The Darkest Night escrita por Eddie Maximoff


Capítulo 1
Coven


Notas iniciais do capítulo

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O local tinha um cheiro denso e adocicado de incensos.  Essa foi minha primeira impressão ao entrar na sala escura e sentar em um dos bancos da sala de espera. Sob a pouca luz, eu podia ver alguns maços de ervas secas e vários amuletos pendurados em umas estantes, cheias de vidros contendo líquidos estranhos. Uma voz rouca e distante pediu que eu me aproximasse quando a última cliente saiu, acompanhada de uma amiga, que ria animadamente junto com ela. Elas abraçavam algumas folhas de papel contra o peito, passando pela porta e trazendo novamente o silêncio ao ambiente.

Levantei-me de onde estava sentada e passei por uma cortina de contas, chegando a um cômodo iluminado por luzes coloridas e psicodélicas. A fumaça de incenso dificultava a visão, mas era possível perceber uma mulher sentada atrás de uma pequena mesa coberta por uma toalha roxa com alguns objetos em cima, incluindo uma bola de cristal, um baralho de tarô e alguns livros de astrologia. Tinha cabelos cacheados volumosos e usava óculos de lentes ovais.

— Sente-se. – falou a mulher, dona da voz rouca que eu havia escutado antes, indicando uma cadeira vazia, de frente para onde ela estava. – Você deve ser a..

— Kristen. – respondi, com um sorriso.

— Isso mesmo. – falou ela, com um sorriso sem graça. – Kristen.

— Eu vejo uma viagem. – falou a mulher, apontando para a bola de cristal.

— Na verdade eu acabei de chegar de Massachussets. – respondi.

— Que ótimo! – exclamou a mulher, com uma falsa cordialidade. – Como se sente cruzando o país? Eu vejo um homem na sua vida... Dois, na verdade.

— Ah, deve ser meu ex-namorado, o Mark. Traí ele com meu melhor amigo no verão passado. – disse eu, de forma descontraída, e então me calei, percebendo que havia falado mais do que devia para uma estranha.

— Você tem grandes ambições e um grande carisma, terá um futuro brilhante. E isso é tudo. Fim da consulta. Sua hora acabou. - e então, levantando a voz e ignorando totalmente minha presença – Próximo!

Levantei-me da cadeira e fui embora, feliz com as boas notícias. Caminhei pelas ruas arborizadas, sentindo o clima quente e úmido tocar minha pele acostumada ao frio enquanto procurava um lugar para almoçar. Por fim, decidi comer em um restaurante de comida mexicana, muito comuns Califórnia.

Fiz o meu pedido e logo fui atendida por um garoto com um sorriso gentil. Prendi meus cabelos castanhos e sorri de volta para ele. Se eu queria me adaptar na nova cidade, teria que ser simpática.

Comi rapidamente, pois ainda precisava fazer algumas compras, pois as aulas começariam no dia seguinte. Depois de visitar dezenas de lojas e gastar mais do que o planejado, eu voltei para casa. Gastar demais sempre foi um dos meus defeitos, mas só se vive uma vez, certo?

A noite se passou mais longa do que deveria, pois eu estava ansiosa para começar na escola nova, embora as aulas já tivessem começado fazia algum tempo.

A escola era a melhor do estado. Esse foi meu pensamento ao entrar pelos seus portões. Eu havia acordado cedo demais para escolher o que vestir, me maquiar e pentear meus cabelos. Optei por deixa-los soltos, não era justo com meu cabeleireiro esconder do mundo a perfeição do trabalho dele. Eles caiam pesadamente em ondas castanhas sobre as minhas costas, combinando com o vestido lilás na altura dos joelhos que eu usava. Eu estava impecável.

O som dos meus saltos ecoava pelo corredor enquanto eu entrava, um pouco atrasa, mas quem se importa? Sorri para a diretora assim que entrei em sua sala para pegar meu horário, que ela entregou e assinou. Eu teria dois tempos de literatura inglesa antes do almoço, mas não reclamei.

As aulas se passaram rápido, mas eu não estava realmente prestando atenção. Estava mais preocupada trocando mensagens com minhas amigas que ficaram em Massachussets e analisando possibilidades – no nosso dialeto, isso quer dizer observar os garotos para ver o mais qualificado para uma relação futura. Anotei o nome de cada um dos que me interessava durante a chamada. Nada que uma busca nas redes sociais não ajudasse a desempatar.

O intervalo para o almoço foi de certa forma complicado. Quando chegou minha vez na hora do almoço o molho para a salada já havia acabado. Depois disso, eu tive que escolher onde sentar, uma tarefa que iria definir meu futuro nessa escola. Havia os nerds, os hipsters, os góticos, as patricinhas, os intercambistas, os afro-americanos... Mas eu não me encaixava em nenhum dos grupos. Procurei uma mesa e sentei sozinha, por fim. Minha missão de me enturmar estava falhando miseravelmente. Foi quando eu os vi.

Eles eram seis ao todo. Todos vestiam cinza e estavam sentados numa parte reservada do refeitório. Eram todos muito bonitos, não conseguia deixar de notar. Tinha que descobrir o nome deles urgentemente. Eles não pareciam se encaixar em nenhum dos grupos da escola. Era com eles que eu tinha que andar. Os diferentes. Havia uma garota ruiva que tinha o cabelo preso por um elástico. Ela estava segurando as mãos de um garoto de pele bronzeada, ao seu lado. À sua direita havia uma garota loira magra com os cabelos cortados na altura do queixo e outra garota com longos cabelos pretos e traços latinos. De costa para mim havia um garoto com cabelos cacheados ruivos, que tinha uma mão pousada na perna do garoto ao seu lado, que tinha a pele morena clara e os cabelos pintados num tom de cinza prateado.

Tentei extrair o máximo de informações que pude deles. A garota ruiva estava claramente flertando com o rapaz moreno, que era um DEUS GREGO BRONZEADO PELO SOL DA COSTA OESTE. Mas eles não combinavam nem um pouco. Ela tinha cara de quem havia chupado limão e tinha um ar enjoadinho, enquanto ele era misterioso e sexy. O garoto com a mão na perna do outro me deixava em dúvida entre “bons amigos” ou “namorados”. Mas todos eles pareciam ser uma espécie de realeza na escola, então era o grupo de quem eu deveria me aproximar.

Peguei a bandeira e joguei fora o que havia sobrado do meu almoço, pensando no caminho uma forma de aproximar dele. Eu precisava recuperar a popularidade que havia construído durante anos na minha antiga escola. Eu era apenas uma anônima aqui. Kristen Levesque, de garota mais popular da escola por oito anos consecutivos desde o jardim de infância para uma novata vinda do outro lado do país. Trágico.

— Olá, vocês sabem onde fica o elevador para o oitavo andar? – perguntei, inventando uma desculpa qualquer para falar com eles. Não pude deixar de notar o pentagrama pendurado no pescoço de cada um deles, brilhando como prata fria sob a luz fluorescente do refeitório. Como pulseiras da amizade, só que bem mais diabólico. Amei.

O garoto ruivo me olhou da cabeça aos pés em silêncio, como se estivesse decidindo se ia responder ou não. Ele era muito parecido com a garota ruiva.

— Na verdade a escola só tem sete andares, gata. – falou, por fim, com um sorriso afetado. – O elevador fica no final do corretor, seguindo reto e então dobrado na primeira esquerda.

— Muito obrigada. – respondi, com um tom simpático. Todos eles me olhavam com expressões que variavam de curiosidade a afronte.

— Sem problemas. – disse ele.

Fiz uma breve mesura e saí, um pouco envergonhada, porém satisfeita com o primeiro contato.

— Ei, espera. – falou a garota loira made in Sweden – A sua maquiagem tá saindo, retoca ela no banheiro, fica aqui do lado.

— Tara... – riu a garota ruiva, cobrindo a boca com as mãos magras.

— Certo – respondi, forçando desinteresse. – Obrigada, mais uma vez.

UAU. Isso estava se tornando melhor do que pensava. Ela havia reparado na minha maquiagem. Eu não era tão insignificante assim. E ainda tive a oportunidade de olhar direito para o garoto de cabelo platinado, que era lindo de uma forma fria, como neve caindo num fim de tarde.

Saí do refeitório e fui consertar a maquiagem. O banheiro ficava numa parte isolada da escola, em um longo corredor vazio e mal iluminado. Apressei o passo e entrei, respirando com dificuldade. Estava me olhando distraidamente no espelho quando vi uma sombra atrás de mim e a luz se apagou. Dei um gritinho nervoso de susto.

— Desculpe. – falou uma menina baixinha de óculos. - É apenas meu costume de sempre acender a luz antes de entrar em qualquer ambiente, mas como já estava acesa eu fiz o contrário.

— Não tem problema. – respondi, respirando aliviada.

— Olá, eu sou a Jessica. Sou do jornal da escola. – ela tinha uma simpatia forçada que me irritava, mas meu horóscopo me mandava ser gentil, então reprimi o impulso de ser grossa. - Gostaria de fazer algumas perguntas a você, tudo bem? Procurei você o dia todo, mas só agora tive a oportunidade. Te vi ao longe no refeitório, mas você estava comendo.

— Pode ser. Por que não? – falei.

Ela me fez algumas perguntas rápidas que eu respondi sem muita vontade. A maioria das perguntas era muito pessoal, então eu dava respostas neutras ou ambíguas.

— Posso te fazer uma pergunta? – falei, como quem não quer nada.

— Claro que sim! – disse Jessica, com seu tom sempre animado. – Tenho o resto do dia livre.

— Você conhece aquele grupo que estava no refeitório ainda há pouco? Os de cinza, que tem uma garota ruiva...

— Ah, conheço sim. Todos na escola conhecem. A maioria já foi vítima de suas maldades. – ela tinha um tom ressentido que me deixou curiosa.  – Eles são a elite da escola. A garota ruiva é a Lindsey. Uma vadia da pior espécie. Ela tem um relacionamento com o moreno musculoso, o Andreas. Embora eles sempre estejam terminando e voltando, difícil dizer. Tara, a loira anoréxica é sua melhor amiga e também uma espécie de pau-mandado. Ela é apenas a figurante para que a Lindsey possa brilhar. A morena é a Julia. Ela e Lindsey não se dão bem, apenas se suportam porque dividem o controle do grupo e da escola. O ruivo é assumidamente gay e irmão gêmeo da Lindsey, não necessariamente nessa ordem. Dizem as más línguas que ele e o garoto de cabelo cinza, Sasha, têm um caso, mas nada nunca foi confirmado.

— Ahhhh...  Obrigada pelas informações. – foi tudo o que pude dizer. Eu tinha nomes e podres. O dia estava realmente sendo muito produtivo.

— Disponha. – respondeu Jessica. – Mas se eu te dou um conselho, você deveria ficar longe deles, aquilo um ninho de cobras. Dizem que eles são envolvidos com satanismo e magia negra. Todos aqui evitam eles. Bom senso.

— Pode deixar. – falei, saindo do banheiro enquanto cantava baixinho uma música da Taylor Swift que não lembrava a letra. O que a Jessica havia falado apenas aumentava minha curiosidade de me aproximar mais daquele grupo. Uma palavra em especial ressoava na minha mente, como um eco distante. Magia negra. O pentagrama prateado no pescoço de cada um deles brilhava na minha mente enquanto eu decidia matar aula para obter algumas informações.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenha gostado da história e tenha se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo. A Kristen não presta, mas ela é do bem, prometo. Ou não.



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