Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 63
63º Capítulo – “Eu não era ninguém.”


Notas iniciais do capítulo

Alohaaaaa, Boa leitura a todos!



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Não respondo. Ele mantém os olhos focados no pingente e um calafrio inesperado atravessa meu corpo quando vejo a frieza neles. Meu coração assume um ritmo tão rápido e descompensado que me sinto levemente tonta.

— Meu pai está morto __ minha voz é quase um sussurro.

— Essa não a informação que eu quero. __ os olhos deles varrem meu corpo lentamente até fixar o olhar no meu.

Não respondo.

— Mas antes, deixa eu te contar uma história. __ a voz dele é firme, contida e lenta. — O seu pai foi, durante muitos anos, conhecido como o Barão do narcotráfico. Eu, o conheci quando ele ainda estava começando e isso já faz muito tempo. __ ele baixo o rosto e aperta o cordão entre os dedos. — Passei muitos anos ao lado dele, fazendo qualquer coisa que ele me pedisse. E então enfim, chegamos lá. Seu pai foi coroado como Barão e a simples menção do nome dele aterrorizava desde os pequenos vendedores até aos grandes empresários do pó, da bala e de todo o narcotráfico. Mas ai da noite para o dia, tudo mudou. _ ele me olha de novo e eu consigo ver o ódio dentro dele.

— Sabe por que, Alice?

Não respondo de novo. Os soluços ficam presos na minha garganta e sinto o medo mais puro e selvagem tomar conta de mim.

— Responde! __ ele grita e eu me assusto.

— Não. __ minha voz sai trêmula.           

— Você nasceu. __o rosto dele se torna sombrio. — No começo ele apenas se distanciou dos negócios, mas logo depois vieram outras crianças e ele foi ficando cada vez mais... longe. Com o tempo eu passei a gerenciar quase tudo sozinho, mas no fim das contas era o nome dele que valia. Eu? Eu não era ninguém. __ um sorriso doentio toma conta do rosto dele. — Mas um dia, eu recebi uma proposta.

Fecho meus olhos por que, de alguma forma, sei o que ele vai dizer.

— Eu só tinha que facilitar a entrada dos homens. E garantir, que todos estivessem em casa. Porque não era para ter testemunhas e muito menos... herdeiros.  Mas seu pai, como sempre, estava um passo à frente. __ ele levanta e deixa o cordão cair. — De alguma forma ele conseguiu salvar você e a sua prima. __ empurro meu corpo ainda mais contra o criado mudo à medida que ele caminha a passos lentos até mim. — E vocês, duas pirralhas idiotas, sumiram levanto algo que por direito era meu.

Ele para bem na minha frente e num movimento rápido leva uma das mãos ao meu pescoço. Ele arrasta meu corpo até livrar o criado mudo e me prensa na parede lisa. Agarro seu braço com as duas mãos e começo a sentir seus dedos empregarem cada vez mais força sobre meu pescoço. Minha respiração começa a falhar e meus pés escapam do chão. Meu peito queima pela falta de ar e minha visão começa a desfocar.

— Onde está? __ ele sussurra no meu ouvido. — Onde estão as senhas?

Tento responder, mas não consigo. Não respirar, não consigo falar.

Ele me solta de repente e meu corpo desaba no chão. Meu peito queima ainda mais quando inspiro lufadas de ar sem controle. Minha cabeça lateja e meu corpo bate ainda mais forte que antes. Tento a todo custo controlar minha respiração e quando levanto o rosto o vejo parado na minha frente. Ele não se move e sua expressão é impassível, dura. Me equilibro sobre os joelhos e me levanto de vagar, sem desgrudar os olhos dele.

— Foi você. __ sinto meus olhos queimarem quando as lágrimas caem. — Você matou minha família.

Ele sorri.

— E ainda sim, você sobreviveu. Mas isso não é importante. __ o sorriso dele se desfaz. — Onde estão as senhas?

— Eu não sei do que você está falando. __ a expressão dele se torna sombria de novo e ele dá dois passos à frente.

— Não brinque comigo garota. A sua prima está bem ao nosso lado e se você não me disser a verdade, ela vai dizer.

— Estou falando a verdade. __ me desespero. — Quando saímos de lá, só levamos algumas roupas e um pouco dinheiro. Mais nada.

Ele me observa durante alguns segundos em silêncio. Sem dizer mais nada, me dá as costas e sai do quarto. Deixo meu corpo deslizar pela parede até chegar no chão. Me perco dentro de tudo o que ele disse e lembro do Gustavo tentando me fazer acreditar na verdade. Meu choro se torna forte e os soluços intensificam a dor que ficou no meu pescoço. Saber que passei anos amando e cultivando a imagem de um homem que nunca existiu, me faz sentir perdida. Meu pai, o homem que viveu dentro de mim todos esses anos, foi um bandido.

Quando levanto o rosto vejo o pingente caído mais adiante e engatinho até ele. Quando o pego sinto toda a dor se intensificar ainda mais dentro de mim. Meu medo transborda e em meio aos soluços peço em silêncio que o Gustavo esteja bem. Que ele, o Felipe e a Paloma estejam bem. Por que não vou suportar, perder todos de novo. Não eles. Não o Gustavo.

Um barulho forte, vindo de fora do quarto me assusta. Coloco o cordão em torno do pescoço e me aproximo de vagar da porta. Ouço os gritos dos homens lá fora e passos apressados para todos os lados. O barulho dos tiros começa e eu me afasto da porta sem saber o que fazer. Olho ao redor do quarto e não encontro nenhum lugar para me proteger. Corro até a cama, me abaixo e deslizo meu corpo até fica embaixo dela. O tiroteio se intensifica. Fecho meus olhos com força e aperto o pingente contra o peito. De repente um tiro soa ainda mais alto e eu me encolho. A porta do quarto abre lentamente e eu só consigo ver as botas da pessoa que entra devagar. Ele tem um fuzil na mão direita e para no centro do quarto.

— É melhor você sair daí.


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Notas finais do capítulo

Até mais, beijos da tia.



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