E eu sempre vivi assim

Mantendo uma distância confortável até agora

Eu tinha jurado a mim mesma que eu estava contente com a solidão

Porque nada disso algum dia valeu o risco, mas

Você é a única exceção

Sakura seguia Sasuke, mantendo uma pequena distancia entre eles. Não sabia para onde ele a estava levando, então queria manter certa distancia para caso acontecesse alguma coisa ela poderia sair correndo.

Não era como se não confiasse em Sasuke, confiava nele do mesmo jeito que confiava em Naruto, ou seja com sua vida, mas era muito suspeito ele querer ir a qualquer lugar com ela ainda mais depois de uma confissão daquelas repentina. Era muito suspeito.

Seguiram mais quinze minutos naquele silêncio, somente caminhavam, e Sakura já estava quase enlouquecendo e cansada de andar sem saber pra onde estava indo.

— Hn... Sasuke-kun? – ela o chamou, incerta de que ele atenderia seu chamado.

 Sasuke não desviou seu olhar para ela, nem mostrou qualquer reação ao seu chamado. Apenas continuou andando pra onde quer que estava indo.

A falta de resposta dele a fez ficar mais impaciente, ela decidiu esperar mais um tempo, mas depois de outros 5 minutos dela respirando fundo tentando se acalmar e não surtar.

— Okay, eu sei que você adora fazer a cena do misterioso, mas sério, isso já tá...

— Chegamos. – ele a interrompeu.

Sakura uniu as sobrancelhas, pega de surpresa, ela ainda tinha a boca aberta como um peixe m quando virou para ver afinal “onde” Sasuke tinha a levado com tanto mistério. Ficando ainda mais confusa ao ver o pequeno parque de crianças, agora pelo horário, abandonado o que o deixava um pouco macabro.

Era um parque comum, os brinquedos de crianças que um dia estavam pintados com perfeição de cores vibrantes agora tinham a pintura descascada e ferrugem, os postes posicionados ao lado de cada banco iluminavam a praça enquanto as arvores balançavam derrubando as ultimas folhas secas que marcavam o fim do outono e o inicio do inverno.

Falando em inverno, Sakura tremeu se abraçando, tentando se aquecer quando o vento congelante a atingiu.

Ela se virou para onde Sasuke estava, para perguntar o que eles estavam fazendo ali, mas Sasuke não estava mais parado ali.

 Ela olhou em volta, buscando onde Sasuke tinha se enfiado e tentando não surtar com a possibilidade dele ter a abandonado. Suspirando de alivio ao ver Sasuke na sua frente, caminhando, indo em direção a um dos bancos que ficava mais perto dos brinquedos paras crianças.

Sem muita escolha, Sakura foi atrás dele, se sentando ao seu lado no banco.

Os dois continuaram em silêncio e Sakura teve vontade de esganá-lo.

— Eu adorava brincar naquilo. – Sasuke disse de repente sem olhá-la.

Sakura uniu as sobrancelhas e teve um pouco mais de paciência, conhecia Sasuke o suficiente para saber que ele não gostava de ser pressionado e que se quisesse realmente contar algo, falaria ao seu tempo.

Seguiu o olhar de Sasuke vendo que ele se referia aos balanços.

 - Lembro como eu infernizava Itachi para me trazer aqui e ele sempre falava “talvez uma próxima vez”.  – ele soltou uma risada seca, amarga pelas lembranças. – Nós estávamos aqui quando Itachi recebeu a ligação do hospital dizendo que nossos pais tinham morrido em um acidente de carro.

Sakura arregalou os olhos desviando o olhar para Sasuke que ainda o balançando, seu rosto livre de emoções com sua mascara de frieza.

— Eu era pequeno, mas não era idiota, sabia que as coisas em casa estavam ruins.  – Sakura o encarava esperando por mais, ele nunca falava sobre os pais muito menos sobre a morte deles. – Alguns meses antes de morrerem, eu ouvi eles brigando quando achavam que eu já tinha dormido, só fui entender o motivo das brigas depois que vi Itachi discutindo com um tio meu depois da morte deles. – ele desviou o olhar para o chão, seu rosto transmitia ódio. – A empresa que meus pais faziam parte estava envolvida em lavagem de dinheiro e suborno de políticos, meus pais morreram a caminho de um jornal onde iam entregar as provas.

— Você acha que mataram seus pais porque eles iriam entregar o esquema para a policia? – Sakura perguntou o mais deliciada que pode, não queria que o ódio que Sasuke tinha no momento fosse direcionado a ela.

— Tenho certeza disso. – respondeu entre os dentes.

Sakura assentiu, devagar, enquanto seu cérebro tentava processar tudo que Sasuke tinha despejado.

Quando Sasuke a chamou para ir com ele, jamais imaginou que ele iria falar algo daquela importância para ele. Quer dizer, quem pensaria nisso?

— Uau. – foi a única coisa que Sakura conseguiu falar e pensar. – Eu... Uau. – repetiu soltando a respiração, encolhendo os ombros. – Você e o seu irmão conversam sobre isso?

Ela se arrependeu na mesma hora de ter perguntado depois de ver a postura de Sasuke ficar tensa e quis se socar na cara por não ter lembrado antes que os irmãos viviam brigando.

Após um momento de tensão, Sasuke relaxou, encolhendo os ombros.

— Eu não falo sobre isso com ninguém.  – respondeu parecendo acanhando.

Com ninguém?

Uma sensação quente começou a preencher o peito de Sakura, sem saber controlar sua garotinha interior que estava pirando. Sasuke estava se abrindo com ela. Com ela!

Ela respirou fundo, sentiu as palmas das mãos soarem ela esfregou as mesmas no tecido da calça. De tanto nervosismo, ela se arrepiou toda.  

— Você está morrendo de frio, não é? – Sasuke bufou parecendo irritado consigo mesmo. – Eu não tenho nem um casaco pra te emprestar, foi mal, eu não devia ter inventado vir pra cá.

Sakura balançou a cabeça negativamente. Pelo amor, frio era a ultima coisa que ela sentia agora e não importava se fazia frio ou não, saber que Sasuke confiava o bastante nela pra falar sobre a morte pais.

— Não, tudo bem! – se apressou em explicar para que Sasuke não se sentisse culpado. – Não to com frio, sério.

Sasuke estreitou levemente os olhos, claramente não acreditando nas palavras dela. Sakura forçou um sorriso e desviou o olhar o balanço, imaginando uma versão menor de Sasuke se balançando.

Estava tão perdida nos próprios pensamentos que deu um pequeno pulo no assento quando sentiu algo em seus ombros. Ela olhou para o ombro esquerdo, vendo uma mão pálida, olhou para o outro lado vendo Sasuke olhando a outra direção, querendo esconder seu rosto, mas ela conseguiu ver as bochechas dele levemente vermelhas.

Sakura sentiu suas próprias bochechas pegando fogo, entendendo o que Sasuke estava fazendo.

— Er... – engoliu seco, tentando que sua voz não falhasse. – Arigato, Sasuke-kun.

Ele balançou a cabeça, ainda sem olhá-la.  Sakura mordeu o lábio inferior, sentindo seu coração acelerado, de cabeça baixa ela se aproximou dele até seus corpos se encostarem. Ficou tensa, não se atrevendo nem a respirar com receio que Sasuke recusasse sua aproximação.

Relaxou quando Sasuke ajeitou seu braço nos ombros dela, a aproximando ainda mais dele, fechando mais seu abraço ao redor dela. Sakura interpretou isso como um sinal verde e apoiou a cabeça no peitoral dele.

Ficaram um bom tempo daquele jeito, quem visse de fora podia até achar estranho, afinal, eram dois adolescentes sentados abraçados em um banco de um parque de crianças vazias quase de madrugada no frio.

Talvez fosse estranho mesmo, mas Sakura não estava nem ai.

— Sasuke-kun? – ela o chamou com a voz baixa, o suficiente para que ele ouvisse.

— Hn?

Ela sorriu ao ouvi-lo tão de perto, sua cabeça descendo e subindo conforme a respiração dele.

— Arigato, Sasuke-kun. – ela agradeceu mais uma vez, levantou seu rosto um pouco sem graça por estar tão perto assim dele.

— É o mínimo que eu podia fazer. – ele engoliu seco, também parecendo um pouco sem graça com a situação. – Sakura, sobre o que eu disse...

— Pode ficar tranqüilo, eu juro que não vou contar para ninguém. – ela o interrompeu, querendo que ele não se preocupasse com aquilo.

Sasuke assentiu e encarou os olhos verdes brilhantes.

Para Sasuke, conseguir encarar Sakura nos olhos sempre foi um desafio.

Eram grandes, brilhantes e tão verdes, não importavam os anos que passassem, Sasuke ainda podia ver inocência, com tanta verdade neles que Sasuke não conseguia manter a troca dos olhares.

Sasuke reconhecia que não era perfeito, mas seu medo era que se ela o olhasse perto demais acabasse percebendo isso também.

E o deixasse.

Ele via ela crescendo, amadurecendo, melhorando e se odiava por ser Gaara ao lado dela e tudo isso porque ele não agiu antes.

Escapando entre seus dedos.

Inconscientemente, ele apertou ainda mais o abraço ao redor dela, a aproximando.

Sakura franziu o cenho, tentando entender o que tinha feito a expressão de Sasuke se fechar e mudar quase completamente seu humor.

— Sasuke-kun? – ela o chamou.

Ele piscou algumas vezes, parecendo acordar. Os olhos ônix ganharam foco de novo voltando a encará-la.

— Espero que você não me odeie por isso. – sussurrou e aproximou seu rosto do dela, os olhos ônix entre abertos se fecharam e ele respirou fundo, sentindo o perfume dela.

Sakura sentiu seu rosto pegar fogo e seus olhos foram se fechando conforme Sasuke se aproximava.

Um arrepio correu o corpo dela ao sentir os lábios de Sasuke estavam frios nos dela, tão diferentes de quando se beijaram a primeira vez. O toque ainda era inocente, inexperiente tanto pra ele quanto pra ela, apesar de Sakura já ter beijado antes, era diferente.

Era diferente porque seu coração batia tão forte que chegava a doer no peito, suas pernas tremiam e ela agradecia aos céus por estarem sentados, pois não sabia se conseguiria manter em pé, milhões de coisas passavam na sua mente que se calaram quando sentiu a mão de Sasuke que estava em suas costas, trilhar lentamente um caminho até sua nuca deixando um rastro de fogo mesmo que por cima das roupas.

Não se importou que os dedos frios dele acariciarem seu pescoço, hesitantes, parecendo não ter certeza no que fazia.

Ela relaxou ao toque dele, apoiando mais seu corpo contra o dele.

Tomando aquilo como uma permissão, Sasuke começou a mexer seus lábios sobre os dela, ainda bastante tímido e hesitante, ele não aprofundou o beijo, aproveitando, experimentando, se perdendo os lábios rosados dela.

A esse ponto, Sakura estava acreditando que aquilo não podia ser real. Aquele dia inteiro era alguma brincadeira cruel da sua mente que a deixaria acabada quando acordasse e percebesse que tinha sido um sonho.

Mas sentir os lábios de Sasuke se mexerem com tanta doçura nos seus fazia valer a pena.

Ela tinha que admitir, não esperava que Sasuke fosse tão hesitante assim na hora do beijo, era como se...

Oh.

Sasuke nunca tinha beijado antes, ou pelo menos até onde Sakura sabia, o único evento mais próximo daquilo tinha sido também com ela quando ele teve febre.  

Ela sorriu entre o beijo, saber que tinha sido ela o primeiro beijo de Sasuke deixava as coisas mais especiais ainda e de certa forma, chegava a ser engraçado ter que ser ela a ensinar a ele.

Subiu suas mãos até os ombros dele, o afastando por um instante fazendo Sasuke unir as sobrancelhas ainda de olhos fechados. A distancia entre eles não durou muito, logo Sakura tinha unido seus lábios de novo tomando o controle.

Ela roçou os lábios por um instante, um pouco mais atrevida, ela lambeu o lábio inferior dele para depois morde-lo, o puxando de leve para si.

Sasuke ofegou, seus dedos aumentaram o aperto e suas unhas curtas se fincaram na pele dela. Sakura se espantou quando ouviu uma espécie de rosnado vindo dele, do fundo de sua garganta.

Sasuke mostrou que tinha gostado muito da mordida, pois a retribuiu, com um pouco mais de força no lábio inferior dela e a surpreendeu quando depois da mordida aprofundou o beijo. A língua dele era tímida, tocando a sua com um pouco de hesitação.

 Sakura soltou um pequeno gemido, se agarrando mais a Sasuke, querendo mais e Sasuke pareceu entender seu pedido e o beijo hesitante se tornou mais agressivo.

Eles enceraram o beijo, roçando os lábios três vezes antes de se separarem para recuperarem o fôlego, continuaram abraçados.

 - Isso foi... - ela ainda estava um pouco ofegante, Sasuke a encarava de perto, tão perto que suas respirações se misturavam, esperando a resposta da garota. - Wow.

 Sasuke uniu as sobrancelhas, parecendo irritado.

 Que tipo de resposta é " Wow"? Aquilo era bom?

 Sakura deu um meio sorriso ao ver a expressão enfezada dele. Sasuke era um orgulhoso e, se ela estivesse certa, aquele tinha sido o primeiro beijo dele então Sasuke deveria estar uma pilha de nervos para saber se tinha sido bom ou não.

  Ela tombou a cabeça para um lado e depois para o outro, fingindo pensar. Sabia que enrolando só deixaria Sasuke mais apreensivo e irritado.

 - Sakura... - ele disse entre os dentes, mostrando que ela tinha razão.

 Ela se controlou para não rir, o que iria realmente irritar Sasuke é isso ela não queria.

 Mas que era bom saber que tinha um certo controle sobre ele, era sim

 Sasuke grunhiu irritado com a demora dela que sorriu de forma preguiçosa antes de unir seus lábios aos dele, em um selinho demorado. Quando se afastou, como se em um passe de mágica, Sasuke não parecia mais tão aborrecido.

  Ele franziu o cenho quando Sakura desfez o abraço e se levantou.

 - Está tarde, meu pai daqui a pouco me liga querendo arrancar minha cabeça. - ela comentou risonha, antes de começar a caminhar para fora do parque.

 - Sakura? - Sasuke a chamou, sem entender o comportamento dela.

 - Hn? - Sakura virou para ele andando de costas e torcendo para não tropeçar em nada, seu cabelo rosa caia no rosto lhe dando um ar de sapeca.

 Sasuke suspirou, balançando a cabeça negativamente sabendo que a garota tinha feito o suspense de propósito, só pra atormentá-lo.

 Se levantou e foi até a garota que o olhava com humor, assim que chegou até ela, Sakura voltou a caminhar com Sasuke ao seu lado.

 - Vou te levar até em casa.

 Ela o olhou pelo canto de olho e assentiu, sorrindo de lado continuou caminhando distraída até sentir a mão de Sasuke roçar de leve na sua.

 De primeira, ela achou que tinha sido um acidente, na segunda ela estranhou já que Sasuke evitava contato físico, na terceira vez ela olhou para as mãos dos dois a tempo de ver o dedo mindinho de Sasuke se entrelaçar ao dela.

 Ela arregalou os olhos e olhou para Sasuke que tinha o rosto virado para o lado contrário, como se tentasse esconder o rosto. Ele se aproximou mais, dessa vez entrelaçando todos os dedos nos dela.

 Sakura sorriu entrelaçando também seus dedos nos dele, ela se aproximou encostando corpo no braço dele, ela apoiou a cabeça no ombro dele.