O medo de Willy Wonka. escrita por dayane


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Hey, para quem acompanha a fic em "tempo real", recadinho lá em baixo.
Antes, bora pro capítulo!



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Era a primeira vez em muito tempo que Willy quase se matava de trabalhar. Os Umpa Lumpas estavam cheios e exaustos, com medo de passar perto da ala de experimentos e serem chamados para testar algo novo; a mesa da ala de experimentos estava forrada com diversos chocolates, alguns derretendo, alguns intactos e em meio a vastidão de espécimes criadas, uns tinham um selo de aprovação e outros de recusa.

Willy estava esticado na cadeira, as pernas jogadas para fora, a cabeça desconfortavelmente apoiada no encosto da cadeira, as nádegas para fora do estofado enquanto os olhos castanhos fechados descansavam enquanto o chocolateiro pensava apenas em inspirar e expirar.

Descanse, pensava o criador.

Charlie também estava exausto e até mesmo enjoado do cheiro doce que impregnou na sala, mas ver Willy daquele jeito era algo novo. O chocolateiro sempre estava exuberante, até mesmo de pijama ou dormindo, mas desta vez ele estava cansado, com a idade surgindo pela lateral dos olhos em rugas suaves. O mais fascinante de tudo aquilo era poder ver o homem que se escondia em Willy Wonka, o homem que guiava e até mesmo barrava a criança que sempre dominava o chocolateiro.

— Seu olhar está me incomodando, Estrelinha.

Charlie sorriu.

— Desculpe, é que nunca te vi tão cansado.

Willy soltou um riso encabulado. Sua cabeça zumbia com a quantidade de coisas que foram inventadas e que ainda estavam para nascer. Ele queria dormir um pouco, descansar de verdade, mas não conseguia.

— Nem todos os dias podem ser de glória. - o chocolateiro abriu um olho e soltou um sorriso. - Mesmo quando se é um cara belo e encantador como eu. A beleza também cansa.

O herdeiro não prendeu o riso.

— Esqueceu-se do narcisista.

— Ainda não sou, mas quem sabe um dia.

Wonka ergueu o corpo, passando a sentar corretamente na cadeira. Os docinhos em formato de roupa estavam meio prontos, com o corpo do manequim para ter o sabor escolhido ainda em pauta.

— Está dando muito trabalho. - Charlie sussurrou.

Wonka concordou com um gemido.

Se continuassem seguindo naquele caminho, pensou o mais velho, os convidados não comeriam por sentir enjoo. Adultos não tendiam a ser fã de doces e ele duvidava que houvessem crianças na festa. Adultos odeiam crianças em suas festas chiques e pomposas.

— Podemos mudar, não podemos? - Arriscou o pupilo.

Charlie acompanhou os olhos cansados do chocolateiro caminharem da mesa até ele, o brilho renascendo conforme o sorriso se alargava.

— Narcisista. - Willy sussurrou. - Veruca é.

— Não tenho muita certeza disto, Willy.

— Fazemos alguns doces simples com as letras do nome dela. - Wonka fechou a cara. - Você não respondeu a carta da secretaria dela falando o que íamos fazer, respondeu?

Charlie já tinha vivido o bastante com Willy para saber que o chocolateiro adorava surpresas. Ele amava encantar, ver a expectativa e ansiedade tornando-se emoção pelo que via. Ele nunca errava, fazia coisas excepcionais que não tinham como desagradar, parecia até que estudava a vida da pessoa.

— Nunca. - O chocolateiro sorriu para a resposta do herdeiro.

Charlie era uma benção em sua vida.

— Então vamos seguir o plano B.

— Plano B? - Questionou o mais novo. - Não sabia que tínhamos um plano B.

Willy já havia saltado da cadeira, arrumando as luvas emborrachadas que sempre protegiam os dedos experientes do chocolateiro.

— Você acabou de criar um, estrelinha. Os planos não nascem quando queremos, mas quando menos esperamos.

W.W

A primeira remessa certeira de brigadeiros em formato de letra saiu quase meia-noite. Uma letrinha fina, salpicada com confeitos explosivos Wonka na cor azul-celeste e leve brilho ouro rose. Charlie salivava para provar aquele docinho de medidas impecáveis, com crosta levemente crocante.

Willy limpava as mãos em um pano úmido, o rosto sério repleto daquele orgulho que sentia ao ver uma obra-prima ganhar vida. O chocolateiro, para fazer aquele formato impecável, teve de arrancar as luvas e colocar a mão na massa. Tomando cuidado para higienizar bem, quase morreu de prazer ao sentir o chocolate morno tocando-lhe a pele.

— Prove. - Pediu.

Sabia que mais parecia uma ordem, mas queria ter o deleite de ver Charlie saciando o desejo que nutria pela letrinha “v” comestível. Ele também queria ter certeza de que os ingredientes pra enfeitar o chocolate não tinham interferido no sabor.

Charlie estava sem coragem, pois não tinham outro daquele e nem mesmo uma foto para recordar, mas, ainda assim, o herdeiro pegou o doce.

O brigadeiro parecia um bombom em firmeza externa, mas já demonstrava anseio por derreter contra o calor das mãos. Ao tocar a língua, a crosta se derretia, dominando a boca e dando espaço para o verdadeiro brigadeiro, macio, docinho na medida certa, com cacau dançando ao toque de uma pitada de avela que fazia toda a diferença. Os dentes quebrariam a casquinha de cima enquanto o céu da boca explodia em fogos de artifício um tantinho azedo - obra dos confeitos explosivos Wonka.

O Bucket fechou os olhos, apreciando aquela sensação maravilhosa de sentir tudo ao mesmo tempo e também de ter o corpo desvendando cada sensação. Os problemas fugiram da mente, o mundo sumiu. Só havia um corpo de prazer.

Willy, primeiro, sorriu. Depois sentiu que tinha exagerado, pois Charlie mastigava com tanta lentidão, que o chocolateiro achou ser derivado do anseio de não acordar daquele sonho.

O herdeiro abriu os olhos. Estavam brilhosos, cheios se prazer, quase luxúria. A voz não queria sair, tinha medo de que tudo tivesse sido um sonho.

— Acho que o confeito foi demais. - Willy sussurrou pensativamente.

— Eu fui para o céu e voltei.

— Voltou com os lábios brilhando em ouro rose. - Willy pegava as luvas. - vou diminuir o corante e tirar os confeitos.

— Mas estava perfeito. - Choramingou o herdeiro.

— Vamos estrelinha, amanhã os Umpa Lumpas começarão os brigadeiros. O "s" do sobrenome Salt eu pensei em fazer com morangos. - Willy empurrou os ombros do herdeiro ou a criaturinha não sairia do lugar. - Um banho gelado vai te fazer bem, estrelinha.

 

W.W.

 

Amanda Funk acompanhou uma pequenina chaminé na fábrica. A fumaça começou a sair no meio da tarde e só parou pouco depois que a madrugada dominou os céus. Não nevava, mas estava bem frio, obrigando a mulher a tomar quinze bebidas quentes e usar o banheiro sete vezes. O carro estava atulhado de copos descartáveis da cafeteria, o cheiro de chocolate quente, café e chá de canela brigavam para dominar o ambiente quase lacrado, com um mini vão aberto na janela para não embaçar os vidros nem matar a chocolateira asfixiada.

Tutor e pupilo trabalharam horas a fio, segundo revelava a pequena chaminé quase escondida. Willian não teria força de vontade ou ânimo para trabalhar se Charlie tivesse contado sobre a conversa que tiveram, não é?

A loira ligou o carro.

Então, se o pupilo estava protegendo o tutor em silêncio, se o pupilo estava blindado, o tutor teria que ser diretamente atacado.

O carro sinalizou a saída.

Amanda Funk sabia quem poderia ser usado como isca. Sabia os pontos fracos de Willy Wonka. Sabia que a fábrica fantástica passaria para as suas mãos.


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Notas finais do capítulo

Recadinhos:
Peço desculpa pela demora, mais a fic termina ainda este ano, juro.
Estou pra participar de um concurso e me dediquei ao projeto (se eu lembrar, explico depois), pois tenho prazo pra entrega.

A demora também se deu porque fiquei com dúvidas em como puxar o último capítulo, mas tudo resolvido.

Amo vocês. Obrigada por cada recadinho deixado. Se quiser, estou disponível nos comentários, mensagem e redes sociais.

Adiós!



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