei em minha rota: armário, chuveiro, lanchonete. Concentrei-me em estabilizar a respiração.

Em menos de meia hora estava na lanchonete com uma xicara de chá e um sanduiche. Alimentar os outros e esquecer-se de si mesma. Isso eram os efeitos dos ocorridos dessa madrugada. Não pensaria sobre isso. Irei embora, não precisarei de conclusões de situações sem futuro. Faculdade era o foco. Os meses passam rápido. Concentre-se em seu trabalho. O evento da próxima semana. Automaticamente comecei a repassar minhas pesquisar do dia anterior, as possibilidades, os procedimentos possíveis para cada área.

Devido ao evento ser importante para o curso trocaram nossos horários até o dia de execução. Teríamos discussão de casos todas as manhãs, as aulas laboratoriais foram para o período vespertino e pós-evento voltaríamos com os atendimentos assistidos no hospital. Não me surpreendia a mudança, porem achava desnecessário. Claro que era apenas para pressionar os alunos. Devíamos saber o que fazer e executar sem problema independente da situação. Olhei a folha de escala para o dia do evento. Isso não daria certo. Espero realmente que de tudo certo neste trabalho.

O professor entrou em sala animado. Ele começaria a torturar seus alunos em poucos segundos. Park Si-Hoo, um ótimo professor. Sempre conseguia eventos grandiosos para seus alunos, cobrava postura de profissionais e inteligência. Pressionava sem nenhuma piedade qualquer aluno de suas turmas. Ou você sabia ou não era competente. Apesar se ser um perverso exigente era gentil. Agora entendia por que. Ele quer seu máximo. Não importa se para isso ele precisa se passar por seu amigo.

— Vamos começar. O dançarino sai do show com dor, relata um tombo, esta sendo carregado pela equipe, seu tornozelo é o que o incomoda.  Quem dos escalados para o nosso próximo grandioso trabalho poderia me ajudar a desenvolver os possíveis diagnósticos? – Encarava cada aluno. Ninguém se atrevia a responder, respirei fundo.

— Tudo vai depender de como se encontra o tornozelo – disse sem demora chamando a atenção de todos- Claro, como está a dor, coloração, edema, ele consegue mover.. !?

— Faça melhor Kyra. O que poderá ser e o que poderia fazer? – Me olhava interessado.

— Analisando o ambiente de acidente, nos depararíamos com certeza com uma torção. Eu daria remédios para dor. Mobilizaria com faixa e sem show para o paciente. Ele poderia piorar a lesão caso voltasse ao palco. Seremos responsáveis caso eles não obedeçam às ordens medicas?

— Não. Porem se ocorrer possivelmente perderemos as próximas oportunidades oferecidas ao curso.

Houve uma comoção geral da sala. Isso era um problema. Idol`s eram um problema com suas ambições absurdas. Teremos trabalho com acidentes durante o evento.
O interrogatório continuou, alguns alunos respondiam certo, mas esqueciam de algo vez ou outra. Ele direcionou algumas perguntas a mim e as respondi calmamente sem dificuldades. Sentia seu sorriso sarcástico para mim cada vez que concluía meus diagnósticos. Estava começando a achar que ele testava minha paciência.

— O QUE É ISSO? Da equipe que irá trabalhar semana que vem dois apenas sabem o que fazer sem problemas. Irão depender do massagista e do enfermeiro? ONDE ESTÃO COM A CABEÇA? É trabalho! E não um show de graça. Se preparem melhor para a próxima aula. Se algo ocorrer e vocês não souberem o que fazer ou executarem de forma incorreta acreditem que o responsável irá fazer um trabalho muito bem detalhado tendo como tema seu erro. Usem o resto da manhã na biblioteca. USEM, para estudar.  

O professor sentou em sua mesa e os alunos rapidamente se retiraram abalados. Já havia feito está pesquisa e não sentia necessidade de repeti-la. Usaria o tempo para ir ao hospital repassar meus relatórios de atendimentos e atualiza-los.

—Kyra. – O professor me deteve antes que eu saísse de sala- Você será a chefe da equipe. Mas só de ordens se for necessário. Quero analisar os alunos baseando-me em suas reações.

— Tudo bem. Tenha um boa dia Sr. Park. – Ele me olhou surpreso.

Não deixei que ele mencionasse algo mais me retirando de sala rapidamente. Irei estreitar nosso convívio para apenas aluna e professor. Contei demais a ele e não concordava em como ele estava utilizando as informações.


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