Prologue — Tame Your Demons

Nunca dome seus demônios, mas sempre os mantenha em uma coleira.

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 Quando ela era uma criança, costumava ficar sentada por horas, analisando tudo a sua volta e pensando antes de agir. Quando mais jovem, decidiu que a vida era somente sua e se deixou levar pelas vozes em sua mente, algumas cantando e outras gritando em seus ouvidos. Porém, naquele instante, ela não sabia o que deveria ser. Suas costas estavam encostadas em uma fria parede branca, enquanto ela se encontrava sentada no chão. As lágrimas que escorreram por seu rosto já tinham cessado, e agora havia apenas sede por vingança em seu olhar. Se levantou, apoiando na parede e encarando o corredor a sua frente, decidida a fazer o impossível, caminhando em passos lentos, escutando o som do salto de suas botas ecoando pelo corredor.

Sua mente se encontrava em ruínas, o gosto amargo de cada perda prevalecendo em sua boca enquanto o cheiro de morte invadia suas narinas, a instigando a quebrar todas as coisas em sua frente. Conseguia ouvir o sussurro de cada um daqueles que se foram em seu ouvido, dando diferentes opiniões sobre o que deveria fazer e, por mais que soubesse que podia estar caminhando até sua sentença de morte, a opinião de ninguém a sua volta lhe faria desistir. Continuou andando, seguindo a esquerda até chegar em uma porta escura e isolada. Parou na frente dela, fitando um pouco receosa enquanto pensava no que estava prestes a fazer. 

Quando ela tinha dezesseis anos, seus sentidos a enganaram — o cheiro de gasolina em suas roupas e adrenalina em suas veias apenas levaram-na para a beira do penhasco da morte, de onde ela quase fora jogada no esquecimento. Hoje, ela sabia que tinha poucas escolhas e um único objetivo para atingir — e ele não envolvia, pela primeira vez, seu próprio bem estar, mas sim justiça. E em meio a cinzas e pó em suas roupas, a mulher sabia que teria que tomar decisões para alcançar sua meta, fazer alianças para cumprir aquilo que prometera a si mesma.

Abriu a porta e se deparou com uma grande escadaria, descendo em passos lentos, escutando o som de seus saltos ecoando em meio as sombras do horror. Ao chegar no final dos degraus, foi até o painel de controle brilhante e digitou uma senha que somente ela sabia, duas grandes portas de metal se abrindo e revelando a luz, que incomodou seus olhos. Entrou no local, que era todo branco, e fitou a única cela no final do corredor, rodeada por um vidro resistente e inquebrável, enquanto o homem que ela procurava se sentava no chão, a fitando curioso. Dava passos longos e lentos, pensativa enquanto sua face mostrava seriedade e profissionalismo — escondendo um coração quebrado que ardia em chamas corrosivas. Ela era alguém influente e importante, e mais do que nunca, deveria manter sua postura. Ela era a agente Victória Foster: odiada por muitos, temida pela maioria e amada pelos que valiam a pena. Parou na frente da cela, fitando com superioridade o rapaz que estava preso e respirando o mais fundo que seus pulmões lhe permitiam.

— Ora essa — começou ele, com um tom debochado e irritante aos ouvidos da mulher, um meio sorriso de zombaria estampado em sua face. — Estava com vontade de me ver, agente Foster?

— Na verdade sim. — respondeu ela, digitando alguns comandos no painel de controle da cela do homem e abrindo a porta, sabendo que ele claramente ficara confuso.

Seth Gibson seria sua única forma de vingança, seu único aliado e sua única passagem para alcançar sua meta. Era como já dizia uma velha melodia, que ela ouvia com fascínio quando mais nova; Tudo o que você tem é o seu fogo, e o lugar que você precisa atingir. Nunca dome seus demônios, mas sempre os mantenha em uma coleira.