The Apocalypse escrita por Just Survive Somehow


Capítulo 13
When I'm Gone


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem !



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13

Continuamos seguindo os trilhos, só que dessa vez para a outra direção. Rick tinha me dado uma arma, então conseguia me sentir mais segura.

Estavamos caminhando quando Rick viu uma placa do Terminus e parou. Em vez de estar escrito ‘Santuário para todos’, agora todos poderiam saber o que realmente era. ‘Não é um Santuário’.

(…)

Continuávamos andando na estrada, sem destino. De vez em quando paravamos para comer e dar água para Judith. Sempre ajudava Carl a alimentá – la e acho que eles me animavam também.

Páravamos e fáziamos uma fogueira á noite, não podiamos continuar andando sem arriscar ser pegos por zumbis. E precisavamos descansar. Mas eu nunca conseguia, eu não conseguia dormir bem há muito tempo.

Acho que Carl percebeu como estava. Ele deixou Judith com Maggie e sentou do meu lado.

— Você está bem ?

— Mais ou menos. – falei me levantando. – Não consigo dormir.

— Eu também não. – falou ele, olhando para a fogueira. Ele levantou o polegar e disse : - Revanche ?

Sorri abertamente. Parecia que Carl sempre tirava o melhor de mim.

Quando de manhã, continuamos andando. Eu ao lado de Rick e Carl. Tinha notado o desaparecimento de Daryl, mas ninguém comentou nada então fiz o mesmo.

Ouvimos um barulho e automaticamente apontei minha arma. Daryl apareceu andando com sua besta presa nas costas e uma corda cheia de esquilos mortos que me deram água na boca. Só no apocalipse para eu gostar disso.

— Eu me rendo. – disse ele. Abaixei a arma e levei – a ao coldre.

Não estava mais aguentando. Meu cabelo grudava na minha cara por causa do suor toda hora e sempre que fazia um coque ele se desfazia como num passe de mágica.

— Quando eu achar uma tesoura, vou cortar essa droga. – murmurei, refazendo o coque pela nonagésima vez. Ouvi uma risada e Carl sorria para mim. – Corto o seu também, cowboy.

— Fique longe do meu cabelo. – falou ele, ajeitando o chapéu na cabeça.

— Logo eu vou achar uma tesoura e… - começei a falar, mas fui interrompida por gritos de socorro vindos de longe. Rick fez um sinal para todos pararem.

— Pai, vamo lá. – falou Carl. Eu fitava Rick, implorando para ajudarmos a pessoa. – Vamo lá, anda logo.

Rick desistiu e começamos a correr, sendo guiados pelo grito do homem. Quando chegamos, vi uma cena bizarra. Um cara negro com vestes de padre estava em cima de uma enorme pedra, com cinco ou seis zumbis embaixo segurando seus pés e tentando mordê – los.

Por reflexo, atirei no que segurava seu pé. Carl atirou em outro e o resto foi morto por Rick, Michonne e Carol.

— Acabou. Fiquem de olho. – falou Rick. O homem continuava tremendo em cima da pedra e não pude conter meu olhar de estranheza. – Pode descer.

O padre desceu da rocha e todos o fitaram, enquanto ele parecia segurar o fôlego.

— Você está bem ? – perguntou Rick. O padre levantou o dedo indicador e vomitou no chão. Olhei para o lado com desconforto enquanto ele jorrava sua última refeição na terra.

— Desculpa. – ele disse quando terminou. – Estou. Obrigado. Sou Gabriel.

— Tem alguma arma ? – perguntou Rick imediatamente.

O padre quase soltou um riso.

— Pareço alguém que teria armas ?

— Não estamos nem aí pro que você parece. – disse Abraham (grosso como sempre).

— Não tenho armas de nenhum tipo. A palavra de Deus é a proteção que preciso.

— Não é o que pareceu. – falou Daryl.

Ele sorriu.

— Pois é, mas eu pedi ajuda. E a ajuda veio. – disse ele, olhando para todos e recebendo olhares de curiosidade. – Vocês… têm comida ? Ou o que for. De onde eu venho acabou tudo.

— Quer umas nozes ? – Carl estendeu para ele, que agradeceu e as comeu.

— É uma linda criança. – falou ele, avistando Judith nos braços de Tyreese.

Um silêncio desconfortável.

— Vocês tem acampamento ? – perguntou Gabriel.

— Não. Você tem ?

Ele hesitou antes de falar.

— Eu tenho uma igreja.

— Levanta as mãos para cima.

Ele levantou sem saber, direito por que. Rick o revistou.

— Quantos zumbis já matou ?

— Nenhum.

— Quantas pessoas já matou ?

— Nenhuma.

— Por quê ?

— Porque Deus é contra a violência.

— O que você fez ? – perguntou Rick subitamente. – Todos fizemos alguma coisa.

— Eu sou um pecador. Eu peco quase todos os dias. Mas os meus pecados, confesso a Deus. Não a estranhos.

Não sei porque confiamos naquele cara depois disso. Acho que estávamos desesperados demais.

O seguimos até sua igreja. Rick fazia perguntas e ele respondia todas, com a maior calma. Nem parecia que estávamos no apocalipse.

— Vai ver eu tô mentindo. – começou ele. –Talvez eu esteja mentindo sobre tudo e não tem igreja nenhuma. Talvez seja uma armadilha e estejam dando sopa para o azar.

Ele começou a gargalhar mas percebeu que a piada não era muito engraçada para nós.

— As pessoas da minha paróquia sempre falavam que o meu senso de humor deixa muito a desejar.

— E deixa. – completou Daryl.

Continuamos andando até que (realmente)chegamos a uma igreja branca. Vi o brasão e o nome da igreja em uma placa : ‘Igreja Anglicana de Santa Sara’.

O padre ia abrir a porta quando Rick o parou.

— Pera aí. – falou ele. – Podemos dar uma olhada primeiro ? Não é bom dar sopa pro azar.

O padre entregou as chaves para Rick, que abriu a porta da igreja empunhando sua arma. Michonne, Daryl, Carol e Glenn foram atrás.

— Acha que o padre está mentindo ? – sussurei a Carl.

— Eu não sei.

Logo os outros voltaram. Não tinha algo ou alguém lá dentro.

— Eu passei meses sem sair pela porta da frente. Se acharem alguém lá dentro eu ficaria surpreso.

— Obrigado por isso. – falou Carl e o padre entrou na igreja.

— Achamos um micro-ônibus lá nos fundos. Não liga, mas acho que posso consertar em um ou dois dias. O padre falou que não precisa dele. Parece que achamos um transporte. Entende o que está em risco aqui, não ? – falou Abraham.

— É, eu entendo. – falou Rick.

— Agora que podemos respirar ? – perguntou Michonne

— Se respiramos ou relaxamos, sempre acontece alguma merda. – disse o ruivo, aumentando seu tom de voz com Michonne.

— Precisamos de suprimentos, não importa o depois. – falou Michonne.

— É isso mesmo. – falou Rick, meio que apartando a briga. Ele subiu os degraus da igreja. Seguimos ele. – Água, comida, munição.

— O micro-ônibus não vai a lugar nenhum. – terminou Daryl.

Parecia uma igreja comum, com várias fileiras de bancos de madeira e uma mesa na frente de todos. O que fazia ela ser diferente era que atrás da mesa havia pilhas e mais pilhas de enlatados vazios. O cara deve ter passado muito tempo engordando.

As perguntas começaram quando todos entraram na igreja.

— Como sobreviveu aqui tanto tempo ? – disse Rick. – De onde vieram seus suprimentos ?

— Sorte. – falou o padre. – Tinhamos uma coleta anual de enlatados. As coisas aconteceram logo depois. Só eu sobrei.

Sentei em um dos bancos de madeira e Carl sentou – se ao meu lado, com Judith em seu colo.

— A comida durou muito tempo. Depois começei a ir atrás. Limpei todos os lugares por perto. Menos um.

— O que te impediu ? – perguntou Rick, juntando os braços.

— Está tomado. – falou Gabriel.

— Quantos ?

— Uma dúzia, por aí. Talvez mais.

Rick fez um sinal para nós.

— Podemos cuidar de doze.

— Bob e eu vamos com você. Tyreese devia ficar aqui, ajudar a manter Judith a salvo. – falou Sasha, arrancando um sorriso do irmão.

— Tudo bem pra você ? – perguntou Rick.

— Claro. – Tyreese assentiu. – Sempre que eu precisar que cuide dela, qualquer coisa pra ela, deixa comigo.

Rick agradeceu.

— Vou fazer um mapa. – falou Gabriel.

— Não vai precisar. Você vem com a gente.

— Não vou ser muito útil, quer dizer, vocês me viram. Não sou bom com essas coisas.

— Você vem com a gente. – repetiu Rick.

Ele foi conversar com Carl antes de ir e fiquei cuidando de Judith. Achei alguns copos de plásticos e dei dois para Judith, que ficava batendo um contra o outro e rindo.

— Ei, eu também sei brincar com os copos. – falei. Peguei dois e começei a fazer uma coisa que aprendi no quarto ano, cup song. Cantei uma música que aprendi.

 

I got my ticket for the long way round

Two bottles of whiskey for the way

And I sure would like some sweet company

And I’m leaving tomorrow what do you say ?

 

When I’m gone

When I’m gone

You gonna miss me when I’m gone

You’re gonna miss me by my hair

You gonna miss me everywhere

You’re gonna miss me when I’m gone

 

Quando terminei a música, Judith olhou para mim, com os olhinhos azuis repletos de curiosidade, e riu. Ela pegou um copo e tentou fazer um cup song também e errou diversas vezes, mas não pude deixar de aplaudir e rir.

— Muito bom, Judy. – falei para ela, a pegando no colo e fazendo cosquinhas em sua barriga. – Eu te ensino melhor quando for mais velha.

Ouvi um barulho vindo da porta e Carl estava apoiado no batente, com um sorriso.

— Fico feliz que você esteja animando ela. – falou Carl.

— Ás vezes, eu acho que ela que me anima. – falei, deixando Judith com os copos. – Eu vou dar uma volta.

— Vou com você. – falou ele.

— Deixe Judith com Tyreese.

Chamamos Tyreese cuidando de Judith e fomos lá para fora.

— Então cowboy, o que você quer fazer quando o mundo voltar ao ‘normal’ ? – perguntei a Carl.

— Eu não sei. – falou ele, pensando. – Acho que parar de comer enlatados.

Eu ri.

— O que eu não daria por uma xícara de café. – falei, respirando fundo.

— Você gosta de café ? É horrível. – falou Carl, fazendo uma cara de nojo.

— Não é não. Eu não consigo acreditar que você… - dei uma pausa quando avistei uma coisa escrita na parede da igreja. – Carl.

Ele se virou e andamos até a parede.

— Você vai queimar por isso. – li em voz alta, sentindo um arrepio na espinha. – Quanto tempo será que isto está aqui ?

Ouvi pessoas chegando e Rick estava carregando um carrinho com um monte de enlatados, seguido de Michonne, Bob, Sasha e Padre Gabriel.

— Tem arranhões nas janelas também. – falou Carl, indicando – os. – O que será que ele fez ?

Um silêncio assustador pairou em nossa conversa.

— Eu vou ajudar eles com os enlatados. – falei entrando na igreja. Carl ficou do lado de fora.

Não sabia o que pensar de Padre Gabriel. Será que ele era mesmo padre ? Quem era aquele homem ?


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Notas finais do capítulo

Música : When I'm Gone - Anna Kendrick (The Pitch Perfect)



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