Girl escrita por Swimmer


Capítulo 3
Usei meu inglês e nem foi vendo séries


Notas iniciais do capítulo

Pois é, eu tô viva. Depois de cinco meses apenas, voltei. Eu ia postar antes, juro.
Queria ter o próximo capítulo pronto antes de fazer isso, me desculpem.
Boal leitura. ♥



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Corri atrás de Leo por várias ruas, perdi a conta quando passamos por vários gatos de rua. Que foi? Eles eram bonitinhos. Leo não parecia nem eu pouco cansado, ao contrário de mim, mas ele não estava usando saltos. Parecia que eu tinha corrido uma maratona.

—Pelo amor de deus, para um pouco - puxei o braço dele quando viramos, talvez, a décima nona esquina e parei para respirar.

—A gente não tem tempo, Sophia!

—E a gente não vai para lugar nenhum se eu morrer sem ar. O que tá acontecendo? Você fumou? Sem julgamento...

Enquanto ele me encarava, provavelmente julgando se o esforço de explicar valia a pena, tirei os saltos e passei as mãos pelos pés.

—Só faltam umas três ruas, se você se mexer, juro que vou explicar o mais detalhadamente possível.

Bufei e joguei os sapatos para ele/nele, antes de voltar a correr. Em algum ponto, percebi que o que quer que eu tivesse visto, estava nos seguindo.

Os meus pés estavam doendo e sentia como se alguém tivesse sugado todo o ar dos meus pulmões com um aspirador de pó. Desacelerei o passo, por mais que Leo gritasse coisas - que eu não entendia, aliás.

Minha total falta de preparamento físico teve uma consequência, a Forma— resolvi que vou chamá-la assim - nos alcançou. Viramos uma última esquina e Leo parou, minhas pernas já tinham criado uma consciência própria e não fui capaz de pará-las até que encontrassem uma barreira de um metro e oitenta, Leo.

—Chegamos? - perguntei.

É claro que tínhamos chegado, levei alguns segundos para perceber que estávamos na frente da casa dele, onde eu e Alice tínhamos parado na quinta-feira.

—Me espera na varanda, se algo acontecer, tem uma chave reserva debaixo do vaso de plantas. Mas tente chamar o André - ele abriu o portão e me empurrou lá pra dentro.

Não vou dizer que eu heroicamente me virei e perguntei "mas e você? " porque eu não fiz isso. Vi ele tirar alguma coisa do bolso da calça e fiz o que ele tinha dito, eu estava apavorada. Corri pela grama e só voltei a olhar quando subi os quatro degraus da varanda.

Dali, eu só conseguia ver metade do corpo dele, mas eu poderia jurar que Leandro tinha uma aljava nas costas e um arco com uma flecha verde nas mãos. Não havia muitos postes por ali, então quando ele mudou de expressão eu não pude ver porquê. Leo atirou uma, duas flechas antes de correr para o outro lado da rua. A Forma andou até a frente da casa e eu consegui ver parte do seu rosto semi-humano.

Talvez fosse por causa da bebida ou da correria, mas tive uma vontade enorme de vomitar.

Leo atirou mais uma flecha e essa acertou na cabeça da Forma. Ela soltou um ruído e eu juro que não estava tão bêbada a ponto de imaginar uma coisa assim, sumiu numa nuvem de pó dourado.

Acredite em mim. E não, não há nenhuma possibilidade de alguém ter colocado alguma droga na minha bebida.

Observei Leo andar até onde as outras duas flechas tinham caído e recolhê-las. Enquanto observava ele andar lentamente até onde eu estava, senti meu estômago dar cambalhotas e praticar artes marciais.

—Você quer ent... - ele começou.

Eu o interrompi levantando um dedo e me debruçando para batizar sua antes imaculada grama com meu vômito.

E no vídeo de hoje, meninas, eu ensinei a como perder todas as chances com o boy, sendo ele real ou não!

Quando acabei a exibição única do meu espetáculo, Leo abriu a porta e me levou até o sofá. Era uma casa normal, talvez com plantas demais, mas normal.

O sofá era feito com um tecido macio e eu só percebi isso porque era muito confortável. Quem quer que tenha escolhido aquele sofá, meus parabéns. Deixando o sofá de lado, Leo me trouxe um copo de água.

—Presta atenção.

Abri a boca, tentando dizer algo que não fosse “posso por favor ligar pra minha mãe?’.

—...o que? – foi o máximo que consegui.

Okay, por onde eu começo? – ele perguntou para si mesmo e colocou o arco e a aljava na mesa de centro. – Tá. Sabe o que você leu nos livros, sobre os deuses e o acampamento? Então, é verdade. Grover teve a grande ideia de vir para a América do Sul procurar uma planta para fazer alguma coisa... Não sou obrigado a lembrar. Isso foi dois anos atrás, eu estava numa viagem com o André, nós estávamos na Amazônia que é obviamente onde o Grover iria procurar uma planta aqui....

—Uou! Calma. Quem que eu te pegue uma água? Respira, cara.

—Nós nos esbarramos – ele me encarou – e quando percebemos que éramos todos sátiros, ficamos amigos. Aí ele teve uma grande ideia...

—Segura aí! - eu pisquei várias vezes, confusa – Você é um sátiro?

—Mas é claro! Continuando, nós não sabíamos que o acampamento existia, então o Grover falou com o Quíron e ele disse que tinha espaço suficientes para semideuses brasileiros lá.

—Achei que eles já tivessem brasileiros lá – puxei uma linha do vestido.

—Sim, mas eu quis dizer em grande escala. Falamos com todos os sátiros que conhecíamos e organizamos um programa de busca. Estamos tentando levar o maior número de meio-sangues pra Nova York, temos equipes em todos os estados, em alguns mais, em outros menos. Vocês são difíceis de achar, sabia? – ele se jogou numa poltrona.

—Você é um sátiro?

—Essa casa é protegida, mas não conseguimos replicar a magia em grande escala ainda, mas a Annabeth está trabalhando nisso como TCC...

—Cala a boca, Leandro! – gritei – Desculpe – revirei os olhos quando ele me olhou como se essa fosse a maior ofensa possível. – Se você é um sátiro, vai me levar pro acampamento?

—É aí que estou tentando chegar, mas você não deixa, Sophia. Posso? – ele cruzou os braços.

Dei de ombros e tentei ficar quieta. Não é fácil fazer isso quando se acabou de sair de uma festa, é quase madrugada, você pensa estar vendo monstros, seu novo amigo se diz um ser mitológico e isso tudo pode ser fruto do álcool ou drogas. Surgem várias perguntas.

—Nós temos verba limitada, e eu sei, isso soa idiota, mas vender morangos é tipo vender miçangas, você tem um trabalho enorme e no fim...

—Eu acho que você é louco - assenti e me levantei. - Nem eu sou tão viciada assim na série para cair nessa. Vou nessa, tá? Te vejo por aí...

Comecei a andar até a porta e peguei o celular na bolsa. Achei o número da minha mãe, liguei e deixei chamar.

—Qual é o problema com vocês? Gastam horas lendo e aí quando a oportunidade, já que ser perseguido por monstros é muito incrível, aparece, vocês não acreditam... - Leo resmungava atrás de mim. - Sophia... olha aqui, droga.

Preparei uma frase irônica e me virei, mas parei, com a boca aberta, porque ele estava abrindo o zíper da calça. Ler isso deve ser estranho, principalmente se sua mãe tiver decidido aparecer agora atrás de você, mas pode acreditar, na hora foi pior.  Pensei em sair dali correndo, só que meu cérebro resolveu congelar naquele momento.

—Você é pervertido! - falei e apontei pra ele, com uma mão no trinco da porta e segurando o celular no ombro. Então ele puxou a calça pra baixo - Ai caralho.

—Sophia? - minha mãe chamou no celular - Quantas vezes eu já disse pra não usar esse tipo de palavra?

—Desculpa, mãe. Só liguei pra dizer que daqui a pouco vou pra casa.

Desliguei e fiquei encarando Leo. Okay, fiquei encarando as pernas de bode dele. Pareciam tão reais que levei uns dois minutos pra conseguir dizer alguma coisa que fizesse sentido e então ri.

—Foi o Artur, não foi? Ele ainda tá com raiva por causa daquela vez com o poodle? Ele te pagou pra dizer isso? - revirei os olhos.

Leo me encarava, entediado. Ele andou até uma das gavetas da estante, a abriu e tirou alguma coisa de dentro. Uma moeda. Bem estranha, por sinal.

—Se eu conseguir mandar uma mensagem de Iris vai acreditar em mim? - ele passou a moeda entre os dedos.

Seria engraçado ver ele tentar.

—Fechado, mas eu falo com a pessoa e se não fizer sentido você me deve um sorvete e uma panela de brigadeiro.

—Anda logo - ele passou por mim e abriu a porta.

Hesitei por alguns segundos antes de segui-lo. Por mais que estivesse convencida de que ele estava zoando comigo, eu tinha certeza de que o vira lutando contra alguma coisa.

Ele seguiu pela grama, o que foi muito desconfortável de se fazer descalça. Além disso, algo que eu não tinha percebido porque estava correndo feito louca é que estava frio. Me encolhi e dei os últimos passos em direção a uma fonte, que estava jorrando água. Leo ajustou algumas luzes e os jatos até que formassem um arco-íris.

—Me mostre Percy Jackson, no Upper East Side— ele disse e jogou a moeda no arco-íris.

Eu ia rir dele quando a imagem de um garoto de cabelo preto beijando uma garota loira surgiu.

Leo corou e fingiu uma tosse. Eu não aguentei. Me virei e comecei a rir. Ouvi ele dizer alguma coisa em inglês e a garota responder.

—Desculpa - falei e respirei fundo. - Então, já que se parece com a Annabeth vou assumir que seja ela. Qual é a fórmula de Bháskara? - perguntei.

Ela ficou me olhando da tela estranha de arco-íris por um tempo e respondeu. Certo. Imagino que você já tenha visto a fórmula em algum lugar, então não vou me dar ao trabalho de tentar escrevê-la aqui. Se eu estiver errada, o Google está aí pra isso.

—Leo, quem é essa e o que está acontecendo? Ela tá chapada? - "Percy" perguntou.

—Eu sou a Sophia e esse é um truque muito bom - falei e passei a mão entre a tela.

—Proteção para novatos curiosos - Leo explicou, aparentemente não para mim - Fizemos um acordo com Íris e, Sophia, pode ver seus dedos atrás da névoa o quanto quiser, não vai sumir.

Revirei os olhos. Ele estava me tratando como uma criança.

—Por que eu deveria acreditar que sua ilusão de ótica é real?

—Ilusão de ótica? Leandro? - a garota reclamou.

—Estou no Brasil, ela leu os seus livros e bla, bla, bla, mas não acredita que é uma semideusa. Aparentemente, só porque eu disse pra ela acreditar.

—Não achei que fosse funcionar! Gostou da narração? – Percy perguntou.

—Sim, faz você se sentir dentro do livro. – Eu me vendo por tão pouco... – Por que vocês demoraram tanto pra se beijar? Annabeth, sabia que antes da batalha de Manhattan o Percy...

—Tudo bem, chega de conversa - Percy me interrompeu. - Você é realmente uma meio-sangue. Eu te parabenizaria, mas já disse que isso é um saco.

—Faço dezesseis anos no mês que vem, se isso fosse verdade, eu já teria morrido - cruzei os braços.

—Eu explico. Pega alguma, coisa pra nós bebermos? – a garota disse.

—Claro - Percy beijou a bochecha dela e saiu de vista.

—O Olimpo está concentrado na América do Norte, o que significa que os monstros também estão. Mas eles existem praticamente no mundo todo, mas em menor escala. Isso explica o fato de você estar viva, Sophia, mas tenho certeza que já teve uma professora ou colega de classe irritante. Talvez fossem monstros menos poderosos. Geralmente, quando falamos de monstros, quanto mais poderosos, mais perto dos Estados Unidos - Annabeth parou, pegou uma xicara que Percy lhe trouxera, tomou um gole e continuou – Mas eles dão um jeito de ir para qualquer lugar se tiverem a motivação certa ou outra fonte de poder.

—Sobre isso. Precisei de três flechas para acertar a coisa que nos perseguiu hoje - Leandro disse.

Talvez Leandro fosse o melhor sátiro arqueiro vivo ou talvez ele fosse o Green Arrow disfarçado, mas a expressão de Annabeth mudou completamente.

—Vocês precisam vir pro acampamento o mais rápido possível.

Crianças, na história de hoje aprendemos que fazer um curso de inglês pode ser útil.


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Notas finais do capítulo

So, my dear readers, learn English!
Kisses of darkness ♥ ♥



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