Winter is coming. escrita por Rebeccake


Capítulo 4
Words that touch your soul


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, esse ficou mais longo. Não sei se perceberam,mas eu quase sempre faço capitulos curtos.



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O sol já tinha nascido quando Fiske apareceu na sala. Raios fracos entravam pela janela da sala, deixando-a numa tonalidade bonita de laranja e amarelo. Senti o cansaço no meu corpo, até mexer os braços parecia ser um grande esforço. Eu devia estar com algumas olheiras, mas isso não me incomoda, eu sou bonito de qualquer forma.

Fiske apenas foi ao banheiro e voltou para o quarto, se percebeu, não falou nada da minha presença na sala, tem sido assim a alguns dias. Aproveito que o filme acabou e vou até a cozinha. Resolvo fazer panquecas, a típica comida americana, gordurosa, cheia de carboidratos. Aumentei a quantidade do ingredientes, para todo mundo poder comer. Deixei-as em cima do balcão da cozinha, comi duas, fiz um suco de laranja, tomei um copo e resolvi malhar um pouco, mesmo que meu corpo clamasse por descanso.

Fiz uma hora de esteira, e uma de musculação. Meus músculos doíam, então resolvi descansar. Deitei no aconchegante sofá e finalmente, meu sono voltou. Meus olhos se fecharam pesadamente, e era como se minha mente estivesse dividida entre mundo real e mundo dos sonhos. Eu ouvia ruídos e eles se misturavam na minha mente, em meu sonho eu estava deitado na grama, em algum parque, e sentia uma mão delicada segurando a minha, o sol deixava meu rosto quente, e eu me sentia relaxado, alguém dizia meu nome com uma voz angelical.

Acordei com alguém do meu lado, ainda com cara de sono e os cabelos do tom, que eu julgo o mais lindo, caídos sobre o rosto. Seus olhos estavam meio vermelhos, mas o verde acabava chamando minha atenção, era como uma esmeralda. Ela segura minha mão e me balança com suavidade, me pedindo para acordar, me levanto calmamente e fico um tempo tentando não voltar a dormir, mas minha cabeça insiste em pender para trás.

Depois de muita força de vontade, vou tomar banho de água fria, o que alivia o meu cansaço e me desperta. Levo as malas até o carro de Fiske, Amy põe uma camiseta e calça jeans, assim como eu, um visual que não chama atenção; quando estivermos no avião iremos trocar de roupa devido a diferença climática. Dou uma ultima olhada pela casa e vejo se não esqueci nada, Amy faz carinho em Saladin e partimos, eu vou dirigir o carro, pois Fiske sente-se indisposto e Amy tem medo de estradas.

No caminho só ouvimos o barulho do vento que bate no meu rosto e bagunça meus cabelos. Amy optou por deixar a janela fechada, demoramos 20 minutos no trajeto. Nem eu, nem ela sentimos necessidade de conversar, mas sei que estamos bem.

Chegamos no aeroporto e coloco um dispositivo Lucian na minha mala, que impede que o raio-x do aeroporto exponha seu conteúdo, pergunto a Amy se precisa do dispositivo e ela responde que não. O que me preocupa um pouco, a missão não é exatamente amigável e diplomática.

Passamos por todos os procedimentos sem problemas e finalmente nos sentamos nas cadeiras do avião, fiquei com a poltrona da janela. Almoçamos no avião, eu comi uma salada e lasanha, Amy não comeu nada. Ela resmungou que estava com sono e sem fome, bocejou e dormiu encostada no meu ombro.

O sacolejar do avião era monótono e me deixava com sono também. Dormi sem ter nem sonhos nem pesadelos. Eu e ela acordamos no meio da noite com alguém se sentando ao nosso lado, era uma mulher alta, loira e tinha olhos verde mel. Por um momento, a achei parecida com Irina Spaky e um arrepio percorreu minha espinha. Mas notei que era uma mulher comum que tinha entrado na parada do avião. Teríamos um tempo de voo de aproximadamente 19 horas.

Já haviam passado 5 horas e eu já sentia que minha bunda tinha se incorporado ao banco do avião. Me levantei para ir ao banheiro, aproveitei e fiz minha barba. Na saída resolvi observar pessoas que parecem suspeitas. Até que é divertido e possivelmente importante, nunca se sabe quando irá se deparar com um assassino ou criminoso. A não ser que você seja ele.

Observei de cima a baixo um homem sentado duas fileiras depois de mim, alto, barba comprida, óculos escuros, sobretudo. Parecia que queria parecer suspeito de propósito. Também vi uma mulher três fileiras atrás, olhos azuis, cabelo preto e enrolado, digitava furiosamente em um computador. Atrás dela, um homem com cabelos compridos, parecia inquieto e não parava de bater o pé no chão. Do lado esquerdo, uma mulher que ficava o tempo inteiro olhando para trás, onde eu e Amy estávamos sentados. Um outro homem, com a farda do exército dormia, em uma posição em que encostava em sua cintura, no lugar onde normalmente ficaria uma arma.

Me pergunto se é a paranoia tomando conta de mim, ou todo mundo parece ser suspeito. Seriamos eu e Amy as únicas pessoas de origem Cahill no avião? Teria alguém ali capaz de nos machucar ou matar? Poderia ser até o piloto que tinha nossas vidas em suas mãos. Eu não gosto de me sentir assim, mas é como já fosse parte da minha pessoa, sentir que todo mundo é uma ameaça com potencial.

Voltei ao assento, Amy disse:

—Posso sentar na janela?-Com uma voz cansada e baixa.

—Tudo bem, não é como se fizesse muita diferença, está de noite, só vai ver o mar.

—Você vai no psicólogo como te recomendei?-Ela relembra a noite anterior.

—Não sei. Talvez eu esteja f#dido demais pra ser ‘’consertado’’.

—Você parece conformado.

—Eu estou. A vida é assim. Ninguém diz que a vida é fácil. Ela pode se tornar menos difícil com as pessoas certas do seu lado.

—Isso é bonito.-Ela ri e segura minha mão.-O que vai ser do mundo daqui pra frente? Os bandidos sempre voltam, e sinceramente, no fim vamos nos tornar como eles.

—Não sei quanto a isso, mas eu me julgo mais inteligente que a maioria deles. Se virarmos os carinhas maus, vamos ser invencíveis.-O que Amy diz faz bastante sentido, não é como se nunca tivéssemos matado ou machucado alguém, talvez não tenhamos tanta diferença com os criminosos comuns que usam qualquer justificativa para seus objetivos egoístas, podemos não ser egoístas, todavia, nos iludimos para nossa consciência não ficar pesada e se tornar um fardo para nossas vidas.

—Parece pensativo, o que se passa nessa sua cabeça?-Amy me empurra de brincadeira e eu a empurro de volta.

—Temos que aceitar as consequências de nossos atos, se escolhermos, teremos um destino construído por nos. Sempre teremos escolhas e escolhas menos piores, a questão é saber lidar com isso.-Lembrei que em nossa pequena discussão um de nós dois usou as mesmas palavras.

—A vida é uma estrada que muda o tempo inteiro. Nunca sabemos o que estamos mudando, se soubéssemos talvez não o faríamos, não sabemos o quanto nossas vidas poderiam ser diferentes, demos graças por isso, o que aconteceria se tivesse escolhido o Um Milhão?

—Tudo seria diferente. Tudo mudaria drasticamente. Não sei se isso é bom.

—Ninguém sabe. Vamos pensar no que aconteceria:

—Eu ainda estaria sobre o comando de Isabel, ela e Vikram fariam de tudo para conseguir as pistas. Natalie teria se afastado de mim. Eu não teria te conhecido, eu continuaria odiando todo mundo. Eu continuaria sozinho. Talvez eu me matasse, talvez eu me mudasse, talvez eu simplesmente sumisse. Mas também, eu poderia de alguma forma mágica e misteriosa-ela riu nessa parte-Perceber o quanto a minha vida era vazia e resolver dar sentido a ela.

—Ter um sentido? Não temos nem agora e olha pelo o que passamos, talvez você queira redenção, sabe? Entregar seu corpo e alma a um objetivo acima de você. Se for isso, acho que todo mundo procura redenção. É estranho sermos tão diferentes e ao mesmo temo ter desejos iguais ao de pessoas normais que não lidam com gente psicótica, destino da humanidade, amores impossíveis... É tudo tão insano.

—Conversas profundas no avião, que ótima ideia. E você Amy, não comentou nada sobre ter um objetivo.-Viro para encará-la, ela deixa de observar a janela.

—Meu objetivo pode ser permanecer viva-A garota deu um sorriso irônico.-Assim como o seu.

—Na verdade o meu objetivo é amar alguém, me sentir acolhido, parte de algo.

—Mas isso já aconteceu, somos uma família, uma catastrófica,  contudo, há uma pequena chance de no fundo nos amarmos. –Ela sorriu, com os olhos indicando esperança, de um futuro melhor.

—Sim, concordo. Que papo depressivo-Por um momento, era como se nós dois tivéssemos uma conexão, um laço forte e indestrutível. Desviei o assunto, pois as coisas começaram a ficar realmente profundas e isso é de dar medo e instigar ao mesmo tempo.-Vamos jogar Desafios e Confissões?

—Pode ser.-Ela parecia chateada com a mudança de assunto, com esse afastamento brusco e esquisito.-Eu começo!

E aquele brilho de alegria, inteligencia e humor voltou aos olhos dela.


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