Ao ver Killian ajoelhado, todos lhe encarando (inclusive sua mãe com um sorriso perverso nos lábios), Regina não sabia o que fazer.
Sua vontade era criar coragem, estufar o peito e colocar pra fora tudo o que ela havia guardado durante todos aqueles anos, queria gritar pra todos que ela não queria ter sua vida toda ditada por pessoas que nem sequer a conheciam, queria mandar Killian ao inferno e quem discordasse que fosse junto com ele. Permaneceu em silêncio por alguns segundos, pena que apenas ficar em silêncio não resolveria aquilo.
Emma continuava imóvel, encarando a morena, esperando que ela dissesse não, que fosse corajosa e assumisse pra todos que aquilo não era o que ela queria, afinal, ela não queria aquilo não é mesmo?
A loira teimava em acreditar que Regina não queria nada daquilo, da fama, do poder, ter sua vida inteira já descrita.
Regina apenas abaixou a cabeça e estendeu a mão direita a Killian e todos começaram a aplaudir, porém as risadas e conversas não duraram muito tempo, o céu que antes estava cheio de estrelas começou a se encher de densas nuvens vermelhas, um vento incontrolável começou a bagunçar toda decoração e até mesmo a destruí-la, trovões eram ouvidos cada vez mais alto e o céu se iluminava com os raios que vinham um após outro, todos começaram a entrar em pânico.
Emma não conseguia lidar com o que estava sentindo, a raiva dominava todo seu corpo, ela não conseguia se acalmar ou pensar direito.
Sentia como se Regina estivesse fazendo pouco caso enquanto em todos os momentos em que os olhares delas se cruzavam a loira sentia a barriga gelar. Emma se sentia idiota por ter colocado seu porto seguro em alguém que não se importava, seu coração se acelerava apenas por aquelas trocas de olhares que não duravam mais que 3 segundos. Seu corpo ficava trêmulo e as penas bambas só de saber que encontraria a morena todas as manhãs.

— Emma se acalma – Elsa foi até ela e segurou suas mãos, por mais que nunca tivesse desconfiado, naquele momento ela tinha acabado de ter noção sobre os sentimentos da amiga – Não vale a pena ficar com tanto ódio.

— Aproveita Regina – Emma dizia encarando a morena assustada que tentava entender o que estava acontecendo.

— Emma, fala comigo – por mais que Elsa tentasse tirar a amiga daquele ‘transe’, era inútil, seus olhos continuavam frios e distantes.

— Aproveita que esse sentimento pulsa e corre pelo meu corpo inteiro, porque se eu sinto tudo isso com o meu amor, você não imagina o que eu posso sentir com o meu ódio – após ouvir aquelas palavras, Elsa num gesto impensado colocou a mão direita sobre o coração da amiga e numa tentativa de acalma-la começou a emanar por todo seu corpo.

A loira sentiu apenas seu corpo relaxar, seus pensamentos sumindo lentamente e quando não mais conseguiu se controlar, deixou o corpo cair nos braços da amiga.

— - -

Depois de algum tempo tudo havia voltado ao normal, alguns dos convidados tentavam entender o que estava acontecendo, as famílias dos Swan e dos Potter estavam divididos num misto de felicidade pelo noivado e medo por ter acontecido algo tão assombroso.
Se uniram com alguns membros da ordem e a maioria deles, se não todos, achava que aquilo tinha sido um sinal de aprovação. Harry porém insistia em dizer que por algum motivo aquilo não estava certo, enquanto Hermione tinha a mente focada no que havia acabado de perceber, porém sabia que aquela não era hora nem o lugar pra falar sobre aquilo.
Emma acordou e mesmo que estivesse meio tonta decidiu voltar para “festa”, suspirou tentando ignorar o fato de que agora Elsa sabia sobre seus sentimentos e que Regina era noiva de seu ‘quase’ irmão. Ao descer as escadas e explicar para suas amigas que havia tido um mal estar, ouviu Ana dizer que Regina e Killian estavam brigando, Emma sabia que por mais que lutasse ou insistisse naqueles sentimentos, algumas coisas simplesmente foram feitas para “não acontecer”, dar errado, nada aconteceria da maneira que ela desejava, ainda assim decidiu ver o que estava acontecendo.

— Eu não vou dançar – Regina dizia seca, irritada, sua voz estava áspera enquanto ela discutia com Killian, seus pais e os pais de Emma.

— Essa é uma das partes mais bonitas da festa – Mary disse cabisbaixa – Eu e David pensamos nisso por anos...

— Regina, deixe de ser mal criada e vá dançar – Cora ordenava num tom imponente.

— Eu não vou dançar com Killian – retrucou encarando sua mãe – Vocês queriam que eu colocasse esse vestido, eu coloquei. Queriam que eu descesse sorrindo aquela escada, eu desci. Exigiram que eu aceitasse esse pedido sem nem ao menos saber que ele aconteceria e eu fiz tudo como vocês pediram, mas não sou obrigada a dançar e fingir que estou satisfeita com tudo isso – disparou as palavras num só fôlego surpreendendo todos, até mesmo Killian que estava distraído com a chegada de Emma.

Regina sentia vontade chorar, mas não saia lágrima alguma. Depois de todos aqueles acontecimentos ela sentia uma espécie de tristeza, de náusea, mistura de uma coisa com a outra, nunca havia se sentido assim.

— Regina não sabe dançar – Killian disse atraindo a atenção de todos – Por isso ela não quer, tudo bem se deixarmos isso...

— Talvez eu possa ajudar – David o cortou parando ao lado da morena.

— Ela é tímida papai – Killian disse revirando os olhos – Não adianta.

— E se Emma te ajudar? – Mary perguntou olhando para Regina que parecia ter visto um fantasma – Vocês e conhecem e ela é muito boa.

— Eu vou acabar pisando no pé dela, não quero acabar a machucando – respondeu sem graça tentando conter o nervosismo em sua voz.

— Acredite, não tem como alguém me machucar mais hoje – Emma forçou um sorriso se fazendo presente pela primeira vez naquela conversa – Vem? – ela perguntou levantando uma das mãos.

Regina apenas segurou sua mão em resposta e seguiu com ela até a metade do salão, ela se virou de frente para Emma que segurou em sua cintura e puxou seu corpo mais para perto com delicadeza.
Naquela hora a maioria das pessoas que estavam dançando eram casais, o corpo da morena estava gélido, as mãos tremendo, a música era bem romântica o que fazia seus pensamentos e sentimentos se juntarem e se tornarem uma bagunça.
Emma por outro lado por mais que estivesse com um nó na garganta, lutava contra seus instintos que queriam toma-la nos braços na esperança de poder segurá-la contra seu corpo para sempre.

“Nunca diga não pra mim

Eu não vou poder trabalhar, conversar, descansar sem o seu sim” ♪

Milhões de pensamentos pairavam pelas cabeças das duas enquanto elas tentavam entrar em sincronia nos movimentos de dança, Regina pisou em um dos pés de Emma que mostrou um largo sorriso, a morena não respondeu aquele sorriso, mas também não fez nada para afastar seus corpos.

“Seja sempre assim

Por favor, me dê um sinal

Um cartão postal, um aval dizendo assim” ♪

— Não precisa ficar com medo – Emma disse baixinho no ouvido da morena que sentiu o corpo todo se arrepiar, por mais que sentisse as mãos geladas, o sangue fervia em suas veias.

— Não estou com medo – retrucou tentando manter a postura – Só acho isso tudo muito desnecessário.

— Dançar é desnecessário? – perguntou arqueando as sobrancelhas - Ou dançar comigo?

— Eu nunca senti vontade dançar – respondeu encarando aqueles profundos olhos que por mais que ela olhasse por horas, nunca conseguiria definir se eram verdes ou azuis – É algo muito “íntimo” – Emma a fez rodopiar pelo salão e ela sorriu semicerrando os olhos como se estivesse a repreendendo – Mas você faz parecer mais fácil...

"Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim

Entre o não e o sim, só me deixe quando

O lado bom for menor do que o ruim" ♪

— Essa música é um tanto...

— Romântica? – Emma perguntou a cortando, porém nenhuma resposta foi ouvida – A letra é boa, faz ser mais fácil te ensinar – sorriu fitando-a – E pelo visto é só assim pra você não fugir.

— Eu não fujo Swan – Regina fez com que Emma rodopiasse dessa vez e ela soltou uma risada baixinha – Só deixo as portas trancadas.

— Posso arrombar as janelas – Emma respondeu encaixando uma das pernas no meio das pernas dela, fazendo com que a morena arqueasse o corpo para baixo e subindo logo em seguida.

“Nunca se esconda assim

Eu não vou saber te falar, te explicar que

Eu também me assusto muito

Você nunca vê que eu sou só um menino destes tais

Que pensam demais

Logo mais, vou correr atrás de ti” ♪

— Eu só tenho muito medo Emma – suspirou encaixando a cabeça no ombro da loira, deixando algumas lágrimas escorrerem por seu rosto, a loira passou as pontas dos dedos pelas bochechas de Regina secando suas lágrimas.

— Eu também tenho, tenho medo o tempo todo – disse respirando fundo – Só hoje eu já passei do choque para negação, depois pra tristeza, raiva e de volta ao início, o tempo todo eu desejo que tudo que aconteceu hoje, seja só um sonho ruim.

— Eu só queria que as coisas pudessem ser mais fáceis – suspirou.

"Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim

Entre o não e o sim, só me deixe quando

O lado bom for menor do que o ruim." ♪

— Regina – a morena naquele momento havia se deixado levar, continuava com os olhos fechados apenas sentindo o calor que emanava do corpo da loira – Só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim – Emma sussurrou no seu ouvido e passou os lábios suavemente por seu pescoço enquanto a morena reagiu entreabrindo os lábios e umedecendo-os com a língua.