(Maxwell)

— Trabalho por comida! — repetiu pela centésima vez, suas roupas tornara trapos, é lamentável que com apenas dois dias, transformou-se em um sem-teto. No início não faltava determinação para conquista seu dinheiro, porém ela foi destruída pelo sistema ortográfico, até os números o tinham abandonado, foi uma tragédia saber, que passou maior parte de sua juventude nos estudos, e eles foram jogados fora na chegada a esse mundo. A opção mais lógica era o trabalho braçal, então, descobriu-se o preconceito, no começo foi difícil entende o motivo de tanta hostilidade, morando nas ruas é possível escuta muitas conversas, de fofocas a segredos.

Nesse país, humanos são pária, mas não difícil presenciar outro de sua espécie, como escravos, mesmo com muitos mostravam uma bela vestimenta, aquela coleira em volta do pescoço sempre predominava. Uma dúvida sempre o apoderava, essas pessoas eram do seu mundo, que também foram trazidas ou apenas crias desse lugar. Ele tentou conversa com eles, mas sempre aconteceu o mesmo, faziam o máximo para ignorá-lo, o medo era transmitido de cada um, que tentava inicia uma conversa, até que ele desistiu de tenta aproxima-se dessas “conchas”.

— Olha mamãe! — um grito agudo, tirou-o de seus pensamentos. Parado na sua frente era uma criança de 6 à 9 anos, com um sorriso que ameaçava dividir o rosto, com longas orelhas pontudas, atrás da criança era uma mulher que compartilhava a aparência da criança, apenas diferenciando a idade.

— Ele parece com fome, porquê você não dá uma dessas frutas que compramos para ele, querida? — sorriu para a pequena, e entregou-a uma fruta rosa, com manchas diferenciadas, mais escuras.

A pequena teve que segura a fruta com ambas as mãos, que foram do tamanho de um punho adulto. Erguendo-a em sua direção acompanhado de um sorriso, aceitou a fruta que fora dado, com um agradecimento. Apenas acompanhou com olhos a pequena saindo de mão dada com a mãe pelas ruas movimentadas, olhando para fruta em mãos. Mesmo com o alto preconceito, ainda existiam pessoas gentis nesse país, com um movimento suave, jogou-a na rua, não demorou muito para um daqueles homens lagarto pisá-la, esmagando-a como uma passa. Era triste, sempre escutou que essa fruta foi doce, mas quando a mordera, foi como mastigar dezenas de pimentas, mesmo com fome, ele não conseguia comer essa fruta. Para sua frustração, das poucas comidas que sua mão pode alcançar, todas tinham um gosto “diferenciado”.

Passou a tarde, tentando ganhar alguma esmola, quando o sol já estava se pondo, era o sinal para arrumar abrigo. Levantou-se, não esquecendo de checar o bolso, onde repousava 12 moedas de cobre, com mais 988 delas, tinha o valor de uma moeda de prata. Entrando em dos becos, caminhando junto com a escuridão, enxergando a luz, gerada por um poste, no final do beco.

— Ei amigo!

Antes de sair, escutou uma voz atrás de si, virando-se, foi contemplado por punho metálico e o mundo apagou-se.