The Apocalypse escrita por Just Survive Somehow


Capítulo 10
Fear of the Dark


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, eu viajei para São Paulo e não pude postar.
Espero que gostem do capítulo !



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11

Seguíamos o caminho dos trilhos sem nenhuma razão aparente. Ainda estava preocupada com os caras da casa que estávamos. Continuava pousando minha mão ao lado do corpo, mesmo sabendo que não haveria nenhuma arma lá por um tempo.

Estávamos andando em silêncio, até que avistamos um trem parado com algo escrito. Chegamos perto e vimos um pano e nele estava escrito ‘Santuário para todos, Comunidade para todos. Aqueles que chegam, sobrevivem.’ Abaixo do ‘aviso’ havia um mapa com uma estrela indicando o lugar : Terminus.

Michonne e Rick trocaram olhares de desconfiança entre eles, cogitando se iriam continuar seguindo os trilhos ou não.

— O que você acha ? – perguntou Michonne a Rick.

— Vamos lá. – falou ele, tão baixo que parecia um sussurro. – Vamos lá.

(…)

Minhas pernas doíam de tanto andar e minha garganta parecia lixa. Mesmo bebendo um pouco de água, parecia que nunca ia me refrescar. Minha camiseta maravilhosa do Green Day estava molhada de suor.

Michonne e Carl andavam atrás e eu e Rick na frente. Estava tão entediante que levei a mão ao bolso para pegar o meu Ipod e acabei lembrando que ele ficou na casa. Bufei, me perguntando por que caralhas deixei ele na casa.

— Você está bem ? – perguntou Rick.

— Sim, eu só esqueci meu Ipod lá na casa.

— Você gosta de música ?

— Depende do tipo.

— Rock ? – chutou Rick.

— Sim.

— Que bandas ?

— Green Day, Beatles, Queen…

— Quando era um pouco mais velho que você também gostava bastante de rock. Nirvana, Gus N’ Roses, Pearl Jam, Metallica… - falou ele, dando uma pausa, que considerei como ele tivesse tendo um flashback. – Quem te ensinou a gostar dessas bandas ?

— Meus pais. Eles adoravam Beatles, então eu ouvia muito quando era criança. Minha mãe era professora de música. Aos oito anos, tinha decorado boa parte das músicas dos Beatles, então começei a procurar outras bandas. – falei, lembrando – me dos meus pais. Uma lágrima silenciosa desceu pelo meu rosto, que limpei rapidamente.

— Se não quiser conversar, está ok. – falou ele, num tom de compreensão. Ele mudou de assunto. – Mas, obrigada por ter me ajudado lá na casa. Já vi muitos adultos não terem fôlego para matar alguém do jeito que você fez.

Dei um sorriso fraco e Rick mudou de assunto.

— Acho que nós temos, pelo menos, um dia de água sobrando. Se a gente tiver sorte vai refrescar um pouco, mas…

Ele olhou para trás, onde Carl e Michonne andavam equilibrados nos trilhos do trem.

— O que vocês estão fazendo ? – perguntei.

— Ganhando uma aposta – disse Carl.

— Vai sonhando. – falou Michonne.

Troquei um olhar de ‘não estou acreditando’ com Rick, que sorria sem mostrar os dentes.

— Ainda tô em cima. – falou Carl e tentou assustar Michonne, desequilibrando ele mesmo.

— Falou cedo, espertinho.

— Acho que isso pode demorar muito. Talvez a gente possa acelerar isso. – falou Rick. Andamos até perto deles.

— É, tem razão. Não devíamos estar brincando. – disse Michonne, ficando séria por um instante. – É melhor a gente… Carl !

Ela tentou assustar o Grimes mais novo, caindo do trilho, com um sorriso de derrota. Carl começou a rir e deixei escapar um sorriso de meus lábios.

— Eu ganhei. – falou ele. – Pode pagar.

Ela abriu a bolsa e pegou dois chocolates, escondendo um na palma da mão.

— Esse é mesmo o último desses ? – perguntou Carl.

Ele apontou para um, o que Michonne tinha escondido.

— Ah, qual é ! – exclamou Michonne.

— Ei, você que disse. O ganhador que escolhe.

Michonne fingiu uma carranca e entregou o chocolate para Carl.

— Vai logo, pegue. Você ganhou, limpo e justo.

Carl dividiu o doce e deu um para Michonne.

— Vamos, a gente sempre divide.

— Passa o outro pra cá. – falou ela.

Eles comeram o chocolate e continuamos andando. Parecia que a brincadeira de Carl e Michonne tinha aliviado o clima do apocalipse. Nos fazia esquecer o que estávamos passando.

(…)

Tínhamos achado um ‘lugar’. Era uma cerca de arame farpado que estava presa nas árvores, formando um círculo que impedia os zumbis de chegarem perto. Também tinhamos feito algumas armadilhas para os coelhos e esquilos que moravam na floresta.

Rick e Michonne cozinhavam os enlatados que ela e Carl tinham achado em uma fogueira, enquanto eu e Carl olhávamos, com as barrigas rugindo de fome.

— Em uma escala de um a dez, o quanto estão com fome ? – perguntou Rick a mim e Carl.

— Quinze. – respondemos juntos. Pude sentir meu rosto corando.

Rick olhou para Michonne, fazendo a mesma pergunta silenciosamente.

— Vinte e oito.

— Já faz um tempo. Eu vou olhar as armadilhas. – falou Rick.

— Posso ir com você ?

— De que outro jeito vai aprender ? – falou Rick enquanto sorria. – Vocês também.

Nos levantamos e saímos da cerca, andando pela floresta. Eu andava com as mãos no bolso de uma jaqueta que tinhamos achado, para aquecê – las. Observava a natureza, me perguntando de novo como ela conseguiu ficar mais bonita com o apocalipse.

— Vamos ficar mais um ou dois dias. Descansar mais um pouco. – falou Rick.

— Já está curado ? – perguntou Michonne.

— Eu acho que tô quase.

— Já estamos perto, né ? – falou Carl.

— Hã ? Do Terminus ? - disse Rick.

— É.

— Estamos.

— Quando chegarmos… vamos contar ?

— Contar o quê ? – perguntei confusa. ‘Do que Carl está falando ?’

— Tudo que aconteceu com a gente, tudo que nós fizemos. Nós vamos contar tudo ?

— Contaremos quem somos. – falou Rick.

— Mas como falaremos isso ? Quem somos nós ? – disse Carl.

Ouvimos um zumbi vindo e paramos. Continuamos andando, com Michonne na frente e sua katana em punho.

Continuamos andando em silêncio, até chegarmos na primeira armadilha. Um coelho tinha ficado preso, causando uma visão não muito agradável.

— É pequeno. Mas vai dar. – falou Rick, desamarrando o coelho da corda e colocando – o em sua mochila. – Isso aqui é só um simples nó. Amarre nas duas pontas e coloque uma ponta num galho. Vocês viram que a terra aqui fica na forma de um funil.

Rick mostrou o circulo de folhas com uma barreira de galhos e eu assenti.

— É uma trilha ? – perguntou Carl.

— Isso mesmo. É onde você arma o laço. Você esconde com folhas e aí coloca galhos em volta. Daí qualquer animal que passar terá que vir por aqui. – falou Rick, apontando para a barreira. Bem na armadilha.

Rick testou a corda e ouvi um grito.

— Socorro ! Alguém me ajuda ! – falou uma voz, provavelmente de um homem. Troquei olhares com Carl e corri para onde vinha a voz, com Carl no meu encalço. Ouvi as vozes de Michonne e Rick nos chamando mas continuei correndo para ajudar a pessoa. Parei quando vi um amontoado de zumbis em volta do homem que pedia ajuda. Ele tentava matá – los com seu facão mas já estava cercado.

Carl tentou apontar a arma para os zumbis, mas Rick tinha nos alcançado e arrastou Carl para a floresta.

— A gente não tem como ajudar. – falou Rick. Ainda estava em choque quando Michonne me puxou para detrás de uma árvore, para me esconder dos zumbis.

Os zumbis comeram o rosto do homem, o fazendo derrubar seu óculos e ficar um rastro de sangue e pele viva em sua cara. Era horrível. Os zumbis finalmente cercaram – no e os gritos pararam.

— Temos que ir embora. – falou Michonne, soltando meu braço. Alguns zumbis tinham percebido nossa presença.

Corremos de volta para os trilhos e conseguia ouvir os gemidos dos zumbis tentando nos pegar. Avistamos zumbis comendo um corpo e paramos. Rick foi na frente e peguei uma faca que Michonne me deu para conseguirmos matá – los. Rick os matou e ouvi os zumbis cada vez mais perto. Continuamos correndo e conseguimso chegar a floresta, deixando os zumbis para trás.

— Devia ter umas casas por aqui. Talvez até uma loja. – falou Michonne. – Tem que ter comida aqui em algum lugar.

— Ei, olha. – falou Carl.

Havia um carro azul parado na estrada. O vidro estava com um buraco de bala e o porta malas estava aberto. Andamos até ele e revistamos. Nenhuma comida, nenhuma arma.

Já estava anoitecendo e decidimos dormir no carro. Michonne e Rick resolveram fazer uma fogueira para se aquecerem. Entrei no banco do passageiro e me deitei, enquanto Carl me fitava.

— Você está diferente. – falou ele.

— Diferente como ?

— Distante.

Ele tinha percebido.

— Parece que teve algo que aconteceu e você não quer me contar.

— Eu nunca confiei em alguém desse jeito, a não ser meus pais. – soltei de repente. – Eu estou com medo de ficar vulnerável. Esse é o meu problema.

— Se você não quiser me contar, ok. – falou ele, com uma cara de compreensão – Mas saiba que você nunca vai ficar vulnerável, não enquanto eu estiver aqui.

Ele enlaçou os seus dedos  nos meus e colocou a outra mão em meu queixo, me puxando para mais perto. Nos beijamos. E não consigo descrever o quanto foi incrível.

Até que uma mão pousou no vidro do carro e vi várias pessoas em volta de Rick e Michonne. Mas o que mais me assustou não foi a da mão ou a faca que ele empunhava. Foi a cara que ele fazia para mim e Carl. Totalmente Psicopata.

Todos de repente olharam para um só lugar. O cara da besta, Daryl, havia chegado. Ouvi eles falarem o nome dele, então a única coisa que pude pensar era que tinha se unido ao grupo. Nós estávamos ferrados.

Eles pareciam que tinham entrado em um acordo quando dois caras que apontavam as armas para Rick e Michonne o cercaram e começaram a bater nele. A situação estava indo de mal a pior.

O homem psicopata abriu a porta do carro e tirou Carl dele. Tentei segurá – lo, mas ele era mais forte que eu. Outro homem me puxou para fora, enquanto me debatia para me soltar.

— Solta eles ! – rugiu Rick, enquanto tentava se levantar. O homem tinha colocado uma faca em volta do pescoço de Carl e as lágrimas transfomavam meu rosto em uma piscina. Tentei chutar o homem atrás de mim, até que acabei caindo no chão e ficando lá.

Michonne também tentou se levantar, mas foi impedida por um cara que levantou a arma contra ela.

— Você vai ter o seu. Só espere a sua vez. – falou ele, tirando todas as dúvidas do que eles iam fazer conosco.

— Escuta, fui eu. Fui só eu. – implorou Rick.

— Então é isso mesmo. Não é uma mentira. Podemos resolver isso. Somos razoáveis. – disse o homem que parecia o lider. – Primeiro, matamos o Daryl na porrada. Daí, pegamos a moça. Depois, as crianças. Então a gente mata você, aí ficamos quites.

Ele soltou uma gargalhada enquanto o homem tentava tirar minha blusa. Chutei ele o mais forte que pude, mas ele conseguiu. Carl estava de frente para mim e não conseguia sentir vergonha por causa do medo, que era maior. Voltei a chorar e olhei o homem com raiva.

Ouvi tiros mas não consegui ver o que é. O homem tentava tirar minha calça e eu, a todo custo, berrava e chutava. Vi uma faca perto de Carl, e ele tentava pegá – la. Procurei algo para me defender e achei uma pedra. Taquei no olho do homem, o deixando atordoado. Tentei chegar perto de Carl mas o homem conseguiu me empurrar para o chão novamente.

Só conseguia ouvir os gritos meus e de Carl e a voz do líder. Até que cessou. Pude ver o corpo dele caído no chão, com um grande buraco no pescoço de onde jorrava sangue.

Mais tiros. Eu ainda não conseguia ver nada, minhas lágrimas bloqueavam a minha face. Senti um peso cair em cima de mim. Era o corpo do homem, que havia sido morto. O sangue dele espirrava em meu rosto, conseguindo me fazer ficar mais cega do que antes.

Daryl tirou o homem de cima de mim e me levantei. Rick dava facadas no corpo morto de um que não consegui identificar e Michonne abraçava Carl, tentando o esconder do que estava acontecendo.

Ele olhou para mim com serenidade, tentando me acalmar, e não consegui retribuir. Estava muito assustada. Parecia que uma parte da minha inôcencia tinha sido morta e eu só conseguia ver a escuridão. E eu estava com medo dela.


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Notas finais do capítulo

Musicas :
Cap. 10 - Not Today (Imagine Dragons)
Cap. 11 - Fear of the Dark (Iron Maiden



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