Os Três Reis escrita por Deusa dos Yatos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira fic e ficou um pouco diferente do que a maioria tá acostumada
ok, é um pouco bizarro, eu sei (haha)
de qualquer forma espero que gostem! =^.^=



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“Os passos daquele homem ecoavam pelo chão de pedra do calabouço. Se a morte emitisse algum som quando chegasse com certeza seriam aqueles passos que eu ouviria, mas aquele homem era algo pior que a morte. Ele era um espectro, uma coisa que não definiria exatamente como algo que nós guerreiros abraçamos de bom grado.”

 

 

Jungkook entrou no salão real causando grande euforia entre os guardas do rei. Arrastava um prisioneiro por uma corrente grossa que se dividia em duas prendida nos pulsos e produzia um som estridente no piso da grande sala. O rei o observou e apertou os olhos não reconhecendo o tal prisioneiro. Ele tinha os cabelos castanhos e compridos caídos no rosto e a barba cobria o pouco que lhe sobrava da face.

Assim que parou em frente ao trono do Rei Namjoon II, o homem jogou o prisioneiro no chão; este se obrigou a ficar de joelhos e ainda cambaleante se pôs em frente ao rei de cabeça baixa. Suas mãos permaneciam unidas pelas grossas correntes de ferro e sangravam. Pela situação em que se encontrava vinha sofrendo agressões por todos os dias em que estivera no calabouço. Grandes manchas de sangue seco tingiam a veste suja.

Logo em seguida uma mulher com pouco menos de trinta anos adentrou o salão puxando um menino pelo braço; sua aparência dizia que era esposa de um soldado, por mais que fossem singelos seus trajes não se comparavam com os de uma camponesa ou escrava. O menino também estava bem vestido, porém não parecia saudável seu rosto tinha uma palidez sem igual. Assim que viu a mulher, Namjoon se deu conta de quem era aquele prisioneiro diante de si. Era Baltazar, um dos guerreiro de sua guarda real.

A mulher chorava copiosamente e o menino olhava assustado para o pai, a palidez de seu rosto concedia-lhe uma melancolia quase sobrenatural. A Rainha Catarina se levantou de seu trono e observou sobressaltada a cena que se desenrolava. 

—O que significa isso Jungkook?_o rei encarou seu guarda real de uma forma severa.

—Esse prisioneiro aguarda seu julgamento, Vossa Majestade!_Jungkook não sorriu, mas o rei percebeu seu olhar sarcástico e debochado. Já conseguia identificar a ironia que os olhos pretos de Jungkook emitiam, agora via com clareza que havia mais que ironia ali.

Ele desceu as escadas que o separava de Baltazar, Capitão do terceiro esquadrão e seu companheiro desde o começo de seu reinado em Galarda, mas Jungkook o impediu de se aproximar ficando entre o rei e seu subordinado. Seu olhar era uma ameaça viva, infelizmente Namjoon sabia disso e assim estancou o passo ficando à base dos degraus.

—Seria bom se Vossa Majestade tomasse a decisão correta quanto ao destino deste corrupto traidor

—A pior decisão que poderia tomar eu já tomei, que foi nomear você como cavaleiro e conselheiro real._Jungkook sorriu desta vez, mas de uma forma venenosa. Então se aproximou do rei, ficando a apenas alguns centímetros de distância.

—Você sabe o que deve fazer!

—Qual a acusação?_Jungkook deliberou por um momento e voltou a olhar para o rei, com a mesma ironia habitual.

—Traição, conspiração, blá, blá, blá... Ele estava tentando se comunicar com os reinos do leste para formar alianças e tomar posse do governo de Galarda. Nosso próximo objetivo é descobrir quem é seu mentor._Jungkook olhou de forma sugestiva para o rei que apenas o fitou descrente. Após alguns segundos repetiu:

—Você sabe o que deve ser feito!_Namjoon piscou por um momento, então olhou para a família de Baltazar. Pensou nas consequências de sua decisão, aquela mulher perderia um marido e aquela criança, um pai. Imaginou sua filha, Yoni. Como ficaria se ele ou se Catarina morressem? Yoni ainda era tão jovem. Pior ainda, como ele ficaria se Yoni e Catarina morressem? Nem podia imaginar, sua vida iria ser enterrada junto com elas e sua dignidade como rei estaria perdida.

O rei suspirou profundamente, abaixou os olhos e encontrou Baltazar ali no chão. Murmurou desculpas e secretamente pediu para que em outra vida pudesse servir a esse homem como um subordinado ou como reles escravo, até por que já não lhe importava ser rei, preferia ser um escravo honrado a rei falido. Erguendo seu rosto encarou as portas do salão e após mais um longo suspiro anunciou sua sentença:

—Eu, Namjoon II, Rei das Terras de Galarda decreto sentença de morte a este prisioneiro que aqui se encontra.

O choro da mulher se intensificou e se tornou um grito ensurdecedor que ecoou pelo grande salão. Naquele momento as paredes do castelo desmoronaram ao redor do rei e ele entrou em um estado de torpor, onde não via nada, não ouvia nada, não falava nada, mas sentia o olhar de todos os presentes sob ele. Todos o olhavam com surpresa e talvez até com repulsa. Podia sentir o magnetismo do olhar de Catarina. Estava assustada? Abalada? Ou pior ainda, estava com ódio?

Ele sabia que Catarina era uma mulher justa e honrada, não foi á toa que se casara com ela. E agora ele lhe traía a confiança para não perdê-la, mas ela não podia saber disso. Se soubesse iria parar no calabouço junto com outros prisioneiros e seria muito cruel ter de condenar sua própria mulher à morte. Talvez a perdesse agora mesmo, porém ela estaria viva e isso era o que realmente lhe importava naquele momento.

Estava tão absorto com tudo que se desenrolara ali que nem notou Jungkook á sua frente estendendo-lhe um envelope dourado com um grande “O” em alto relevo no remetente. Sua expressão não dizia nada ao conselheiro, mas seu olhar era fervente de um modo que só Namjoon conseguia reproduzir, então encarou Jungkook nos olhos e tentou ver a sua alma. Foi aí que se deu conta de que ele não tinha alma nenhuma. Ou tivesse tido, algum dia.

—Isso é para Vossa Majestade. Pegue-o!_Namjoon permaneceu imóvel. Jungkook suspirou e sorriu como sempre fazia quando estava satisfeito com algo, então jogou o envelope no peito do rei e este logo pousou no piso de mármore ficando ali inerte e totalmente esquecido entre a tensão que ocorria entre o rei e seu conselheiro.

—Com licença_Jungkook deu meia volta e já de costas completou_Vossa Majestade.

Namjoon fez cara de desdém para as costas do rapaz, que já arrastava o prisioneiro pelas correntes presas aos punhos. Era espantoso olhar para aquele garoto que agora já era um homem, Jungkook sempre andava ereto como se estivesse a cavalo, mas não como simples conselheiro real e sim como o próprio rei. É claro que Namjoon já havia notado que Jungkook tinha talento para a nobreza, mas jamais imaginara o que se escondia atrás dos olhos pretos e amendoados. Jamais imaginara que aquele garoto maltrapilho se tornaria seu algoz.

No momento em que as pesadas portas do salão foram fechadas e tudo se tornou silencioso de novo, o rei de Galarda forte como era e reconhecido por ser o rei das guerras sentou em seu trono e chorou.


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