NOITE DOIS

O segundo encontro (palavra que possuía sentidos diferentes para cada um deles) também ocorreu na Torre Eiffel, talvez por ser um ponto alto da cidade e, por não estar mais aberto a visitantes neste horário, quieto. Era, de fato, um bom lugar para sentarem, conversarem e perguntarem.

— Hoje você começa my lady. – falou, dando início a mais uma noite da aposta

— Tudo bem. – começou a pensar numa pergunta e gastaria nenhuma de suas três chances à toa ou por acidente, como havia feito na noite anterior. – O que você faz quando não está como Chat Noir?

— Geralmente eu estou tirando fotos.

— Você é fotógrafo?

— Não, eu sou modelo publicitário.

Por algum motivo, aquela resposta havia surpreendido Ladybug.

— Ah, agora entendi porquê você é tão convencido.

— Não tem como negar que eu sou um gato, certo?

Aquele trocadilho foi péssimo! Realmente horrível! Isso é tão a cara de Chat Noir... Contudo, ela não poderia falar que o achava feio. O loiro tinha uma boa aparência, para dizer a verdade, achava-o bonito, ela apenas não suportava todo sua personalidade e sua arrogância.

— E você tem muitas fãs? – fez a última pergunta da noite

— Olha, eu acho que sim. – respondeu, fazendo um esforço para não se gabar (nem é preciso dizer que não deu certo, né? Aqueles esforços em vão...) - Mal dava para andar no meu quarto no dia dos namorados de tantos cartões que eu recebi.

Então já sabia que ele era um modelo conhecido. Essa informação facilitaria muito sua busca, ela estava bem à sua frente com relação à aposta.

— Você tem mesmo cinco mil anos? – fez sua primeira pergunta, lembrando-se do incidente com o Faraó e suas múmias - Porque se você tiver isso pode ser um problema, eu acho que meu pai não aceitaria que eu namorasse com uma mulher mais velha.

— Quando foi que eu falei sobre namoro? – Ladybug protestou, afinal, estavam colocando palavras em sua boca.

— Espere sua rodada para perguntar, por favor, my lady.

E sua próxima rodada era apenas na noite seguinte. Teria de esperar até amanhã para poder usar o ponto de interrogação? Você está pegando um pouco pesado com essas regras, Chat Noir.

— Não, eu não tenho. – Ladybug confirmou as suspeitas do herói

— Eu sabia! – comemorou, sentindo-se vitorioso - Você tem mais ou menos que dezoito anos?

— Menos.

— Ainda bem, então você não seria uma pedófila se namorasse comigo.

Com tal comentário, ficou subentendido que Chat Noir também era menor de idade.

— Bem, parece que eu ainda tenho uma pergunta.

— Não vai me fazer escolher entre animais estranhos de novo, né?

— Ainda não sei o que perguntar, eu já tive muitas informações esta noite. – como se o objetivo dos encontros não fossem exatamente esses – Se eu acabar descobrindo muito rápido, não vou poder passar o resto da semana ao seu lado, my lady – Então: você gosta de garotos ou de garotas?

Ladybug tapou a boca com as mãos, tentando segurar o riso, mas estava difícil.

— Chat Noir, eu não acredito...

— Ué, eu preciso saber se tenho chances.

— Gosto de garotos mesmo.

— Então eu tenho alguma chance?

— Sua rodada já acabou, guarde suas perguntas para amanhã, gatinho. – disse, ironizando o que ele havia falado mais cedo

— Ok, ok, você me pegou. – sorriu um tanto sem graça - Então vou esperar ansiosamente pela sua resposta. – pegou a mão de sua parceira, que apenas revirou os olhos como resposta, e beijou-a suavemente e bem mais demoradamente do que manda o figurino – Até amanhã, my lady.

Sorriu discretamente para ele:

— Até amanhã.