The Darkest Night escrita por Eddie Maximoff


Capítulo 3
Halloween


Notas iniciais do capítulo

Okay, demorei mas postei. Hope you like it!



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O maior problema de se morar em Los Angeles é que você perde a noção de tempo. A vida acontece em um ritmo frenético, a noite não é a hora de descansar. Pelo contrário, quando o dia acaba e o sol se põe que a vida realmente começa. As pessoas saem de suas casas em busca de diversão nas casas noturnas ou para fazer compras nos shoppings a céu aberto que funcionam 24 horas por dia. E você sofre tudo isso em dobro quando se é novo no local.

Meu cabelo era quem mais sofria com a umidade sempre presente do ar, que aqui tinha um cheiro levemente herbal e salgado. Todos os dias eu perdia um bom tempo tentando deixar ele apresentável para mais um dia de aula numa escola onde as pessoas sequer sabiam meu nome. Por mais que Los Angeles fosse a cidade dos sonhos, eu sentia falta da minha antiga cidade, de precisar se preocupar me proteger do frio e procurar um lugar mais quente para ficar. Mas por outro lado só no calor que eu podia usar jeans e cropped na escola e prender meus cabelos em um rabo de cavalo que deixava meu pescoço e ombros à mostra.

O dia de aula havia acabado rápido, pois eu já estava me acostumando à rotina, de certa forma. O tempo passou de forma confusa, dias e dias virando sem fim. As noites eram intensas, mas eu não saía muito. Estava pensando em tudo o que havia mudado desde que vim morar aqui quando fui surpreendida pela luz forte do pôr-do-sol do lado de fora da escola, pintando de laranja o rosto de todos os presentes no estacionamento.

Havia um grande som de conversa, pessoas rindo alto e cumprimentando umas às outras. Um garoto asiático me entregou um panfleto avisando do baile de Halloween, que aconteceria dali a dois dias. As coisas estavam tão confusas que eu sequer havia me lembrado do baile, além disso, eu não tinha acompanhante, pois minha popularidade nessa escola atingia níveis tão baixos quanto as temperaturas da minha antiga cidade. Senti saudade de casa, onde eu precisava recusar convites para festas e de passar dias fazendo planos com minhas amigas sobre o que usar no dia. Nesse momento senti um aperto no peito e a dor da distância aumentou.

A Jessica havia me prometido que publicaria a entrevista que fez comigo no jornal da escola como destaque, mas não conseguiu dizer que iria ser uma matéria de capa. Caminhei lentamente até meu carro, aceitando com resignação meu destino. Abri a porta, joguei minha mochila dentro e estava quase sentando no banco do motorista quando fui surpreendida por um aperto no meu braço.

— Espera. – falou uma voz forte, que eu não reconheci antes de virar o rosto para olhar. Saí do carro, parando de frente para o garoto que me encarava por trás dos óculos com seus olhos verdes da cor de grama fresca. Charlie, o rapaz da sala de informática.

— Olá. – falou ele. – Você deve ser a...

— Kristen. – completei, poupando nós dois de toda aquela conversa no estilo “oh, eu sou bom demais para lembrar seu nome, mas você não é como as outras, então eu quero saber”. – Kristen Levesque.

— Isso, Kristen. – repetiu ele, com um sorriso tímido. – Bem, você deve saber que o baile de Halloween é depois de amanhã. Quer dizer, você já deve ter um acompanhante, mas achei que não faria mal perguntar... Então, quer ir ao baile comigo?

Meu primeiro convite para o baile. Primeiro e único. Mas eu não podia aceitar de cara, pois iria parecer desesperada.

— Eu vou ver e te digo. Ainda hoje. – completei - Posso te mandar uma mensagem.

— Claro. – falou ele, sorrindo de maneira constrangida. – Pode anotar meu número?

Anotei o número enquanto ele me encarava. De salto, eu era quase da sua altura. Notei que ele tinha braços fortes com uma pequena camada de pelos castanhos que pareciam acobreados sob a luz do fim de tarde.

— Até amanhã então? – disse ele quando eu terminei de anotar, com um sorriso tímido. Ele era BEM gato para um cara da informática.

—Até amanhã. – respondi, ligando a ignição do carro e dando partida com um sorriso que misturava deboche e timidez.

Enrolei meus cabelos para tirá-los do pescoço devido ao calor enquanto esperava no trânsito. Muitas pessoas estavam voltando da praia essa hora, então era realmente complicado se movimentar de carro, por isso alguns optavam por bicicletas. Observei alguns garotos que passavam pela caçada e acenavam para mim. Acenei de volta, rindo um pouco alto demais. Liguei o rádio, coloquei OMG do Little Mix para tocar e cantei junto da música, enviando snaps para as minhas amigas e contando as poucas novidades. Esperei não-tão-pacientemente o trânsito começar a se movimentar, retocando meu batom no espero do retrovisor. Olhando para fora da janela, pude perceber que o os últimos raios alaranjados de sol começavam a desaparecer, dando lugar ao céu azul escuro do crepúsculo.

Quando cheguei em casa já era quase noite. Tomei um banho rápido e fui para o computador, procurar algo para usar no baile, que seria depois de amanhã. Mandei uma mensagem, para o Charlie, que me respondeu imediatamente. Conversamos por um bom tempo, ele parecia realmente interessado em saber mais a respeito da garota vinda do outro lado do país que não conseguia se enturmar. Havia algo interessante nele, seu jeito sempre casual de falar de si mesmo e sua curiosidade sincera ao fazer perguntas. Com ajuda da minha mãe e das minhas amigas eu consegui escolher o vestido e o penteado para a noite que mudaria minha vida. Sim, eu seria notada.

O livro que eu havia pegado do Andreas ainda continuava na minha mesa de cabeceira, porém os sonhos estranhos que eu havia tido na noite anterior não voltaram a me atormentar. Amanhã eu daria um jeito nele.

O dia seguinte passou de forma rápida, todos estavam ansiosos e empolgados para o baile de Halloween, que parecia ser uma noite muito importante da cidade, algo relacionado à mitologia das bruxas que viviam na cidade. Bruxas em Los Angeles, na ensolarada e tecnológica cidade dos anjos, com suas praias e gente famosa. Muito provável, mesmo se bruxas existissem.

Tivemos apenas meio período de aula, e eu tive um teste surpresa de história dos EUA na última aula, mas por eu ter chegado na metade do ano minha nota não teria tanto peso.

Quando eu saí da sala eu os vi. Estavam todos sentados em bancos afastados debaixo de uma grande árvore que começava a perder suas folhas. A ruiva estava com a cabeça na perna do moreno alto, enquanto os outros conversavam em voz baixa, exceto à garota latina, que estava concentrada em sua leitura. O ruivo, gêmeo com a garota, deu um sorriso tímido para mim quando eu passei por eles, então eu apenas retribuí, embora estivesse muito feliz por dentro por ter sido notada. Ele tinha rosto que lembrava uma escultura de algum anjo, iluminada por uma auréola de cachos cor de fogo. UMA PENA SER GAY.

Quando cheguei em casa eu fui para a cama cedo, pois precisava estar com uma aparência descansada no dia seguinte. Charlie me ligou confirmando o convite e pedindo ajuda com o smoking. Conversei um pouco com ele antes de adormecer.

A música tocava alto dos caixas de som. Charlie havia passado para me buscar mais cedo. Desci do seu carro quando chegamos na escola, um grande modelo esportivo cinza-prateado. Pude sentir todos os olhares sobre mim e meu rosto começou a ficar quente, apenas uma reação normal para o primeiro momento. Logo eu me acostumaria novamente com isso.

Toda a escola estava decorada com abóboras, morcegos e símbolos que remetiam aos cultos dos dias dos mortos de sociedades pagãs. Sob a luz de lanternas penduradas nas árvores, a frente da escola parecia uma grande floresta encantada, iluminando o rosto de todos com uma mistura de luzes e sombras.

Charlie me deu o braço enquanto caminhávamos pela trilha de folhas que haviam feito da rua até a entrada da escola. Paramos para a foto antes de entrar. Eu estava linda. Meus cabelos castanhos agora eram levemente queimados pelo sol, deixando algumas mechas com um leve tom dourado. Minha pele tinha um leve tom bronzeado, que destacava meu vestido preto e curto com pequenos detalhes roxo brilhante.

— Você é a garota mais bonita daqui. – falou Charlie em meu ouvido enquanto dançávamos pelo salão. – Sério, de verdade.

— Obrigada. – respondi. – Vou aceitar o elogio.

Ele riu, ajeitando os óculos e me conduzindo pelo salão. Charlie era o tipo de garoto que fazia cada coisa simples parecer bela. Deixei que ele me guiasse, ao som da música animada que tocava. Avistei Abraham e Tara. dançando numa proximidade que fazia os dois parecerem um casal, mas todos na escola sabiam que não. Os outros estavam na parte mais alta do salão, bebendo algo e conversando, totalmente alheios a festa.

— Então, você os conhece? – perguntou Charlie, com seu tom que sempre parecia misturar interesse e casualidade.

— Não realmente. – respondi, estranhando o súbito interesse. Charlie passou os braços pela minha cintura, me puxando para mais perto dele. Apesar de estranhar o gesto, não me incomodou. Passei meus braços em volta do pescoço dele, aproximando meu rosto do dele, sentindo o cheiro de água fresca em seu pescoço.

— O que sabe sobre eles? Os seis, eu quero dizer.

— Eu sei o que todos sabem. O Abraham e o Sasha parecem ter algo, mas nunca foi confirmado. Pelo visto a sexualidade do Sasha é motivo das fofocas de corredor. O Andreas e a Lindsey vivem terminando e voltando, algo sobre ele não suportar o temperamento dela. A Julia e a Lindsey não se gostam, mas ficam juntas em uma espécie de acordo doentio para serem populares. Isso é tudo o que sei. – falei, escondendo a parte dos boatos deles serem praticantes de bruxaria, pois ele iria me achar louca.

— Não te falaram mais nada? – perguntou ele com um tom que estava me deixando assustada. Afastei-me dele, desviando o olhar. Aquela dança já era.

— Não estou entendendo... – completei, atônita. Notei que ele usava uma pulseira estranha feita de galhos retorcidos, provavelmente algum artesanato do que costumam vender nas lojas a céu aberto perto da praia.

— Tudo bem, não vou forçar nada. – disse ele, como se estivesse voltando a si de novo. – Você deveria ficar longe deles. Apenas um conselho. Tome, você deveria pesquisar isso. – falou ele, me entregando um pedaço amassado de papel.

— Okay.  respondi. – Eu preciso ir lá fora um pouco, preciso de ar fresco.

— Posso acompanhá-la? – pediu ele, com seu tom sempre gentil.

— Claro que sim. – segurei a mão dele.

O lado de fora da escola agora estava vazio. Procurei um banco e me sentei, ainda assustada pelo interesse repentino do Charlie no grupo dos seis. Ele não parecia o tipo de aluno interessado na hierarquia de alunos.

— Espere aqui, vou buscar algo para você beber. – falou ele, demonstrando preocupação. – Tem certeza que está tudo bem?

— Tenho sim, foi só minha pressão que baixou. Tinha gente demais.

— Tudo bem. Já volto.

Aproveitei que estava sozinha para jogar fora o livro que eu havia pegado do armário do Andreas. Caminhei até o carro e peguei o livro da minha bolsa. Comecei a folheá-lo, esperando o Charlie voltar. Havia um feitiço que tinha chamado me atenção da última vez em que eu havia lido o livro. Parecia ser um feitiço da beleza ou algo para afastar inimigos. Recitei, em voz alta, apenas por diversão:

Beleza infinita, venha até mim

Beleza enganadora, eu a invoco.

Com sua bela face os encante

Com sua verdadeira face mostre o seu poder.

Inimigos do sol subjugados serão

E na noite mais escura perecerão.

Esperei por um tempo, fechando o livro, porém nada aconteceu. Joguei o livro numa lata de lixo próxima e sentei-me novamente no banco. E então senti uma onda de energia saindo de mim e se espalhando por todo o diâmetro num raio de quilômetros. Um grande vento começou a soprar, sacudindo violentamente os galhos das árvores. Algumas lanternas despencaram, estilhaçando-se em vários pedaços e todas as luzes se apagaram no mesmo instante. Levantei-me, assustada, correndo dali, quando fui surpreendida por uma voz aguda e irritada.

— Você... Eu deveria saber, sua vadia. – disse Lindsey, acertando um tapa no rosto. Senti a pele arder onde ele havia acertado e com um reflexo eu devolvi. Ela olhou para mim com uma expressão de susto, claramente surpresa por eu ter revidado. Antes que eu pudesse fazer algo ela puxou meu braço e saiu me arrastando. – Você vem com a gente.

— Lindsey. Você está machucando ela. – falou Abraham, com seu tom gentil E então se dirigiu a mim. – Calma, você precisa vir com a gente, temos que conversar. Precisamos sair daqui o mais rápido possível. Você fez despertou algo muito perigoso.

Andreas então apareceu, segurando Lindsey pelos ombros, que olhava para os outros com uma expressão furiosa. Perguntei-me como havia chegado tão rápido, mas minha mente estava confusa demais para raciocinar. Tara me colocou no carro junto com os outros e deu partida, enquanto eu me afastava da escola em alta velocidade sem saber o que estava acontecendo. Pensei em Charlie, sentindo algumas lágrimas irritantes arderem em meus olhos.


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Notas finais do capítulo

E agora tudo começou!



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