— O que? - Ele disse quase pulando da cama. 

— Eu vi ele hoje! - Eu disse controlando o nervosismo em minha voz. 

— Você tem certeza que era ele? Acho que você deve ter confundido com alguém parecido. - Ele disse levantando e vindo até mim.  Jorge estava com uma bermuda de pijama e sem camisa. 

— Eu não estou louca! Eu sei o que eu vi. Era ele... Eu reconheço aquele sorriso masoquista que ele tem estampado na cara. - Eu disse desistindo de fechar a mala, já que o zíper tinha emperrado. 

— Bel. - Ele pegou nas minhas mãos, me fazendo olhar pra ele. - Nós vamos sair daqui está bom? E ele não vai nos achar de novo. - Ele tentava ser confiante do que dizia. Sabia que ele tentava acreditar no que estava me dizendo, só para mim acreditar também, mas estava difícil. 

— Você disse isso quando vimos para Boston. - Eu disse e ele me abraçou. 

— Eu pensei que ele não nos acharia. - Ele responde fazendo um leve cafuné. 

Depois de um tempo, começamos á preparar tudo, iriamos embora ainda hoje. Jorge comprou as passagens pela internet, o voo seria daqui duas horas, mas o tempo estava passando tão rápido, que duas horas seria muito pouco. Corremos contra o tempo, Jorge pagou a pousada, pegamos o carro, Jorge ainda estava com uma ressaca, mas depois de tomar alguns remédios para dor de cabeça, ele disse que estava bem. O caminho do aeroporto, foi um pouco silencioso. Estávamos chegando perto do hospital onde Elena estava internada. Eu tinha avisado ele ontem, então o mesmo sabia qual era o hospital. Olhei para ele, percebia que o mesmo estava mal. 

— Vai falar com ela. - Eu disse baixo, porém com suavidade na voz. 

— Oi? Falar com quem? - Percebia que o mesmo estava se fazendo de desentendido. 

— Com a Elena. Fale com ela antes de irmos, fale o que está querendo dizer á ela. Ainda tem tempo. - Eu disse e o mesmo pareceu pensar um pouco. Em seguida ele fez a entrada no estacionamento do hospital. Eu dei um leve sorriso. Ele estacionou e ficou parado olhando para frente, imóvel. Eu só estava observando. Ele finalmente tira o cinto, respira fundo e sai do carro. Fiquei dentro do mesmo esperando. Não poderia fazer nada, era um momento dele. 

Jorge. 

Entro no hospital, estava um pouco nervoso, me sentia mal pelo que fiz, ou melhor, pelo que disse. Bella estava certa, o que aconteceu com ela era minha responsabilidade, minha culpa. Eu devo no mínimo um pedido de desculpas á ela. A recepcionista me informou o quarto que ela estava, ando até lá, soando frio. Chego a porta, abro a mesma, vejo ela deitada com agulha no braço e uma bolsa de um liquido transparente, aparentemente soro. Me aproximo mais de onde ela estava deitada, vejo seu rosto angelical machucado e isso me parte o coração, acaricio de leve sua face, percebo também o pé dela engessado, nesse momento me sinto um monstro sem coração. Ia dizer algo, mesmo que ela não esteja me ouvindo, mas alguém entra me dando um susto. 

— O que você está fazendo aqui? - Era Tyler, o mesmo estava com uma bolsa. Nessa altura do campeonato eu já tinha tirado minha mão do rosto dela. 

— Vim me despedir. - Eu digo me afastando um pouco. Não queria conversar com ele agora. - Você pode avisá-la que eu estive aqui? - Eu digo sem jeito. 

— Claro. Eu digo sim. - Tyler respondeu cruzando os braços, percebia o tom de indiferença na voz dele. Dou um mini sorriso, só para não ser mal educado, saio de lá rápido. Não consegui dizer o que estava entalado na garganta. Volto pro carro sem dizer nada, dou partida e fomos ao aeroporto. "Não me conformo que mais uma vez meu 'pai' vai estragar minha vida".