The Originals: Bloodlines escrita por Garota Exemplar


Capítulo 6
1x06 - A Monster Who Was A Man


Notas iniciais do capítulo

Hello, eu voltei loves!
Agradeço a Absinthe e a Angel que foram as únicas a comentar, obrigada meninas! Esse capítulo vai pra vocês que me incentivaram a escrevê-lo e postar.



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Noroeste da Europa, 1005 d.C.

Estavam no povoado há poucos dias e o conflito político-territorial era mais conhecido que o necessário. As disputas entre Sacro Império Romano e Reino da França, sendo bem sabido que o governante daquelas terras era um mero peão, eram mais corriqueiras que rixas entre povos do continente. Denominados “bárbaros” quando apenas exerciam o comportamento às claras e não escondendo-se atrás de fortificações mandando mercenários á batalha em seu lugar. Disputas monárquicas de nada interessavam, claro; porém, seria errôneo afirmar tal sobre as interinas.

A noite não era tão fria e ainda que assim fosse não impediria a comemoração, já que mais uma batalha com o território vizinho fora ganha. De qualquer modo, o jovem bruxo sequer lá estaria, não fosse a insistência de Laylah e teimosia de Blamer, esta, mais feliz do que nunca estando de volta a sua amada Europa.

— Sabe, não irá matá-lo juntar-se e festejar. — Blamer aproximou-se, curvou os lábios grossos ao sorrir divertida. — Ou ao menos fingir que se diverte.

— Disse que minha presença não faria diferença alguma. — relembrou indiferente.

— E eu disse que a espada não fugirá se deixá-la um momento. — a jovem contraiu a mandíbula encarando-o afiar a arma com uma pedra. — Assim como seus “amigos”.

Não respondeu ou sequer pareceu ouvi-la. Blamer odiava quando fazia isso, mas não se deu por vencida. Sorriu com brilho travesso de quem matutava estratégia ardilosa. Ele arqueou a sobrancelha desconfiadamente, mas Blamer tomou-lhe a espada rapidamente e jogou-a na terra, puxando o jovem pela mão.

— O que está fazendo?! — quis saber ao ser levado á roda disfuncional em volta ao fogo onde todos dançavam contentes e empolgados graças à bebida.

— Não é óbvio? Quero que dance comigo.

— Eu não sei dançar.

— É por isso que o ensinarei.

Blamer permaneceu segurando sua mão ao mover-se acompanhando o ritmo do batuque dos bombos, tentando fazê-lo dançar. Porém, ele permanecia feito uma estátua, imóvel a encará-la de expressão fechada. Mas insistiu, dançando ao seu redor, mais ao som de gritos entusiasmados e grunhidos de comemoração que aos tambores.

— Agora me afaste... — ela indicou esticando o braço em um rodopio — Então puxe.

O bruxo, na esperança de acabar logo, fez o que lhe fora dito. Mas em um movimento rápido demais e a garota esbarrou contra si. Blamer começou a rir.

— Não tão forte. — instruiu erguendo os olhos curvados aos dele. Assim ficaram. Encarando-se intensamente por tempo que pareceu estender-se, entretanto, a noite de festa logo transformou-se em campo de batalha para uma revanche sangrenta.

Os vizinhos eram intolerantes quanto a aceitar a derrota sem lutar até o último guerreiro. E invadiram o território atacando de surpresa com a pequena horda que não passava longe de cem homens, porém, o povoado não era tão superior em números e o ataque faria macabra a noite da promessa de comemoração. E com Laylah e Blamer neste meio, o rapaz viu-se sem alternativas se não o combate, principalmente por usar magia em meio ao povo impregnado de superstição não ser uma opção. Assim, empunhou a espada.

Choques de aço encontrando-se em investidas violentas eram tão sonoros quanto brados ameaçadores e gritos agonizantes de feridos e derrotados. Mas dessa vez foi diferente. Homens demais partiam contra si, tornando difícil a tarefa de não acertar pontos vitais, desviar de ataques e batalhar ao mesmo tempo. E acima de tudo não perder o controle no fulgor de sentimentos de poder e êxtase ao usar a espada e vencer cada inimigo são o bastante para deixar um homem fora de si. E o jovem bruxo experimentara-o, esquecendo seus princípios, durante segundo que teria sido crucial.

— Me escute!… — a voz de Blamer eram sussurros ofegantes, como se antes gritasse. — Pare, por favor… Já chega…

Estava tão perdido nos pensamentos girando em torno de apenas objetivos de glória da vitória e sangue da derrota dos inimigos, que nem percebeu-a surgir. Blamer segurava-lhe o braço com todas as forças tentando puxá-lo para longe do homem caído e ensanguentado que só sabia-se viver pela fina respiração. Ele arregalou os olhos ao enfim perceber o que estava prestes a fazer.

— Olhe para mim… — tentava acalmá-lo. Segurou sua face e desceu seu braço com a outra mão, alcançando a espada manchada pelo líquido rubro. — Está bem, pode soltar… Confie em mim.


Após limpar a espada e á si mesmo, tão sujo quanto, o rapaz ali permaneceu. Apenas ele, a luz da lua iluminando a floresta e a calmaria ao som tranquilizador do movimento das águas serenas, o vento a balançar os galhos de árvores e os insetos. Inerte a pensamentos conflituosos e memórias das cenas de puro terror manchadas de vermelho sangue. Sequer notou a garota aproximar-se, sentando a seu lado.

— Laylah está preocupada com você… — anunciou em um tom suave e hesitante.

— …E eu também.

— Vá embora, Blamer. — disse friamente.

— Você não deveria fazer isso. — alertou a jovem compadecida. — Enfrentar tudo sozinho, bloquear sentimentos, afastar as pessoas…

— Disse para ir. — dessa vez desviou o olhar para encará-la. Blamer tomou impulso.

— Você é um guerreiro. Todo o guerreiro fraqueja um momento, acredite. Eu já vi. — apoiou, não era difícil adivinhar como pensava no pai. — É comum, quando se está mergulhado em sangue, desejar mais sangue… Fraquejar é necessário, para que veja a hora de reassumir o controle. De parar.

— Não, você não entende. — empurrou, bruto, a mão que tentou segurar a sua.

— Hoje, me comportei como os monstros que caço. Eu quase… — ele interrompeu-se ao sentir que a voz falharia. Encarou seu reflexo a água com pesar. — Quase tirei uma vida hoje. — dispôs, sentia desprezo, decepção, mágoa e raiva sufocando e misturando-se em seu interior, transformando-se em um único sentimento sombrio.

— Começo a me perguntar… Se já não sou tão monstro quanto eles agora.

Blamer sorriu docemente. E comprovou: poderia ter um passado obscuro escondido por trás da máscara indiferente, mas não. Ele não era um monstro.

— Essa noite lembra uma história que me ajudou a entender a necessidade humana de conflitos e que nem sempre, é para o mal, apesar de eu acreditar nisso.

Blamer gesticulou ao seu colo, mas o garoto apenas encarou-a, sem menção a fazê-lo. Ela segurou seus ombros e trouxe-o para si, como seu pai fazia. Ele ficou, perturbado demais para discutir. Blamer passou a acariciar os cabelos revoltosos.

— História sobre um homem que era um monstro e um monstro que era um homem. — e iniciou o conto: — Um jovem morava com a avó no vilarejo escondido á floresta sombria. Nenhum morador arriscava-se a adentrá-la, pois uma besta lá vivia. Durante o festival da fartura, quando dançavam e cantavam, agradecendo aos deuses o bom ano de cultivo, o monstro apareceu atacando a vila. O rapaz reuniu bravos aldeões para lutar e após muito esforço, conseguiram espantá-lo. E o homem, vitorioso, retornou contente a comemorar, porém, encontrou aldeia e plantações destruídas. A avó implorou que perdoasse, mas com ódio e sede de vingança, ele partiu a floresta.

— E o que aconteceu? — quis saber na pausa silenciosa de Blamer. Ela sorriu.

— O homem acabou encontrando o monstro e empunhou a espada. E após a longa e desgastante batalha, ele acabou vencedor e novamente, o homem vitorioso retornou contente a comemorar. No entanto, ao chegar à vila reerguendo-se após a tragédia, encontrou a avó com um bebê, porém, ao aproximar-se, percebeu ser este muito diferente. A avó então, explicou-lhe ser a cria da besta e o motivo do ataque à aldeia, ele procurava o filho. E surpreso, o homem ouvia todos agradecerem aos deuses o monstro não ter feito vítimas durante o suposto “ataque”.

Blamer tinha a voz tênue e leve como uma brisa de verão ao contar, emotiva, o desfecho da história. O garoto pensava sobre tal ainda assimilando, ela sorriu.

— O monstro lutava por amor e o homem lutava por vingança. Quem é o monstro e quem é o homem? — lembrava o pai fazê-la refletir sobre a moral da história. Segurou suavemente seu rosto e afirmou com segurança: — Sempre que duvidar estar se tornando um monstro, lembre-se: você não é um animal. E se for difícil, lembre-se que acreditarei e estarei sempre aqui… — a voz dela falhou e o coração errou uma batida.

— Eu amo você.

O bruxo ergueu-se, sentando em movimento rápido, sem esconder a surpresa. Blamer sorriu delicada e aproximou o rosto vagarosamente, alternou o olhar entre seus olhos e lábios, em expectativa de que avançasse e diminuísse aquele espaço. E por fim ele o fez, unindo os lábios aos da garota em um movimento suave.

Perguntou-se se era o que sentia. “Amor”. Um dia soube o significado daquela palavra, hoje, era apenas isso. Uma palavra. De toda forma, sabia sentir algo forte que começou quando salvara sua vida e intensificou quanto mais aproximavam-se e ela estivera sempre lá. Zelando por ele. Não apenas o estado físico, mesmo em entender seus humores. E vê-la praticar atos de bondade, deu esperanças para acreditar que tal coisa ainda existia. Blamer mostrara-lhe a luz e fora o que tornou-se em sua vida. E talvez não a amasse, sendo sentimento tão complexo, mas era algo entre isso.

Soundtrack: It Will Be Me - Melissa Etheridge

Aquele seria o primeiro de tantos outros em algo que viria a ser o sentimento mais forte e perigoso que o bruxo conheceria. Entretanto, o levaria a difícil escolha, Blamer ou sua vingança. Sendo ela o anjo que era, como ele esperava, não aceitaria trilhar caminho que certamente findaria em morte, e ela temia: a dele. Então o impasse foi imposto. E ele escolhera Blamer. Porém, esquecera o presságio de Laylah certa vez, sua sina já estava traçada e de uma forma ou de outra, aquele era seu caminho. E se não o seguisse por conta, o destino viria atrás dele. E após anos, o fez.

Sete anos haviam se passado. Já não mais era uma criança, mas homem feito e assim parecia. Os cabelos hoje curtos acompanhavam o rastro de barba por fazer á face imponente e o corpo magro substituído por músculos esguios. O temperamento talvez fosse à única coisa a não mudar muito, exceto ao que se referia à bela bruxa.

— A noite lembra a primeira, não acha? — diz Blamer ao passearem a orla do rio dividindo o bosque. A luz da lua cheia a brilhar no céu estrelado, a melodia relaxante dos leves movimentos da água e os sons da natureza. Ele sorriu. Sorriu, ela repetiu para si mesma, era algo que tão raro o fazia mesmo quando tão belo era seu sorriso.

— Se fala sobre o ataque, então com certeza. — e a garota o empurrou suavemente.

— Não, idiota. Falo de nós! Mas… Por que quis vir aqui?

— Porque está certa, mas não apenas a nossa primeira noite. Foi a minha. Antes de você, aquilo não era viver. — disse a olhá-la nos olhos profundamente e segurar-lhe a mão. — Eu caminhava para o monstro destinado a ser e sem você, aquela noite me tornaria ele. Salvou mais do que a minha vida, Blamer, você salvou minha alma. Estava tão soterrado na escuridão de meu ódio e sede de vingança que não via nada além disso. Mas você viu. Viu aquele garotinho de dez anos gritando por socorro na escuridão em mim e você o trouxe para a luz. Você é a minha luz, Blamer.

A garota arregalou os olhos, incrédula, cobriu a boca com a mão livre ao vê-lo abaixar-se sobre um joelho a sua frente, diante do mesmo rio que estiveram uma vez.

— Seja-a para toda minha vida. — Blamer olhou pasma para o colar lhe oferecido.

Eram tantas surpresas. Jamais imaginou ser esta intenção dele ao trazê-la ali e principalmente, usar o colar que sabia ser o único objeto herdado da mãe para propô-la. Um sorriso emocionado formou-se junto às lágrimas de alegria e Blamer engasgou ao abrir a boca, sem conseguir dizer, apenas aceitou com a cabeça ás vésperas do pranto. E com o rosto molhado, inclinou-se até ele e selou o pedido com um beijo.

Quando o bruxo ergueu-se e passou-lhe o cordão pelo pescoço. Ela segurou-o com tamanha delicadeza como se fosse extremamente frágil, mantendo seu sorriso emotivo. Era um cordão com um pingente, nada de valor, mas Blamer sabia o quanto significava para ele, e agora, mais ainda para ela.

— Também lhe darei meu bem mais precioso. — sussurrou a morena, segurando seu braço enquanto o jovem limpava lágrimas de seu rosto. Então, Blamer indicou o anel bem preso por uma fita, sendo maior que seu dedo. O anel de seu pai. Ele sorriu.

— Eu amo você.

— Eu amo você.

— Que cena mais tocante. — repentinamente uma terceira voz grave anunciou-se.

Ambos viraram para ás margens ao outro lado do rio onde o homem de meia-idade observava-os. O mesmo sorriso arrogante e depreciativo estampado à face de um rastro de barba em tom escuro de loiro, como os cabelos, e os cruéis olhos azuis. O garoto imediatamente fechou a cara e todos os sentimentos tempestuosos há muito sufocados em seu interior explodiram, desencadeando a fúria que brilhava nos olhos castanhos como labaredas de fogo. Cerrou os punhos com força.

— Mikael. — rosnou o odioso nome. O homem manteve o sorriso.

— Eu o procuro há muito tempo, garoto. Seis anos, para ser exato. Na verdade, não tenho tanto tempo á perder, estou em busca de meus filhos e o bastardo que eles teimam chamar de irmão. Mas você bem sabe disso, já que foi o responsável por espantá-los.

Em uma velocidade imperceptível, surgiu do outro lado do rio. O bruxo virou-se bruscamente para Blamer, porém, sequer houve tempo de alertá-la para fugir quando o Destruidor pressionou o braço ao redor do pescoço da garota, sufocando-a gradativamente. Levou-a em igual velocidade consigo para o alto das superfícies rochosas que subiam a colina, cercando e seguindo o caminho do rio. O garoto gritou tentando correr em mesma direção, mas claro, seria inútil tentar escalar as elevações.

— Agora, imagine minha surpresa ao descobrir que o “caçador” que os perseguia não passava de um moleque tolo?! — menosprezou Mikael, observando-o de cima desdenhoso. O garoto entendeu, tratava-se apenas da antiga perseguição e não ao que o Destruidor fizera-lhe no passado e não estranhava este sequer recordar. Afinal, estava diferente agora e acima de tudo, aquele monstro já deveria ter destruído tantas vidas que sequer recordaria de todas, pois, não ganhara tal codinome em vão.

— Deixe-a! — exaltou-se o bruxo, vigiando Blamer sendo mantida refém com olhos preocupados. — Ela não é parte de nada disso.

— Pelo contrário meu caro. Ela é tudo. — os olhos azuis faiscaram em um brilho diabólico. Um calafrio estremeceu o corpo do bruxo e de imediato, perdeu a coloração. — Sabe, vim determinado a pôr um fim em sua vida miserável garoto, mas depois de ouvir esse discurso piegas eu percebi. Eu estaria te fazendo um favor. Agora, atingir a garota… Você não resistiria, não é?! Afinal, “ela é a sua vida”.

Em seguida, enterrou as presas diretamente a jugular da garota.

O jovem vociferou a plenos pulmões, ainda mais alto que os gritos agonizantes da própria Blamer tentando debater-se inutilmente, em desespero. O bruxo tentou usar da magia, mas como ter concentração para tal diante ao terror de tal cena?! Assim, passara a escalar as pedras, porém não foi necessário quando o vampiro desceu novamente com a jovem bruxa, jogando seu corpo de lado como a um saco de lixo.

— Saiba, garoto tolo, que isso é sua culpa. E pense bem antes de entrar em meu caminho novamente. — ameaçou gesticulando para o corpo da garota no chão com a vida se esvaindo a cada gota de sangue e ainda assim, ela sorria. Como na primeira vez. E ainda assim, ouviu Blamer reunir forças para sussurrar ao seu assassino:

— Eu o perdoo.

O bruxo sequer percebera, tomado pelo terror e o medo de perdê-la, mas por um momento, mesmo o Destruidor sentiu algo em seu interior tremer diante aquelas palavras e até a expressão dura e fria, inabalada, deu lugar a feições leves diante a surpresa. Antes de desaparecer.

O jovem correu ao corpo da amada e sustentou a silhueta magra de Blamer, erguendo sua cabeça. Lágrimas enchiam seus olhos dilatados e inundavam seu rosto como não fazia desde aquele outono há tantos anos atrás.

— Não, não, não… Blamer! — chamava o jovem em prantos. — Não! E-eu não deixarei, vou trazê-la de volta… Aguente…

— Shhh… É tarde… Por favor… Apenas ouça. — interrompeu a segurar suas mãos quando posicionou-as em seu peito para invocar o feitiço. Tocou o rosto belo com toda firmeza que o restante das forças permitia, olhando dentro de seus olhos. — Perdoe.

— Não, não… Você não pode me deixar!

— Não volte… àquele caminho. Olhe para mim… — Blamer manteve o toque firme.

— Você não é um animal.

— Não! Blamer! — o bruxo engasgava com as lágrimas, negando-se acreditar.

— Eu… amo você…

A mão fria em seu rosto despencou, assim como seu corpo inerte aos braços dele, aquela foi à última vez que o jovem bruxo viu seu sorriso. E diante ao túmulo no bosque, como uma vez contara ter sido o de sua mãe, o botão de uma rosa azul desabrochou, rosa que jamais morreria após ser por ele enfeitiçada.

— Sinto muito, Blamer, mas você era minha luz, lembra? Agora, estou no escuro novamente. Minha humanidade se foi junto com você e agora, um animal é tudo o que sou. — disse de forma sombria para a cruz diante a sepultura onde a bruxa fora consagrada.

Sabia que ela iria preferir um funeral viking, mas ele não aguentaria mais nada envolvendo cultura que passou a odiar há tantos anos e agora, aquilo só aumentava dentro de si. E ao pensar em tal coisa, lembrou-se de quando ouviu sobre o estúpido juramento que a amaldiçoada família parecia ter feito. Sorriu com desprezo.

— “Sempre e para sempre” é uma mentira para qualquer criatura. Uma que não se deveria prometer. Uma que não lhe prometi. Mas lhe prometi minha vida e enquanto eu viver honrarei esse juramento, Blamer. E você viverá. Viverá em mim. E sua morte pode não ser revertida, mas ela será vingada. Isso eu lhe prometo. — deslizou em seu dedo a prata judiada e envelhecida do anel que antes adornava a delicada mão da bruxa e deveria ter sido seu no dia mais feliz de sua vida, mas agora, sobrara apenas no pior. Mas não é este um dos votos? — Até que a morte nos separe.


Nova Orleans, atualmente.

— Ok, acho que não falta ninguém. — Jackson juntou-se a Hayley diante ao acampamento no Bayou.

A híbrida desviou o olhar entre o pequeno grupo de lobisomens reunidos ao redor de barracas e motorhomes ao acampamento no Bayou, observando-os com expressões pouco amigáveis e parecendo impacientes. Hayley não soube dizer se para ouvir o que tinham a dizer ou findar logo com qualquer que fosse o assunto e retirarem-se, mas a intuição lhe apontava a segunda opção.

— Está brincando? — a morena desviou os olhos verdes sobressaltados ao marido.

— Jack, isso não é nem metade da matilha.

— É, mas foram os únicos que aceitaram vir. — explicou o homem.

— Então, — soou a voz de Elijah aproximando-se elegantemente através da floresta. — parece que estamos indo bem, não?

— Ótimo, vamos ter um Mikaelson na reunião. — ouviu-se um dos integrantes cochichar em tom reprovador. Elijah meneou a cabeça baixa com um sorriso depreciativo.

— Muito bem, eu diria. — recolocou a frase anterior. Hayley lhe lançou um olhar duro.

— Por favor, Elijah, só tente não piorar as coisas.

Mas no fundo, ela duvidava ser possível. Tomou fôlego e relaxou os ombros, assumindo a dianteira e tentando manter uma postura altiva e confiante de quem controla a situação, três coisas de que não estava certa.

— Bem, para começar, quero agradecer a todos que estão aqui hoje por não esquecerem o verdadeiro significado de ser uma matilha. Uma família. E terem vindo…

— Só estamos aqui porque Jackson ainda é o alfa. Mas acho que falo por todos quando digo que viemos para ouvir ele, que ainda é um membro dessa família, e não da família dele. — manifestou-se Will Bryant, sinalizando o Original. Que surpresa!, Hayley pensou. Na verdade, surpresa seria um dos irmãos Bryant não cutucar para demonstrar a aversão aos Mikaelson

— Se veio ouvir um membro dessa família, Will, deveria escutar Hayley. Ela já lutou por isso mais do que qualquer um de nós aqui. — Jack como sempre tomou partido para defendê-la. Mas claro, a garota ao lado de Will assumiu dianteira frente ao irmão.

— Não contra nosso principal inimigo. — disparou a jovem morena. Ainda que Will seja um grande encrenqueiro, não era nada quando se trata de Alessia Bryant, a mais nova dos irmãos. — Pelo contrário, insiste em se aliar a eles.

Hayley soube dever interceder assim que a adolescente dirigiu a Elijah os olhos amêndoas desafiadores, sempre apontados como armas engatilhadas prontas ao dispare. E a híbrida tinha de admitir, via em Alessia muito de si mesma quando tinha essa idade. Já Elijah pareceu achar graça, mas Hayley se adiantou antes do vampiro ter tempo de rebater.

— Tudo bem, acho que foi o suficiente de provocações. — intrometeu-se a híbrida voltando ao foco principal. — E quanto a mim, pensei que já tínhamos resolvido essa questão há algum tempo.

— Isso foi antes de não termos outra opção a não ser segui-la. — pontuou mais um, adentrando a linha de discussão.

— E antes de alguém oferecer algo melhor e que não está preso aos Mikaelson. — acrescentou Will, incumbindo-se anunciar o que parecia estar de acordo entre o grupo. — Pelo contrário, quer acabar com essa raça em Nova Orleans e com todo esse reino tirânico que Klaus e Marcel começaram.

— Agora estou curioso. — Hayley não pode impedir Elijah de adentrar a conversa.

— E quem seria essa tão citada “outra opção”?

— Não é da sua conta, vampiro. — foi Alessia a responder rispidamente. O vampiro apenas gesticulou com a mão erguendo o indicador como se a mandasse calar-se.

— Quieta, Alessia, os adultos estão conversando.

A menina tão arisca e desacostumada a levar desaforo para casa estava pronta a devolver uma resposta, mas o irmão interrompeu. Will aproximou-se de Jack enquanto a pequena multidão o observava em expectativa diante ao trio.

— Encare os fatos, Jack, está perdendo a lealdade de todos por ela. Aliás, perdeu no dia em que subiu no altar com o novo membro da família deles. — os desbravadores olhos avelã enquadraram Hayley rapidamente quando a indicou, seguida de Elijah.

— Não quero brigar com você, Will. Nos conhecemos desde moleques quando éramos só você, Oliver e eu contra o mundo, mas se não maneirar esse tom ao falar da minha esposa vou esquecer isso e ensiná-lo a ter um pouco de respeito. — Jack encarou o amigo sob as órbitas escuras ameaçador, enfatizando não ser brincadeira.

— Está vendo! — Will sorriu sem humor, negando com a cabeça em desaprovação.

— É por isso que os outros não vieram, e se alguns de nós estamos aqui é em consideração a você e sua família, Jack.

— Hayley é minha família, Will. Assim como é parte desta também. — Jackson enfatizou, desviando os olhos dentre todos os presentes para fazê-los lembrar. — Até porque, eu me lembro de todos aqui odiarem ter de viver como lobos sobre aquela maldição. Maldição que Hayley quebrou. — então, retornou um olhar mais sério e até mesmo agressivo ao dos cabelos negros. — Também me lembro de odiarem as malditas dores das transformações, o que só podemos controlar agora graças a Hayley e a esse casamento que alguns insistem em questionar.

— E de que adianta nos livrarmos da coleira da maldição para acabarmos presos a uma outra ainda pior?! — um loiro sobressaiu à multidão para ressaltar, dirigindo um olhar ferozmente assassino ao Original.

— E caso não tenha percebido, Jackson, todos preferiam continuar escravos da lua a nos tornarmos de sanguessugas. — mais um integrante do grupo passou a frente apoiando Will e fuzilando Elijah, que apenas observava tudo mais distante como lhe fora pedido. — Se soubéssemos o que realmente significaria esse casamento, a maioria de nós não compareceria a cerimônia, assim como não compareceu hoje.

— A matilha não sente mais segurança em você, Jack. — Will o encarou com dureza. — Na verdade, ás vezes nos perguntamos se estamos seguindo você ou as ordens do Klaus.

— Will, eu acho melhor você baixar o seu tom… — Hayley interrompeu com indignação, mas o moreno alvo a cortou.

— Por quê? Estou dizendo alguma mentira?! — indagou Will atrevidamente, então dirigiu-se á ela diretamente pela primeira vez. — Você pode até tentar fingir, Hayley, mas no fundo sabe tanto quanto todos que não pode ser uma de nós enquanto for uma deles. Você fez essa escolha. — então levou os olhos em lamento para Jack. — Vocês dois fizeram.

William Bryant deu as costas e passou a afastar-se de volta pela trilha a floresta, sendo seguido por todos os outros que pareciam concordar plenamente e ainda ter o que acrescentar. Alessia dirigiu um olhar ressentido a Hayley, já que apesar de tudo, a híbrida realmente gostara da jovem desde que a conhecera e com Alessia parecia ser recíproco.

— Eu sinto muito, Hayley. — ela disse tocando o braço da outra que acenou positivamente, igualmente chateada. Então a menina retirou-se também.

— Bem, isso foi…

— Um desastre? — Hayley interrompeu o comentário que Elijah iniciou.

— Eu iria dizer interessante, mas creio que essa palavra se aplique melhor.

— E agora? — questionou Jackson cruzando os braços. — O que vamos fazer?

— Por ora, verei com Rebekah e Niklaus como foi com Davina. — respondeu o vampiro, rumando logo de volta ao complexo.

E ao encontrar o mau-humor a cada dia pior do híbrido, Elijah logo presumiu que os resultados não foram muito melhores para eles também. Apesar de que de qualquer forma, o mau-humor do irmão piorar gradativamente era justificável. Perder o garoto que criara como filho e já ter de pôr isso de lado em prol de problemas maiores que apenas se acumulavam quando acabaram de queimar o corpo de Marcel não facilitavam as coisas para Klaus.

— Cuidado, irmão. O mau-humor de Niklaus está especialmente desagradável essa tarde. Se é que isso é possível. — Rebekah anunciou do sofá quando Elijah passou pela porta medieval.

O copo de uísque na mão e a garrafa na mesa de centro indicando não ser o primeiro e definitivamente não o último, além do semblante desolado apresentado pela irmã nos últimos dias, demonstravam o quanto Rebekah lidava com a perda tão mal quanto Klaus. Elijah ás vezes a ouvia isolar-se para aliviar a dor, algo que começava em riso, ou surto enraivecido, ou simplesmente a melancolia, mas não importando o iniciar, sempre findava da mesma maneira: choro. E quando não ouvia, sabia que a loira se certificava estar longe das vistas dos irmãos, como em um bar.

— E então, — Elijah iniciou a pergunta, aproximando-se fronte a irmã no estofado. — como foi com Davina?


P.O.V. Elena

— Elena! — Caroline chamava minha atenção pela terceira vez quando ameacei pegar no sono novamente.

Ela me lançou um olhar de alerta arqueando as sobrancelhas e agradeci com aceno e um sorrisinho, passando uma das mãos ao rosto enquanto apoiei a cabeça sobre a outra. Essa insônia não fazia nada bem ás minhas notas, principalmente na classe de história e os discursos cansativos e intermináveis do Tanner que só aumentam meu sono. Sem estar dormindo direito então, digamos que agradecia por sentar mais para o fundo do que para frente, afinal já adormeci duas vezes.

— Senhorita Gilbert? — eu devo ter apagado por alguns minutos novamente, já que quando percebi, repentinamente o Sr. Tanner estava a minha frente, parecendo esperar impacientemente por algo de mim, eu deduzi, uma resposta.

— Desculpe, pode repetir a pergunta? — perguntei, tentando me recompor.

— Discutíamos sobre principais marcos que dividem a história, como períodos de evolução e guerras. Agora mesmo, lhe fiz uma pergunta sobre a Guerra de Secessão, um principal e famoso marco histórico de nossa cidade. — o professor fez um breve resumo, voltando a se afastar pela sala, onde todos pareciam cansados demais até para rir de mim. — Mas bem, me avise se estivermos atrapalhando seu cochilo.

Houveram algumas risadinhas rápidas, mas em sua maioria não pareciam ter acompanhado a linha para entender a piada. Eu apenas baixei a cabeça timidamente e a mantive assim pelo resto da aula.

— Eles deveriam demiti-lo. Tanner não pode falar com os alunos assim, isso é constrangimento legal. — Caroline argumentava com indignação ao afastarmos pelo jardim frontal da Mystic High em direção as vagas de estacionamento.

— Verdade. — Bonnie concordou.

— É, mas eu não devia dormir na aula, então tecnicamente ele está certo. — disse.

— Também é verdade. — admitiu a morena, reanalisando a situação.

— Por favor, é a aula de história! Todo mundo dorme nessa classe. — todas rimos.

— De qualquer jeito, você deveria dar um jeito nessa insônia, Elena. — aconselhou-me uma Bonnie de feições preocupadas. — Afinal, o que está acontecendo?

— Eu não sei, é só… — me interrompi. Não gostava sequer de pensar no assunto.

— Tenho tido uns pesadelos…

A verdade é, desde aquela sexta, o pesadelo não me deixa em paz. Sempre o mesmo, embora não acredite ser tal, e sim manifestação de meu subconsciente, considerando que lembro as cenas pavorosas toda vez ao deitar a cabeça no travesseiro. Nunca tive outro assim, estranho e real demais. Mas a coisa de “mordida no pescoço”, fala sério. Por que isso me assustava? Li o bastante sobre vampiros para saber que não há nada de aterrorizante nessas lendas, só histórias para adolescentes curiosas e devoradoras de livros como eu. Mas é algo claramente longe da realidade.

Enfim chegávamos ao carro de Bonnie, porém enquanto nos ajeitávamos para entrar, observei a movimentação de Tyler e Matt dirigindo-se a um Ford Bronco 1982, mas não foi o que me chamou atenção. E sim, o homem que desceu do veículo cumprimentando Tyler intimamente e apertando a mão de Matt. Era o mesmo cara do Hokey-Pokey Happytown no sábado, que me parou repentinamente e chamara-me por outro nome. Eu engoli em seco.

— Caroline, sabe quem é o cara com o Tyler? — perguntei receosamente.

— Oh, é o Mason, tio dele.  — a loira respondeu sem dar importância ao acompanhar meu olhar. — Mas ele não é daqui, veio para a cidade visitar o pai do Tyler, ou algo do tipo, foi o que ele me disse.

— O pai do Tyler tem um irmão? — Bonnie estranhou, já adentrando ao automóvel.

— Mas a gente o conhece desde crianças e eu não me lembro desse tio.

— Parece que ele foi embora quando eles ainda eram adolescentes, Tyler disse que o pai sempre chamou o irmão de “um aventureiro irresponsável”. — Caroline contou enquanto nós nos acomodávamos nos bancos também. — Tyler acha ele legal.

Bonnie manobrou o veículo para fora da marca e passávamos pela via em direção aonde os três ainda conversavam camaradamente. Eu olhei mais uma vez para ter certeza e definitivamente era o mesmo rosto, rosto que virou-se para o carro de Bonnie encarou diretamente a mim através da janela. Um calafrio me fez gelar.

— Conhecem ele? — Caroline perguntou desentendida. Bonnie deu de ombros.

— Não.

— Eu o vi no pub, no sábado. Ele me pareceu muito… estranho. — eu disse sendo novamente alertada por um péssimo pressentimento a apitar em meu interior.

— Mas um estranho gostoso. — Caroline brincou gesticulando com a sobrancelha em um semblante malicioso e Bonnie riu, mas eu fiquei apenas com o estranho.

Em casa, eu fiz os deveres e fiz uma limpeza na cozinha, sala, meu quarto e tentei fazer o Jeremy fazer o mesmo com o dele, mas ele estava ocupado demais no videogame. Ainda assim, antes no videogame que com os amigos usando drogas. E ele finalmente estava ficando melhor comigo desde a fogueira outra vez.

Jenna estaria até tarde no trabalho outra vez, então achei melhor não dar mole em deixá-lo sozinho, assim, o convidei para o Grill conosco já que tinha combinado com as meninas, Matt e Tyler. É claro, ele e Tyler não se dão tão bem, para não dizer que se odeiam, mas com Caroline por perto para me ajudar, seriam menores os riscos de brigas. Medo que no fim nem precisei ter já que assim que colocamos os pés no Mystic Grill, não demorou a ele desaparecer em direção ao balcão, ou melhor, de certa garçonete irmã de Matt.

— Seu irmão ainda está dando em cima da Vicki? — Matt perguntou-me enquanto parecia ser a vez de Tyler na sinuca, afinal, eu e Care apenas segurávamos tacos e bagunçávamos o jogo, sendo péssimas, não que eu prestasse atenção agora.

— Eu acho que eles já ficaram. Sua irmã fica mais arisca do que o normal perto dele. — ouvi Caroline opinar em seu tom condescendente e uma brincalhona troca de achismos pareceu se iniciar entre eles.

Não, realmente não prestava atenção. Estava ocupada demais demorando os olhos no bar, mas desta vez ele não estava lá. Corri o olhar pelo resto do salão e entre as mesas, mas definitivamente não. Deixei meus ombros caírem, não tendo certeza se em alivio ou desapontamento. Mas escolhi o primeiro. Definitivamente o primeiro.

— Ei, Elena! — Matt chamou minha atenção e todos me olhavam em expectativa.

— Hm? — perguntei piscando os olhos, perdida. Ele sorriu.

— O que foi? Você estava distraída.

— Nada, eu só…

Virei o rosto para o salão outra vez, preferindo não ter feito isso imediatamente. Afinal, acabei dando de cara com o tio de Tyler que aproximou-se de nós  á mesa de sinuca com um grande sorriso.

— Ei, e aí, pessoal. — cumprimentou em geral, mas senti seus olhos demorarem-se em mim. Um vento frio pareceu agredir minhas costas de repente.

— Tio Mason. — Tyler sorriu surpreso. — Achei que fosse rever uns amigos hoje.

— É, nós marcamos no Grill, mas parece que eles ainda não chegaram, — respondeu Mason, abrindo um sorriso divertido. — ou eu tomei o bolo.

Ele observou o jogo dos meninos por um momento, apoiando-se a mesa.

— Oh, sinuca? É sorte de vocês eu ter outro compromisso, — brincou, sorrindo para Tyler. — eu costumava acabar com o seu pai na sinuca.

— Que coincidência, — Tyler retribuiu o sorriso, vangloriando-se: — eu também.

— É, então seu pai deve ser realmente ruim, porque Ty, você está perdendo feio. — Matt comentou e todos riram. Ou quase todos. Eu estava tensa demais para tal.

— Então, acho que vamos sobrar aqui, Elena. — Caroline veio para o meu lado. Éramos apenas nós duas, pois Bonnie cancelou de última hora e não pode vir.

Por sorte, a tal companhia que o tio de Tyler esperava não demorou a chegar e ele logo nos deixou e passamos o resto da noite apenas entre nós. Eram pouco mais de onze quando decidimos ir embora, Caroline e Tyler despediram-se de nós e foram, já que eu iria de carona com Matt. No entanto, acabei tendo uma surpresa.

— Elena, Vicki vai sair mais tarde hoje e quer que eu espere por ela. — Matt me avisou ao retornar a frente do Grill onde eu o esperava. Baixou os olhos azuis em uma careta, sem jeito. — Vamos demorar um pouco, ok? Desculpe.

— Não, tudo bem, eu espero. — concordei. Matt não chegou a responder antes de uma presença chegar até nós.

— Ei, pessoal. Tyler já foi? — perguntou o tio esquisito de Tyler ao nos encontrar.

— Sim, ele e Caroline foram à frente. Elena e eu estamos esperando minha irmã, sabe como é, estou de motorista. — Matt brincou, piscando para mim. Mason riu breve.

— Oh, você vai direto para casa? Eu posso dar uma carona se quiser, estou de saída agora. — ofereceu, dirigindo a atenção a mim e quando os olhos azuis esverdeados me enquadraram estremeci.

— Não… — disse rapidamente, mas ao perceber como soou, tratei de corrigir: — Quer dizer, não precisa se incomodar. Eu posso esperar o Matt.

— Não vai incomodar, eu gosto de dar uma volta antes de ir para casa. É até uma boa desculpa. — respondeu-me Mason, alterando a atenção entre Matt e eu ao sorrir.

— Obrigada, mas realmente não precisa. — recusei com um sorriso educado.

— Elena, eu aconselharia a não perder a carona, porque vamos demorar um pouco aqui e a Jenna pode ficar preocupada, então… — Matt me observou atento, fazendo o favor de piorar tudo. Imediatamente, Mason me olhou como se me reconhecesse de repente.

— Espera, você quem é a sobrinha da Jenna? — perguntou ele sorrindo surpreso. — Eu conheço sua tia desde garoto, a gente aprontava muito na adolescência.

— Hã, eu…

— Olhe, não precisa ficar com medo. Garanto que não sou psicopata. — Mason ergueu as mãos abertas em defesa própria, me sorrindo. Provavelmente diante a expressão desconfiada que devo ter feito. Matt achou graça.

— Até parece, todo mundo conhece o Mason. — o loiro divertiu-se. — Se quiser ir, Elena…

Me vi sem opções ou desculpas, então forcei um sorriso rápido e nervoso.

Despedi-me de Matt e segui Mason até o Ford Bronco preto. Qual é, até o carro dele tinha de ser assustador?! Eu adentrei em silêncio enquanto observei o homem ocupar o volante, e só a sensação de tê-lo ao meu lado era o bastante para fazer espasmos de medo correrem por meu sistema nervoso. E eu soube: não estava segura.


O jovem sorriu ao observar mais uma chamada do irmão no celular.

— Olá, Nik. — sorriu saudoso. — Saudades do irmãozinho?

— Não tenho tempo para suas brincadeiras, Kol. Você precisa retornar a Nova Orleans. — e como sempre, Klaus foi impaciente e direto. — Agora.

— Tentador, mas… Por que eu faria isso?

— Porque a família precisa de você. — o híbrido respondeu sem mais delongas. O sopro de seu próprio sorriso zombeteiro deve ter sido audível do outro lado da linha.

— Deixe-me adivinhar… Em que confusão se meteram agora?

— Confusão? Oh sim, fala daquela que deixou para trás quando se mandou ao mais precisarmos de você?

— Eu não sei… — Kol fingiu desentendimento. — Refresque minha memória.

— Bem, e que tal uma certa bruxinha morena que te trouxe de volta dos mortos e você miseravelmente abandonou? — ele pôde imaginar o sorriso provocador do irmão estampando sua face. — Oh, não se engane, eu não sou de julgar. Mas acontece que mais uma vez a família está sob ameaça de um desconhecido inimigo e para encontrá-lo, precisamos da ajuda de Davina, mas eis o dilema: a bruxinha só está disposta a ajudar se trouxer o encrenqueiro do meu irmão mais novo de volta.

— Bem, que azar o seu.

— Chega de joguinhos, Kol. Volte para casa, agora. Ou eu vou até onde quer você esteja para trazê-lo de volta com uma adaga no peito… — mas quando o irmão se interrompeu bruscamente, Kol identificou a falha.

— Por que eu sinto um “mas” nessa frase? — perguntou retoricamente. — Nik?

— Bem, essa é outra questão. As adagas de prata desapareceram desde… — o irmão interrompeu-se e um tom melancólico tomou sua voz na continuação. — A morte de Marcel.

— Marcel está morto? — Kol meneou a cabeça. — Ele durou mais do que eu esperava. — admitiu. Por fim, focou-se na informação principal. — É mesmo? — o sorriso diabólico iluminou seu rosto, analisando o objeto prateado em mãos. Na verdade, elas não haviam desaparecido em tão recente fato, mas muito antes disso. — Bem, melhor eu ficar de olhos abertos então.

— Apenas volte de uma vez, não me faça ir buscar você. — foi à última coisa que o irmão disse antes de desligar sem esperar uma resposta.

Kol encerrou a chamada calmamente e continuou seu trajeto através da ponte atravessando sobre o lago Wickery, enquanto deixava as cinzas brilhantes esvoaçarem ao vento e encontrarem as águas negras á noite. E ao finalizar o conteúdo do pote, terminou por observar a última das adagas prateadas que logo iria ao encontro ás outras, espalhadas pelo lago.

— Sinto muito, Nik. Você têm seus próprios planos… — arremessou o objeto para as águas e encarou-a afundar tranquilamente. — Eu tenho os meus.


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Notas finais do capítulo

Personagens novos na área e é bom ficar de olho, os atores que imagino eles são:
Will Bryant - Shiloh Fernandez
Alessia Bryant - Shelley Hennig

Sei que o capítulo está um livro, tentei diminuir mas a vida não quis assim (drama queen). Sei também que não teve Kolena, mas espero que tenham gostado mesmo assim!
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