Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 78
76º Capítulo – “O papai está aqui.”


Notas iniciais do capítulo

Alô leitores lindos!

Tenham uma boa leitura



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— ..., mas cá estamos nós. Família reunida.

— Família? __ um sorriso amargo escapa dos meus lábios e o gosto amargo da bile se apossa do meu paladar. — Você só pode ser louco.

— Já chega Alice. __ a voz dele se torna seca e autoritária. — Já chega dessa conv....

Baixo o rosto e toda dor que senti durante anos se transformar em algo selvagem dentro de mim. A medida que a voz dele fica cada vez mais distante sou tomada pela lembrança das horas que passamos naquele buraco fedorento, depois de ouvirmos o som dos tiros e dos corpos caindo no chão. Passamos horas escondidas, enquanto nos sentíamos acuadas e assustadas, e agora, depois de tudo isso, sei quem é o verdadeiro culpado. Cerro meus dentes, minhas mãos tremem e no centésimo seguinte deixo toda fúria me dominar. Bato forte com as duas mãos na mesa e o silêncio que se precede é quebrado apenas pelo som da cadeira batendo no chão quando me levanto bruscamente.

— Não. __ o olho firme e, sem me importar, vejo de canto de olho os homens dele se aproximarem. — Você não é louco. __ ele levanta a mão impedindo que seus homens se aproximem mais e levanta lentamente. — É um psicopata. Um monstro repulsivo que acabou com a vida de todas as pessoas que te amavam.

Ele me olha passivo enquanto limpa a boca com o guardanapo e o brilho obcecado e metódico nos olhos dele me faz finalmente entender o princípio de tudo.

— Você não sente nada. __ me sinto ainda mais enfurecida. — Como você pôde ficar lá, enquanto eles matavam toda sua família? Você nem sequer se arrepende do que nos fez, não é?

— Não, não me arrependo. __ não existe remorso na voz dele.

Fico ainda mais horrorizada. Tudo o que eu queria é que ele demonstrasse arrependimento. Que admitisse o quanto vive arrasado por tudo o que fez a nossa família e que se sentisse culpado. Mas ele não se arrepende. Ele sequer parece entender o quanto isso tudo é monstruoso. Olho para a Paloma e sua expressão carrega toda dor e incredulidade que sinto. Volto a olhá-lo e dessa vez ele nota o jeito que o encaro e algo dentro dele muda. Sua expressão se torna ainda mais inflexível, cruel e nesse momento sinto medo. O toque firme da Paloma no meu braço, me dá segurança para recuar alguns passos e mesmo sabendo que não temos para onde ir, quero fugir.

— Você não pode ....

— Chega. __ o tom áspero e baixo da sua voz faz a Paloma apertar ainda mais meu braço. — Você já passou de todos os limites, Alice. Não vou admitir nem mais uma palavra.

A exigência autoritária e prepotente me deixa possessa e por um breve instante o ódio supera o medo.

— Não aja como se fosse meu pai. __ a boca dele se contrai e dessa vez destilo toda minha ironia. — Toda essa porra de família de comercial de margarina que você idealizou não passa de uma farsa. E sabe por que, papai?

Ele me encara em silêncio.

— Porque você matou todos eles. __ digo pausadamente as palavras e elas atingem mais a mim que a ele.

Sua expressão é de pura fúria. Me preparo para o que quer que esteja por vir, mas nada acontece. Ele nos olha fixamente e quando direciona o olhar para mim, congelo. A calorosa lembrança do azul de seus olhos caem por terra quando vejo o quão frio estão agora.

— Passei meses procurando por vocês. __ ele abre e fecha as mãos metodicamente sem desviar o olhar de mim. — Arrisquei tudo para ter vocês de volta e é assim que você me retribui, filha?

Não respondo.

— Não importa.

Ele faz um movimento positivo com a cabeça e sou surpreendida quando dois braços se fecham ao meu redor. Sinto a mão da Paloma ser arrancada do meu braço e a ouço gritar. Mexo meu corpo freneticamente e quase consigo me desvencilhar, mas com um solavanco, o homem atrás de mim, me faz bater forte em seu peito e fecha ainda mais seus braços ao meu redor. O esforço me deixa ofegante, mas não desisto. Tento a todo custo me soltar, mas é impossível. Me desespero quando noto que minha prima não está no pouco campo em que minha visão alcança.

— Alice.

Ouço-a gritar meu nome e me debato ainda mais. Sinto a força dele vacilar por um único instante e aproveito disso para pisar, com toda força, em um dos seus pés. Ele grunhe de dor e seus braços se afrouxam. Em uma fração de segundo dô um passo rápido a frente e giro meu corpo rápido até ver a Paloma, presa por outro homem, no canto da sala. Estou prestes a correr até ela, mas sou presa novamente por outros braços. Tento me debater de novo, mas o homem que está me segurando dessa vez é mais forte. Ele usa uma força descomunal e me mantém imobilizada, rente a seu tórax. Minha respiração está descompensada. Dessa vez, estou de frente para a Paloma e para o homem que estava me segurando a segundos atrás. Ele está curvado, enquanto massageia o pé. Volto meu olhar para minha prima e mesmo distante, consigo ver que está aterrorizada. O capanga a minha frente levanta e me olha irado, mas não desvio o olhar.

Aos poucos o silêncio vai dissipando a atmosfera turbulenta que se instalou e, mesmo contra minha vontade, sinto meu corpo ser girado em torno do eixo do homem atrás de mim. Aos poucos a imagem do Barão, em pé ao lado da mesa, entra no meu campo de visão. Ele está exatamente como antes de todo tumulto: em pé, ao lado da mesa, com o olhar frio e passivo.

— Eu não queria ter que fazer isso __ ele abre os botões do punho da camisa lentamente e sobe as mangas até o cotovelo. — Mas talvez ter deixado vocês nas mãos daquele desprezível por tantos anos não tenha sido a escolha certa.

Tio Ben. Ele caminha lentamente até mim enquanto grito que ele é louco. E quando estou prestes a dizer o quão repulsivo ele é, sou surpreendida pelo dorso de sua mão açoitando forte o meu rosto. Meu pescoço chicoteia forte e aos poucos sinto a dor latejante queimar minha bochecha. Um filete quente escorre no canto da minha boca e o gosto metálico do sangue me faz segurar o ar. Sei que ele está na minha frente, parado, esperando que eu olhe. Mas não o faço. Ao meu redor, todo ruído parece ter sido extinguido, como se ninguém aqui dentro estivesse sequer respirando e eu me concentro na dor crua que estou sentindo. Fecho meus olhos e pela primeira vez sinto ódio dele. Do meu pai. Uso tudo que tenho dentro de mim para impedir que as lágrimas caiam e quando finalmente o olho sei que não preciso dizer mais nada. Ele mantém o olhar passivo de antes, mas dessa vez consigo ver, no fundo dos seus olhos, um lampejo da ira que está sentindo. Ele abre um sorriso frio e contigo, e antes que eu possa me preparar ele desfere um novo tapa, fazendo meu pescoço chicotear para o lado contrário do de antes. Desse lado, a pele da minha bochecha dói e queima com mais intensidade que do outro e sei que ele usou mais força dessa vez. A parte interna, no canto do meu lábio arde e antes que eu o olhe ele segura firme meu queixo e desfere outro golpe, no lado em que bateu a primeira vez. Ele segura firme meu queixo novamente e assim que nossos olhos se encontram ele desfere outro golpe e depois outro e outro e outro, sem parar. Os tapas são, um a um, cada vez mais violentos e rápidos e à medida que começo a perder os sentidos ouço distante, a Paloma gritar pedindo que ele pare, enquanto ele me golpeia incansavelmente. Ela grita mais alto e ele para abruptamente.

Meu rosto pende para frente e quase não tenho forças para erguê-lo. Abro meus olhos, e mesmo com a visão turva eu o olho. Grossos filetes de sangue escorrem dos meus lábios enquanto tento, em vão, encontrar na caricatura desfocada a minha frente o homem que prometeu me proteger. Sinto, impotente, os braços ao meu redor afrouxarem enquanto alguém amarra forte uma espécie de garrote ao meu braço. Sem me importar, continuo olhando para o Barão. Uma agulha penetra minha pele e o líquido injetado espalha por todo meu corpo uma sensação fria e refratária.

— Eu amava você __ minha voz soa arrastada e lenta.

Ele se aproxima e eu me encolho quando ele ergue a mão e passa no meu cabelo.

— Vai ficar tudo bem. __ sinto minhas pernas falharem e minha visão se apaga lentamente. — O papai está aqui. 


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Notas finais do capítulo

Talvez o jeito explosivo da Alice seja tudo o que ela não precisa nesse momento. E acho que isso pode trazer grandes problemas para nossa garota.

Me digam, o que estão achando e fiquem comigo.

Até a próxima, beijos da tia.



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